Celso Lungaretti: 'Termina o ano do centenário da Revolução Russa. Começa do ano do cinquentenário da Revolução de Paris'

“1968 não terminou: os fios da História poderão até ser reatados meio século depois.”

 

Por um capricho da História, as efemérides dos dois marcos revolucionários mais significativos do século 20 agora se sucederam, como que nos convidando a refletir sobre ambos.

 Até a Comuna de Paris (1871), o avanço crescente das lutas do proletariado parecia indicar que a profecia de Karl Marx se concretizaria, com uma onda revolucionária varrendo o mundo de forma quase espontânea, como resultado do esgotamento do capitalismo e da necessidade de sua substituição por uma forma mais avançada de organização da sociedade.
ancien régime, no entanto, contou com o braço forte da Alemanha para retomar o controle da situação e massacrar os communards, com as baixas refletindo bem a desigualdade que marcou o enfrentamento entre as tropas da reação (100 mil soldados) e os defensores da primeira república proletária da História (menos de 15 mil milicianos): foram mil os mortos do lado vencedor e 80 mil dentre os perdedores. Ai dos vencidos!

… e as das comunas de Paris, de 1871

Marx concluiu que os inexperientes revolucionários haviam sido tímidos demais, deixando, p. ex., de quebrar a máquina burocrática e militar do Estado enquanto podiam. 

 E ficou evidenciado que os governos de países capitalistas acudiam prontamente seus congêneres ameaçados por
revoluções, enquanto a solidariedade do proletariado internacional demorava a se organizar.
 Lênin foi além, priorizando a estruturação de um partido revolucionário duro, que funcionasse com uma disciplina quase militar, apto a assumir a liderança dos trabalhadores nos momentos agudos para direcionar corretamente sua ação. 

 Sua concepção vanguardista levava em conta, também, o surgimento de opositores relevantes no campo da esquerda: os adepto do reformismo, para o qual tendia naturalmente a chamada aristocracia proletária (os operários com cargos superiores e salários mais elevados).  
 Constatando que a perspectiva de melhorarem progressivamente de vida sob o capitalismo, sem revolução nenhuma, seduzia muitos trabalhadores, Lênin chegou à conclusão de que o proletariado não se compenetraria espontaneamente de que seu papel histórico era o de dar um fim à exploração capitalista: necessitava de uma vanguarda que, participando com ele das lutas por ganhos materiais, lhe fosse incutindo a compreensão de que as eventuais vitórias eram ilusórias e logo se dissipariam, daí a necessidade de uma profunda e definitiva transformação da sociedade para que as conquistas se eternizassem.

Lênin e Trotski: enormes acertos e alguns erros

 Lênin estava certo em termos de eficácia: só um partido como o Bolchevique conseguiria tomar o poder em novembro de 1917, apesar de contar com efetivos bem menores do que os de seus competidores do campo da esquerda. Em momentos críticos, poucos militantes que sabem o que querem, estão dispostos a irem até o fim e obedecem sem pestanejar a comandantes capazes pesam muito mais do que muita gente confusa, sem grande determinação nem líderes à altura dos acontecimentos.

O certo é que a Rússia foi se tornando um mero capitalismo de Estado totalitário: 
 
 A liberdade guiando o povo (1968)

— seja porque a consolidação do novo regime se deu em condições dramáticas, num terrível isolamento, com a Rússia tendo de, em 1918-1921, resistir sozinha à invasão de tropas de umas 20 nações capitalistas e aos contingentes dos reacionários internos, para depois desenvolver esforços hercúleos no sentido de saltar rapidamente de um país com desenvolvimento tardio para uma nação moderna).

 De certa forma, a União Soviética, sob a tosca tirania de Stalin, serviu como espantalho para a propaganda capitalista dissuadir os operários das nações economicamente mais avançadas de seguirem na mesma direção. 
Contrariando a constatação de Marx, segundo quem eram os países mais pujantes que determinavam o destino da humanidade, com as demais sendo arrastados por sua dinâmica, as revoluções seguintes se deram em países pobres, desorganizados por guerras ou ainda emancipando-se da dominação colonial.

E o capitalismo foi aprendendo a lidar de forma cada vez mais eficiente com as várias tentativas vanguardistas que foram surgindo: seja vencer militarmente as guerrilhas urbanas e rurais, seja asfixiar economicamente ou derrubar governantes adversos por meio das Forças Armadas, Judiciário ou Legislativo de seus países.

fim da História profetizada por Francis Fukuyama se a própria espécie humana extinguir-se junto com ele.

A sociedade que desenvolveu ao máximo os meios de comunicação é também a sociedade em que uma simples centelha evolui rapidamente para incêndio, surpreendendo governos e suas polícias.

Uma nova esquerda despontou em 2013. E foi tratada a ponta pé pela velha…

Já em 1968, uma onda de paralisações em escolas de Paris evoluiu rapidamente para uma formidável greve geral, fazendo o presidente De Gaulle balançar no cargo, que só conservou graças à boia que o Partido Comunista Francês lhe atirou, mais interessado em manter sua liderança nas entidades sindicais do que em fazer a revolução. 

 E, nas manifestações contra o capitalismo e suas mazelas que vêm marcando a década atual, incluindo as jornadas de junho de 2013 no Brasil, a pulverização da vanguarda é uma característica comum. Não há força majoritária da esquerda as convocando e conduzindo, mas uma imensidão de células independentes imantadas pelas redes sociais.

Este título se revelará profético?

Fazem lembrar as ondas revolucionárias que, segundo Marx, varreriam o mundo. Dá para imaginarmos que, com a agonia capitalista chegando ao ponto decisivo, uma crise do tipo da imobiliária de 2007/2008 possa não só evoluir para um clash como de 1929, mas também gerar uma reação da sociedade equivalente à Primavera de Paris.

 Concordo com Zuenir Ventura: 1968 não terminou. Os fios da História poderão até ser reatados meio século depois, por que não? 

 




USP promove, de 3 a 6 de outubro, na Cidade Universitária, o Simpósio 'Cem anos que abalaram o mundo'

 USP promove o Simpósio ‘Cem anos que abalaram o mundo’, visando discutir os cem anos da Revolução Russa de 1917 

 

3ª. Feira / 3 de outubro

9:00 hs. (AH): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO ENTRE UTOPIA E HISTÓRIA: Osvaldo Coggiola (Universidade de São Paulo) Debatedor: Rodrigo Ricupero

9:00 hs. (ANS): MARX E A RÚSSIA: Danilo Nakamura, Ricardo Martins Rizzo, Paulo Barsotti, Luis Antonio Costa

9:00 hs. (AG): POPULISMO E MARXISMO NA RÚSSIA: Lúcio Flavio de Almeida, Cláudio Maia, André Keysel, Henrique Canary, Ramón Peña Castro

9:00 hs. (CPJ): A REVOLUÇÃO RUSSA E OS EUA: Sean Purdy, Mary Anne Junqueira, Elizabeth Cancelli, Rodrigo Medina Zagni

9:00 – 13:00 (SV): Comunicações Livres

14:00 hs. (AH): A CONTROVÉRSIA ENTRE ESLAVÓFILOS, OCIDENTALISTAS E EURASIANISTAS: Angelo Segrillo, Giuliana T. de Almeida, Priscila Nascimento Marques, Lucas Simone

14:00 hs. (AG): REVOLUÇÃO SOVIÉTICA, MEIO AMBIENTE E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL: Elvio Rodrigues Martins, Ruy Moreira, Carlos Walter Porto Gonçalves, Douglas Santos

14:00 hs. (ANS): A REVOLUÇÃO SOVIÉTICA E A EDUCAÇÃO: Ana Paula Hey, Ítalo de Aquino, Roberto Lehrer, Julio Turra, César Minto

14:00 hs. (CPJ): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E A EMANCIPAÇÃO DOS JUDEUS: Arlene Clemesha, Saul Kirschbaum, Samuel Feldberg, Jayme Brener

14:00 hs. (SV): O SILÊNCIO DOS VENCIDOS: OS COMUNISTAS E A REVOLUÇÃO DE 1930: Marcos A. Silva, Heloísa Faria Cruz, José Carlos Barreiro, Marco Aurelio Garcia, Sergio Alves de Souza

17:00 hs. (AH): REVOLUÇÃO RUSSA E INTELECTUAIS BRASILEIROS:Luiz Bernardo Pericás, Deni Rubbo, Rafael Bivar Marquese, Angelica Lovatto

17:00 hs. (AG): ROSA LUXEMBURGO, GEORG LUKÁCS, WALTER BENJAMIN E A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO: Isabel Loureiro, Jorge Grespan, Francisco Alambert, Wolfgang Leo Maar

17:00 hs. (ANS): UMA “REVOLUÇÃO CONTRA O CAPITAL”? GRAMSCI E A REVOLUÇÃO RUSSA: Álvaro Bianchi (Unicamp) Debatedor: Cícero Araújo

17:00 hs. (CPJ):  A NOVA POLÍTICA ECONÔMICA (NEP) 1921-1929:Joana Salem Vasconcellos, Marcos Cordeiro Pires, Luiz E. Simões de Souza, André Martins, Glaudionor Barbosa

17:00 hs. (SV): A REVOLUÇÃO E A URSS EM CONTRACULTURAS:Adrián Pablo Fanjul, Andréia Menezes, Larissa Locosselli, José Mauricio Rocha

17:00 hs. (CAPH): A REVOLUÇÃO HÚNGARA DE 1919: Tibor Rabockzai (Universidade de São Paulo) Debatedor: Everaldo de Andrade

19:30 hs. (AH): A CULTURA E AS ARTES NA UNIÃO SOVIÉTICA: Clara de Freitas Figueiredo, Thyago Marão Villela, Peterson Pessoa, Marcos Napolitano, Luiz Renato Martins

19:30 hs. (ANS): CAMPESINATO E QUESTÃO AGRÁRIA NA RÚSSIA:Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Manoel Fernandes, Carlos Borba, Valéria De Marcos, Gilmar Mauro

19:30 hs. (AG): 1917 EM SÃO PAULO, GREVE GERAL: Cláudio Batalha, Christina Roquette Lopreato, Luigi Biondi, Eujacio Silveira, Bruno Rodrigo, Gilberto Maringoni, com estreia do filme 1917, a Greve Geral, de Carlos Pronzato, e relançamento de O Ano Vermelho de Luiz Alberto Moniz Bandeira

19:30 hs. (CPJ): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E A FRANÇA: Gérard Goujon (Éducation Nationale, França) Debatedor: Carlos A. Zeron

19:30 hs. (SV): A REVOLUÇÃO RUSSA E AS EDIÇÕES MARXISTAS:Marisa Midori Deaecto, Lincoln Secco, Flamarion Maués, Dainis Karepovs

19:30 hs. (CAPH): CHE GUEVARA E A REVOLUÇÃO RUSSA: Roberto Massari (Fundação Internacional Che Guevara) Debatedor: Luiz Bernardo Pericás

 

4ª. Feira / 4 de outubro

9:00 hs. (AH): REVOLUÇÃO RUSSA E REVOLUÇÃO ALEMÃ: Ricardo Musse, Luiz Enrique Vieira de Souza, Felipe Demier, Fabio Mascaro Querido

9:00 hs. (ANS): A REVOLUÇÃO RUSSA E O CINEMA: Marcos A. Silva, Mauricio Cardoso, Wagner Pinheiro Pereira, Alessandro Gamo

9:00 hs. (AG): A REVOLUÇÃO SOVIÉTICA E O EXTREMO ORIENTE:Andrea Longobardi, Wladimir Pomar, Luciano Martorano, Shu Sheng, Fernando Leitão

9:00 hs. (CPJ): JOHN REED, GEORGE ORWELL E OUTRAS ESCRITAS SOBRE A REVOLUÇÃO: Daniel Puglia, Marcos César Soares, Tercio Redondo, Rosângela Sarteschi, Matheus Cardoso da Silva

9:00 – 13:00 (SV): Comunicações Livres

14:00 hs. (AH): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E OS BÁLCÃS: Savas Michael-Matsas (Centro Christian Rakovsky, Atenas) Debatedor: Rodrigo Medina Zagni

14:00 hs. (ANS): DA COMUNA AOS SOVIETS, DE MARX A MARCUSE:Wolfgang Leo Maar (Universidade Federal de São Carlos) Debatedora: Sara Albieri

14:00 hs. (AG): A DERROTA DO OUTUBRO ALEMÃO: Isabel Loureiro (Unesp) Debatedora: Rosa Rosa Gomes

14:00 hs. (CPJ): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E O MUNDO ÁRABE E MUÇULMANO: Reginaldo Nasser, Malcon Arriaga, Aldo Sauda, Paulo Farah

14:00 hs. (SV): CAPITAL FINANCEIRO E IMPERIALISMO, GUERRA MUNDIAL E REVOLUÇÃO: Edmilson Costa, Sofia Manzano, Apoena Cosenza, Fátima Previdelli

17:00 hs. (AH): REVOLUÇÃO RUSSA E REVOLUÇÃO MUNDIAL: REVOLUÇÃO PERMANENTE? Daniel Gaido (Universidad de Córdoba) Debatedor: João Machado

17:00 hs. (AG): VANGUARDAS RUSSAS MODERNISTAS E REALISMO SOCIALISTA: Bruno Gomide, Rubens Machado, Francisco Foot Hardman, Quezia Brandão, Valentim Facioli

17:00 hs. (ANS): REVOLUÇÃO SOVIÉTICA E REVOLUÇÃO ESPANHOLA: Antônio Rago, Ana Lúcia Gomes Muniz, Fernando Camargo, Ivan Rodrigues Martin, Ismara Izepe de Souza

17:00 hs. (CPJ): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E O IMPÉRIO OTOMANO: Heitor Carvalho Loureiro, José Farhat, Ramez Philippe Maaluf, Soraya Misleh, Nelson Bacic Olic

17:00 hs. (SV): 1989-1991: FIM DO MARXISMO? Mariano Schlez (Universidad del Sur, Argentina) Debatedora: Paula Marcelino

17:00 hs. (CAPH): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E A HOMOSSEXUALIDADE: Wilson Honório da Silva (Faculdades Integradas Guarulhos) Debatedoras: Amanda Palha e Gisele Sanfroni

19:30 hs. (AH): REVOLUÇÃO RUSSA E INTELECTUALIDADE EUROPEIA: Vladimir Safatle – Paulo Arantes (Universidade de São Paulo)

19:30 hs. (ANS): O BOLCHEVISMO: AVATAR POLÍTICO OU ALTERNATIVA HISTÓRICA?  Jorge Altamira (Universidad Obrera, Buenos Aires) Debatedor: Antonio Bertelli

19:30 hs. (AG): A URSS E A REVOLUÇÃO CUBANA: Áquilas Mendes, Ramón Peña Castro, Carlos Alberto Barão, José R. Mao Jr, Stella Grenat (Universidad de Buenos Aires)

19:30 hs. (CPJ): O PCB E A UNIÃO SOVIÉTICA: Milton Pinheiro, Carlos Fernando Quadros, Marcus Dezemone, Augusto Buonicuore, Marly Vianna

19:30 hs. (SV): REVOLUÇÕES: AS ESQUINAS PERIGOSAS DA HISTÓRIA: Valério Arcary (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) Debatedores: Valter Pomar e Ana Carolina Ramos

19:30 hs. (CAPH): CONSELHISTAS, ANARQUISTAS E REVOLUÇÃO RUSSA: Margareth Rago, Felipe Correa, Gabriel Zacarias, Ricardo Rugai

 

. Feira / 5 de outubro

9:00 hs. (AH): REVOLUÇÃO E CIÊNCIA SOVIÉTICA: Pedro Ramos, Gildo Magalhães, João Zanetic, Marcia Regina Barros da Silva, Francisco de Assis Queiroz, Douglas Anfra

9:00 hs. (AG): LITERATURA RUSSA E REVOLUÇÃO: Arlete Cavaliere, Noé Oliveira Policarpo Polli, Fatima Bianchi, Mário Ramos Francisco Jr

9:00 hs. (ANS): OS ESPORTES NA UNIÃO SOVIÉTICA: Flávio de Campos, Luiz Henrique de Toledo, Wagner Xavier Camargo, José Carlos Marques

9:00 hs. (CPJ): OPOSIÇÃO DE ESQUERDA E TROTSKISMO NO BRASIL:Tullo Vigevani, Dainis Karepovs, José Castilho Marques Neto, Felipe Gallindo, Iram Jácome Rodrigues

9:00 hs. (SV): AS REBELIÕES ANTIBUROCRÁTICAS NA EUROPA ORIENTAL: João Pedro Bueno, Francine Iegelski. Osvaldo Coggiola, Tibor Rabockzai

14:00 hs. (AH): AS MULHERES NA REVOLUÇÃO RUSSA: Joana El-Jaick Andrade, Alana Moraes, Daniela Mussi, Diana Assunção, Iole Ilíada

14:00 hs. (AG): LYSSENKO E O DRAMA DA GENÉTICA SOVIÉTICA:Boris Vargaftig (ICB – USP) Debatedores: Carlos Winter e Fabio Andrioni

14:00 hs. (ANS): O BOLCHEVISMO, A COMINTERN E A QUESTÃO NEGRA: Emerson Santos, Wilson Honório da Silva, Eduardo Januário, Fernando Frias, Aruã de Lima, Claudiceia Durans

14:00 hs. (CPJ): ITÁLIA: CONSELHOS OPERÁRIOS E PARTIDO COMUNISTA: José L. del Roio, Francesco Schettino, Elisabetta Santoro, Homero Santiago

14:00 hs. (SV): HUMOR RUSSO E HUMOR SOVIÉTICO: Elias Thomé Saliba (Universidade de São Paulo) Debatedor: Francisco Alambert

17:00 hs. (AH): A UNIÃO SOVIÉTICA E A ÁFRICA: Marina Gusmão de Mendonça, Leila Hernandez, Maria Cristina Wissenbach, Tânia Macedo, José Luiz Cabaço, Carlos Alberto Barão

17:00 hs. (AG): IMPERIALISMO E CRISE CAPITALISTA: A ERA DAS REVOLUÇÕES: Francesco Schettino (Università di Campania) Debatedora: Sofia Manzano

17:00 hs. (ANS): FIM DO COMUNISMO OU COLAPSO DA MODERNIZAÇÃO? Carlos de Almeida Toledo, Anselmo Alfredo, Marildo Menegat, Virgínia Fontes

17:00 hs. (CPJ): LENIN E LENINISMO: O QUE FAZER? Anderson Deo, Antonio Carlos Mazzeo, Valério Arcary, André Ferrari

17:00 hs. (SV): HISTORIOGRAFIA SOVIÉTICA E HISTORIOGRAFIA FRANCO-BRITÂNICA: Mauricio Parisi (USP) – Priscila Gomes Correa (Universidade do Estado da Bahia)

19:30 hs. (AH): A INTERNACIONAL COMUNISTA, DA COMINTERN AO KOMINFORM: Lincoln Secco, Antonio Bertelli, Antonio C. Mazzeo, Sean Purdy

19:30 hs. (AG): O ESTADO NA SOCIEDADE SOVIÉTICA: Alysson Leandro Mascaro, Camilo Onoda Caldas, Silvio Luiz de Almeida, Luiz Felipe Osório

19:30 hs. (ANS): PERESTROÏKA: PORQUE NÃO DEU CERTO? Lenina Pomeranz (Universidade de São Paulo) – José Arbex (PUC)

19:30 hs. (CPJ): FIDEL CASTRO E CHE GUEVARA ENTRE LENDA E REALIDADE: Luiz Bernardo Pericás (Universidade de São Paulo) Debatedores: Daniel Gaido e Áquilas Mendes

19:30 hs. (SV): O COMUM E O COMUNISMO, ONTEM E HOJE: Jean Tible, Henrique Parra, Ricardo Teixeira, Tatiana Roque

19:30 hs. (CAPH): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E PORTUGAL: Raquel Varela (Universidade Nova de Lisboa) Debatedora: Vera Ferlini

 

. Feira / 6 de outubro

9:00 hs. (AH): A EXPERIÊNCIA JURÍDICA SOVIÉTICA: Guilherme Cortez, Jorge Souto Maior, Márcio Bilharino Naves, Marcus Orione

9:00 hs. (AG): REVOLUÇÃO SOVIÉTICA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO (LENIN E TAYLOR): Afrânio Catani (Universidade de São Paulo) Debatedora: Angela Lazagna

9:00 hs. (ANS): REVOLUÇÃO RUSSA E PENSAMENTO LATINO-AMERICANO: Gilberto Maringoni, Igor Fuser, Gabriela Pellegrino, Vinicius Moraes, Flavio Benedito

9:00 hs. (CPJ): A REVOLUÇÃO RUSSA E O BRASIL: Frederico Duarte Bartz, Felipe Castilho de Lacerda, Lidiane Rodrigues, Christiano Britto Monteiro, Rosana de Moraes

9:00 hs. (SV): A REVOLUÇÃO RUSSA NAS LITERATURAS HISPÂNICAS:Margareth Santos, Pablo Gasparini, Gabriel Lima, Graciela Foglia

14:00 hs. (AH): PCB, PC do B, TROTSKISTAS, PT: AS METAMORFOSES DO COMUNISMO BRASILEIRO: João Quartim de Moraes, Murilo Leal, Pedro Pomar, Carlos Zacarias, Eduardo Almeida

14:00 hs. (ANS): GEOPOLÍTICA E GEO-HISTÓRIA DA REVOLUÇÃO SOVIÉTICA: André Martin, Erivaldo C. de Oliveira, Rafael Duarte Villa, Valter Pomar, Wanderley Messias da Costa

14:00 HS. (AG): O STALINISMO: SOCIALISMO OU ANOMALIA HISTÓRICA? Breno Altman, Waldo Melmerstein, Darlan Montenegro, Zilda Iokoi, André Singer

14:00 hs. (CPJ): GUERRA FRIA E HEGEMONIA DO DÓLAR: Maria Lucia Fattorelli (Auditoria Cidadã da Dívida) Debatedores: José Menezes Gomes e Leda Paulani

14:00 hs. (SV): CHILE 1973: FIM DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA? Enio Bucchioni, Horácio Gutiérrez, Paulo Fernando L. Pereira de Araujo, Plínio de Arruda Sampaio Jr

17:00 hs. (AH): O FIM DA URSS: ANÁLISE DAS CAUSAS: Angelo Segrillo, Gilson Dantas (UnB), Robério Paulino (UFRN), Martin Hernandez, Lívia Cotrim

17:00 hs. (AG): A REVOLUÇÃO RUSSA E A AMÉRICA LATINA:Fernando Sarti Ferreira, Everaldo Andrade, Liz Nátali Soria, Felipe Deveza, Yuri Martins Fontes

17:00 hs. (ANS): A ESQUERDA NO BRASIL HOJE: João Batista de Araújo (Babá), Valério Arcary, Mauro Iasi, Guilherme Boulos, Breno Altman, Zé Maria, Gilmar Mauro

17:00 hs. (CPJ): O PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS E A “REVOLUÇÃO DOS CRAVOS”: Raquel Varela (Universidade Nova de Lisboa) Debatedor: Lincoln Secco

17:00 hs. (SV): MÚSICA E REVOLUÇÃO SOVIÉTICA: José Geraldo Vinci de Moraes (USP) Debatedor: Antonio C. Mazzeo

19:30 hs. (AH): A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO E O SÉCULO XXI: Jorge Altamira, Savas Michael-Matsas, Plinio de Arruda Sampaio Jr, Valter Pomar, Eduardo Almeida

19:30 hs. (AG): A URSS, BALANÇO ECONÔMICO: José Menezes Gomes, Xabier Arrizabalo (Universidad Complutense de Madrid), Leda Paulani, Vitor Schincariol

19:30 hs. (ANS): CLASSE OPERÁRIA E REVOLUÇÃO: O PROLETARIADO AINDA É AQUELE? Ricardo Antunes (Unicamp) – Iram Jácome Rodrigues (USP) – Ruy Braga (USP)

19:30 hs. (CPJ): IMPERIALISMO E REVOLUÇÃO, ONTEM E HOJE:Virgínia Fontes (UFF), Lúcio Flavio de Almeida (PUC), Antônio Roberto Espinosa (Unifesp), Regina Gadelha (UFRJ)

19:30 hs. (SV): A RÚSSIA DE PUTIN E A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO:Joimar de Castro Menezes (Universidade São Judas Tadeu) Debatedora: Lidiane Rodrigues

19:30 hs. (CAPH): LÊNIN E A REVOLUÇÃO RUSSA: Vladimir Palmeira (Faculdades Honório Alonso) Debatedor: Francisco Miraglia

AH: Anfiteatro de História – AG: Anfiteatro de Geografia – ANS: Anfiteatro Nicolau Sevcenko – CPJ: Sala Caio Prado Júnior – SV: Sala de Vídeo – CAPH: Centro de Apoio à Pesquisa Histórica

Comissão Organizadora: Osvaldo Coggiola, Jorge Grespan, Sean Purdy, Everaldo de Andrade, Milton Pinheiro, Francisco Alambert, Angelo Segrillo, Lincoln Secco, Rodrigo Ricupero, Luiz B. Pericás, Adrián Fanjul

 

Apoio: Laboratório de Estudos da Ásia (LEA), Cátedra Jaime Cortesão, GMarx, Boitempo Editorial, Programa de Pós-Graduação em História Econômica, NEPH (Núcleo de Economia Política e História Econômica), Centro de Estudos Africanos, LUDENS (Núcleo de Pesquisa sobre Futebol e Modalidades Lúdicas), CEDHAL, CAHIS, NACI, Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (PROLAM)

Inscrições: http://cemanosrevolucaorussa.fflch.usp.br/   &nb sp;

SERÃO FORNECIDOS CERTIFICADOS DE FREQUÊNCIA




Marcelo Paiva Pereira: 'A Revolução Russa'

Marcelo Augusto Paiva Pereira – ‘A REVOLUÇÃO RUSSA’

 

Revolução russa é o nome atribuído ao período em que ocorreram duas revoluções – fevereiro e outubro – em 1917, na Rússia do Czar Nicolau II. Apesar de terem sido conduzidas pelos membros do partido social-democrata russo, se distinguiram ideologicamente por defenderem instituições e finalidades próprias.

 

A primeira, movida pelos mencheviques e liderada por Aleksandr Fiodorovitch Kerenski, aproveitou-se  da  desastrosa  campanha  das  forças  militares  russas  na  Primeira  Guerra Mundial, das greves populares, da insurreição espontânea e da renúncia do Czar Nicolau II. Nomearam o príncipe Lvov para o primeiro governo provisório (março-maio), assistido pelo conselho popular (soviet). Participavam de eleições, admitiam o partido como representante do proletariado e eventuais coalizões com a burguesia.

 

A segunda, movida pelos bolcheviques e liderada por Vladimir Ilitch Ulianov – dito Lênin –, inicialmente compôs com os mencheviques o segundo governo provisório (maio-julho) de Lvov que, demitido, deixou espaço para Kerenski tentar um governo estável (julho-outubro), sem sucesso. Lênin promoveu a revolução, extinguindo todas as instituições burguesas existentes e ocupou somente com bolcheviques os soviets espalhados pelo país. Admitiam o partido como vanguarda revolucionária do proletariado e eram contrários à existência de qualquer instituição burguesa.

 

Enquanto a primeira consistiu em uma “revolução burguesa” – nos moldes da sociedade russa da época –, a segunda foi a genuína revolução comunista, prevista pelos pensadores alemães Karl  Marx  e  Friedrich  Engels,  autores  da  obra  “Manifesto  Comunista”  (1848),  no  qual previam o surgimento de uma sociedade livre da opressão dos capitalistas sobre os trabalhadores (Marx admitia uma ditadura provisória para assegurar o sucesso da revolução, que logo após entregaria à sociedade o controle do Estado).

 

Mas, diferentemente do previsto pelos inventores do comunismo, Lênin introduziu o controle do Estado pela sociedade através do partido único, ao qual todos deviam se filiar para obter cidadania e seus efeitos: burocratizou-se o Estado Soviético criando a ditadura dos funcionários, submetendo a sociedade aos caprichos do governante e subvertendo a previsão marxista de subordinar o Estado ao controle da sociedade (essa inversão ideológica durou até a extinção definitiva da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, após o fracasso do golpe militar dos defensores do comunismo, em 1991).

 

Ao extinguir as instituições burguesas, o comunismo suprimiu a propriedade privada, a família, a identidade e a religião, para garantir ao Estado o monopólio do poder e da propriedade (estatização dos instrumentos de produção) e o controle dos indivíduos, tornando-os iguais (rotulando-os de camarada) perante o Estado.

 

A falência do Estado Soviético ocorreu pela ausência da  iniciativa  privada  –  atributo individual à produção e ao lucro – porque a qualquer Estado a finalidade única é obter o bem comum (interesse público) e não o lucro. Sem um sustentáculo econômico dinâmico a URSS se autodestruiu, desmembrou-se em diversos Estados independentes e abriu as fronteiras ao capitalismo. O sonho (de Marx e Lênin) acabou. Nada a mais.

 

Marcelo Augusto Paiva Pereira

(o autor é advogado)