Claudia Lundgren: 'Outonar é preciso'
Outonar é preciso
Observando minhas plantas perdendo o viço, suas folhas amarelando e caindo, percebo que, apesar de amar o outono e ser ela a minha estação preferida, como é dolorido de se presenciar o seu aparente efeito sobre elas.
Por que precisamos perder para ganhar? Morrer para viver? Descer para subir?
Por que as folhas devem cair das árvores e das roseiras e seus galhos ficarem pelados e desprotegidos?
Por que devemos nascer de novo se desejarmos viver uma nova vida?
Por que devemos morrer fisicamente para vivermos eternamente?
Por que Naamã teve que mergulhar sete vezes em um rio sujo como o Jordão para ficar curado da sua lepra?
Quantos questionamentos…
Mas a vida é mesmo assim. Outonar é preciso.
É preciso que as velhas folhas se desprendam dos galhos para darem lugar às novas. Outonar é dolorido, como o processo de metamorfose da lagarta para borboleta. Mas é momentâneo, e fundamental para que o melhor possa vir.
É preciso deixarmos para trás velhas práticas para nos aperfeiçoamos como pessoas. É preciso renunciá-las.
É preciso que esse nosso corpo material e perecível morra um dia, para que aquele, glorioso e incorruptível, possa nascer.
É preciso que desçamos dos nossos pedestais, pois somente com humildade galgaremos degraus maiores em nossa jornada.
A matemática da Vida é diferente da nossa: morrer para nascer; perder para ganhar; descer para subir.
Outonar dói, mas é necessário. É necessário viver cada estação com confiança no processo. Hoje vi minhas plantas secando, mas lá na frente, já as visualizo frondosas e floridas.
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@hotmail.com