PT decide perder mais uma eleição e desperdiçar uma oportunidade de ressurreição

Celso Lungaretti

Essas pessoas da sala de jantar são ocupadas com eleiçõezinhas municipais e amam bigodões como o do Stalin

Já foram oficializadas mais de 100 mil  mortes de brasileiros, parte delas decorrentes da Covid-19, outra parte da sabotagem governamental ao combate à Covid-19 de acordo com as práticas sanitárias vigentes no mundo civilizado. Nunca saberemos a quanto monta cada universo, nem quantos outros óbitos foram escamoteados das contas oficiais e impossibilitados de comprovar pelas oficiosas.

SE INTENSIFICARÁ, pois enfrentaremos nossa pior depressão econômica de todos os tempos.

Não enxerga um palmo à frente do nariz quem não percebe que, em tais condições e submetidos ao governo catastrófico do pior presidente da República brasileiro de todos os tempos, os coitadezas deste país serão empurrados para a explosão social, os saques e as revoltas, o que vai gerar consequências imprevisíveis e reduzirá a pó de traque os calendários eleitorais.

Mesmo assim, essas pessoas da sala de jantar, vulgo esquerda institucionalizada, são ocupadas com as eleiçõezinhas municipais de outubro próximo e fazem grandes planos para  as presidenciais de daqui a 26 meses, como se vivêssemos em tempos perfeitamente normais e não num Brasil em transe, à beira do abismo.

E ainda chegam ao cúmulo de se deixarem contagiar pelo autoritarismo de Bolsonaro, pois ameaçam censurar, suspender ou expulsar filiados que não apoiarem um candidato destinado a manter a passividade da legenda numa conjuntura apocalíptica, pois preferem transferir o seu apoio ao candidato viável mas (para as pessoas na sala de jantar!) incomodamente combativo, de um partido menor com o qual têm vínculos até de nascença.

PTando (era assim que escrevíamos antigamente, lembram?) por Guilherme Boulos e Luiza Erundina, que compõem a chapa psolista em São Paulo. Gente como André Singer, Bete Mendes, Camila Pitanga, Celso Amorim, Chico Buarque, Luís Fernando Veríssimo, Wagner Moura e que tais.

P/ ACESSAR PANIS ET CIRCENSES, INTERPRETADA AO VIVO POR MARINA MONTE

Mandei plantar folhas de sonhos no jardim do solar/ As folhas sabem

procurar pelo sol/ E as raízes procurar, procurar/ Mas as pessoas

da sala de jantar/ Essas pessoas da sala de jantar/

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Celso Lungaretti: 'Direção nacional do PT decide agir como fura-greve, deixando o impeachment do Bolsonaro para o dia do São Nunca

Celso Lungaretti

O PT foi fora ditadura nas diretas-já; jogará sua história no lixo se agora mantiver a opção pelo fica Bolsonaro

Fundação do PT, que nasceu combativo e em momentos como o das…

Como filiado de primeira hora ao Partido dos Trabalhadores, naquela fase em que ainda eram coletadas assinaturas para a obtenção do seu registro na Justiça Eleitoral; e também como um dos primeiros a se desligarem, decepcionado com os rumos que o PT tomou (de expurgar as tendências de esquerda e de se afastar cada vez mais da luta de classes, trocada pela conciliação de classes), acredito ter alguma responsabilidade por aquilo que se tornou o partido ao qual pertenci durante quase uma década.

Então, em momentos cruciais, sempre apoio os que tentam recolocar o PT no rumo traçado em seu manifesto de fundação (“O PT buscará conquistar a liberdade para que o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não haja explorados nem exploradores”, etc.), no qual se definia explicitamente como uma força anticapitalista.

Se hoje o PT está  em queda livre, isto se deve às várias encruzilhadas nas quais escolheu o caminho errado, sempre o da direita, até ter-se tornado pouco mais do que uma força auxiliar do capitalismo.

E agora a direção nacional do PT comete outro erro histórico de extrema gravidade, ao negar apoio à luta pelo afastamento do presidente que está destruindo o Brasil e que, ao sabotar as medidas de combate à pandemia, vai produzir um genocídio sem precedentes em nosso país, propiciando o morticínio em larga escala de pobres e idosos (principalmente).

…diretas-já, nunca faria papel de fura-greves!

Tal posicionamento equivale a deixar o impeachment para o Dia do São Nunca, tudo levando a crer que seu real motivo seja o cálculo eleitoreiro do Lula de que, permanecendo na Presidência, Bolsonaro será o adversário ideal para ele derrotar em 2022.

Então, pelo que valer (se servir de algo) o meu apoio, ele vai todo para o grupo de parlamentares petistas que acaba de lançar um manifesto no sentido de que, numa decisão com características bem próximas da que o partido tomou em 1983 quando assumiu a bandeira das diretas-já, não faça exatamente o contrário neste momento em que enfrentamos novamente o mesmíssimo inimigo.

Quem conhece meu passado de lutas sabe que a lista de signatários do manifesto inclui indivíduos dos quais guardo profundas mágoas (p. ex., um deles me chamou de cachorro louco por praticar a solidariedade revolucionária, outro covardemente fez pressão de bastidores para que me negassem a palavra num evento para o qual eu fora convidado).

Mas, há situações em que a importância histórica da linha de ação a ser adotada fala mais alto do que a identidade de quem defende tal ou qual posição. Esta é uma delas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




Celso Lungarretti: 'O PT constata…que.. o viam como serviçal temporário'

 Celso Lungaretti: ‘O PT ESPERAVA BENEFICIAR-SE DA LENTIDÃO JUDICIAL, COMO OS OUTROS PARTIDOS? QUANTA INGENUIDADE!’

Seu futuro: Palácio do Planalto ou cadeia de Curitiba?

O PT, em parte, é herdeiro da tradição revolucionária, segundo a qual, numa Justiça de classe, prevalecem os interesses da classe dominante.

E Lula, o representante mais emblemático da corrente que conduziu o PT à acomodação com a burguesia, trocando a luta de classes pela harmonização de interesses, embora, nesta barganha sórdida, a parte do leão acabe sempre cabendo ao grande capital: ele mantém firmemente em suas mãos as rédeas da política econômica, que, segundo Karl Marx, é a mais determinante em qualquer governo.

Mas, sob Lula e em boa parte por causa do Lula, o PT acreditou que, firmando o pacto com o diabo  (expresso na repulsiva Carta ao Povo Brasileiro de junho de 2002), passaria a receber o mesmo tratamento dado aos demais partidos. Quanta ingenuidade!

Bastou reeleger uma presidente incapaz e que estava conduzindo o país ao caos econômico para os donos do PIB, com a maior sem-cerimônia, a expelirem pela via parlamentar.

Isto era in para o PT no século passado, hoje é out

Ou seja: não basta haver abandonado os ideais revolucionários para o PT ter o direito de gerenciar indefinidamente o capitalismo sob a tutela dos capitalistas (“Moço, posso tomar conta do seu carro?”). Precisa também desempenhar o papel de serviçal com um mínimo de competência…

E, ainda que o poder econômico tenha decidido utilizar durante algum tempo os préstimos do PT, não deixou de apoiar, por baixo do pano, o enfraquecimento do partido via mensalão. Houve um momento, no primeiro mandato do Lula, em que poderia, inclusive, tê-lo derrubado, mas naquele instante não lhe convinha ir tão longe. Quem realmente incomodava era o Zé Dirceu, e este foi tirado do caminho.

Desde 2002 a postura do PT mudou

Os dirigentes petistas  então se defenderam, face à opinião pública, com a alegação pinoquiana de que não existira mensalão nenhum (só os devotos incondicionais engoliram a balela).

Houve também quem, com mais sinceridade, admitisse o prática da corrupção por parte do PT, ressalvando, contudo, que os partidos de centro e de direita sempre fizeram a mesmíssima coisa sem que o rigor da lei despencasse com tamanha contundência sobre eles.

Eu mesmo concordo e assino embaixo. Mas, alertei que o fato de a lei ser frouxamente cumprida com relação a outrem não obriga a Justiça e a polícia a tratarem da mesma forma o PT. Aos olhos da opinião pública, soava patético o chororô de que “os outros delinquiam em paz e nós somos crucificados”. O erro não era o que se estava fazendo com o PT, mas sim a impunidade (às vezes total, às vezes parcial) dos demais.

O ridículo se repete, com os protestos de que a Justiça brasileira nunca agiu tão rapidamente como está agindo para condenar Lula em 2ª instância. É uma ofensa à inteligência dos cidadãos.

No fundo, o pecado pelo qual o PT está pagando é o de ter acreditado que, esquecendo Marx e adotando como guia (embora sem admiti-lo explicitamente) Eduard Bernstein, o pai do reformismo, passaria a ser visto pela burguesia como parceiro, tanto quanto o PSDB ou o PMDB, p. ex. 




Celso Lungaretti: 'Toda vez que olho para você não consigo entender/por que deixou as coisas que fez saírem tanto do seu controle'

Celso Lungaretti: CONDENAÇÃO DO LULA É MARCO MELANCÓLICO DO FIM DE UMA ÉPOCA

Freformismo à brasileira, estar terminando de forma tão melancólica.

O começo do fim foi quando o PT abdicou da missão de extinguir a exploração do homem pelo homem e se conformou em apenas tentar atenuar a monstruosidade intrínseca do capitalismo (como se isto fosse possível!). 

valores republicanos, expurgou das suas fileiras os dirigentes e militantes mais devotados aos ideais igualitários e libertários, ao mesmo tempo em que abria as portas indiscriminadamente para carreiristas que apenas incharam o partido, descaracterizando-o ao invés de agregarem qualidade.


E foi aos poucos trocando a priorização das lutas sociais, com a consequente organização combativa das massas, pelo empenho exclusivo em vencer eleições e assim conquistar nacos de poder no Executivo e Legislativo, até chegar à vergonhosa situação de perder para a direita a batalha das ruas durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff.

 

 

Coerentemente mandou às favas também os escrúpulos, pois eram inspirados na moral revolucionária que caiu em desuso. Passou a pautar seu comportamento pelo utilitarismo; e, sendo os petrolões.

A condenação de Lula, mesmo não sendo definitiva nem encaminhando-o automaticamente à prisão, tem peso simbólico imenso: atesta a perda da inocência de um partido que nasceu imbuído das melhores intenções, mas foi abrindo mão de suas bandeiras longo do caminho, até nada mais restar-lhe de digno e puro para ostentar. 

O PT não inspira mais a perspectiva de dias melhores, daí ter apelado para a satanização dos adversários como seu principal trunfo nas últimas campanhas eleitorais. Mas, os melhores seres humanos, aqueles que precisamos engajar na luta para a transformação da sociedade, são movidos pela esperança, não pelo rancor!

É hora de o PT e a esquerda brasileira repensarem o papel desempenhado neste século, efetuando finalmente a autocrítica da qual fogem desde o impeachment da Dilma, como se pudessem permanecer indiferentes a derrota tão acachapante!


Se o livrarmos de tal fardo, é bem capaz de ele conseguir terminar seus dias sem o dissabor de cumprir pena de prisão, numa democracia e em idade provecta.



Repito a advertência que fiz há bem pouco tempo: bravata tem hora, e não é agora!

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Celso Lungaretti: "O tempo das tergiversações, das papas na língua e dos panos quentes acabou'

CELSO LUNGARETTI:  6º CONGRESSO DO PT: EM BUSCA DA OUSADIA PERDIDA

Eis o que dizia o Partido dos Trabalhadores no seu manifesto de fundação, datado de 10 de fevereiro de 1980:

Os trabalhadores querem a independência nacional. Entendem que a Nação é o povo e, por isso, sabem que o país só será efetivamente independente quando o Estado for dirigido pelas massas trabalhadoras. É preciso que o Estado se torne a expressão da sociedade, o que só será possível quando se criarem condições de livre intervenção dos trabalhadores nas decisões dos seus rumos. Por isso, o PT pretende chegar ao governo e à direção do Estado para realizar uma política democrática, do ponto de vista dos trabalhadores, tanto no plano econômico quanto no plano social. O PT buscará conquistar a liberdade para que o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não haja explorados nem exploradores. O PT manifesta sua solidariedade à luta de todas as massas oprimidas do mundo.  Cartaz do PT em 1980. Onde foi parar esta ousadia?

O texto atual é bem mais cauteloso

Eis o 13º e último dos pontos para mudar o PT alinhavados pelo vice-presidente do partido, deputado estadual Paulo Teixeira (SP), como propostas para serem discutidas no próximo congresso nacional petista, marcado para o início de junho:

Retomar o caminho republicano inspirado nos valores do socialismo democrático, fundados na igualdade, no controle público democrático do Estado e no pluralismo! A renovação programática do PT não pode temer a palavra socialismo, que deve andar junto com a palavra democracia. A atualização do programa do PT que ocorrerá no 6º Congresso precisa compreender que é tempo de enfrentar o fascismo com força, mas sem repetir os erros de conciliação que nos trouxeram até aqui. (…) O capitalismo deu errado: oito homens possuem a mesma riqueza que a metade mais pobre da população. Os índices de desigualdade social no mundo são parecidos com os do início do século XX, que gerou duas Guerras Mundiais e milhões de mortos. O PT precisa combater esse sistema desigual e através do socialismo e da democracia encontrar novos marcos programáticos para o futuro do país e do mundo.

Resumo da opereta:

— o PT praticou vergonhosamente a política de conciliação de classes durante os 13 anos e 4 meses durante os quais a burguesia lhe concedeu permissão para gerenciar o capitalismo brasileiro;
— agora que os poderosos dispensaram sua colaboração com um pontapé nos fundilhos, deverá discutir uma retomada das bandeiras anticapitalistas, o que seria seu primeiro passo na direção certa em muitos e muitos anos.

Espero, contudo, que o faça com verdadeira disposição de luta, expressa num discurso muito mais afirmativo do que este que vocês leem acima.
Alguém ousa dizê-lo em reunião do PT?

O redator estava visivelmente pisando em ovos, como que pedindo desculpas pela mudança de rumo proposta e fazendo questão de escrever democracia cada vez que escrevia socialismo, qual uma atenuante obrigatória. [Antigamente tínhamos total clareza quanto ao fato de que a democracia de uma sociedade de classes jamais será uma verdadeira democracia e não hesitávamos em proclamar esta verdade em alto e bom som, utilizando sempre a expressão democracia burguesa…]

Isto para não falar na patética menção ao caminho republicano, que faria o PT continuar patinando sem sair do lugar até o final dos tempos. Salta aos olhos e clama aos céus que o caminho a ser retomado é o revolucionário!
Ou seja, o parágrafo de 2017 é muito pior que o de 37 anos atrás, embora melhor do que a prática recente do PT. Mas, se quiser recuperar a credibilidade, o partido terá de curar-se dessa paúra crônica de dizer algo que possa assustar os pequenos e grandes burgueses.

Ficou meio hilária, p. ex., a recomendação aos companheiros, de que deixem de temer a palavra socialismo, como se fosse a única palavra deletada do dicionário petista. E revolução? E marxismo? E anarquismo? E comunismo? E a expressão marxista exploração do homem pelo homem? E a frase lapidar de Prodhon, a propriedade é o roubo?

Torço para que os companheiros petistas  se deem conta de que o tempo das tergiversações, das papas na língua e dos panos quentes acabou. Ou reencontram a ousadia perdida ou serão varridos do mapa pelos novos ousados. É simples assim.
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Artigo de Celso Lungaretti: 'DILMA QUER NOS LEGAR UMA TERRA ARRASADA + A EXPULSÃO DE MARIA LUÍZA E SEU GRUPO'

Celso Lungaretti: ‘QUANDO FOR AFASTADA, DILMA BATALHARÁ PARA QUE O BRASIL SEJA SUSPENSO DO MERCOSUL’


Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia.

A ainda presidente Dilma Rousseff, face à horrorosa repercussão do que jamais deveria ter cogitado e muito menos anunciado, recuou de sua intenção de fazer demagogia barata contra o impeachment numa reunião da ONU dedicada a desafios climáticos como o aquecimento global (e não à cabeça quente de algum participante).

Mas, não poderia retornar dos EUA sem  dar o habitual tiro no pé. E foi dos piores: falando à imprensa, ameaçou recorrer à cláusula democrática do Mercosul caso seja afastada do poder pelo Senado. Sua retórica foi ruim na forma e péssima no conteúdo:

Eu alegarei a cláusula inexoravelmente… de fato (se houver) a partir de agora uma ruptura do que eu considero processo democrático.

Assim, a partir de agora, ele se arroga a condição de única juíza do que seja ou não democrático. Acima da Constituição, do STF e do Congresso Nacional. Durante a ditadura os militares pensavam com seus botões mais ou menos isso, mas nem mesmo um Médici teve a coragem de afirmá-lo em alto e bom som!

Se houver ruptura do que Dilma considera ser o processo democrático, ela vai fazer tudo ao seu alcance para atrair o dilúvio sobre nós. Depois de arrastar o Brasil à pior recessão da História, ela quer aprofundá-la erguendo obstáculos ao comércio internacional do País.

O último argumento que lhe resta, portanto, é este: “Ou vocês me engolem ou engolirão pedras, pois vou deixá-los na miséria!”.

Mas, como nada do que ela pretende e tenta tem se tornado realidade, o melhor mesmo é pagarmos para ver.

Eu que, pelo contrário, tenho acertado em quase tudo que prevejo, antecipo sem medo de errar: o Brasil NÃO será suspenso. O Mercosul também vai deixar a Dilma falando sozinha.

 
Desabafo de Dalton Rosado

O DESVIRTUAMENTO DE PRINCÍPIOS

No tempo da ingenuidade, que todos temos pois ninguém nasce experiente, eu acreditava que poderia haver partidos políticos que respeitassem as opiniões divergentes na busca da melhor solução para os problemas sociais. Cheguei à conclusão que isso não é possível, pois o poder corrompe e a continuidade no poder corrompe muito mais.

Foi imbuído do sentimento de credulidade ingênua que ajudei a criar o PT em Fortaleza e, por extensão, no Ceará. Era o ano de 1981. A vida nos ensina e retira de nós a ingenuidade, mas podemos preservar a pureza de sentimentos. É o que tento fazer.

Advogado defensor de quem era preso pela Polícia Federal; de favelados despejados de suas moradias; de sindicatos que sofriam intervenções ditatoriais; e defensor da anistia aos presos políticos e redemocratização, entre outras lutas, vivi um período em que as diferenças no campo ideológico da esquerda eram mascaradas por um objetivo comum: derrubar o regime militar e restaurar o estado de Direito.

A direita e a esquerda se aliaram no ataque á administração popular de Maria Luíza, que terminou o seu mandato graças à tenacidade de muitos combatentes revolucionários que se ombrearam em sua defesa. Ali já ficava claro o rumo político de conciliação com a burguesia que o PT iria tomar objetivando o acesso e a tentativa de permanência no poder. Fomos expulsos do PT.

Assim, relembremos como Lula respondeu a uma pergunta sobre nós no programa Roda Viva:

AUGUSTO NUNES: Lula, por que o candidato [apoiado por] Maria Luiza [Dalton Rosado, do Partido Humanista], nesse caso, teve 3% dos votos? Você acha que o povo foi tão ingrato assim?

LULA: Em Fortaleza, a grande briga que houve -e a imprensa publicou com certa dosagem de razão-, o grande problema que existia era a briga entre o partido e Maria Luiza. Porque a companheira Maria Luiza -eu não tenho procuração; não tive para defendê-la, como não tenho para acusá-la- entendeu que o partido não existia e não houve relacionamento com o partido. 

Ou seja, não é que o partido quer administrar, mas o partido tem responsabilidade perante a sociedade, porque é ele que responde para a sociedade; e, quando o partido tenta elaborar um projeto, o partido não elabora um projeto para a prefeita cumprir ou para o prefeito cumprir, o partido elabora um projeto para ser discutido no centro da sociedade como proposta partidária. E é exatamente aí que trombaram PT e Maria Luiza, e é por isso que ela se afastou do partido e saiu muito desgastada. 

Está aí o resultado. E por que ela saiu do PT? Porque ela imaginava que, no PT, ainda se podia fazer política na base do coronelismo, ou seja, alguém, por ser famoso, coloca um candidato debaixo do braço e, a partir daí, obriga o partido a aceitar. Ela tentou impor um candidato, o partido tinha feito uma coligação democraticamente discutida no partido e o partido resolveu indicar outro. O que aconteceu? O partido provou que estava certo e que a Maria Luiza tinha entrado num barco furado.

ADMINISTRAÇÃO POPULAR x CONCILIAÇÃO 

DO PT COM AS FORÇAS CONSERVADORAS 

A verdade é que Maria Luíza foi a primeira prefeita mulher de uma capital e a primeira vitória do PT para um cargo executivo importante. Isto sem contar com nenhum vereador e sem que as capitais tivessem autonomia financeira (pois funcionavam como secretarias do Estado, uma vez que até então os prefeitos eram escolhidos pelos governadores, distorção que somente foi superada pela Constituição de outubro de 1988, cuja entrada em vigência se deu em 1989, após o fim do seu mandato).

Assim, lutou com imensas dificuldades e, inclusive, com a oposição de parte do PT local e nacional, pois a prefeita não aceitava compactuar com métodos de administração tradicionais (o habitual toma-lá-dá-cá).

Ademais, havia uma divergência ideológica com parte do PT local e nacional, pois o grupo de Maria Luíza tinha orientação marxista, e os marxistas estavam sendo perseguidos pelo grupo Articulação, do Lula. Muitos marxistas aderiram ao lulismo petista (José Dirceu, José Genoíno, Tarso Genro, José Guimarães e outros) e escaparam da degola. A expulsão da Maria Luíza, juntamente com o seu candidato à sucessão (eu, Dalton Rosado), que tinha amplas chances de vitória interna, no diretório municipal, deu-se por decisão de cúpula do diretório regional, obedecendo a orientação do diretório nacional, pela não aceitação da postura política e administrativa do seu grupo.

A conciliação do PT nacional com segmentos tradicionais e seus tradicionais métodos começou a se evidenciar a partir daí. Além da perseguição petista, da oposição de partidos como o PCdoB e hostilização que sofria da imprensa tradicional, a chamada Administração Popular sofreu a perseguição dos governos Tasso Jereissati (estadual) e do José Sarney (federal) num momento de forte dependência econômica e tributária a esses governos.

Daí decorreram graves dificuldades de administração, que lhe acarretaram impopularidade, mas pôde equilibrar as finanças públicas municipais, de modo a que o seu sucessor, Ciro Gomes, encontrasse uma prefeitura saneada e apta a receber os inúmeros projetos que se encontravam encalhados no Governo Federal (além de poder com a nova realidade de recursos financeiros estabelecidos na nova Constituição). Ciro Gomes se beneficiou dessa condição inicial, pois subiu meteoricamente de prefeito para Governador em apenas um ano de mandato.

Assim, não é verdade  que eu, Dalton Rosado, advogado de causas populares e militante do PT desde 1981,  secretário de Finanças da Administração Popular, fosse um candidato de algibeira, como se diz no jargão dos coronéis do sertão. Os fatos estavam em desacordo com a afirmação de Lula.

 

 

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Artigo do Carlos da Terra: 'A Dilma não é o PT'

Jornalista e escritor
Jornalista e escritor

Carlos da Terra – A Dilma não é o PT

02/04/2016

A Presidente Dilma tem sido achincalhada, execrada e só ainda não foi excomungada (imagino eu). No entanto, caro amigo, gostaria de refletir um pouco… Onde está o jatinho da Dilma? E as indústrias que ela adquiriu? E onde está o dinheiro do exterior? Podemos desconfiar dessas coisas, mas jamais se apurou qualquer uma delas em detrimento de Dilma Rousseff. Eu vivi, acompanhei e participei de todos os eventos dos anos terríveis da luta armada contra a ditadura militar e posso afirmar, sem qualquer medo de errar, que Dilma Rousseff é uma estranha no ninho do PT.

Ela pouco ou nada tem a ver com o malfadado PT de Lula e outros criminosos, desde o assassinato de Celso Daniel até o mensalão e o petrolão. Dilma foi uma guerrilheira, corajosa, idealista que sonhava por um Brasil mais justo e por uma melhoria nas condições miseráveis do povo do sertão brasileiro e dos subúrbios das capitais. Teve atitudes de verdadeira heroína das películas cinematográficas e, quando submetida ao pau de arara nas prisões, jamais abriu a boca para denunciar ou trair quem quer que fosse. Essa é a Dilma… e quem é o PT.

O PT é um aglomerado de oportunistas. Ele surgiu de uma confusão que se originou quando da queda do regime militar e todos que não eram de nenhuma ideologia, ou que eram de alguma mas sem qualquer conhecimento, aderiram a esse partido. Nesta categoria está o Lula. Quem viveu aquela época sabe que ele (o Lula) jamais teve qualquer ideologia. Ele sequer era um líder político ou operário que seja. Ele era apenas um líder sindicalista que defendia aumentos de salário APENAS PARA OS METALÚRGICOS.

Chegou-se ao absurdo de se dizer nas ruas que esse tal líder, houvera cortado seu próprio dedo para receber o seguro de invalidez. Jamais foi preso porque ele se apresentava com muita facilidade aos militares, dispensando qualquer trabalho destes para encontrá-lo e inquiri-lo. Muitos outros oportunistas e entre eles, capitalistas, empresários e criminosos que nunca tiveram qualquer ligação com movimentos políticos de melhorias para o povo brasileiro, encostaram nele para seus propósitos escusos.

A Dilma foi usada por Lula que esperava por um fracasso dela que lhe asseguraria a volta ao poder. O país está quebrado, foi à bancarrota. Mas é culpa da Dilma? O que foi que ela fez que quebrou o país? Onde apareceu o nome dela no mensalão ou no petrolão ou ainda no caso Celso Daniel? O que levou o país ao estado em que estamos foi a roubalheira, especialmente a da Petrobrás.

Por outro lado, quem é que vai discordar que o programa mais médicos atenuou a crise do sistema de saúde. Digam que não é verdade que a consulta médica é um absurdo de cara e que os médicos, de um modo geral, não querem trabalhar nos subúrbios. Digam… O programa “minha casa minha vida” que ela tem se dedicado tanto, não é importante? Você como cidadão brasileiro, gosta de ver moradores de rua proliferarem com mosquitos? Gosta disso? Das crianças que vivem ao relento? Se nós trabalhamos tanto e muitos desse políticos do PT, descontentes com seu próprio salário, resolveram assaltar os cofres públicos, eu lhe pergunto… pode uma família se regozijar, comer fartamente, comprar roupas e remédios, com os míseros oitenta reais do bolsa família? A educação brasileira sempre foi a maior crítica que todos os partidos e cidadãos brasileiros fizeram.

Todos reclamavam. Eu me lembro perfeitamente das reuniões lá na USP. A voz corrente era que o sistema educacional era elitista, não prestava e que jamais uma pessoa pobre poderia cursar faculdades. Bem… hoje em dia é assim? Acho que não. Nunca tivemos tantos estudantes bolsistas fora do país. Os jovens estão estudando para assumir o país em um futuro próximo.

Há o Pronatec que assegura uma educação elementar para a sobrevivência e há nos cursos médios e superiores também, muitos estudantes de todas as classes sociais. Estou no coro “Fora PT” e concordo que esse partido foi a ruína do Brasil e dos brasileiros, no entanto não entro no coro do “fora Dilma”.

 

Carlos da Terra