Verônica Moreira 'Sinto saudades'

Verônica Moreira

Sinto saudades mesmo é do feijãozinho batido da vó Cirene; do doce de leite que ela fazia e despejada na mesa de madeira e do bolinho de chuva que até hoje não vi igual!

Sinto saudades mesmo é daquele banco cumprido de madeira que ficava na varanda, ali onde eu almoçava quase sempre…

Ah!, que saudade do pé de jambo no quintal do vizinho, docinho!.. docinho!..
Como eu amava comê-los! Inesquecíveis são para mim.

Aquela cama cheirosa, cheiro de vó, cheiro de tia, cheiro de família, cheiro de amor verdadeiro; não há melhor cheiro, exceto o cheiro de mãe!

Sinto saudades mesmo é da cadeira de balanço na sala que causava disputa pra vê quem sentava primeiro; saudade do colo da vó que amava fazer-me cafuné.

É isso mesmo, saudade do que se foi, vontades que sempre voltam, liberdade, carinho, aconchego e um amor que ultrapassa o tempo.

Eis uma saudade que não me incomoda; consola…

Saudade que não quero jamais deixar de sentir.

Saudade que aperta e, ao mesmo tempo, afrouxa, que desconcerta e concerta naturalmente; saudade que deixou sementes que não param de brotar no peito; saudade de tudo que um dia foi perfeito.

 

Verônica Moreira