Pietro Costa: 'Sobre Viver'

Pietro Costa

 

Flutuação na pista

De hormônios relapsos

Bandas que tocam

Em ritmos desvairados

 

A dona daquele rebolado

Deixou o rapaz inconformado

A vista assaz desconfortável

Batom sexy, avermelhado

Minissaia, estilo despojado

Sentiu-se, assim, intimado

A chegar e dar um ultimato

 

Se usa roupas curtas

Sequer presta para ficar de pé

Se sozinha na balada

Mal intencionada mulher

Se opina em temas “masculinos”

Uma encalhada qualquer

 

São lobisomens uivando grunhidos

Bradando mimetismos sexistas

Machistas contrários às leis da vida

Profanando corpos e biografias

De olhares cegos e fundamentalistas

Estelionatários de horas afetivas

Criminosos acobertados pela hipocrisia

 

Mulheres diminuídas

A itens de cardápio

A mídia que subsidia

Clichês ultrapassados

 

A fala intimidatória

Que reprime a liberdade

A dor que castiga

Expressões de feminilidade

A escuta sonegada

Como capricho e futilidade

É sobre viver na guarda

Da sagrada privacidade

 

A liberdade é invenção feminina

Candura, respeito, vigor, empatia

Não rima com hipocrisia e posse

O machismo é escárnio e morte

 

A lua se torna de fel

Na virulência possessiva

Policiamento que fulmina

O gozo da autonomia

Matando a autoestima

Em disparos de misoginia

 

É sobre vestir o que lhe aprouver

E não ter vergonha de ser mulher

Olhar o espelho sem culpa ou dor

Abrigar no seio a totalidade do amor

 

É sobre o artifício da violência linguística

Das palavras que não deixam marcas físicas

Halo de impunidade, a aprofundar feridas

A manifestação de um nocivo paradigma

 

É sobre o pertencer a si mesma

É sobre cultuar a própria beleza

Contrapor apatia com resiliência

Decidir o que vale ou não a pena

É dar à luz a delicados poemas

Ser plena, viver a própria lenda

Transcendental

Acima de modas e de esquemas

Afinal

Estereótipos formam a violência

 

É muito mais do que sobreviver…

 

É sobre… viver!!!

 

 

SOBRE VIVIR

Traducción : Damelis Castillo

 

Fluctuación en la pista

de hormonas negligentes

Bandas que tocan

en ritmos desvariados

 

La dueña de aquel bamboleo

dejó al hombre inconforme

La vista sagaz desconfortable

Labial sexy, rojo carmesí

Minifalda simple

 

Se sintió, así, intimado

al llegar y dar un ultimátum

Si usa ropas cortas:

Ni siquiera sirve para mantenerse de pie

Si está solita en la balada:

Mal intencionada mujer

Si opina en temas “masculinos”:

Una encallada o varada cualquiera

 

Son hombres lobos aullando gruñidos

vociferando mimetismos sexistas

Machistas contrarios a las leyes de la vida

profanando cuerpos y biografías

de miradas ciegas y fundamentalistas

estelionatários de horas afectivas

criminosos encubiertos por la hipocresía

 

Mujeres disminuidas

al servicio del Menú del día

La mediática que subsidia

clichés ultrapasados

 

El comentario intimidador

que reprime la libertad

El dolor que castiga

expresiones de feminidad

El oído enajenado

como capricho y futilidad

Es sobrevivir en la guardia

de la sagrada privacidad

 

La libertad es invención femenina

candidez, respeto, vigor, empatía

No rima con hipocresía y posesión

El machismo es escarnio y muerte

 

La luna se torna de hiel

en la virulencia posesiva

Fiscalización que fulmina

el gozo de la autonomía

aniquilando la autoestima

en disparos de misoginia

 

Es sobre vestir lo que le apruebe

y no tener vergüenza de ser mujer

Mirar el espejo sin culpa o dolor

Abrigar en el  seno la totalidad del amor

 

Es sobre el artificio de la violencia lingüística

de las palabras que no dejan marcas físicas

Halo de impunidad, profundizar heridas

La manifestación de un nocivo paradigma

 

Es sobre el pertenecer a si misma

Es sobre cultivar la propia belleza

Contraponer apatía con resiliencia

Decidir lo que vale o no la pena

Es dar a luz a delicados poemas

Ser plena, vivir la propia leyenda

Transcendental

Por encima de modas y de esquemas

Al final de cuentas:

Estereotipos forman la violencia

 

Es mucho más que sobrevivir…

 

Pietro Costa

Pietro_costa22@hotmail.com

Clipe poético com tradução para o Espanhol, em parceria com a multiartista venezuelana Damelis Castillo: