Marcelo Paiva Pereira: 'O Comunismo de Marx e Engels'
Marcelo Augusto Paiva Pereira: ‘O Comunismo de Marx e Engels’
O “Manifesto do Partido Comunista – 1848” contém o pensamento de Karl Marx e Friedrich Engels sobre o modelo econômico do comunismo, os quais acreditavam que poderia ocorrer na Inglaterra, por ser o país mais industrializado do mundo no século XIX. Entretanto, a história mostrou haver incongruências, a começar pelo país onde houve a revolução comunista (Rússia, em 1917).
Mencionada obra apresentou a transformação das sociedades sempre como resultado do antagonismo entre classes dominantes e dominadas, fundada por valores burgueses (indeléveis).
Identificada a propriedade burguesa como alvo (objeto) do comunismo, tornou-se necessário extinguir suas bases de sustentação para o sucesso da revolução do proletariado. Essas bases são os valores burgueses ou indeléveis (liberdade, justiça, moral, religião, filosofia, direito e política) e a relação entre opressores e oprimidos (capital e trabalho).
Para evitar eventuais contaminações burguesas nos programas ideológicos dos proletários, separou-se comunismo de socialismo, sendo este uma mera ideologia do pequeno-burguês para sustentar-se no padrão econômico dependente do antagonismo entre classes, enquanto que o comunismo se afirmou como a verdadeira ideologia do proletariado.
Criaram a doutrina do materialismo dialético (em oposição à filosofia de Hegel), pela qual todas as etapas vividas pela humanidade têm causa nas relações econômicas e sociais entre opressores e oprimidos, e não mais na onipresença de Deus.
Vitoriosa a revolução do proletariado, a pessoa política do Estado comunista não teria poder político porque não mais haveria classes opressoras e oprimidas, em face da situação de igualdade entre os comuns – os proletários –, consequência da estatização dos meios de produção e da extinção da relação entre o capital e o trabalho.
No período de transição entre a sociedade burguesa e a comunista, porém, admitiram provisoriamente a ditadura do proletariado para assegurar o sucesso da ideologia, dos valores e da própria sociedade comunista nos moldes então programados.
Acreditaram que os comunistas conduziriam o Estado conforme as vontades do proletariado, e não mais como ocorria na sociedade burguesa, em que o Estado conduz a sociedade e sobre ela se impõe. Na ausência de luta de classes não há mais razão para o Estado subordinar a sociedade a seu controle.
O comunismo – previsto por Marx e Engels – é utópico por quatro motivos:
- o Estado seria submetido à sociedade;
- o produto do trabalho seria do proletariado (em uma sociedade estatizada e estatizante…);
- o processo de produção comunista substituiria o do capitalismo nas características e nos efeitos;
- a sociedade comunista poderia existir sem Deus.
Contrariando Marx e Engels a própria história mostrou o Estado comunista nesse antagonismo: os opressores foram os burocratas (funcionários públicos) do governo e os oprimidos foram a população.
Finalmente, é utópico porque acreditaram que o materialismo dialético explicaria a história e que o comunismo substituiria o capitalismo em todos os países. O resultado foi o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) em 1991 e o resgate das religiões nesses países. Nada a mais.
Marcelo Augusto Paiva Pereira
(o autor é advogado)
e-mail: paiva-pereira@bol.com.br