Reinaldo Canto: 'O que Michel Temer e Donald Trump pensam sobre o meio ambiente?'

O que Michel Temer e Donald Trump pensam sobre o meio ambiente?

As diferenças de personalidade e perfil não escondem o profundo desrespeito ao ecossistema

 

O discurso oficial de ambos em nada se parece, mas quanto ao meio ambiente são tais quais irmãos siameses.

 

O que de comum teriam Michel Temer e Donald Trump além do óbvio e mútuo pertencimento a elite branca, cabelos tingidos, casados com mulheres muito jovens e visão de mundo ultrapassada?

Não seria necessariamente na postura. Nos gestos empolados e antiquados do brasileiro, nada semelhante ao histrionismo caricato do norte-americano. Tão pouco no discurso arcaico e recheado de mesóclises de Temer em oposição à vulgaridade exibicionista e destemperada de Trump.

O que de comum teriam Michel Temer e Donald Trump além do óbvio e mútuo pertencimento a elite branca, cabelos tingidos, casados com mulheres muito jovens e visão de mundo ultrapassada?

Não seria necessariamente na postura. Nos gestos empolados e antiquados do brasileiro, nada semelhante ao histrionismo caricato do norte-americano. Tão pouco no discurso arcaico e recheado de mesóclises de Temer em oposição à vulgaridade exibicionista e destemperada de Trump.

Até mesmo no tema deste artigo observam-se diferenças marcantes. Enquanto o presidente do império não usa meias palavras para desconsiderar a importância do meio ambiente e chamar de conspiração chinesa a questão do aquecimento global, o brasileiro, por seu turno não fala mal, até mesmo diz apoiar e reconhecer a importância da proteção ambiental, mas simplesmente descumpre até mesmo o que assina.

É o caso do Acordo de Paris chancelado com pompa e circunstância pelo presidente.

O discurso oficial de ambos em nada se parece, mas quanto aos seus resultados e no que efetivamente é do interesse dos habitantes deste planeta, que são as efetivas ações governamentais em prol do meio ambiente, eles se parecem e muito, tais quais irmãos siameses.

Poderíamos afirmar que no quesito transparência o presidente dos Estados Unidos é ao menos mais honesto, pois afirmou nos jardins da Casa Branca que o país abandonaria o Acordo de Paris. Uma visão limitada, tosca, mas há de se considerar, honesta.

Felizmente, parece que a realidade tenderá a prevalecer dado às repercussões negativas. Neste momento, vozes influentes dentro do governo norte-americano estão buscando uma saída honrosa para a volta dos Estados Unidos ao acordo climático. Vamos torcer para que o bom senso prevaleça!

Já no Brasil, como afirmamos anteriormente, o governo Temer apenas não se coloca oficialmente contrário às nossas florestas, mas a força avassaladora da bancada ruralista no Congresso e o estabelecimento de uma política ambiental até mais reacionária que a da ditadura civil militar, tenta e tem conseguido destruir as conquistas ambientais de décadas.

“O atual governo não tem política ambiental não se interessa pelo meio ambiente e pela conservação da natureza. Não tem compromisso ético ou moral com a dimensão pública. As decisões são tomadas em uma perspectiva oportunista de curto prazo que visa beneficiar poucos e não se importa com as consequências para a maior parte da sociedade brasileira”, afirma Luis Fernando Guedes Pinto, engenheiro agrônomo e gerente do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola – Imaflora.

Na mesma linha, Marcio Astrini coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace, avalia que agendas guardadas há muito tempo em gavetas no Congresso estão sendo retomadas e obtendo aprovações expressivas, “ Foi assim com a MP 759, que libera imensos estoques de terras públicas para a grilagem. Ocorreu o mesmo com a redução das áreas protegidas do Jamanxim, porém nesta feita o governo precisou voltar atrás no método e trocou a MP por um projeto de lei com urgência constitucional. Há alguns meses, integrantes do governo foram aos jornais anunciar as MPs de liberação de uso e registro de agrotóxicos e da venda de terras para estrangeiros. Ainda no balcão de negócios temos a questão indígena e o licenciamento ambiental. Infelizmente, esta é a importância do meio ambiente para Temer”.

Além dos exemplos citados, o que chamou muito a atenção nos últimos dias foi o tumulto provocado pela tentativa de extinção da Renca – Reserva Nacional de Cobre e Associados, localizada entre os estados do Pará e do Amapá, em plena Floresta Amazônica. Uma área gigantesca que seria liberada para exploração mineral e que, diante das grandes e negativas repercussões, foi posteriormente cancelada.

“O episódio deixou claro que a floresta, suas riquezas e sua importância estão hoje no mesmo espaço das negociatas que vemos inundar diariamente os noticiários e que jogam o país num mar de vergonha”, concluiu Astrini do Greenpeace.

No fim das contas, as semelhanças dos dois líderes estão calcadas na falta de visão de longo prazo. Ambos preocupados com sua sobrevivência política, claro que em momentos muito diversos e distintos. Ambos pouco ou nada comprometidos com temas caros à sustentabilidade e ao verdadeiro interesse comum.

Resta a esperança que, como acontece agora no possível recuo de Trump quanto à retirada do Acordo de Paris e da revogação da Renca pelo governo Temer, mobilizações da sociedade sejam capazes de frear ao menos os piores desmandos.

“Ficou evidente que não é possível toma uma decisão de impacto tão grande sem uma boa comunicação e sem o diálogo com a sociedade”, afirma Luis Fernando, do Imaflora.

Um futuro melhor para todos, sem dúvida, exige participação ativa da sociedade. O outro caminho repleto de omissões e conluios nos levará fatalmente a habitar um mundo mais difícil de se viver, ambientalmente insustentável e socialmente cada vez mais injusto.

 

Reinaldo Canto – reicanto@gmail.com

Publicado em CartaCapital, 14/10/2017, 15h04 – Sustentabilidade – Análise




Celso Lungaretti: 'A desinformação de Temer e a má formação das feministas'

A EMANCIPAÇÃO DA MULHER EM QUESTÃO


TEMER E O FEMINISMO

 HÉLIO SCHWARTSMAN

O pior é que o presidente Michel Temer queria elogiar o sexo oposto ao dizer as impropriedades que disse quando fez seu discurso em homenagem às mulheres na 4ª feira (8).

Não chega, porém, a ser uma surpresa constatar que ainda há pessoas que pensam dessa forma. Se não houvesse, o machismo não existiria, e as feministas já não teriam muito a dizer.

O que me incomoda no discurso de algumas alas do movimento feminista não é a constatação de que ainda não atingimos a igualdade de gênero, mas as soluções propostas para tentar resolver o problema.

Não consigo ver muita lógica na ideia de que mulheres, porque representam 50% da população, devem necessariamente ocupar 50% dos cargos de chefia nas empresas ou a metade das vagas no Parlamento, p. ex.

Defender esse tipo de meta ou mesmo cota, como fazem as mais radicais, aliás, me parece uma atitude profundamente machista, já que tira das mulheres o direito de não querer as mesmas coisas que os homens.

Tomemos o caso das chefias. Uma das explicações para o fato de não haver tantas diretoras quanto diretores é que elas, ao contrário deles, não apostam todas as suas fichas na carreira profissional, dedicando menos horas e menos energias ao trabalho para investir também em outras dimensões da vida.

Se essa é uma decisão razoavelmente livre, não vejo como possa ser criticada. Eu até diria que existe sabedoria aí.

O bom combate ao machismo se faz não com a busca por resultados que nem sequer sabemos se são os desejados, mas com a remoção dos obstáculos que restam à emancipação da mulher, sejam eles jurídicos (que já se foram quase todos), materiais (como a falta de boas creches) ou culturais (processo que já está em curso, mas que é mais demorado).

Seria profundamente lamentável se o preço a pagar pelo triunfo do feminismo for o sacrifício da autonomia individual de cada mulher.


AS FEMINISTAS E O CAPITALISMO

 CELSO LUNGARETTI

Michel Temer não passa de um político profissional de poucas luzes e voos curtos, que tirou a sorte grande ao se tornar vice de uma presidente tão desastrada quanto desastrosa.

Então, decerto desconhece o conceito marxista de falsa consciência. Sucintamente, trata-se da introjeção pelo dominado dos valores da classe dominante, levando-o a agir em sentido contrário aos seus verdadeiros interesses.

Quando ele louvou as virtudes da mulher na administração do lar, mostrou um espantoso alheamento com relação à forma como hoje se veem as mulheres da classe média para cima. E um mundo de críticas despencou sobre sua cabeça.

Temer não merece, claro, ser defendido. Paga o preço de haver dedicado a sua vida inteira à politicalha tacanha e sórdida, daí sua dificuldade em falar sobre a vida fora dos palácios dos podres Poderes.

Mas, sua gafe me dá oportunidade de levantar uma discussão que, esta sim, é importante.

Nos tempos em que os seres humanos estavam submetidos ao tacão da necessidade e a jornada de trabalho dos homens era extenuante ao extremo, cabia às mulheres assegurar que os lares fossem seus castelos, o repouso do guerreiro: um ambiente que lhes trouxesse alívio após o excesso de esforço físico despendido, revigorando-os e tornando-os aptos para, no dia seguinte, continuarem cumprindo sua amarga sina de explorados.

Tiranizados por amos e patrões, eles sentiam-se impotentes para reagir e acabavam descarregando suas frustrações em cima das esposas, salvo nos raros momentos da História em que ousaram confrontar seus opressores.

Ou seja, o tal do machismo nunca se deveu a uma malignidade intrínseca dos homens, sendo, isto sim, a forma como a sociedade de então definia os papéis, para poder arrancar deles até a última gota de suor na faina massacrante.

O processo produtivo evoluiu, veio a automação e, cada vez mais, a jornada de trabalho foi deixando de exigir muita força física. Então, passou a ser conveniente para o capitalismo permitir o ingresso em massa das mulheres na vida profissional, o que inchou o mercado de trabalho, fazendo diminuir a remuneração de ambos os sexos e servindo como dissuasor contra movimentos grevistas (quanto mais aspirantes às suas vagas existem, menos os trabalhadores que estão empregados se dispõem a peitar patrões e chefetes).

Poucos se deram conta de que antes bastava o homem para sustentar sua família e depois passaram a ser ambos trabalhando fora, mas, mesmo assim, continuou sobrando mês no fim dos dois salários. E os filhos, coitados, passaram a conviver muito mais com profissionais contratados(as) das creches e escolinhas do que com os que têm verdadeiro interesse e amor por eles.

Embora o movimento feminista possua ideólogas do porte de Germaine Greer, capazes de distinguir entre a verdadeira liberdade para todos os seres humanos e a mera igualação de homens e mulheres como escravos do capitalismo (além de obnubilados pelo consumismo), exercendo as mesmas funções que visam ao lucro e não à satisfação das necessidades humanas e sofrendo o mesmo estresse de uma vida pessimamente vivida, o que passa por feminismo nos meios de comunicação de massa e nas redes sociais é pura falsa consciência: as mulheres buscando apenas uma inserção mais próspera na sociedade capitalista, que nunca as tornará plenamente felizes e realizadas.

Quando feministas, negros, militantes ecológicos, o pessoal do LGBT, etc., se derem conta de que suas bandeiras específicas são parte de uma luta maior que teremos de travar nas próximas décadas, quando vai se decidir inclusive a sobrevivência ou não da espécie humana, aí sim começaremos a avançar.

Por enquanto, a dispersão de esforços apenas ajuda a perpetuar o que é sumamente nefasto para todos.

RECADO PARA O TRUMP: O APOCALÍPSE NÃO É UM REALITY SHOW!




Um novo craque no time de colunistas do ROL: Carlos Carvalho Cavalheiro

Carlos Cavalheiro Foto André Pinto 26.03.2016
Carlos Cavalheiro
Foto André Pinto 26.03.2016

Carlos Carvalho Cavalheiro é escritor, poeta, historiador e estudioso da cultura popular e do folclore

O novo colunista colaborador do ROL mora em Sorocaba e é autor de vários livros, entre eles ‘Folclore em Sorocaba’, ‘Salvadora!’, ‘Scenas da Escravidão’, ‘Vadios e Imorais’ e ‘André no céu’. É colunista do jornal eletrônico ROL – Região On Line e da ‘Tribuna das Monções’, da cidade de Porto Feliz/SP.
É professor de História e exerce suas funções na EMEF Coronel Esmédio, em Porto Feliz.  E, como é prática tradicional (há 22 anos ininterruptamente!) o novo colunista tem absoluta liberdade para escrever sobre o que quiser. O respeito à diversidade de opinião é ‘cláusula pétrea’ do nosso jornal. Publicamos hoje seu primeiro artigo. Seja bem vindo, professor! (Helio Rubens, Editor)

 

A (im)popularidade de Temer

Nesta semana, o presidente interino Michel Temer disse, em pronunciamento feito no Global Agrobusiness Fórum, em São Paulo, principal evento do mundo do agronegócio no Brasil, que deverá, em determinado momento, tomar medidas impopulares para “colocar o Brasil nos trilhos”. Bom, o que talvez o presidente não saiba é que boa parte de suas medidas já são impopulares desde o primeiro momento e que, colocar o Brasil nos trilhos é temerário, uma vez que os governos – todos eles – anteriores sucatearam e extinguiram esse importante meio de transporte, não só de passageiros como de cargas, que é o trem.

Brincadeiras à parte, os anunciados ou pensados cortes no orçamento da Saúde e na Educação; a pensada extinção do Ministério da Educação e mudanças nas regras da aposentadoria (igualação de idade entre homem e mulher, por exemplo, e idade mínima a partir dos 70 anos), já demonstram um governo que não tem competência para resolver a crise se não for por meio do sacrifício do já espoliado povo brasileiro. Há inúmeras alternativas de se resolver boa parcela da crise, mas ninguém quer mexer no vespeiro. O repatriamento de recursos não declarados no Exterior, por meio da  Lei nº 13.254/2016, é um desses instrumentos que podem automaticamente trazer divisas para o país e regularizar os que possuem dinheiro em bancos estrangeiros, mas não fizeram a devida declaração ao Imposto de Renda.

Segundo o site da “Castelo Branco Advogados”, há estimativa de que haja algo em torno de “US$ 7 e US$ 12 trilhões depositados nos inúmeros paraísos fiscais espalhados ao redor do mundo, como a Suíça, Mônaco, Ilhas Cayman e Liechestein”. Em 2003, o deputado Luciano Castro (PP/RR) propôs, por meio de projeto de lei “o reingresso de qualquer recurso remetido ilegalmente ao exterior mediante tributação, pelo imposto de renda, à alíquota de 5%. Quem optasse pelo repatriamento não seria obrigado a declarar a origem dos recursos à Receita Federal, que manteria o sigilo total da identidade do optante”. Uma CPI daquele, a do Banestado, apurou que R$ 150 bilhões eram mantidos ilegalmente no Exterior. Porém, a proposta do deputado só foi aceita este ano, ou seja, 13 anos depois de apresentada (http://www.cbadvogados.com.br/blog/o-repatriamento-de-recursos-e-seus-efeitos-penais/).

Essa é somente uma das “fontes” intocadas até o momento, embora exista amparo legal para isso. Outro instrumento seria a taxação sobre grandes fortunas, que nunca saiu do papel… aliás, nunca chegou ao papel. Todos os países desenvolvidos e relativamente decentes fazem a taxação das grandes fortunas. Menos o Brasil. Ao contrário, o governo faz apostas erradas, como a política internacional que tenta se atrelar novamente aos interesses estadunidenses com o intuito de continuarmos o papel colonialista de fornecedores de matéria-prima em troca de tecnologia. Com isso, adeus à diversidade de parceiros econômicos, o que nos coloca reféns de qualquer outra crise que se aposse da terra do Tio Sam.

No final de Maio, o presidente interino anunciou, juntamente com o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, limite de gastos públicos. Quais foram as propostas de cortes? Em programas de habitação como “Minha Casa, Minha Vida”; programas de agricultura familiar; além do já falado limite de gastos na Educação e na Saúde (que vão muito mal, diga-se, mesmo sem esses cortes). Apoio ao agronegócio e corte para a agricultura familiar… Eis a síntese de um governo que tem por meta atender ao mercado e não aos cidadãos.

Por isso, não é de se estranhar que em menos de um mês, a popularidade de Temer tenha caído tão drasticamente. Pesquisa apresentada pelo CNT/MDA dava conta de que a reprovação ao governo Temer no início de junho era de 28% (Jornal Cruzeiro do Sul, 9/6/2016, p. B4). No início de julho a reprovação de Temer, de acordo com Pesquisa CNI/IBOPE era de 39% (Jornal Cruzeiro do Sul, 2/7/2016, p. B4).

Enquanto isso, como se ouve dizer pelas ruas, “o preço da carne e do leite sobem. Deve ser porque as vacas andam comendo feijão”.

 

Carlos Carvalho Cavalheiro

05.06.2016




Itapetininganos com o presidente Temer

Recordação de um encontro entre parentes próximos

Em encontro realizado há anos…

Na foto abaixo aparecem:

o Dr. José Salem Neto, D. Neide Salem, D. Helena Salem, o presidente interino Dr. Michel Temer, o médico itapetiningano Dr. David Cavalheiro Salem e sua esposa Elaine.

Ao fundo, o Dr. Roberto Albuquerque, ex-delegado seccional de policia.

O motivo do encontro, a proximidade familiar: o avô do Dr. David Salem veio ao Brasil como imigrante nascido de Batroun, cidade litorânea do Líbano, e era primo dos avós de Michel Temer, também da mesma cidade.

Foto de HRubens Arruda E Miranda.