Missões nebulosas

Marcelo Paiva Pereira: Artigo ‘Missões nebulosas da NASA’

Marcelo A. Paiva Pereira

Em novembro de 2022 a NASA lançou um foguete sem tripulação em direção à Lua após cinquenta anos da última alunissagem pelos astronautas da missão Apolo XVII, em 1972. Aludida missão, denominada Ártemis (irmã do deus grego Apolo) e mais ousada do que as anteriores (1969 a 1972), teve o objetivo de verificar a segurança da nave em transportar astronautas para aquele satélite natural, assim como as próximas levarão a primeira mulher e o primeiro negro para lá e estabelecer uma base permanente para que possamos viajar à Marte.

Seguem alguns comentários sob os focos da política, ciência, religião, literatura e cinema.

À luz da política, construir bases permanentes na Lua e em Marte será um feito comparável às descobertas das rotas marítimas para as Índias (por Vasco da Gama), da América (por Cristóvão Colombo), do Brasil (por Pedro Álvares Cabral), da primeira circum-navegação (por Fernão de Magalhães) e dos primórdios da colonização. No final do século XV e durante o XVI, foram elas tão arriscadas quanto serão essas missões para implantar as mencionadas bases.

À luz da ciência, o projeto da NASA visa preparar nossa espécie para desenvolver o conhecimento, conquistar, explorar e expandir nossa civilização a partir da construção dessas bases planetárias (‘cabeças de ponte’), que poderão se transformar em colônias ou estações lunares e marcianas, delas explorar outros planetas, descobrir novas jazidas minerais, fazer contato com eventuais vidas extraterrestres, estudá-las ou com elas fazer alianças, vasculhar e mapear o universo.

À luz da religião, aprendemos que somente Jesus é filho unigênito do Criador e que veio a nós para nos livrar dos pecados do mundo, e assim cremos com a força da nossa fé. Há, todavia, quem questione se Deus terá alguém nos planetas onde houver vida assemelhada à nossa, entre seres antropomórficos (ou não) e se serão monoteístas ou politeístas.

À luz da literatura e do cinema, livros e filmes de ficção científica criam perigos, desafios e situações imprevisíveis que põem à prova a ousadia migratória e a coragem da nossa espécie ao vasculhar e mapear o espaço sideral.

São obras que trazem ideias do futuro, de outros mundos e do que provavelmente poderemos conhecer, conquistar e os possíveis perigos a enfrentar (o filme ‘Vida’ (2017), dirigido por Daniel Espinosa, por exemplo). Num futuro distante talvez as gerações daqueles humanos venham a ser os alienígenas (extraterrestres) que farão contato com nossa espécie (terráqueos) aqui existente…

Os caminhos da humanidade sempre foram espinhosos, turbulentos, cheios de encruzilhadas, desafiadores e fontes da política, pesquisas, crenças, fé, obras literárias e do cinema. Outros desafios estão por vir e as Missões Ártemis fazem parte deles. Após aqueles desbravadores construírem as referidas bases, vasculharem e mapearem o universo, poderão nossas futuras gerações ter um tenebroso ou brilhante destino. Serão missões nebulosas porque estarão à mercê da roda da fortuna. Nada a mais.

Marcelo Augusto Paiva Pereira

(arquiteto e urbanista)

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