Minha outra parte

Márcia Nàscimento: Prosa poética ‘Minha outra parte’

Márcia Nàscimento
Márcia Nàscimento
Minha alma errante buscou por este amor
Minha alma errante buscou por este amor…
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Por séculos à procura de ti, tentando compreender tamanha dor e desatino, e em busca de um amor que fosse além daquilo que a fragilidade humana consiste, minha alma errante buscou por este amor que transcendesse o que há neste universo infinito, um amor que fosse capaz de preencher os espaços tão vazios, aqueles deixados pelos destroços dos sentimentos massacrados e sofridos.

Onde tu estavas?

O solo fértil do meu jardim secreto e sagrado, apesar de ser regado com tantas lágrimas, estava se tornando árido e ressequido pela falta da chuva de bençãos que o amor da outra parte é capaz de produzir em nós!

Chuva, raios, trovões, temporal e tempestades, erupção, rios de água viva que correm e transbordam na imensidão deste amor…

Energia que percorre desde a planta dos pés e trespassa a coluna passeando por todo o corpo quando em teus braços eu me encontro, perdendo desta maneira a noção do tempo e da hora, do sagrado e do profano, dos meios termos e desenganos, da perdição e redenção, daquilo que somente um coração que muito ama é capaz de traduzir em chamas que consomem e ardem sem se ver.

Um amor por toda eternidade, que vai além de tudo o que se possa imaginar, porque encontrou no outro a sua própria verdade, sua metade, simplesmente a outra parte, que não se compra e não se vende, que simplesmente ama e entende, que jamais se faz ausente, porque depois  de si mesma a outra parte é a sua prioridade, dia e noite, noite e dia e que espera ansiosamente pelo limiar da aurora, para que possas saber como foi a noite de tua estrela guia, tua outra parte, tua menina…

O amor que sabe esperar; sabe compreender e se alegrar com a felicidade de tua outra metade, tua outra parte. O sentimento que não é de posse, mas sim da certeza de sua singularidade, tão tua, somente tua, o halo de luz a iluminar a escuridão das noites escuras que insistiam em prevalecer ofuscando o brilho da mais profunda essência do ser.

O ponto luminoso acima do teu ombro esquerdo e de toda luz que irradia de dentro do teu peito; trazendo a certeza no reencontro que trouxe tanta alegria sem nenhum discernimento, simplesmente o reconhecimento de tua outra parte.

Só quero saber o quanto cabe em ti, de sorrisos e estrelas e a imensidão que existe acima de nós, meu céu e estrelas, meu amado, que me reconheceu e me ensinou o quanto eu sou capaz de amar em veracidade, minha outra parte!

O amor atrai mais amor.

Márcia Nàscimento

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Raízes das linhas e sementes do riso

Ella Dominici: Prosa poética:
‘Raízes das linhas e sementes do riso’

Ella Dominici
‘As sementes livres voejam sós, nas asas do amor, nos bicos de beijos, copas e ninhos ardentes, até o templo dos sentidos’
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Aqui, pegamos raízes que plantamos num alegre dia…

Da sacada o mar que se viu pela primeira vez e tristes areias.

Dentro da casa a velha contava ao ocaso, e ele a ouvia como por acaso. A avançada insegurança era como lepra, a vida, duas auroras, uma rosa e outra roxa.

No bolso um pente e na boca um dente. No lenço os dois pensamentos de sua mente, amarrados para não se perderem.

Às costas a crista do rochedo, altas escarpas da ilha antes tórrida.

Amigos conspiraram com as pedras, enquanto as portas cheirando a alho e tomilho acenavam pela maçaneta, ferrugem do interior da cozinha. A louça fugira do lugar.

As palavras balbuciavam na aurora dos sentidos enquanto iam as raízes viajando sobre pedras.

Desde então sabemos que as sementes são mais alegres do que as raízes que permanecem nos séculos dos tempos. Podem até subir escadas de mármore, mas não avançam às nuvens por furos dos tetos.

As sementes livres voejam sós, nas asas do amor, nos bicos de beijos, copas e ninhos ardentes, até o templo dos sentidos.

Passionais cavalgam em corbelhas de rosas, no dorso desvairadas, na vida são alegres e perdem as sandálias, não param para calçá-las, até mancando correm no movimento que ultrapassou, imutável, a profundeza do tempo das sementes … na alegria do riso.

Ella Dominici

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Do começo ao fim… O meio vale muito mais!

O leitor participa: Luís Manuel, de Luanda (Angola), com a prosa poética ‘Do começo ao fim… O meio vale muito mais!

Luís Manuel

Ninguém sabe por que razão algumas coisas dão certo e outras não.
Porém, eu tenho dito que não precisamos antecipar o resultado
quando podemos aproveitar os pequenos passos.
Tanto faz… se vamos chorar ou então sorrir. Basta-nos saber que uma coisa iremos aprender
e será essencial para o nosso viver

Lembro de quando me apaixonei:
quando sobre a atmosfera do meu coração caiu a estrela que iluminou os caminhos da minha paixão
.… quando achei a direção certa para a pequena aventura do meu coração.
Foi um dos momentos mais especiais da minha vida
Tão nobre sentimento, invadindo o espaço da minha alma querida.

Embarquei na esperança de que no final tudo daria certo

e que, finalmente, teria a mina mais bela por perto.
Era eu. Todo alegre e entusiasmado com uma guitarra na mão… sem nem saber tocar.
Apenas acompanhava o som
e para ela cantava uma canção de amor.

Momentos como esses foram se repetindo.
Várias vezes…
… Vezes e vezes.
Sorrisos eram vistos.
Abraços, sentidos
…Sons, ouvidos.
Todos os dias. Com um lindo semblante de alegria.

Porém, num piscar de olhos, a vida já não sorriu pra mim,
o amor que tanto se almejou… se apartou de mim.
Nessa hora, todos os belos sentimentos que eu carregava foram substituídos:
Desânimo, cansaço. Estresse!
Dor e sofrimento.
… e tudo que não fazia bem.

Sem perceber coloquei sobre o meu barco
o peso da escuridão. Naveguei em direção à trilha solidão.

Então, despertei!
Acordei. Assustei!
Daí me lembrei
Que, às vezes, e mais vezes…
a vida não será conforme o que planeei.
E que o melhor resultado está no caminho a ser percorrido.
Nos bastidores.
O “processo” nos lapidando…
seja qual for o final, o importante é que vivemos os momentos
com a maior alegria.
Intensidade.

Ouvindo sempre a voz do coração,
voltei a carregar os mais belos sentimentos no coração.
Desta vez… com a satisfação
de ter aprendido muita coisa. Uma lição.
Ao procurar um eterno amor,
achei uma nobre amizade.

Na real,
viver é mesmo isso: “aprender para crescer”.
Não precisamos fazer presente a vida futura. Nos basta, na maior simplicidade, viver os pequenos

passos.
Se vai dar certo ou não, apenas se saberá se a gente tentar.
Do começo ao fim…o meio vale muito mais!

Luís o Poeta, Sempre Creia!

Luís Mucau Manuel é escritor, poeta e estudante de Direito pela Universidade Agostinho Neto, em Luanda. Autor do livro Escritos de Sabedoria, publicado no mês de maio do ano 2023.

WhatsApp: +244 932 099 429

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O leitor participa: Cassiano Ricardo Miranda, de Sorocaba (SP), com suas 'Divagações Poéticas'!

O leitor participa: 

Cassiano Ricardo Miranda, de Sorocaba (SP), com suas ‘Divagações Poéticas’!

 

Ah se uma mera vírgula caísse daquela árvore tão frondosa e nebulosa, tão espontânea, silábica, matemática, musical e poética, tão repleta de idéias, sensações e sentimentos, tão permeada por números, verbos, predicados, notas e sons musicais, tão física, espiritual e química, tão real e imaginária, tão generosa, tão generosa que sempre emana ou inspira sentimentos, raciocínios, palavras, redações, poemas, canções e tantas outras especiarias, tudo para uma vida melhor ou menos sofrível, e mais rica em sensibilidade, inteligência, expressividade, comunicação e fraterna união!

Com o gancho de uma interrogação (?), eu içaria essa vírgula, fecharia meus olhos e exclamaria nas reticências do suspiro de um pensamento talvez inexprimível… Iria então para o quintal das letras e plantaria o fugidio sinal de pontuação no solo sempre fértil da inspiração, que faz de cada ponto final uma súbita vírgula e, de cada vírgula, repentinos dois pontos: para oxigenar, renovar e fazer evoluírem as culturas, em qualquer contexto, época e lugar!

Irromperia então mais uma surpresa, saboreada bem devagar, como um relâmpago em câmera lenta desde o poente, passando pela noite, até um amanhecer que desperta sob os badalos de sinos eclesiásticos e o sinal sonoro de uma escola.

No mesmo dia ou depois, numa linda e sedutora noite, que traz em seu ventre a misteriosa madrugada, eu tento desenhar, com tinta solar fosforescente que brilha na escuridão da inconsciência, a dança dos meus sentidos, ainda tímidos, com um pouco de filosofia, geometria, música e poesia, tentando esquecer um pouquinho das ânsias que costumam agitar, castigar e transcender as mentes e os corações dos poetas, os quais já vivem cercados de tantas flores, mares e rochas, ora reais, ora imaginários, e vivem presos a uma liberdade sem fim, com fins!!!

Mesmo assim o autor se pergunta o que deseja de fato com tudo o que escreve e aonde quer chegar, mas não importa o que ele tente responder, seus leitores já possuem tantas respostas, ou não, e tudo se encerra numa constante soma e nova combinação dos elementos.

Mas a árvore da boa comunicação continua lá, frondosa, frutífera e cheia de flores, plantada com raízes tão luminosas e profundas que chegam a se contorcer nas densas camadas do subsolo, em naturais movimentos que desenham imprevisíveis semicírculos, infinitos parênteses e novas poesias… Sem fim, com fins.

 

(Cassiano Ricardo Miranda, 23/09/2017.)