Pietro Costa: 'Sibilantes silêncios'

Pietro Costa

Sibilantes silêncios

No silêncio de um olhar

Mares poéticos a navegar

 

No silêncio de um abraço

Venço ondas de cansaço

 

No silêncio de um sorriso

Todo o alento de que preciso

 

No silêncio de uma noite estrelada

Van Gogh irrompe na madrugada

 

No silêncio do mendigo de rua

A esperança que se esvai, nua

 

No silêncio da crisálida sob a flor

Uma cena bela e graciosa de amor

 

No silêncio da solitária andorinha

Um ninho de vazio que desalinha

 

No silêncio do céu ciano-índigo

A poesia se constitui como abrigo

 

No silêncio do sol a nascer

O incógnito a nos estupefazer

 

No silêncio fragoroso da lua nova

A mente se despe de pudores, inova

 

No silêncio do dente-de-leão

Sentires “devoram” nosso chão

 

No silêncio da plúmbea nuvem

Inquietações e segredos sobrevêm

 

No silêncio envolvente do mar

Um beijo com sal a nos abrasar

 

No silêncio de rios sibilantes

Filosofias e devaneios vibrantes

 

No silêncio de um poético jardim

Borboletras pousam em você e em mim

 

No silêncio do pomar orvalhado

Bem-te-vi e me vi extasiado

 

No silêncio potente do fazer literário

Avulta a cinestesia do imaginário.

 

 

Pietro Costa

pietro_costa22@hotmail.com