Nicanor Filadelfo Pereira: O Nove de Julho'

Nicanor Pereira

O Nove de Julho

De grata memória – o Nove de Julho –

Honrando o passado da gente paulista,

E o povo mais bravo, também altruísta,

Mostrou ao Brasil seu valor, seu orgulho!

 

Erguendo a bandeira das treze listras,

Abriram trincheiras,

Em que o povo se alista,

Pró Magna-Carta da lei brasileira.

 

Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo,

No honroso holocausto

Da taça tomaram o licor mais amargo.

 

Não fora em vão a tão brava luta,

 Que a vida entregaram, de coração,

  E assim houvesse – a Constituição!

Nicanor Pereira

05/07/2019  – 15h24m

 

 

 

 

 

 




Nicanor Filadelfo Pereira: 'ROL-IN-JORNAL'

Nicanor F. Pereira

ROL-IN-JORNAL

Poema em comemoração aos 28 anos do Jornal Cultural ROL

Eis que da mesma frequência,

Ousando em mui alto denodo!

Vibrante, e com muita evidência,

Surgia um “saite” de luz como um todo.

 

 Sob o Rubens, também chamado de Helio,

Tal como o hélio, a essência potente do Sol,

Na luta constante, sem muito mistério,

Criava imponente, aqui, o seu ROL.

 

Amante das letras, e da vida o poema,

Com fé e coragem se fez baluarte

Da escrita, em teclado ou, ainda, com pena,

Tornando pública, assim, toda arte.

 

 Disposto e contente ampliou o arsenal,

Deu azo aos reclamos

Criando – agora − o Internet Jornal,

Distinto periódico, que nós tanto amamos.

 

São muitos os seus companheiros,

Liderados por Sergio Diniz,

Fiéis, valentes, com duras cerviz,

Na cultura − e no saber− brasileiros!

 

Nicanor Pereira – 24.03.2022 – 23h29m

 

 

 

 




Nicanor Filadelfo Pereira: 'Ano Novo'

Nicanor Pereira

Ano Novo

No céu, reluzem clarões,
Nos seus brilhos multicores,
Despertando nos corações
Os sonhos com muitas flores.

Surgiu a nova esperança,
Num tempo que faz sonhar,
Neste ano que ainda é criança
De ideais a gatinhar.

O sinal de um novo alento
A vibrar nos corações,
A trazer, com novos ventos,
As tão doces emoções.

É tempo de fazer planos…
Pensar em novas vitórias,
Esquecendo os desenganos,
Começar a nova história.

Tempo de amar novamente,
No pulsar do coração,
Sorrindo pra toda gente,
E cantar nova canção…

Essas luzes multicores,
Que neste céu a brilhar,
Simbolizam os amores,
Que pretendemos amar.

Meditando no porvir,
Esquecendo o que passou,
Olhar pra vida e sorrir,
Pois tudo recomeçou…

Eis a nova etapa de vida,
Para uma nova caminhada;
Que ela seja toda florida,
E por Deus iluminada!

 

Nicanor Pereira

 

 

 

 

 




Nicanor Filadelfo Pereira: 'Ser poeta'

“Ser poeta é ver da vida o lado belo;/ É sentir de cada flor o seu perfume,/ E curtir a dor sem um queixume,/ Sonhando azul, onde tudo é amarelo.”

 

SER POETA

Ser poeta é ver da vida o lado belo;

É sentir de cada flor o seu perfume,

E curtir a dor sem um queixume,

Sonhando azul, onde tudo é amarelo.

 

Ter coração que vibra ao som da melodia,

Lábios que sorriem em momentos de amargura,

Que transformam cada fato, dia a dia,

Num cesto colorido de doçura.

 

Ver estrelas no céu em noite escura,

Amar as flores se abrindo, em manhã fria,

Ouvir longe, da ave, o canto com brandura.

 

Ser poeta é isto, simplesmente:

Cada instante é uma dádiva divina,

A lhe trazer paz e alegria permanentes.

 

Nicanor Pereira – nicanorpereira@gmail.com

14/03/2015 – 22h15m




O poeta Nicanor Filadelfo Pereira presta homenagem ao Dia do Médico

” Quão nobre és tu, doutor,/ Que em teus braços recebe a vida,/ Valorizando-a como dádiva do Autor,/ Manifesta, e já bem-vinda!”

 

Exaltação ao médico

Quão nobre és tu, doutor,

Que em teus braços recebe a vida,

Valorizando-a como dádiva do Autor,

Manifesta, e já bem-vinda!

 

Pois és tu, Galeno abnegado,

Que, em amor, desfere o primo tapa,

Mostrando ao ser chegado

Que a vida se inicia em nova etapa.

 

Em cuidados segues ao novo ser,

Zelando-o, como planta em rico vaso,

Tal fossem rosas seu florescer.

 

E, então, quando a vida, em seu ocaso,

Já prenuncia ao ser a negra capa,

Tu o confortas, no adormecer!

 

Nicanor Pereira – 19/10/2017 – 12h27m




O escritor e poeta Nicanor Filadelfo Pereira presta homenagem ao Dia da Criança, com o conto infantil 'Dona Abóbora e dona Melancia'

Não me julgo superior, e nunca me julgarei superior a ninguém, por que sei que todos, criados pela Mão Divina, temos o nosso valor. Não sou melhor, nem pior, sou a melancia.”

 

Numa fazenda bem grande, lá no sertão de Goiás, nasceram, perto do milharal, a dona Abóbora e dona Melancia. Eram pequenas e redondinhas. Bem bonitas, umas gracinhas. A terra onde elas nasceram era muito boa, e o clima quente e úmido favorecia para que elas crescessem rapidamente. Logo, logo, ficaram grandes e redondonas, gorduchas, maiores que as bolas de futebol. Todos que por ali passavam elogiavam-nas.

Que lindas!… Como cresceram… Até dá dó de colhê-las…

Mas, entre os visitantes da fazenda, não havia unanimidade de opiniões. Uns diziam que a melancia era mais bonita e mais importante para o ser humano, porque ela era mais vermelha e bem doce. Outros, porém, discordavam dizendo que a abóbora era muito mais bonita, com sua casca mais robusta e de muito maior utilidade para os homens, porque dela faziam-se doces e compotas, como também, pratos salgados de origem africana, como o quibebe, e servia, ainda, para a alimentação dos animais da fazenda.

Estas manifestações parciais, que menosprezavam uma e engrandecia a outra criavam um clima de disputa entre elas.

Dona Abóbora, cheia de complexos de inferioridade, exteriorizava este infeliz sentimento, com o seu ar de superioridade, enaltecendo as suas próprias qualidades, repetindo as frases que ouvia dos transeuntes a seu respeito; claro, que sempre acrescentando algo mais:

— Ouviste, dona Melancia, o que aquele senhor alto, de bigode, falou a meu respeito? Ele disse que eu sou mais robusta e consistente, não sou aguada como Vossa Senhoria, dona Melancia! Sou mais útil na culinária, tanto para doces quanto para salgados.

Dona Melancia, humilde e singela, que não tinha o tal complexo, silenciosamente ouvia tudo o que sua adversária alardeava e, simplesmente, respondia:

Não me julgo superior, e nunca me julgarei superior a ninguém, por que sei que todos, criados pela Mão Divina, temos o nosso valor. Não sou melhor, nem pior, sou a melancia.

Estavam nesta infrutífera discussão, quando passou por elas um homem de Deus que, ouvindo-as, disse:

Posso entrar nessa conversa?

— Pois não, Homem de Deus, respondeu toda cheia de empáfia, dona Abóbora, julgando que ouviria muitos elogios a seu respeito.

Acudiu, então, o Homem de Deus:

— Perdoem-me por me intrometer na conversa alheia, mas, o que nós, criaturas do Deus Eterno, devemos levar em conta que não são as nossas diferenças físicas, nossas qualidades ou eventuais defeitos, porque todos, desde os bilhões de estrelas e os milhões de galáxias, ao mais ínfimo dos seres, somos a manifestação da Sua glória, e devemos servir uns aos outros. Assim como o lavrador cavou a terra, adubou-a e lançou as sementes de sua espécie, donde nasceram vocês, para admirar-se de suas virtudes, assim nos fez o Criador que tem prazer em vê-las crescer e servir aos homens. Amem-se, mesmo que sejam abóbora ou melancia.

 

Glossário:

Unanimidade – Todos com a mesma opinião;

Robusta – Forte, vigorosa, consistente, dura;

Menosprezavam – Do verbo menosprezar = ter em menos conta, pouco apreço, desprezar;

Complexos – (Psicol.) Sentimentos total ou parcialmente reprimidos, que determinam atitudes, ou comportamentos;

Exteriorizava – Do verbo exteriorizar = Tornar exterior; dar a conhecer; manifestar, externar, colocar para fora;

Enaltecendo – Do verbo enaltecer = Exaltar, engrandecer;

Transeuntes – Os que passavam pelo local;

Culinária – Relativo a cozinha, cocção de alimentos;

Singela – Simples;

Alardeava – Do verbo alardear = ostentar, publicar com vanglória, gabar-se;

Empáfia – Orgulho vão; soberba, altivez;

Eventuais – Por acaso, fortuito, ocasionais;

Galáxias – Aglomerado de estrelas;

Ínfimo – O menor de todos;

Espécie – Conjunto de indivíduos muito semelhantes entre si e aos ancestrais;

Virtudes – Qualidades

 

Nicanor Filadelfo Pereira – nicanorpereira@gmail.com

 




Nicanor Pereira Filadelfo: 'O negro passado e a luz da esperança'

 “Temos, humanamente, a tendência de esquecer-nos dos bens alcançados, porém, o mesmo não ocorre quando algo de mal nos acontece.”

 

Há cento e quarenta anos, proclamava-se, no Brasil, a libertação legal dos escravos, legal sim, porque feita em lei, somente. Libertação, a meu ver, atabalhoada, sem um mínimo de segurança social para um povo que aqui estava não por decisão própria, mas pela opressão de seus ancestrais, já originária em sua terra por ação de seus algozes, ratificada e majorada pela mercantilização, pela materialização, ou “coisificação” do ser humano. Isso, indiscutivelmente resultou numa sociedade frustrada de bens, de perspectivas econômicas, sociais, morais, e educacionais, ensejando o Brasil que vivemos hoje.

Temos, humanamente, a tendência de esquecer-nos dos bens alcançados, porém, o mesmo não ocorre quando algo de mal nos acontece. É preciso que envidemos esforços com o fim de esquecermos todo o mal que nos atingiu, e coloquemos os nossos olhos na direção do horizonte, na busca de novos tempos, de nova sociedade, a qual somente poderá ser alcançada pelo labor de cada brasileiro, independente de sua ancestralidade, de sua raça, de sua posição social, pois o mal que se abateu sobre o país é, forçosamente, comum a todos nós, brancos amarelos ou negros. ESQUEÇAMOS O PASSADO, OLHEMOS PARA O FUTURO!

 

Navio de horrores

Albatroz, albatroz! — Dizia o libertário:

Tu que pairas sobre os mares tenebrosos

Não atentas, sequer, ao vil calvário

Da negra gente, em prantos dolorosos?!

 

Que horror!… E que infindas amarguras

Transporta o infame lenho, mar afora:

A desgraça que ao Hades se afigura,

Que a vida, em meio à dor, tanto devora.

 

Ao som do pranto, cantigas e clamores,

Estala a chibata em dorsos nudos,

O infernal concerto dos horrores.

 

Ascende aos céus, ó Ícaro albatroz,

Implora a Deus, peço, os seus favores:

Que extirpe de nós — essa lembrança atroz!