Neusa Bernado Coelho: 'Caminho do Peabiru: do Atlântico ao Pacífico'

Neusa Bernado Coelho

Caminho do Peabiru: do Atlântico ao Pacífico

O Caminho do Peabiru é uma longa, misteriosa e importante estrada utilizada no passado pelos indígenas para interligar o Oceano Atlântico ao Pacífico. Existente desde antes a chegada de Cristóvão Colombo e de Pedro Álvares Cabral à América.

A extensão do milenar caminho indígena e seus diversos ramais perdidos no emaranhado de matas, rios, pântanos e montanhas, tem um leque de nomes: caminho comprido, caminho seco, caminho bom, caminho amistoso, caminho do sol, caminho antigo de ida e volta, caminho que leva ao céu, caminho para o biru (Peru). Na língua guarani era chamado de Tapé Avirú ou Peabeyú, mais tarde de Peabiru. Os jesuítas o batizaram de Caminho de São Tomé por ocasião das atividades de evangelização e aldeamento indígenas.

O Caminho tão cultuado partia de algum ponto do litoral em direção às montanhas, num emaranhado de várias trilhas curtas, que em linha reta, daria mais de quatro mil quilômetros de comprimento. Uma dessas picadas, partia da localidade do Massiambu em Palhoça/SC, conduzia os índios até o Império Inca e vice-versa.

A epopeia mais espetacular foi vivida pelo náufrago europeu, Aleixo Garcia. Agradável aos olhos indígenas, fez amizade e casou-se com a filha do cacique, com quem teve um filho. No ano de 1524, estabeleceu parceria com esses índios, munido de muitos homens e alimentos, partiu pelo Caminho do Peaberu em direção ao Império Inca. Era início da cobiçada exploração das riquezas do Rio da prata. Garcia, delineou, dessa forma, as grandes e sucessivas conquistas europeias na América do sul.

Pouco explorado e esquecido, hoje, o caminho é simbolizado por estradas de chão batido, ou alguns persistem com pedras originais nas milenares trilhas. Ao pé do morro dos Cavalos, Palhoça/SC, é possível caminhar por parte dessas rotas utilizadas no passado pelos Guarani, a mesma que deu origem a um trecho da BR101.

O caminho transpõe o tempo e faz parte de longos estudos. O arqueólogo catarinense padre João Alfredo Rohr, relata nas suas pesquisas, marcas rupestres gravadas em formações rochosas e ruínas de construções em pedra que teriam sido habitadas por ancestrais dos povos tupi-guarani, em tese, construtores do Caminho do Peaberu.

Hoje, paramos aqui, mas tem muitos feitos memoráveis para contar aos leitores ROLianos.

Até a próxima com Neusa Bernado Coelho. Poetisa e Historiadora.

 

Neusa Benado Coelho

farmaciadobetinho@yahoo.com.br

 

Bibliografia

A história do Caminho de Peabiru vol I

Aleixo Garcia: Algo Mais Sobre a Saga do Descobridor dos Incas”

Porto dos Patos- Mosimann

BOND, Rosana. A Saga de Aleixo Garcia

Eduardo Bueno-Vídeo