Nilza Murakawa: 'Chocolate'

Nilza Murakawa

‘Chocolate’

 

CHOCOLATE

 

Minha nega maluca

Sob o céu de brigadeiro

Anda o dia inteiro

E o rebolado da sua saia

Balança até cacaueiro

 

 

Mexa, minha nega

Mexa a massa

E sossega

Chamego aqui do seu nego

Só enquanto o bolo assa

Ou quando eu voltar do mar

 

 

Minha nega maluca

Quando ajeita a flor no cabelo

E mergulha, na água, os pés

Sob o céu de brigadeiro

Encanta os jangadeiros

 

 

Venha, minha nega

Deixe aí o tabuleiro

Tem peixe e farinha

Tem flor, cafuné

Pra você, minha rainha!

 

 

Seus olhos tão doces

Seu gosto de festa

Sua pele morena

Cheirando a bombom

Sob o céu de lua plena

Enlouquece-me, minha nega

Enlouquece-me…

 

 

Nilza Murakawa – nilzamurakawa@outlook.com




No Quadro de Colunistas do ROL, a poesia e a arte de Nilza Murakawa

Artista plástica, poetisa e amante da fotografia, Nilza Murakawa é a mais nova colunista do ROL!

A ‘Família ROLiana’ cresce cada vez mais! E as mulheres, no Jornal Cultural ROL, ocupam um espaço onde a sensibilidade é sempre muito bem-vinda!

Nilza Murakawa é paulistana, formada em Letras pela FMU, professora de Língua Portuguesa e Inglesa, artista plástica, poetisa e amante da fotografia.

Faz parte de grupos poéticos dos mais diversos e é autora do livro “Pássaros na Garganta” – editora Somar. Valendo-se de temas atuais variados e de elementos do cotidiano, a versátil escritora expõe toda sua sensibilidade e nos empresta novos olhares através da sua arte.

Seus versos são ouvidos em rádios e lidos em muitas antologias brasileiras, revistas e jornais.

Em 2013, recebeu dois prêmios com os poemas “Acinte” e “Ao teu gosto” no Concurso Celebração 100 anos do “Poetinha”, homenagem a Vinícius de Moraes.  E hoje, suas pinturas (óleo sobre tela) estão espalhadas em vários estados brasileiros, no Canadá e nos  Estados Unidos.

Nilza Murakawa já era colaboradora do ROL, mas, agora, ingressa definitivamente na Família ROLiana, como colunista. Seja muito bem-vinda, poetíssima!

E, como colunista, Nilza inaugura sua colaboração com o poema “Um sopro quente’

Óleo sobre tela ‘Anjo’, de Nilza Murakawa

 

UM SOPRO QUENTE 

Com minhas mãos mornas
Mansas
Quase maternas
Afago-lhe o rosto
Acolho-a sob minhas asas
E canto…

Enquanto você dorme
Com cuidado, colho algumas cores das flores
(daquelas que você cultiva em seu jardim)
Matizo mais um pouco seus sonhos profusos
Só para que acorde alegre
E faça bons pousos

Na noite passada
Era meu sopro quente
Secando sua lágrima…

 

Nilza Murakawa – nilzamurakawa@outlook.com

 

 




O leitor participa: a poetisa paulistana Nilza Murakawa, com o poema: 'Elas'

“Em nome da mãe / Da filha/ E das ‘santas’ / Das Marias-sem-vergonha/ Das flores sem perfume / Dos olhares sem lume/ E das barrigas sem cegonha.” 

 

Nilza Murakawa – óleo sobre tela – Dona Moça

        ELAS

Em nome da mãe
Da filha
E das “santas”
Das Madalenas arrependidas
Das Marias bonitas
Das Fridas ardidas
E das Dolores lolitas

Em nome da mãe
Da filha
E das “santas”
Das Evas que comem uvas
Das lobas com parreira
E das prostitutas de luxo
Em final de carreira

Em nome da mãe
Da filha
E das “santas”
Das Marias-sem-vergonha
Das flores sem perfume
Dos olhares sem lume
E das barrigas sem cegonha

Em nome da mãe
Da filha
E das “santas”
Das doces caçadoras
Das bruxas sem vassouras
Das  ingênuas vencedoras
E  das bravas pecadoras

Órfãs de pai
De pão
E de parteira

Rogai por elas

Também

 

Nilza Murakawa – nilzamurakawa@outlook.com