Nicanor Filadelfo Pereira: 'Exaltação ao médico'

Nicanor Filadelfo Pereira:

‘EXALTAÇÃO AO MÉDICO’

 

 

Quão nobre és tu, doutor,

Que em teus braços recebe a vida,

Valorizando-a como dádiva do Autor,

Manifesta, e já bem-vinda!

 

Pois és tu, Galeno abnegado,

Que, em amor, desfere o primo tapa,

Mostrando ao ser chegado

Que a vida se inicia em nova etapa.

 

Em cuidados segues, ao novo ser,

Zelando-o, como planta em rico vaso,

Tal fossem rosas, seu florescer.

 

E, então, quando a vida, em seu ocaso,

Já prenuncia ao ser a negra capa,

Tu o confortas, no adormecer!

 

Nicanor Pereira – 19/10/2017 – 12h27m

nicanorpereira@gmail.com




Carlos Cavalheiro: ‘A nossa primeira médica'

ursulinaUrsulina Lopes Torres, a nossa primeira médica

Parte 1

            “A História é a mestra da vida”. A frase, atribuída a Cícero, continua carregando algo de verdadeiro. Se os estudos históricos evoluíram de modo a que a História não fosse mais considerada apenas como o exemplo a ser seguido pelas as gerações futuras, é bem verdade que os acontecimentos do passado ainda nos servem de inspiração.

Apesar de já termos passado da primeira década do século XXI, infelizmente nos deparamos com retrocessos que suscitam em nós a busca de alguma resposta, de algum sentido na longa estrada do pretérito. Convivemos ainda com discriminações, por exemplo, que paradoxalmente vêm se acirrando em nossos tempos.

Com isso, é inspirador conhecermos exemplos de pessoas que romperam com preconceitos e lutaram para que a sociedade fosse mais aberta, humana, justa para todos.  Porto Feliz possui muitos modelos assim em sua história. Um desses exemplos é o da pioneira Ursulina Lopes Torres (ou Ursolina), uma sorocabana que se tornou a primeira médica a clinicar em Porto Feliz.

Ursulina nasceu em Sorocaba no dia 20 (ou 26) de janeiro de 1882, sendo batizada no dia 26 do mês posterior. Era filha de Anastácio Lopes Torres e de Maria do Rosário dos Santos.  A mãe faleceu quando Ursulina tinha por volta de 14 anos de idade, no ano de 1896 (http://pufal.blogspot.com.br/2016/01/familias-portuguesas-nas-missoes-os.html).

Aos 17 anos de idade ingressa na Faculdade de Medicina e Pharmácia de Porto Alegre. De acordo com o jornal gaúcho “A Federação”, Ursulina Lopes Torres obteve excelentes notas em diversos exames. Comumente, obtinha aprovação com distinção: Nos resultados dos exames de 1º ano, obteve aprovação com distinção em todas as matérias: Botânica, Física e Química Mineral (“A Federação”, 08 dez 1899, p. 2). No mesmo ano de ingresso no curso de Farmácia, a menina era professora particular de instrução primária e secundária, juntamente com seu pai, Anastácio (“A Reforma”, 22 abr 1899). Em dezembro daquele ano, Ursulina estava habilitada para a matrícula do 2º ano da Faculdade (“A Federação”, 12 dez 1899, p. 2). Na turma dela havia apenas mais uma mulher: Alice Maefer. Essa última formou-se depois em Medicina, sendo uma das primeiras médicas gaúchas, mas que interrompeu sua carreira por conta do casamento.

No ano seguinte, continuou sendo aprovada com distinção: Química orgânica e biológica, protegômenos de terapêutica e bacteriologia (“A Federação”, 06 mar 1900; 07 mar 1900; 11 dez 1900). Foi aprovada plenamente em matéria médica, farmacologia e arte de formular (“A Federação”, 11 dez 1900, p., 2). Em abril de 1900, o jornal “Correio Paulistano” anunciava os alunos que deveriam ser diplomados em breve pela Faculdade de Medicina e Farmácia de Porto Alegre. Entre eles estava a de Ursulina Lopes Torres, a única mulher a figurar nessa lista (Correio Paulistano, 11 abr 1900, p. 2).

De volta a São Paulo, depois de formada em Farmácia, no ano de 1901, Ursulina Lopes Torres foi a primeira mulher diplomada a se registrar em São Paulo. De 1892, quando abriu o registro, até 1904 apenas uma mulher se registrou, e era Ursulina, conforme consta na dissertação de mestrado de Olga Sofia Fabergé Alves sobre os farmacêuticos diplomados de São Paulo. Dedicou-se à profissão de farmacêutica até 1904, quando aparece no jornal “O Estado de São Paulo” como proprietária da Farmácia São Joaquim, tendo vendido esse estabelecimento em abril daquele ano.

Provavelmente nesse ano foi para o Rio de Janeiro cursar a Faculdade de Medicina, onde se formou em 1908, conforme atesta Olga Sofia Fabergé Alves.  Ursulina tornou-se mais uma das mulheres formadas em Medicina e que já possuíam um diploma de Ensino Superior, mesmo numa época em que isso era raro entre as mulheres por conta do machismo que imperava na sociedade.

Dizem Maria Lucia Mott, Maria Aparecida Muniz, Olga Sofia Fabergé Alves, Karla Maestrini e Tais dos Santos, em artigo publicado na Revista Ciência & Saúde Coletiva, que “Pelo cruzamento dos dados, constatou–se que médicos/as possuíam formação, diploma e registro em mais de uma área da Saúde, como por exemplo, Ursulina Lopes Torres, que se formou, em 1901, em Farmácia no Rio Grande do Sul, efetuou o registro em São Paulo no mesmo ano, cursou medicina no Rio de Janeiro, onde obteve diploma, registrando–se novamente em São Paulo, como médica, em 1929” (Ciênc. saúde coletiva vol.13 no.3 Rio de Janeiro May/June 2008). Em Porto Feliz, Ursulina começou a medicar em 1916, portanto, a exatos 100 anos.

.           Uma coincidência apontada pela historiadora Sonia Belon: Ursulina foi a primeira farmacêutica a se registrar em São Paulo. O primeiro farmacêutico a se estabelecer em Porto Feliz foi Domingos Maurino, que era casado com uma prima de Ursulina, a sra. Anna Cyra Torres.

 

Carlos Carvalho Cavalheiro

27.12.2016

 




Itapetininga: FALTA DE MÉDICOS REVOLTA POPULAÇÃO

População diz que faltam médicos após fim de contrato emergencial

 Moradores ficaram sem atendimento nas UBSs na manhã desta quarta (1º).
De acordo com a Prefeitura, não há falta de mão de obra nessas unidades.

Do G1 Itapetininga e Região

Depois do encerramento no contrato emergencial, ocorrido no dia 31 de março, Itapetininga (SP) sofre com a falta de médicos para atender aos usuários nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) espalhadas pela cidade. Na manhã desta quarta-feira (1º), moradores não conseguiram marcar consultas em algumas das unidades.

Apesar das reclamações, segundo o Executivo, 27 profissionais foram contratados por meio de concurso público e não há falta de mão de obra na rede. O secretário de Saúde de Itapetininga, Denilson Rodrigues da Silva, informou que os moradores devem procurar o pronto atendimento, caso não sejam recebidos nas UBSs.

Em entrevista à TV TEM, Silva disse que a prefeitura não foi notificada sobre a suspensão de um concurso público que oferecia 10 vagas na área médica após decisão judicial. Ele não informou se a ausência de médidos nas UBSs foi ainda mais prejudicada com esse cancelamento.

Filas se formam por falta de atendimento em UBS de Itapetininga (Foto: Reprodução/TV TEM)Filas se formaram por falta de atendimento em
UBS de Itapetininga (Foto: Reprodução/TV TEM)

Dias atrás, a TV TEM mostrou problemas de atendimento na UBS da Vila Rio Branco. Nesta quarta, a reportagem voltou ao local e constatou que apenas um médico atendia na unidade. Muita gente ficou sem consulta.

A dona de casa Joelma Camargo conta que tenta uma consulta para a mãe há dias, mas até agora não teve sucesso. “Sem previsão. Todos os dias passo para perguntar quando que vai voltar o agendamento das consultas. Um absurdo. Como não renova o contrato sem ter médicos contratados?”, questiona.

“Eles falaram para eu vir na semana que vem para ver se realmente um médico vai poder vir”, relata a babá Silva Aparecida de Oliveira. O aposentado Carlos Augusto dos Santos precisa controlar a pressão e não pode ficar sem médico. “Não sei o que fazer, a gente fica apavorado com a situação”, revela.

Acompanhado há 11 anos pelo mesmo médico, o aposentado Roberto Carlos Lima também não sabe como fará para seguir o tratamento de diabetes. “Não tenho condição de pagar sozinho. Nós dependemos das UBSs, se não tiver atendimento, vamos ficar aniquilados”, completa.

Sem médicos, UBSs ficam lotadas em Itapetininga (Foto: Reprodução/TV TEM)Sem médicos, UBSs ficam lotadas em Itapetininga nesta quarta-feira (1º) (Foto: Reprodução/TV TEM)