Escritor paulistano Paulo Stucchi promove interação social por meio da leitura

A iniciativa partiu do escritor paulistano Paulo Stucchi, que teve o lançamento cancelado em São Paulo por conta da pandemia  

Como forma de se aproximar dos leitores nesse período de isolamento social, o autor do livro A Filha do Reich, do Grupo Editorial Pensamento, trocou o lançamento presencial pela interação com blogueiros pelo WhatsApp para difundir sua obra pelo Brasil. A iniciativa partiu do escritor paulistano Paulo Stucchi, que teve o lançamento cancelado em São Paulo por conta da pandemia.

O autor abriu em suas redes sociais as inscrições para os blogs de todo o país participarem de um grupo no WhatsApp para interagir com ele, proposta que no meio literário é conhecida como Leitura Coletiva. Serão cerca de 30 blogs escolhidos no evento, que vai durar um mês. Os blogueiros vão dialogar entre si e com o próprio escritor e jornalista.

Para que os participantes tenham acesso ao livro de Paulo, o escritor vai disponibilizar nos dias 20 e 21 de abril o e-book gratuito na Amazon.  Nessas datas, quem quiser poderá baixar a versão digital pelo site, que também será divulgado nas redes sociais do autor.  “É uma forma de levar entretenimento com segurança e qualidade para todas as pessoas. Ainda bem que temos acesso aos livros nessa quarentena e esse é o meu objetivo, ter mais leitores e pessoas consumindo não apenas o meu, mas outros livros de autores nacionais”, destaca Paulo.

A Filha do Reich conta a história de Hugo Seemann, filho do ex-soldado alemão refugiado no Brasil que, ao cuidar do funeral do pai Olaf, embarca em uma intensa jornada ao passado.

Sobre o autor: Paulo Stucchi é jornalista e psicanalista. Formou-se em Comunicação Social pela Unesp Bauru. Ele é especialista em Jornalismo Institucional pela PUC-SP e Mestre em Processos Comunicacionais, com ênfase em Comunicação Empresarial pela Universidade Metodista de São Paulo.

Trabalhou como jornalista em revistas e jornais impressos, tornando-se editor, por treze anos, de uma publicação segmentada para o setor gráfico. Divide seu tempo entre o trabalho de assessor de comunicação e sua paixão pela literatura, principalmente, romances históricos.

É autor de A Filha do Reich, Menina – Mitacuña, O Triste Amor de Augusto Ramonet, Natal sem Mamãe e A Fonte.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




O leitor participa: Paulo Stucchi: 'O Brasil, o Estado e o dia que não acabou…'

“O Brasil de hoje é uma república-monarquista. Uma pura e jocosa contradição que só pode existir aqui no país da piada pronta (perdoe-me Zé Simão!) e da tragédia anunciada.”

Convencionamo-nos celebrar nossa independência no dia 7 de setembro. Reza a lenda que nesse mesmo dia (porém, em 1822), D. Pedro I bradara em terras tupiniquins o grito de “Independência ou morte!”. Antes tarde do que nunca, vale fazer justiça à figura da Imperatriz Leopoldina (felizmente, bastante lembrada pelos jornais no último feriado). Fora por suas mãos, e diante do cargo interino que ocupava à frente da corte no Brasil (já que D. Pedro I estava viajando), que se assinara o Decreto de Independência – o qual, de fato, dera início à cisão com as terras portuguesas. Contudo, é o grito de rebeldia do jovem monarca português às margens do Ipiranga que tem destaque, até hoje, na história oficial.

Divergências históricas e de gênero à parte (com ou sem o berro heroico do dia 7 de setembro), cortamos nosso cordão umbilical com Portugal, para, então, criarmos nossa própria corte, libertando a nobreza brasileira da Coroa Portuguesa. Sim, a nobreza!

Mas, e o povo? São outros quinhentos!

Passados 196 anos, pouca coisa mudou. Sim, criamos um Estado brasileiro com nossas cores e nosso jeitinho de administrar, mas é inevitável, pelo menos para mim, ao assistir as calamidades diárias de má gestão pública marinar o sentimento de que aquele dia 7 de setembro (o de 1822) ainda não acabou. Não estamos mais às margens do Ipiranga, tampouco elas são plácidas. Pelo contrário, são turvas. Rompemos com Portugal, mas não com a estrutura de corte, de privilégios, com o pensamento mesquinho e corrupto que permeia “o meu, o seu e os nossos”. Os senhores da colônia escondidos sob os títulos de nobreza ainda circulam aqui e ali.

O Brasil de hoje é uma república-monarquista. Uma pura e jocosa contradição que só pode existir aqui no país da piada pronta (perdoe-me Zé Simão!) e da tragédia anunciada. Um parlamentarismo disfarçado de presidencialismo, com um Poder Legislativo de péssima qualidade (mas que manda) que sustenta presidentes biônicos e falastrões.

Trocamos os barões, marqueses e duques por deputados, senadores e, por que não (?), vereadores. Trata-se de castas que há muito estão no poder e trabalham arduamente para lá se manter. Representantes da aristocracia carcomida do norte/nordeste e das elites de sul/sudeste que pouco ou nada fazem em prol de colocar as engrenagens deste país em movimento. Pelo contrário, para eles, a política é o fim e o meio para o enriquecimento, uma carreira vitalícia com direito a gordas mais-valias – engordadas com as intermináveis propinas e desperdício de dinheiro público que, por ser público no Brasil, não é de ninguém.

Vez ou outra entram novos ares, nomes novos, mas com o mesmo objetivo: enriquecer, fazer o pé de meia (que caberia em um Pé-Grande) e mamar em berço esplêndido.

Diante desse cenário, é clara a existência de dois Brasis. Um, pequeno em proporção, mas infinitamente grande nos gastos, privilégios e corrupção, ao qual as leis não chegam (ou que gravita em torno das próprias leis) e diante do qual nosso PIB míngua; e, outro, real, grande em dimensões, mas que gravita à margem do civismo.

Nosso povo, por cultura (e por não haver projeto de Educação que rompa os grilhões da herança colonial-imperial) nutre uma perigosa dependência “daquele povo do lado de lá” do poder. Enaltece-se quando ganha migalhas de atenção de um poderoso, quando aperta a mão de um político famoso, quando recebe, por meio de “bolsa”, cartão ou cesta básica, nacos ínfimos do que é seu por direito: comida na mesa, distribuição saudável de renda, emprego, saúde, segurança e educação. Espera do Estado a solução dos problemas (e são muitos), em uma funesta analogia ao Grande Pai, que tudo pode fazer pelo filho (este, pequeno, impotente e débil). Sonha em um dia estar do “lado de lá”, seja por meio da premiada loteria ou de um cargo público.

De fato, nós, brasileiros, somos débeis diante da atual estrutura política (que de atual, nada tem). Grupos partidários ajeitam-se para manter o status quo, vestem-se de esquerda ou direita, vermelho ou azul, mas o produto final das moscas já nos é conhecido (o ditado já nos conta). Entre o populismo “social” e do “Estado livre”, perdemos todos nós. Em uma nação cujo povo ainda está preso, em todas as classes sociais, aos grilhões da ignorância cívica e cuja maioria carece de necessidades básicas, que são superficialmente satisfeitas com esmolas do governo e churrasquinho de final de semana, fica difícil pensar, discutir e se planejar uma reforma no Estado.

A única esperança seria essa reforma ser feita pelos próprios poderosos numa espécie de despotismo esclarecido – o que, perdoem-me o pessimismo, está anos luz de ocorrer. Então, ficamos assim. Esperando algo acontecer, um salvador da pátria com discurso inflamado aparecer que a consciência pese sobre as coroas de nossos nobres políticos e que, ao final, a mudança venha.

Até lá, continuamos a lembrar e a comemorar o 7 de setembro, o dia que ainda não terminou.

 

Paulo Stucchi é psicanalista e jornalista. Atuou como redator, jornalista responsável e editor em jornais impressos e revistas. Também foi professor e coordenador de curso de Comunicação. Atualmente, divide seu tempo entre o trabalho como assessor de imprensa e sua paixão pela Literatura, História e Psicanálise.

Com edição física esgotada a última obra do autor, Menina foi lançada na Amazon como e-book em 2018. Dois de seus livros estão disponíveis para serem baixados gratuitamente. Leia O triste amor de Augusto Ramonet e Natal sem mamãe clicando aqui.
Redes sociais Paulo Stucchi:
Facebook: https://www.facebook.com/escritorpaulostucchi/
Instagram:https://www.instagram.com/paulostucchi/