Claudia Lundgren: 'Ser alado'
Ser alado
Todos me afirmaram que eu não poderia voar;
que falácia!
Eu o fiz muitas vezes, ao transpor
minhas atrozes desgraças.
Voei! Voei sim! Quando todos se recusaram
a acreditar em mim;
julgaram meu sonho impossível,
mas eu tentei mesmo assim.
Fui um ser alado ao levantar das cinzas diante
das duras provações;
e mesmo temendo as ondas nefastas do viver, não fugi
das situações.
Cheguei perto do Sol ao conquistar, na Terra,
o inimaginável;
e, quando com minhas próprias mãos, toquei
no impalpável.
Não consumiu minhas asas incorruptíveis
o calor escaldante,
e ao contrário de Ícaro, eis-me aqui,
em voos constantes.
Ausentei-me do mundo real ao escrever
aquele verso;
transportei-me para o imaginável; em quimeras,
submerso.
Voei quando decidi sair de dentro daquele
escuro quarto,
e coloquei os óculos de sol, disfarçando
os olhos inchados.
por fora, a melhor roupa; por dentro,
o coração partido;
decolei quando não me rendi; prossegui
mesmo ferido.
Voei quando não aceitei a vil realidade, movendo ferozmente
os braços;
tirei a pedra, sai da caverna, conquistei na coragem
o meu espaço.
Mentiram quando me disseram que não voam
os seres humanos,
que o solo é o seu limite; seja ousado, alce seu voo:
isto é engano!
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@hotmail.com