Um mergulho no mar dos sentimentos, em 'Meu sonho me contou' da autora Camila Haik

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Em ‘Meu sonho me contou’, a autora e protagonista Camila Haik insere o leitor na narrativa e o leva a refletir sobre o quanto cada um pode e deve se colocar em primeiro lugar no amor e na vida

Para sentir-se livre e viver a vida intensamente, o simpático e sonhador marinheiro Miguel se aventura pela imensidão do mar e pelas ondas das praias do Rio de Janeiro. A sinceridade presente nos olhos cor de mel do surfista encantou a jovem Camila. A paixão foi quase instantânea, ainda que despretensiosa.

Ao emprestar o nome para a protagonista de meu sonho me contou, a escritora carioca Camila Haik causa, de imediato, a impressão de que se trata de uma autobiografia. Na história, a protagonista é também uma escritora. Ela acaba de escrever um livro quando conhece Miguel e é surpreendida com um convite para passar alguns dias na casa dele – e aceita.

O enredo relaciona momentos comuns da rotina – como ensinar alguém a fazer café – com reflexões sobre a vida e os sentimentos. Na narrativa, o leitor é quase personagem, uma espécie de ouvinte dos desabafos e conselhos de Camila, enquanto a instigante história de amor se desenrola.

Alguns dias vão ser mais difíceis do que outros, eu sei, mas
tenta mentalizar a bondade que há aí dentro, a certeza da sua alegria,
a sua felicidade em harmonia com a tristeza. Tenta visualizar
o que você quer sentir para, então, ser inteiramente a pessoa que faz
e que vai fazer tudo acontecer: você.
(Meu sonho me contou, p. 14)

Assim como para o leitor, a história também se apresenta por meio de cartas para Miguel e para psicóloga, Joana. Foi com ajuda da profissional que Camila encontra o caminho para conectar o físico, o espiritual e o mental.  Ao acessar os sentimentos mais íntimos e puros da protagonista, o enredo faz refletir a respeito das próprias emoções – e o quanto cada um pode e deve se colocar em primeiro lugar no amor e na vida.

Ficha técnica:
Título:
 Meu Sonho Me Contou
Autora: Camila Haik
ISBN: 978-65-00-21266-2
Páginas: 204
Formato: 14×21 cm
Preço: R$ 37,97 e R$ 9,90 (eBook)
Links de venda: Uiclap e Amazon

Sinopse: Eu poderia te contar a minha história de uma só vez para você já entender o que aconteceu, mas, nesse caso, é melhor sentir pelo caminho. Sou escritora, estou na faixa dos 20 e muitos anos e sigo a vida de forma livre, independente, especial. Tenho o pé no chão, a cabeça nas nuvens e vivo em um constante equilíbrio entre a razão e a emoção. Te conto um conto sobre um sonho que tive, mais real do que muitos outros, e te faço conhecer uma parte da minha trajetória que foi e ainda é fundamental para o processo: Miguel. Marinheiro, que faz do mar a sua casa e que, se pudesse, viveria seus dias mergulhando em todas as ondas que existem. É simpático, gosta de agradar as pessoas e tem um coração que se apaixona por tudo o que vê. Parece aquela coisa de opostos complementares e é, de fato; a astrologia explica. Neste breve encontro que demonstro em alguns capítulos, você vai conhecer um lado meu que não costumo mostrar, só que, essencialmente, você vai conhecer um pouco mais sobre você. Este livro é um mergulho. Que você sinta e reme em busca do seu.

Sobre a autora: Sou Camila Haik, mas pode me chamar de Cacá. Carrego a Escrita no coração, o ThetaHealing na mente, a Astrologia na alma e a Publicidade na matéria. Escrevo para me libertar, para me salvar, para me amar. Eu escrevo para nos curar. Com o meu coração, escrevo para que todo mundo possa escrever, também.

Acredito que as palavras têm magia e, por meio do nosso poder, confio no universo para manifestar tudo o que um dia sonhamos, manifestamos, vivemos. Eu sinto a poesia da vida. E é por ela que eu estou aqui, é pelo amor que eu sou quem eu sou. Somos. E sempre.

Obrigada por me ler, por me abraçar, por me amar. Amor, Cacá.

Redes sociais:
Facebook: Camila Haik
Instagram: @camilahaik
Site: www.camilahaik.com




O leitor participa: Marcos Francisco Martins: 'Narrativa X Discurso'

Prof. Dr. Marcos Francisco Martins

Narrativa X Discurso

A palavra narrativa tem presença nas ciências humanas e sociais. Pesquisadores tomam as narrativas como objeto de análise e recurso de coleta de dados em vários campos do saber. Mas este texto não trata desse significado do termo, pois aborda o sentido comum e o alcance que ele ganhou na fala de pessoas de variados níveis culturais no Brasil atualmente.

Na verdade, narrativa virou palavra da moda. É empregada para descrever o ato de um sujeito ao reportar um fato. Mas há outra palavra também utilizada com essa finalidade: discurso. Embora próximas na linguagem coloquial, narrativa e discurso têm diferenças importantes.

A narrativa tem espaço na literatura, sobretudo, na figura do narrador. Por isso, narrar é ato de criação, com liberdade de recorrer à ficção. Seu compromisso é persuadir o interlocutor e, para tanto, apela aos seus sentimentos e idiossincrasias conscientes e inconscientes, nem sempre tão nobres. Fundamenta-se em relatos particulares, que são universalizados e utilizados para validar atitudes ou determinada interpretação das coisas. É fácil fazer narrativas e muitos estão produzindo-as, sobretudo, empregando o meio propício para difundi-las: a Internet, com sua recorrência aos vídeos e áudios, com mensagens curtas.

Nas redes sociais da Internet circulam muitas fake news. Todavia, nem toda narrativa é uma fake news, mas toda fake news é a narrativa de alguém para lhe persuadir. A propósito, este termo, fake news, pode ser concebido como sinônimo de pós-verdade, palavra do ano de 2016 no Dicionário da Universidade de Oxford. Esse neologismo expressa a intenção de sujeitos em formar a opinião pública por meio de narrativas para as quais os fatos objetivos valem menos que os apelos às emoções e às crenças pessoais. E os disseminadores de fake news e/ou de pós verdade são ousados, teimam em difundir a máxima: ousem em não saber, justamente o contrário do lema latino sapere aude (ouse saber), que foi apropriado por Kant no texto “O que é o iluminismo” (1784). Sobre esse cenário, bem disse Umberto Ecco ao jornal La Stampa: “As redes sociais dão o direito de falar a uma legião de idiotas que antes só falavam em um bar depois de uma taça de vinho… Então, eram rapidamente silenciados, mas, agora, têm o mesmo direito de falar que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis.”.

Discurso, por sua vez, é palavra em desuso. Como expressão própria – ou deveria ser! – da ciência, da filosofia, da política e da ética, ele é prisioneiro da realidade e tem compromisso com a sustentação empírica e lógica sobre o que afirma, apelando sempre à razão. O discurso ampara-se em evidências oferecidas por estudos, pesquisas, dados coletados e analisados. Exige rigor, daí a dificuldade de se adaptar ao ambiente das redes sociais, pois requer demonstração sobre o que é relatado. Assim concebido, cabe ao discurso demolir fake news e narrativas de pós-verdade, o que não é nada fácil. Quem se propõe a fazer discursos está perdido, sem saber lidar com a nova realidade das narrativas nas redes sociais.

Quando se enfrenta a situação de confusão, olhar ao passado é procedimento interessante. Na Grécia Antiga, os sofistas foram os primeiros sujeitos considerados como professor. Apesar de importantes ao desenvolvimento da filosofia, no contexto da democracia grega antiga, eles vendiam o saber que tinham, ensinavam os cidadãos a persuadirem os demais nas assembleias que definiam os rumos das cidades (pólis); buscavam sucesso, sem compromisso moral com a verdade dos fatos. Foi por isso que Sócrates, considerado o pai da filosofia ocidental, os recriminou. E, assim, o sofisma é entendido até hoje como sinônimo de argumento ou raciocínio concebido com vistas a produzir a ilusão da verdade e o sofista como aquele que utiliza habilidade retórica para defender argumentos e raciocínios inconsistentes.

Considerando o passado sofista e as redes sociais digitais, pode-se dizer que hodiernamente todos estão imersos em um mar de narrativas de sofismas, que reverberam fake news e/ou pós-verdades. Urge, então, resgatar os discursos, ousar saber, e se se for para apelar às narrativas, que seja para o deleite que a literatura nos proporciona.

Prof. Dr. Marcos Francisco Martins (17/04/2020)

Professor da UFSCar e pesquisador do CNPq – marcosfranciscomartins@gmail.com