O cinema no Brasil

Maze Oliver: Artigo ‘O cinema no Brasil’

Maze Oliver
Criador: Rodrigo Tetsuo Argenton. Direitos autorais: CC-BY SA 4.0. https://www.wikiwand.com/pt/Cine-Theatro_Central

O Cinema Brasileiro chegou ao pico em qualidade de produção. No entanto, ainda precisa expandir e chegar as massas. Os maiores problemas ainda são as poucas janelas de exibição, a falta de investimento e a ampliação de formações. Essas condições, se fossem articuladas formariam um bom tripé para sua expansão. Vamos conhecer um pouco dessa história notável e genuína?

 Em seu desenvolvimento em 125 anos passou por vários ciclos como todo processo de criação. Foi desde a filmagem de cenas cotidianas, a chanchada, a pornochanchada, o cinema marginal, o cinema novo, até chegar aos grandes sucessos, vencedores de Oscar. As pesquisas nos mostram que a primeira filmagem em solo brasileiro foi realizada por um italiano, Afonso Segreto, em 19 de junho de 1898, sendo apenas algumas imagens da chegada de um navio na Baia de Guanabara. No entanto, a película foi extraviada e somente a partir de registros dessa filmagem em jornais, tempos depois, a data acima foi atribuída ao Dia do Cinema Nacional.

Os primeiros sucessos do cinema nacional brotaram por volta da década de 1910, com filmes adaptados da literatura ou de registros de crimes, como por exemplo, o Crime da Mala.   Nosso cinema sofreu e ainda sofre influência do cinema estrangeiro. Isso porque no período Vargas, a sétima arte brasileira foi invadida pelas películas americanas, uma vez que não pagavam impostos para rodar seus filmes por aqui. Contudo, o cinema sempre responderá ao que seu público deseja. Sendo o brasileiro um povo genuíno e bem humorado por natureza, o primeiro filme sonoro, contado em Português, foi a Comédia: Acabaram-se os Otários, de Luis de Barros. Em 1933 surgiu a empresa brasileira Vera Cruz, trazendo o crescimento do cinema nacional. Muitas comédias e sátiras foram produzidas, assim como surgiram outros estúdios e produtoras. Tempo de fama para Oscarito, Grande Otelo e Dercy Gonçalves. Porém, o marco dessa época próspera foi com o filme O Cangaceiro que marcou o sucesso e a derrocada da citada empresa, que foi a falência por não conseguir segurar os lucros, já que vendeu o referido filme para os estrangeiros. Todavia, o cinema voltou a crescer novamente a partir de 1969 com a criação da EMBRAFILMES para fomentar a produção e distribuição de filmes no Brasil.

Na era Collor novamente veio uma crise. O cinema passou por um período negro de grande dificuldade. A dívida externa e as novas medidas do governo provocaram uma queda na produção cinematográfica com a extinção do Ministério da Cultura, da Funart e Concine. Morreria o cinema nacional?

Na década de 1960 surge o Cinema Novo e com ele novas ideias de fazer cinema, junto com a desesperança social. Os brasileiros que se aventuraram na sétima arte partem para denunciar as mazelas e as penúrias pelas quais passavam o povo brasileiro. Isso fez o cinema expandir-se para outras áreas do Brasil, fora dos grandes centros, chegando até ao Acre em 1973. Nasce em Rio Branco, o cinema acreano mostrando como é a vida no Norte: os conflitos sociais e o modo de vida do povo, nos primeiros filmes: Fracassou meu casamento, Rosinha, a Rainha do Sertão e outros.  No cenário nacional, a ênfase dessa época foi para o filme Deus e o Diabo na terra do Sol.

Mas um filme mudou a cara da arte cinematográfica brasileira, trouxe não só a fama, e sim qualidade, projeção e principalmente respeito da população: Cidade de Deus. Isso porque desde a época das chanchadas o cinema brasileiro era marginalizado. O que piorou mais ainda com as pornochanchadas. O citado filme que mudou a imagem do cinema, foi rodado após a retomada do Ministério da Cultura, quando novos investimentos através de cartas de crédito, foram utilizados.  Dessa época, é a lei do áudio visual: Lei Rouanet, Fundo Setorial, também a criação da ANCINE. Mudanças que impulsionaram o mercado com aumento de produção, bilheteria e aceitação.  A partir delas, foram também rodados os filmes Carlota Joaquina, Carandiru, Cidade de Deus e Tropa de Elite. Surgiu ainda, a Globo Filmes, outro marco na história do cinema nacional.

Apesar da atual consolidação da empresa do cinema brasileiro, ainda é complicado competir com o mercado internacional que investe muito mais, tendo assim maior quantidade e qualidade de produção. Mesmo com a cobrança de impostos ao mercado cinematográfico estrangeiro, esses filmes ainda dominam as telas brasileiras. Apesar da inovação revolucionária da internet, o acesso aos filmes brasileiros ainda deixa muito a desejar. Poucos chegam à TV aberta. Muitos dos melhores filmes são conhecidos fora do Brasil e desconhecidos para o grande povo. É preciso mostrar o cinema brasileiro. Abrir mais janelas de exibição para os produtores do áudio visual. Investir em mais formações, que também é importante para readequar os produtores ao manuseio das novas tecnologias.

O cinema brasileiro guarda nossa identidade. A maioria da produção não é comercial, ela é histórica, é registro cultural, desnuda a alma brasileira, mostrando a relação do homem com os conflitos do seu tempo. Na frente da tela, ou atualmente na telinha, o cinéfilo se identifica com o personagem e vive com ele grandes emoções. Muitas vezes, isso é catarse!  Vale a pena investir na sétima arte, uma das mais lindas formas de mostrar a vida acontecendo. A possibilidade do cinema brasileiro dar certo, já é uma realidade, porém é necessário investimento, apoio ás pequenas produtoras e expansão.

Por Maze Oliver
mazeoliver1@gmail.com

Membra da Associação Acreana de Cinema – ASACINE e da Academia Acreana de Letras – AAL

WhatsApp: 68/9961-3830

http://umpensamentovirtual.blogspot.com.br/

https://clubedeautores.com.br/books/search?where=books&what=MAZE+OLI

Voltar: http://www.jornalrol.com.br




Maze Oliver: 'Devaneio'

Maze Oliver

Devaneio

Meu momento de devaneio:

Reflexo do meu querer,

Sonhar da minha ilusão,

Eterna busca do meu ser.

 

Meu momento de devaneio:

Sombra da minha dor,

Doce momento de encanto,

Versos, magia e cor.

 

Meu momento de devaneio:

Talvez ternura ou sensação,

Fragilidade, amor, fantasia…

Eterna fagulha da paixão.

 

Maze Oliver

mazeoliver1@gmail.com

 




Maze Oliver: 'O cipó encantado'

Maze Oliver

O cipó encantado

Raimundo Coleta era um acreano alto e bem apresentado, seringueiro que acordava sempre com o canto do galo, como era comum ao seringueiro-mateiro que morava no Acre lá pelos primórdios de 1954. Depois de lavar a cara no jirau, aprontou o quebra-jejum: pão de arroz com café e farofa de Jabá; depois de comer, colocou o que sobrou numa lata de leite seca e ajumentou para a estrada de seringa. No peito, uma grande esperança de ganhar muito dinheiro para realizar seu grande sonho: casar-se com Nazinha, uma cabocla novinha, bonita e braba feito a Gota Serena; mas isso não espantava Raimundo não, pois ele sempre dizia: ‘Gosto é de muié braba mermo!’. Até tinha um gostinho melhor essa conquista! Raimundo tinha fama de ser cabra conquistador por aquelas bandas. Tudo que era mulher que morava próxima ao Seringal Vai Quem Quer ele já havia tentado conquistar.

Nesse dia, saiu um pouco cabreiro; assim que entrou na mata ainda no aceiro de casa já ouviu o piar da Rasga Mortalha. Logo pensou com seus botões e danou-se a falar sozinho enquanto andava dentro da mata:

– Será que vou morrer? Ouvi o ‘piar da mardita’ ainda de manhã cedo! É muito azar!

E logo embrenhou-se na floresta. Meio espantado com o piado que ouviu, Raimundo assustava-se ao menor ruído de galho seco caindo, ou com o barulho de algum macaco pulando nas árvores. Ia colocando as tijelinhas nas seringueiras, mas sempre com um olhar no padre outro na missa, muito desconfiado de que aquele não era o seu dia de sorte. Após algumas horas, Raimundo chegou na primeira árvore do dia e então teve certeza que descobriu qual o azar ao qual estava predestinado! Esteve andando em círculos! Arrodiando sem parar.  Logo aperreou-se, pois sabia que passara debaixo do Cipó Encantado, agora sua sorte estava lançada! Ficaria para sempre rodando até cair morto ou ser pego por alguma onça pintada faminta. Olhou com cuidado nas redondezas, esperava enxergar o tal maldito cipó. Mas nada viu. Até porque esse danado ninguém consegue ver, por ser encantado lógico! Depois de várias tentativas de achar o caminho de volta, Raimundo sentou-se num tronco caído. Estava cansado, suado, com fome, aturdido e assombrado!

Lascou-se veia do doce! Vou morrer mermo! –  pensou.

O pouco saldo que havia juntado no barracão ficaria para sua velha mãe. Nazinha de certo agora casaria com outro. Não. Isso não poderia acontecer! Tudo menos isso. Então lembrou: Ia se valer de Santa Luzia, pois essa sim, nunca falhou com ele. E fez a tal promessa. Para ele um grande compromisso.

Convencido de que agora acharia o caminho de volta Raimundo se embrenhou na mata, entremeando a ruma de árvore, a procura da saída de volta para casa. Já estava ficando triste de novo quando de longe avistou sua casa.

E não é que deu certo!? Obrigada Santa Luzia! Vou pagar minha promessa, juro!

Com certeza iria pagar a promessa que fizera naquele momento de aflição. Nunca mais trabalharia nesse dia santo! Essa fora a sua grande promessa. E assim foi feito.

 

Maze Oliver

mazeoliver1@gmail.com

 




Maze Oliver: 'O cipó encantado'

Maze Oliver

O cipó encantado

Raimundo Coleta um acreano alto e bem apresentado, seringueiro que acordava sempre com o canto do galo, como era comum ao seringueiro-mateiro que morava no Acre lá pelos primórdios de 1954. Depois de lavar a cara no jirau, aprontou o quebra-jejum: pão de arroz com café e farofa de Jabá; depois de comer, colocou o que sobrou numa lata de leite seca e ajumentou para a estrada de seringa. No peito uma grande esperança de ganhar muito dinheiro para realizar seu grande sonho, casar-se com Nazinha, uma cabocla novinha, bonita e braba feito a Gota Serena, mas isso não espantava Raimundo não, pois ele sempre dizia: –  gosto é de muié braba mermo! Até tinha um gostinho melhor essa conquista! Raimundo tinha fama de ser cabra conquistador por aquelas bandas. Tudo que era mulher que morava próxima ao Seringal Vai Quem Quer ele já havia tentado conquistar.

Nesse dia saiu um pouco cabreiro, assim que entrou na mata ainda no aceiro de casa já ouviu o piar da Rasga Mortalha. Logo pensou com seus botões e danou-se a falar sozinho enquanto andava dentro da mata:

– Será que vou morrer? Ouvi o “piar da mardita” ainda de manhã cedo! É muito azar!

E logo embrenhou-se na floresta. Meio espantado com o piado que ouviu Raimundo assustava-se ao menor ruído de galho seco caindo, ou com o barulho de algum macaco pulando nas árvores. Ia colocando as tijelinhas nas seringueiras, mas sempre com um olhar no padre outro na missa, muito desconfiado de que aquele não era o seu dia de sorte. Após algumas horas Raimundo chegou na primeira árvore do dia e então teve certeza que descobriu qual o azar ao qual estava predestinado! Esteve andando em círculos! Arrodiando sem parar.  Logo aperreou-se, pois sabia que passara debaixo do Cipó Encantado, agora sua sorte estava lançada! Ficaria para sempre rodando até cair morto ou ser pego por alguma onça pintada faminta. Olhou com cuidado nas redondezas, esperava enxergar o tal maldito cipó. Mas nada viu. Até porque esse danado ninguém consegue ver, por ser encantado lógico! Depois de várias tentativas de achar o caminho de volta Raimundo sentou-se num tronco caído. Estava cansado, suado, com fome, aturdido e assombrado!

Lascou-se veia do doce! Vou morrer mermo! –  pensou.

O pouco saldo que havia juntado no barracão ficaria para sua velha mãe. Nazinha de certo agora casaria com outro. Não. Isso não poderia acontecer! Tudo menos isso. Então lembrou: Ia se valer de Santa Luzia, pois essa sim, nunca falhou com ele. E fez a tal promessa. Para ele um grande compromisso.

Convencido de que agora acharia o caminho de volta Raimundo se embrenhou na mata, entremeando a ruma de árvore, a procura da saída de volta para casa. Já estava ficando triste de novo quando de longe avistou sua casa.

E não é que deu certo!? Obrigada Santa Luzia! Vou pagar minha promessa, juro!

Com certeza iria pagar a promessa que fizera naquele momento de aflição. Nunca mais trabalharia nesse dia santo! Essa fora a sua grande promessa. E assim foi feito.

 

 

 

 

 

 

 

 




Maze Oliver: 'O mistério da velha'

Maze Oliver

O mistério da velha

Esta história foi minha mãe quem me contou. Disse-me ela que, num bairro onde morou de aluguel, em Rio Branco, havia um casal com uns costumes muito estranhos. 

A mulher muito alta, de aparência excêntrica: pernas muito finas, cabelo grande e muito ralo, vestida com roupas que mais pareciam trapos. O homem de estatura baixa, cabelos arruivados e mal cortados, sempre com cheiro de coisa ruim vindo das axilas. Ambos moravam juntos e poucas vezes saiam de casa. Eles eram alvo de curiosidade dos vizinhos que prestavam atenção em tudo que faziam.  

Haviam boatos que eram parentes, mas não se sabia ao certo, tanto era a distância em que se mantinham das pessoas do lugar. As únicas palavras que as pessoas do bairro Quinze ouviam deles era um bom dia ou uma boa noite. 

De vez em quando se ouvia um alarido vindo da casa do casal, junto com gritos e grunhidos estranhos de bicho, que não dava para saber de qual animal se tratava, semelhante a barulho de porcos. 

Numa noite de lua cheia, o casal saiu de casa e logo um vizinho curioso o acompanhou.  

– Irei, finalmente, descobrir o mistério do par estranho!  – pensou o vizinho. 

Lá pelas tantas da madrugada, depois do casal parar numa taberna e tomar uma meiota,  voltou para casa mais bêbado que um gambá. De repente, um deles começou a grunhir que nem porco. A mulher, num susto, transformou-se numa porca grande e gorda e se danou a correr atrás do parceiro que corria mais que a porca, batendo o pé na bunda. Assim chegou ele primeiro em casa e, esbaforido, entrou, fechando a porta atrás de si, mais veloz que um raio.  

A bicha ficou arrodeando a casa, na tentativa de entrar por alguma fresta até o amanhecer do dia. Quando cansou, deitou na soleira da porta e dormiu, desvirando-se em mulher, imediatamente. 

O vizinho, que estava escondido atrás de uma árvore e acompanhava tudo, esbugalhou os olhos pensando ter tido uma alucinação e saiu correndo, quase voando, no rumo de casa.  

Segundo minha mãe, um senhor muito antigo do lugar contara, pedindo segredo, que o casal era mãe e filho e que a mulher havia sido castigada com um feitiço por ter-se relacionado com o próprio filho.  

Verdade ou não, contos do povo… 

 

Maze Oliver

Membro fundador da SLA

Membro da AJEB – AC

Imortal da AAL

 




Maze Oliver: 'A blitz'

Maze Oliver

A blitz

Um amigo aperreado porque precisava chegar a casa rápido, já que havia deixado sua esposa em casa. Saiu do trabalho e resolveu dar uma passadinha no bar para tomar umas cervejas, afinal era sexta-feira e já queria
iniciar a comemoração do final de semana. Ao dobrar uma rua, eis que lhe apareceu uma blitz. Pensou:
– Nossa, estou frito! Vou ser multado! Preso!
Parou a moto e enfrentou o policial.
– Os documentos por favor!
– Seu polícia preciso chegar em casa rápido, minha esposa está grávida e me ligou dizendo que está sentindo as dores do parto!
– O senhor está cheirando a bebida!
– Não, seu polícia, eu lavei a boca com álcool, porque uma pessoa do meu trabalho tossiu em cima de mim; o senhor sabe, estamos em pandemia! Preciso ir seu polícia, me libere por favor!
Enquanto o policial analisava as palavras dele, olhando fixamente para seu rosto, sua esposa ligou furiosa com a demora. Ele atendeu prontamente.
– Meu amor estou demorando pois estou preso numa blitz, aguenta essa dor aí que já estou indo! Morde a coberta, morde!
E ela sem entender a conversa do marido, questionou:
– Está doido? Eu não vou falar nada! Se você não chegar a casa em cinco minutos, eu…
Começou a gritar com ele no telefone e o policial ouvindo de longe os gritos, sem entender o discurso, perguntou:
– O que está acontecendo com sua mulher?
– Seu polícia ela está gritando de dor! Está para parir!
E o policial:
– Vá atender sua mulher vá! Ela deve estar muito ruim! Porque, gritando desse jeito…
Ele só agradeceu e arrancou com a moto, pensando:
– Ufa! Dessa eu me livrei!

 

 

 

 




Maze Oliver: 'A história de minha avó'

Maze Oliver

A história de minha avó

Minha avó Maria veio do Nordeste muito jovem. Naquela época as mulheres casavam muito cedo e muitas vezes com uniões arranjadas pela família. Minha mãe contou-me que minha avó Maria nem pôde se despedir dos seus pais, porque seu marido, Antônio, não deixou. Estava muito apressado para embarcar na viagem que o traria ao Acre. Ele, o marido, sonhava em ganhar muito dinheiro como seringueiro, pois havia muita propaganda do governo brasileiro, sobre esse fato. Minha avó trouxe com ela apenas seus dois filhos pequenos e algumas roupas na bagagem.

Na viagem de navio, antes de chegar nas terras do Acre, seus dois filhos morreram de doença desconhecida e minha avó viveu a triste tragédia de ver seus corpinhos jogados na água, sendo esse o ‘enterro’ de seus rebentos amados. Assim, chegou desnorteada e chorando às terras acreanas.

Meu avô foi trabalhar de seringueiro, uma aventura pelas matas, conhecendo feras e as belezas naturais. Seu grande sonho de ficar rico com a extração da borracha e voltar para o nordeste não aconteceu. Ele e minha avó tiveram muitos filhos, mas não vingavam, morriam antes de nascer. Meu pai foi o grande sortudo que conseguiu nascer vivo, após uma promessa de minha avó Maria Coleta a São Raimundo. O nome do seu terceiro filho, Raimundo, foi em homenagem ao santo milagreiro. Meu avô Antônio não durou muito e sucumbiu diante da malária recorrente que contraiu, que é uma febre mortal muito comum da mata amazônica; acontecimento fatídico que deixou minha avó sozinha, com o pequenino Raimundo para sustentar.

Mas, uma mulher nova e viúva não ficava muito tempo solteira por essas bandas naquela época. Logo minha avó casou com outro seringueiro, também viúvo e com três filhos ainda pequenos. Ela achou que teria uma nova chance de ser feliz. Porém, seu novo marido não foi tão bom para o seu filho que, com quatorze anos, saiu de casa por não suportar sua vida naquela nova família.  Minha avó ficou novamente muito triste com o ocorrido.

Raimundo jurou que venceria na vida e buscaria sua mãe para morar com ele. Ele não ficou rico, mas depois de alguns anos casou-se e cumpriu sua promessa. Trouxe minha avó, Maria Coleta, para morar com ele. E assim Maria pôde ter alguns anos de vida tranquila nas colônias do Acre trabalhando e mimando a única neta que conheceu, eu. Ela brincava comigo, me contava histórias e mais histórias e dizia-me que estava feliz!

 

Maze Oliver

mazeoliver1@gmail.com