Saiu no jornal 'O Progresso de Tatui' matéria sobre o livro do colunista Élcio Mário Pinto
Professor desmistifica a figura do saci
04/03/17 – Da reportagem
Reprodução
Capa do livro
Nascido em Angatuba e radicado em Sorocaba, o professor Élcio Mário Pinto sempre escreveu para crianças. “Foi minha opção desde a primeira publicação”, contou.
O público infantil – e adulto – prestigiado por ele ganhou mais uma obra neste ano. Trata-se do livro “Pererezadas: Jeito Sacizeiro de Ser”, publicação que apresenta uma “ressignificação” da figura do saci e foi contemplada pela Linc 2016 (Lei de Incentivo à Cultura), da Secretaria Municipal de Cultura de Sorocaba.
Prefaciado pela professora doutora Maria Aparecida Morais Lisboa, o livro traz uma entrevista com o professor, historiador, folclorista e poeta Carlos Carvalho Cavalheiro.
A obra é resultado do trabalho de uma “equipe”, formada por Adriana Rosa, esposa do escritor e responsável pela organização (incluindo ilustrações e imagens) e pelo poeta Sérgio Diniz, encarregado da revisão.
A produção da obra com caráter de resgate do folclore (a 21ª da carreira do professor como escritor) teve várias etapas. “Para a escrita, foram três meses”, explicou o educador.
Na sequência, o trabalho passou por revisão e diagramação.
“Pererezadas: Jeito Sacizeiro de Ser” é o primeiro trabalho literário do professor abordando a temática do Saci-Pererê. O livro é fruto de pesquisas, entrevistas e “inspiração”.
“Minhas experiências na infância também contribuíram. O que quis, desde o início, é apresentar um saci diferente, um amigo, que revela sua vida e a convivência de sua comunidade”, contou.
A desmistificação do saci é apresentada a partir de um enredo cativante. O autor pensou em uma criança que se sentia diferente das demais. O personagem principal, Rique, não sente falta de uma das pernas, muito embora ela esteja “presente”, o que o levou a uma questão: “Será que sou um saci?”.
O questionamento permite ao menino uma série de conhecimentos a respeito do “modo de vida dos sacis”. As descobertas incluem o gosto pelas brincadeiras e travessuras e o entendimento sobre elementos utilizados pelos sacis. Entre eles, os gorrinhos para guardar de tudo um pouco, os cachimbos que soltam nuvens e os ventos que os levam para todo lugar.
Em sua aventura, Rique vai conhecendo cada vez mais sobre o universo do folclore. Os diálogos com os sacis permitem a ele também aproximar-se da natureza, o que envolveu pesquisa do autor, especialmente para tratar de bambus.
Os sacis do livro habitam um bambuzal que tem as cores do Brasil (verde e amarelo). Para descrever com propriedade a planta, Mário Pinto realizou estudos a respeito das espécies. No livro, ele mescla as informações com imaginação. Foi assim com os diálogos entre os personagens.
“Tudo foi fruto de inspiração. Quando me ponho a escrever, sou aberto à natureza. Ela gosta muito de conversar. Mas, antes disso, é preciso ouvi-la. Foi o que fiz”, conta.
De acordo com o autor, o objetivo de “Pererezadas…” é apresentar o saci brasileiro “ressignificado”. “Também almejo alimentar a tradição cultural do Brasil, riquíssima que é”.
“Ao contrário de negar nosso imaginário, quero é valorizá-lo e divulgá-lo através de características próprias de um saci regional, neste caso, destacando o Alto Paranapanema, envolvendo 36 municípios”, cita.
Com este recorte geográfico, a obra tem como preocupação a valorização do folclore na região. Ao mesmo tempo, o autor explica que ele apresenta características do personagem saci descritas Brasil afora. “Então, vale tanto para os municípios do Alto Paranapanema quanto para todo o país”, sustenta.
O livro contém sete capítulos, tendo mil exemplares disponibilizados para venda. Ele representa o primeiro de uma série de três trabalhos de ressignificação de outros personagens do folclore e tradições culturais brasileiras.
“Tenho outras duas publicações previstas para este tema: “Pererezadas II” e “III”, antecipou o escritor. No momento, ele tem percorrido a região em compromissos de lançamento. Mário Pinto contou que o trabalho tem sido bem recebido pelo público.
“Não pretendo ficar rico vendendo livros, até porque, não sou um vendedor, sou um escritor. Pessoas amigas e leitoras recebem com alegria, prestigiam, comentam e divulgam”, concluiu o professor, que completou, neste mês, 24 anos de carreira. Ele é, também, colunista do jornal “ROL” (“Região Online” – www.jornalrol.com.br).