Antônio Fernandes do Rêgo: 'Ponta Negra antiga'
Ponta Negra antiga
Visitei hoje, Ponta Negra praia,
sentei-me no batente da calçada,
e em frente ao seu lençol de cambraia
lembrei-me de uma casa alpendrada,
Ali em grupo acampei em piquenique,
Nos anos juvenis de minha vida,
que saudades senti daqueles tempos…
Aguenta, coração, estas batidas!
Depois foquei-me bem naquelas pedras
Das quais já fiz mirante, e refleti.
Lembrei-me ali de um poema que eu fizera,
e que uma noite no bonde o esqueci.
Dizia de um mar azul e esverdeado,
que à linha do horizonte pusera-me a olhar
o sol nascente. Era um brigue em chamas,
o esplendor onde o céu encontrava o mar.
Prezei sua fantástica paisagem,
Desde aqui até o forte dos Reis Magos,
e ela prendeu-me com tal energia,
que hoje em vagas lembranças me afago.
Seu morro ainda não era careca,
Vestia-se de verde fartamente,
que dava-lhe um aspecto mais bucólico,
era assim nossa praia antigamente.
De lento andei ao largo das falésias,
de repente lembrei-me das palmeiras,
que aos poucos e românticos casais
eram sombras gentis e espreguiceiras.
A curva até o remanso do Morro,
contornava, os chalés de telhas vãs
pouco além à visão dos pescadores
que vinham com as jangadas às manhãs.
Hoje em vez dos chalés, sobrados,
porém, sem mais as rodas seresteiras,
e agora sem pisar tuas areias
prendo-me às suas antigas palmeiras.
Antônio Fernandes do Rêgo