A espera

Sandra Albuquerque: Poema ‘A espera’

Sandra Albuquerque
Sandra Albuquerque
"Uma criança, encolhido atrás de uma velha porta de madeira, jogada às traças e ao tempo e escorada num velho móvel"
“Uma criança, encolhido atrás de uma velha porta de madeira, jogada às traças e ao tempo e escorada num velho móvel
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Uma data se aproxima.
E as ruas superlotadas,
gente para todos os lados.
As pessoas sorriem ,
embaladas pela emoção
da compra de presentes.
E ali, encolhido
atrás de uma velha porta
caótica de madeira,
jogada às traças e ao tempo
e escorada num velho móvel descartados pelo dono da loja.
As pessoas passam por mim
e não me enxergam.
Eu sou , apenas, uma criança, sem infância,
numa deplorável miséria,
longe dos sonhos
e banhada pelas lágrimas da dor que o frágil corpo corrói.
E mesmo no fim do túnel,
pois não vejo futuro pra mim,
ali continuo,
esperando que uma alma bondosa apareça e me faça renascer das cinzas como a fênix.
Eu preciso sair daqui.
Será que não tem ninguém
que me leve para casa?
e que pelo menos, me dê guarida, um banho descente,
uma comida quentinha
e uma roupa nova ?
já que é Natal!
E falam tanto em amor
quando só vejo desamor.
Olhem para meu rosto,
pois eu ainda não morri,
mas sinto o cheiro da morte.
Meus ossos estão frágeis e minha alma geme.
Por favor, olhem para mim!

Poetisa Sandra Albuquerque
Rio de Janeiro, 23/12/2019.
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Natal

Francisco Evandro Farick: Poema ‘Natal’

Francisco Evandro Farick
Francisco Evandro Farick
Natal da Era de Aquário
Natal na Era de Aquário
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Natal

E como está o mundo?

Estamos na Era de Aquários!

Todos esperavam muita paz, harmonia e amor entre os povos.

Mas, é Natal! E não há amor, tampouco paz entre as Nações.

A fome, a miséria e a violência vivenciam o cotidiano.

É natal! Assim mesmo sempre Jesus está conosco.

Ainda existe amor naqueles que têm Jesus no coração.

É natal!

As esperanças se renovam…Em sonhos…

Vi o brilho de alegria nos olhos do povo.

Como seria bom renascer as boas ideias.

Percebi a violência ser amainada e eliminada

Reinava a paz!

Nos lares, os alimentos estavam à mesa,

Não havia fome!

É natal! Não existia miséria nos países africanos.

A prostituição infantojuvenil deixara de existir.

É natal! Os crimes hediondos há muito que amainaram.

É natal! As crianças brincavam alegres…

O trabalho infantil não se fazia presente.

É natal! É apenas um sonho, mas como seria bom

Viver assim em todos os natais.

Francisco Evandro Farick

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 Reflexão sobre a violência

Francisco Evandro de Oliveira:

Artigo ‘Reflexão sobre a violência’

Francisco Evandro de Oliveira
Francisco Evandro de Oliveira
Países seculares estão com suas economias falindo
Países seculares estão com suas economias falindo
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Estou cansado, a bem da verdade, muito cansado de ouvir falar e ver violência no nosso cotidiano; cada político, cada componente da justiça tem a brilhante solução. 

Contudo, a violência cresce assustadoramente, desvairada e descabida continuamente. É um grande cancro em nossa sociedade e nem toda gama de cobalto usado nos tratamentos quimioterápicos, por si só, é garantia da cura e para este mal social nos nossos dias, conhecido como violência. Todos imaginam mágicas soluções para arrefecer, conter e acabá-la. 

Os políticos e os componentes da justiça só vislumbram os efeitos, estão cegos para as causas. Em nenhum momento apresentam uma solução viável para as causas principais, que são os males do século: a fome, apartheid social, a miséria reinante e o desemprego em massa. 

Tais fatores estimulam uma péssima educação; criam um universo de descamisados, os quais crescem em grandes proporções a cada dia. 

Países seculares estão com suas economias falindo. Os grandes políticos não enxergam o evidente que salta aos olhos! 

A globalização desvairada, visando disfarçadamente os interesses dos países mais ricos e o excesso de tecnologia estão dizimando as economias de países ditos do 3º mundo e suas populações em si. 

Cresce indiscriminadamente o universo de traficantes, aumenta na mesma proporção a repreensão e o aparato policial, que por si só, além dos motivos óbvios conhecidos por todos, não são garantia de combate ao crime, tanto o poder constituído, quando o dito poder paralelo, aumentam consideravelmente seus potenciais bélicos e as mortes se fazem presentes e são diariamente estampadas nos noticiários locais e nacional.

Como consequência imediata vem: superlotação carcerária nas delegacias, carceragens e presídios que, devido às suas precaríssimas condições, tornam-se verdadeiros depósitos humanos e, porque não dizer, também se especializam no curso superior em violência. Rebeliões explodem!  Torna-se o Armagedom! Um inferno total!

Uma Torre de Babel dos tempos modernos! Enquanto isso, negociatas entre políticos, banda podre da polícia, da justiça e extermínios diários de jovens e adolescentes se fazem presentes.

Os nossos políticos permanecem dormindo no ‘berço esplêndido do País’, e, quando acordarem desse torpor, o país, embora com jovialidade, será uma nação predominante de crianças, mulheres e velhos.

Os jovens do sexo masculinos foram, em sua maioria, ceifados e dizimados pelo confronto entre traficantes e policiais e entre facções divergentes de seus interesses nefastos à sociedade. Onde estarão seus corpos? 

Poderemos encontrá-los nos diversos cemitérios clandestinos dos grupos de extermínios, das polícias, das milícias, dos traficantes e nos cemitérios oficiais. 

Esperamos que os governantes acordem para que possamos legar um mundo melhor as nossas futuras gerações; e esse mundo passa, necessariamente, pela Educação, pois como já dizia Monteiro Lobato: “Um país se faz com homens e livros”.

Francisco Evandro de Oliveira
  Professor de Física e Matemática – Escritor e Poeta

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Sandra Albuquerque: 'Eu não pedi para nascer'

Sandra Albuquerque

Eu não pedi para nascer

Eu não pedi para nascer

Mas, se aqui estou

Não preciso de presentes

E sim de pão e amor.

 

O meu sonho de infância

A miséria já levou

Vejo tanta indiferença

Regada de desamor.

 

Nos meus olhos há tristeza

Sinto doer meu coração

Vejo tantas mesas fartas

Enquanto a mim me falta o pão.

 

Dizem que o Noel existe

Meu viver é sofrimento

Sinto fome, sede e frio

Minha estada é um lamento.

 

Eu sou , apenas , criança

E a ninguém eu faço mal

Olhe pra mim com ternura

Me encontre neste Natal.

 

Sandra Albuquerque

sandralennen@gmail.com




Tereza Du'Zai: 'Sangria'

Como o mendigo comemora a esmola que amordaça,/ Resignamo-nos à crueldade dos que estão no comando/ E seguimos condolentes por caminhos lodosos,/ Crentes de que a humildade e a persistência nos salvarão,/ Se não da vida, talvez na morte.”

 

SANGRIA

Como o mendigo comemora a esmola que amordaça,

Resignamo-nos à crueldade dos que estão no comando

E seguimos condolentes por caminhos lodosos,

Crentes de que a humildade e a persistência nos salvarão,

Se não da vida, talvez na morte.

A religião e a ação do invisível nos evocam,

E nos aniquilam com suas carícias perversas.

A ciência nos felicita e nos subjuga com suas descobertas.

Gutenberg, Niépce, Dagarre, Friese-Greene, Marconi…

Tudo o que lemos, ouvimos, reproduzimos,

O movimento infernal das ancas universais,

A dança avassaladora da grande fera ululante;

A miséria, a promiscuidade, a guerra santa.

O Livro dos Espíritas, a Bíblia, a Torá, o Alcorão – substratos da ilusão humana.

Punhaladas políticas, venenos morais.

Bocejamos entre lobos e víboras

E nos alimentamos do vômito cultural de nossos ancestrais,

Somos todos hipócritas, somos todos irmãos.

 

Tereza Du’Zai – terezaduzai@gmail.com