Poesia indômita

Pietro Costa: ‘Poesia indômita’

Pietro Costa
Pietro Costa
As armas são modernas e digitais
Criador de imagens do Bing

À barbárie, o poder se resigna

A marca da maldade em voga

Na orgia instituída que revoga 

O direito popular à vida digna 

Ah, sociedade sem lei e sem alma

Que para a truculência bate palma

Nos exemplos fajutos de altivez

Será que a poesia ainda tem vez?

Na bandidagem de ‘heróis’ venais

E no heroísmo dos falsos sicários 

As armas são modernas e digitais  

Balas matam biografias e legados

O @ um dos distintivos mais temidos

Insígnia dos xerifes e milícias virtuais 

Arrombando o salão, temperamentais

Fortes disparos nas teclas, há feridos

A sede de poder saciada no sangue

Os descontentes rotulados: gangue

Eis a Carnificina de todos os dias

Bangue-bangue, parece não findar

A democracia e soberania, vítimas

Só na poesia indômita, irei confiar

Pietro Costa

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Humor versus horror

Pietro Costa: Poema ‘Humor versus horror’

Pietro Costa
Pietro Costa

Fênix da crônica atroz, astuciosa 

De chama inexaurível e poderosa

Caneta de fogo, a tinta subversiva

Artista da sutileza, mente criativa

Humor afiado para a torpeza política 

O malabarista das palavras e piadas

Equilibrou-se na corda fina da crítica

Nos trocadilhos, nas linhas traçadas 

“Castigat ridendo mores”*

Açoite das ideias livres, debochadas

Espantos tantos das letras reflexivas 

Pura insolência das sonoras risadas

Aforismos que afloram perspectivas

Millôr, gênio, carioca multifacetário 

O Brasil enaltece o seu centenário

Pietro Costa

N.E.

* Castigat ridendo mores é uma frase em latim que geralmente significa “alguém corrige costumes rindo-se deles” ou “alguém corrige costumes ridicularizando”. Alguns comentaristas sugerem que a frase incorpora a essência da sátira, em outras palavras, a melhor maneira de mudar as coisas é apontar seu absurdo e rir delas. (Wikipédia. A enciclopédia livre)

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EMORIÔ

Pietro Costa: Poema ‘Emoriô’*

Pietro Costa
Pietro Costa
Emoriô. Imagem criada pelo Microsoft Bing
Emoriô. Imagens criada pelo Microsoft Bing

Guiné e Brasil, laços de cultura,

Ritmos inebriantes, desenvoltura,

Povo amoroso, mútua irmandade,

Tambores sagrados, diversidade.

Acordes de batuque, o canto do griô,

As túnicas estampadas, gumbé, nagô,

Elo de musicalidade, fervor, memória,

Lutas contra sua desigualdade inglória.

Emoriô, meus irmãos, unamos as mãos!!

Pietro Costa

N.E.

* Emoriô. É uma frase em iorubá ‘E mo ri O’, e significa Eu Te Vejo, em referência a Oxalá, uma reverência a este Orixá que guarda plena relação com o Sol, a Lua e o Céu e está associado à criação do mundo e da própria espécie humana.

Griô. Griô ou Mestre(a) é toda pessoa que se reconheça e seja reconhecido(a) pela sua própria comunidade como herdeiro(a) dos saberes e fazeres da tradição oral e que, através do poder da palavra, da oralidade, da corporeidade e da vivência, dialoga, aprende, ensina e torna-se a memória viva e afetiva da tradição oral

Gumbé. Gênero musical que nasceu da junção de alguns ritmos tradicionais da Guiné-Bissau como o Tina, Tinga e Kunderé. O instrumento principal desse ritmo é a cabaça, mas também usam o tambor.

Nagô. Designação de qualquer negro escravizado, comerciado na antiga Costa dos Escravos e que falava o iorubá.

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O Criador de mundos

Pietro Costa: Poema ‘O Criador de mundos’

Pietro Costa
Pietro Costa

O emérito maestro do desconcerto

Canto os teus pendores visionários

Refrigério da alma, oásis do pensar

Imerso nas letras, tu crias cenários

Abrandas a dor, o mundo a encantar

Dentro de ti, habitam vários universos

Onde a magia se faz sentir em versos

Ressoas em vozes e nomes diversos

Decifrando o mistério da existência

Ergues-te como farol da resiliência 

Mergulhando na imensidão, imerso

Ungido Pessoa, dom incontroverso

Navegas em marés de introspecção

Desvelando o humano com comoção 

Onde sua pá lavra jardins de emoção

Sorvemos os eflúvios da inspiração

Pietro Costa

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Terra-floresta

Pietro Costa: Poema ‘Terra-floresta’

Pietro Costa
Pietro Costa

É preciso restituir os sonhos dos Yanomamis

Que a espada da justiça redima tanto sangue

E que o seu cântico volte a ser forte, vibrante

No ritmo do xamã, que cada alma se encante

Omissão de socorro na insegurança alimentar

Terras indígenas onde a lei é invadir, devastar 

O Estado em xeque, situação para se lamentar

E tal selvajaria a humanidade precisa enfrentar

E no fogo da resistência o qual se alastra e vibra

Todo o garimpo ilegal e infâmia irão se dissolver

O mais tenebroso redemoinho não há de evolver

Essa nação dotada de esperança, tradição e fibra

Porque coexistir para a humanidade é preciso

E a sobrevivência do inteiro planeta, sob aviso

Na terra-floresta, viceja o irremediável refúgio

Prosperidade sem direitos, abjeto subterfúgio

Pietro Costa

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Vigília

Pietro Costa: Poema ‘Vigília’

Pietro Costa
Pietro Costa

Tuas páginas, profusão de sentires

Mergulhar no mar absoluto da alma

Achar o tesouro nas linhas da palma

À vista, afortunadas terras e devires

A inesgotável fortuna da esperança

Isso ou aquilo que nos torna criança

Versos que renovam pulmões aflitos

Janelas arejam os internos conflitos

Na maré plácida ou buliçosa do dia

A tua poesia és refrigério e enseada

Acolhe-nos no tsunami, na trovoada

Vaivém de alegria e tristeza, fugidia

E o coração poético para, em vigília

Até ouvir o cântico da musa Cecília

O funesto desencanto fica à revelia

Rimas ressignificando a melancolia

Pietro Costa

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O brado de Fausto

Pietro Costa: Poema ‘O brado de Fausto’

Pietro Costa
Pietro Costa

Em taças douradas, é liquefeita a honestidade

Reverência ao ego que governa a humanidade

A acidez da injustiça agrada e reúne paladares

A vil obscenidade disfarçada em vestes talares

E o brado de Fausto ainda ressoa, encarniçado

Nos palácios luxuriosos, de senso degradado

As tábuas da lei ao dispor do fogo, abrasador

A balança de Maat treme ante o medo e a dor

As orgias do Poder são alimentadas pela traição

Poesia para sempre, a desnudar essa encenação

Afastando de nós o cálice da vileza e presunção

Pietro Costa

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