Jairo Valio: 'O sertanejo'
“Olha o céu sem nuvens./ Implora por chuvas que escasseiam,/ E roga a Deus que elas venham,/ Mesmo que poucas para matar a sede,/ Do gado que morre,/ Das plantas que secam,/ Dos filhos que choram.”
O sertanejo
Olha o céu sem nuvens.
Implora por chuvas que escasseiam,
E roga a Deus que elas venham,
Mesmo que poucas para matar a sede,
Do gado que morre,
Das plantas que secam,
Dos filhos que choram.
O barreiro quase secou,
E na longa caminhada,
A mulher valente,
Trouxa na cabeça,
Sem outra alternativa
Escolhe a água suja,
Que leva para a simples morada.
A terra seca vai se partindo,
No lugar onde tinha abundância,
De peixes nadando,
Mas que agora nada mais resta,
À não ser poças tão sujas,
De água barrenta,
Que serve para cozinhar a escassa comida,
E mitigar a sede da criança sofrida.
Sertanejo forte que roça o capim,
E a enxada levanta a poeira,
Da terra ressequida sedenta de água,
Aguardando a chuva que se esconde,
Pois as nuvens nem aparecem,
E o milho ralo não vinga com suas espigas,
Sem forças para brotar do caule.