Cia. Elevador de Teatro Panorâmico faz nova temporada do espetáculo infantojuvenil Caro Kafka no Teatro Cacilda Becker

Com dramaturgia de Carla Kinzo e Marcos Gomes e direção de Marcelo Lazzaratto, a peça é inspirada em um episódio real da vida do escritor Franz Kafka, relatado no livro ‘Kafka e a Boneca Viajante’, do catalão Jordi Sierra i Fabra

Depois de estrear no Sesc Bom Retiro, o espetáculo infantojuvenil Caro Kafka, que celebra os 20 anos da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, ganha uma nova temporada no Tetro Cacilda Becker, entre os dias 2 e 24 de julho, aos sábados e domingos, às 16h.

Com direção de Marcelo Lazzarato e dramaturgia de Carlo Kinzo e Marcos Gomes, a peça relata um episódio real da vida de Franz Kafka (1883-1924), um dos maiores escritores do século 20. O elenco traz Pedro Haddad, Chiara Lazzaratto e Julia Alves.

A história, que teria ocorrido no último ano da vida do escritor tcheco, foi relatada pela primeira vez pela companheira dele, Dora Dymant, e serviu como inspiração para o romance “Kakfa e a Boneca Viajante”, do escritor catalão Jordi i Fabra, que venceu o Prêmio Nacional de Literatura Infantil y Juvenil pela obra, em 2007.

Certo dia, ao passear pelo parque Steglitz, em Berlim, Kafka se depara com uma menina chorando por ter perdido sua boneca. Para tranquilizá-la, ele inventa uma história: o brinquedo não estaria perdido, mas havia feito uma viagem. Apresentando-se como “o carteiro das bonecas”, o autor diz que possui uma carta da boneca para a menina e que a entregará no dia seguinte. A partir daquele dia, o escritor produz a primeira de muitas cartas, que, por três semanas, ele entrega pontualmente àquela criança, narrando todas as peripécias da boneca, vividas em todos os cantos do mundo.

Na montagem da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, cada uma dessas cartas cria uma releitura para passagens famosas dos livros de Kafka, como “A Metamorfose”, “O Processo” e “O Castelo”, apresentando esse rico universo literário ao mini público. E aqui, ao final do espetáculo, é o escritor quem recebe uma curiosa carta.

A ideia do trabalho é, ao contar a história da boneca, misturada ao universo dos famosos livros de Kafka, apresentar à criança uma nova possibilidade de ressignificar a própria vida a partir do dado da ficção.

Caro Kafka nas palavras do diretor:

“Confesso que estou tomado pela emoção. Emoção daquelas incontroláveis de tão belas, tão singelas. E nestas breves linhas tentarei explicar o porquê:

Em 2001, encenei a primeira peça da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, uma peça voltada às crianças de todas as idades chamada ‘A Ilha Desconhecida’, baseada na obra de José Saramago. Neste mesmo ano nascia minha filha Chiara e dediquei o espetáculo a ela. Chiara, uma bebê de poucos meses, tinha cadeira cativa em todas as apresentações. Na peça, Pedro Haddad interpretava o Homem do Barco que ia em busca da sua Ilha desconhecida, uma aventura de duplo sentido: ao partir para o mundo se encontrava em si mesmo. Um ótimo enredo para um jovem ator que iniciava ali seu ofício. E os olhinhos de Chiara a enxergar tudo…

De lá para cá, muitos projetos, muitas histórias, peripécias e aventuras! Um grupo de teatro para sobreviver neste país precisa de fibra e ótimos parceiros. Os anos passaram, a Cia. Elevador projetou, construiu e acessou muitos andares; Chiara cresceu, se tornou atriz e agora, comemorando os 20 anos de existência do grupo, decidimos montar nosso segundo espetáculo voltado às crianças de todas as idades; sim, esta peça que estão prestes a assistir, Caro Kafka, um texto magnífico dos queridos e talentosos Carla Kinzo e Marcos Gomes; e nela Pedro, como Kafka, conhece uma menina chamada Pina, interpretada por Chiara, e juntos imaginam! Criam!

A menina que nasceu na Ilha Desconhecida, hoje através das cartas de Kafka, se torna uma artista. Pedro conduz Chiara na cena e ela revela a ele que o estranho pode ser familiar. Uma linda passagem de bastão que ganha ares ainda mais envolventes com a presença da incrível Julia Alves, jovem atriz que também inicia sua carreira neste trabalho. Julia interpreta Felícia, a boneca de Pina, o verdadeiro ponto de ligação entre Pina e Kafka. Nesta peça, é ela que vai para o mundo em busca de si mesma e, por meio de cartas, indica os caminhos à menina. E quantas camadas sociopolíticas ela revela! De forma simples e profunda, delicada e envolvente. E eu, diretor, pai e amigo, como bem podem imaginar, às lágrimas!” – Marcelo Lazzaratto.

Cia. Elevador de Teatro Panorâmico

A Cia. Elevador de Teatro Panorâmico é um núcleo permanente de investigação em linguagem teatral fundado em 2000 na cidade de São Paulo. Apropriando-se dos mais diversos temas, dialoga diretamente com o homem contemporâneo, estabelecendo um trabalho de pesquisa e criação, propondo a junção da verticalidade dessa pesquisa com a horizontalidade de sua abrangência ao público.

Ao longo de 22 anos de trajetória, a Cia. desenvolveu um repertório de 16 espetáculos – que cumpriram temporada e se apresentaram em diversas cidades brasileiras e participaram de inúmeros festivais -, além de organizar oficinas, cursos, encontros, seminários, workshops e mostras. Desde 2006 mantém uma sede, o Espaço Elevador, teatro que se propõe como centro gerador e propagador de cultura, ampliando o diálogo entre artistas da cena e nossa cidade. Hoje a Cia. – por onde já passaram mais de 50 artistas -, é constituída pelo diretor artístico, Marcelo Lazzaratto e por Carol Fabri, Pedro Haddad, Rodrigo Spina, Tathiana Botth e Thais Rossi.

Sinopse:

Caminhando solitário por um parque, o escritor Franz Kafka nota uma menina que chora, sentada em um banco. Ele se aproxima e pergunta o motivo de sua tristeza. A menina Pina lhe responde que sua boneca, Felícia, havia sumido. Comovido, ele inventa que a boneca não desapareceu, mas fez uma viagem –, e se apresenta como “o carteiro das bonecas”. A partir desse dia, ele passa a trazer, semanalmente, cartas da boneca viajante para a criança, contando suas aventuras pelo mundo – até que um dia, o próprio Kafka recebe uma curiosa carta. Neste trabalho, trechos de alguns de seus livros mais importantes, como A metamorfose, O processo e O castelo, que marcaram a visão de mundo do século 20 (e do século 21), entrarão transversalmente na trama do texto, a ser criada a partir de um episódio singular da vida do escritor.

Ficha Técnica:

Dramaturgia: Carla Kinzo e Marcos Gomes

Direção: Marcelo Lazzaratto

Elenco: Pedro Haddad, Chiara Lazzaratto e Julia Alves

Iluminação: Marcelo Lazzaratto

Cenário: julio Dojcsar

Figurino: Silvana Marcondes

Música original: Dan Maia

Técnicos de Som: Anderson Moura e Gabriel Bessa

Técnico de Luz: Lui Seixas

Contrarregra: Edmo Rocha

Costureira: Atelier Judite de Lima

Cenotécnico: Fernando Lemos (Zito)

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Projeto Gráfico: Alexandre Caetano / Oré Design Studio

Fotografia: Andreia Machado

Administração de Projeto: Carolina Fabri

Produção executiva: Marcelo Leão

Produção: Anayan Moretto

Realização: Cia. Elevador de Teatro Panorâmico

Serviço

Caro Kafka, da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico

Temporada: 2 a 24 de julho, aos sábados e domingos, às 16h

Teatro Cacilda Becker – Rua Tito, 295, Lapa

Ingressos: 

  • 2 e 3 de julho: grátis

  • 9 a 24 de julho: R$ 18

Grátis sempre para crianças abaixo de 12 anos. 

Classificação: livre. Recomendado para crianças a partir de 5 anos

Duração: 60 minutos

Capacidade: 198 lugares




Com texto de Fernando Bonassi e direção de Alexandre Brazil, espetáculo Maria da Escócia estreia no Teatro Cacilda Becker

Ao propor encontro fictício entre as rainhas Elizabeth I e Mary Stuart, a peça cria uma discussão sobre as relações de poder e o que é preciso para a sua manutenção

O conflito que existiu entre as rainhas e primas Elizabeth I (1533-1603) e Mary Stuart (1542-1587) é pano de fundo para uma discussão sobre as relações de poder no espetáculo Maria da Escócia, com dramaturgia de Fernando Bonassi e direção de Alexandre Brazil. A peça, estrelada por Bete Dorgam e Kátia Naiane, é inspirada no texto “Mary Stuart” (1800), do alemão Friedrich Schiller. A estreia acontece no dia 17 junho no Teatro Cacilda Becker.

O espetáculo, que teve uma versão audiovisual online bem diferente, é o segundo trabalho de Alexandre Brazil que nasce de uma investigação sobre rainhas renascentistas. De acordo com o diretor, o primeiro desses trabalhos foi “O Sorriso da Rainha” (2018), sobre a própria Elizabeth I, e ele ainda planeja montar uma peça sobre Ana Bolena (1501/1507-1536), a mãe dessa monarca.

“A pesquisa nasceu da minha paixão por William Shakespeare, que eu considero o maior dramaturgo que já existiu. Eu já montei nove espetáculos do bardo e, em todos esses trabalhos, ele menciona figuras fascinantes dessa História renascentista. A própria Elizabeth I foi a grande mecenas de Shakespeare e da companhia dele, responsável pela prosperidade que ele teve em vida. E essas rainhas são figuras que têm em suas trajetórias fatos extremamente teatrais. É isso que me interessa”, explica Brazil.

O contexto

A peça, que não se propõe a ser biográfica, parte da disputa pelo trono na Inglaterra entre as rainhas Elizabeth I e Mary Stuart. Única herdeira legítima do rei Jaime V da Escócia, Mary assumiu o trono aos 6 anos, teve vários maridos e sempre atuou apenas como a rainha consorte (o equivalente à primeira-dama), sem exercer efetivamente o poder.

Considerada pelos católicos ingleses como a legítima soberana da Inglaterra, já que Elizabeth I era filha bastarda do rei Henrique VIII, ela esteve envolvida com uma revolta conhecida como Rebelião do Norte e tentou depor a própria prima para assumir o poder em seu lugar. Vendo-a como uma real ameaça, Elizabeth I aprisionou-a em vários castelos e mansões no interior do país. E, depois de 18 anos, Mary foi condenada por tramar o assassinato da prima – dentro da própria prisão. É decapitada em 1587, aos 44 anos.

Já Elizabeth I, que é conhecida como a “A Rainha Virgem” por nunca ter se casado, assumiu o reinado aos 25 anos, depois de uma longa briga pela sucessão do trono desencadeada pela morte de seu irmão Eduardo VI. Ao contrário de sua grande rival, ela exerceu ativamente o poder e abriu mão de se casar e ter filhos para continuar com sua soberania. Ela também é considerada uma das rainhas mais prósperas, responsável por conduzir a monarquia inglesa por sua chamada ‘Era de Ouro’.

A encenação

O espetáculo propõe um encontro fictício entre Maria e Elizabeth I, às vésperas da execução da primeira. Enquanto Maria tenta convencer a prima a não cortar sua cabeça por conspiração, Elizabeth procura motivos para não ter efetivamente que fazer isso e ainda continuar no poder.

Ao público, cabe assumir uma posição diante desse conflito. “Tomamos bastante cuidado para não retratar Elizabeth I como tirana na nossa peça. O público vai compreender que as duas tiveram sua responsabilidade no desfecho. As personagens tentam se entender. Elizabeth precisa decidir o que fazer com o destino da prima como uma questão de estado, porque a situação está insustentável e ela está sendo pressionada. Imagine o que é para uma rainha ter que mandar decapitar a outra”, indaga Alexandre Brazil.

Em cena, as rainhas estão separadas por uma cerca, que, ao contrário de uma grade de prisão medieval, lembra um presídio de segurança máxima. “É interessante que, no começo do espetáculo, o público talvez se pergunte: quem está realmente presa? E, de certa maneira, as duas estão aprisionadas. A Maria, literalmente, e a Elizabeth I, por todas as questões que ela precisa lidar para se manter no poder”, revela o diretor.

Já os figurinos preservam a ambientação do século 16, mas vão sendo ligeiramente “desmontados” ao longo da peça, tornando-se um pouco mais atemporais. Esse efeito também está presente em outros elementos da montagem com a proposta de mostrar que essa história poderia ser atemporal.

“Não queremos exatamente traçar paralelos explícitos com o que se passa hoje no Brasil. O que é fundamental e nos impressiona é como as relações de poder pouco mudaram do século 16 para cá. Queremos discutir o quanto esse poder, quando mal usado, pode ser avassalador para o povo e para os próprios governantes. É claro que estamos falando de outro sistema, a monarquia, mas acho importante olharmos para as questões políticas do passado e percebermos como tudo é muito parecido com o que temos hoje”, acrescenta.

Outro tema importante ao redor da peça é a questão do gênero. “É preciso considerar a depreciação da mulher. Quando olhamos para essas duas rainhas do século 16 ficamos impressionados, mas elas foram colocadas nesse lugar de poder por homens e elas estão cercadas por eles o tempo todo. Elizabeth consegue romper parcialmente com isso, mas, na peça, não consegue ter um companheirismo e o que hoje chamamos de sororidade com a própria prima, pois ela é pressionada a executá-la”, reflete o diretor.

Sinopse

O espetáculo propõe um encontro fictício entre Maria e Elizabeth I, às vésperas da execução da primeira. Enquanto Maria tenta convencer a prima a não cortar sua cabeça por conspiração, Elizabeth procura motivos para não ter efetivamente que fazer isso e ainda continuar no poder.

Ficha Técnica

De Fernando Bonassi

Inspirado e baseado na obra “Mary Stuart” de Friedrich Schiller

Idealização e Direção: Alexandre Brazil

Co-Direção: Cacau Merz

Elenco: Bete Dorgam e Kátia Naiane

Cenário/Cenografia e Adereços: Mateus Fiorentino Nanci e Megamini

Música Original: Dan Maia

Iluminação: Felipe Tchaça

Figurino: Alexandre Brazil

Gola Rufo: Marichilene Artisevskis

Visagismo: Sergio Gordin e Carmen Silva

Assistente de Visagismo: Leninha Uckerman

Costura de Figurinos: Judite de Lima, Glória Amaral, Lili Santa Rosa e Maria Lúcia

Fotografia: Philipp Lavra

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Produção Gráfica e Mídias Socias: Felipe Apolo

Produção Executiva: Escritório das Artes

Coordenação de Produção: Maurício Inafre

Direção de Produção: Alexandre Brazil

Gestão de Produção: Escritório das Artes

Realização: Alexandre Brazil da Silva – “Este projeto foi contemplado pelo EDITAL DE APOIO A PROJETOS CULTURAIS DESCENTRALIZADOS DE MÚLTIPLAS LINGUAGENS — Secretaria Municipal de Cultura”

Serviço

Maria da Escócia, de Fernando Bonassi

Temporada: 17 a 26 de junho

Às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h.

Teatro Cacilda Becker – Rua Tito, 295, Lapa

Ingressos: R$10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia-entrada)

Vendas online: através do site Sympla e 01 horas antes do início do espetáculo diretamente na bilheteria.

Duração: 60 minutos

Classificação: 14 anos

Capacidade: 198 lugares




Coletivo Labirinto estreia o espetáculo 'Mirar: Quando os olhos se levantam', com dramaturgia e direção de Jé Oliveira

Mirar: Quando os olhos se levantam estreia dia 25 de março de 2022 para temporada gratuita no Teatro Cacilda Becker

O que pulsa a América Latina? É sobre esta pergunta que o Coletivo  Labirinto tem se debruçado nesta etapa de sua viagem estético-política, buscando rotas cênicas no sentido da discussão, da reelaboração, da luta e do sentido da presença em nosso continente. Depois de uma série de trabalhos em que levou à cena textos elaborados no além das fronteiras brasileiras– passando por dramaturgias de Argentina, Uruguai e Chile, por exemplo – a mirada agora é para dentro, tentativas de se (auto) reconhecer nas palavras, limites, histórias, dores, cores e tremores deste corpo e chão comuns, que são nosso continente.

MIRAR: QUANDO OS OLHOS SE LEVANTAM estreia dia 25 de março de 2022 para temporada gratuita no Teatro Cacilda Becker. O texto e a direção são de Jé Oliveira e o elenco é formado por Abel Xavier, Carol Vidotti, Emilene Gutierrez e Lua Bernardo (musicista).

Sipnose

Quatro caminhantes percorrem lugares e histórias da América Latina em uma espécie de busca-viagem por pertencimento. O espetáculo lança mão de expedientes contemporâneos para revelar o lastro da colonização, celebrar a potência da diversidade dos povos, e refletir aspectos contraditórios do nosso continente para mirar além das fronteiras.

O espetáculo é parte do encerramento do projeto “Histórias de Nossa América”, contemplado pela 35ª edição da Lei de Fomento para a cidade de São Paulo. Dessa forma, carrega um lastro de pesquisa e criação assentado, marcadamente, pelo encontro e fricção da dramaturgia com e na cena contemporânea.

A palavra como fisgada para um horizonte im(possível), a poesia dramatúrgica brasileira no encontro com a ação e inação de cada dia. O objeto disparador deste processo criativo foi o livro Crônicas de Nuestra America, escrito por Augusto Boal e publicado em 1977. A obra reúne dez crônicas que versam sobre situações, ambiências e personagens  tipicamente latino-americanas, observadas e colhidas pelo diretor e dramaturgo desde sua saída do Brasil, em 1971, reflexo do endurecimento da ditadura militar em nosso país. Em diálogo com o contexto e conteúdo da obra de Boal, o Coletivo Labirinto propôs, neste processo de criação, um passeio sobre as atuais crônicas deste continente tão cheio de saques históricos, personalidade e contradições. A América Latina da década de 1970 em contágio e contato com o ano de 2022.

Para esta jornada, o Coletivo encontrou na parceria com o diretor e dramaturgo Jé Oliveira uma potente interlocução acerca de debates e necessidades estéticas e sociais, desenvolvendo conjuntamente um esquema de trabalho fortemente colaborativo e sensivelmente político.

Em sala de ensaio, toda a equipe artística desenvolveu uma série de procedimentos improvisacionais  e de composição cênica que levantaram temáticas, caminhos dramatúrgicos e de encenação. O resultado é um espetáculo que mistura códigos expressivos baseados na relação com o espaço poético, com a musicalidade e símbolos visuais latinos e com a palavra na fronteira entre a postura épica e a vocação lírica. Tudo isso com vistas ao encontro de uma América Latina viva, diversa, corajosa e, espera-se, um pouco mais real. Quatro artistas em cena, outros tantos na bagagem, e um desejo de lançar miradas mais adiante, mesmo que para dentro.

Desde sua fundação em 2013, o Coletivo Labirinto tem como pesquisa o olhar para as relações do sujeito com o seu panorama social através da dramaturgia latino-americana contemporânea. Neste trabalho a noção de sujeito e dramaturgia se voltam para nós mesmos, brasileiras e brasileiros ensaiando uma viagem e uma investigação sobre o que é ser latino-americano. Apostando no tenso limiar entre a necessidade da denúncia e a carência do anúncio, o teatro é, mais do que nunca, um lugar de onde se vê.

Palavras do diretor e dramaturgo

“Partindo de provocações cênicas tendo como base, num primeiro momento, o livro “Crônicas de Nuestra América”, escrito por Augusto Boal no exílio em 1971, o processo criativo levantou cenas que buscassem um mapeamento de acontecimentos sínteses de uma relação verificável e sintomática do nosso modo de se portar no continente latino-americano. Alguns lugares da América do Sul nos conduzem geograficamente por encontros com pessoas reais e ficcionalizadas, na intenção de refletirmos acerca da nossa contraditória condição de potencialidades humanas e saques históricos, fruto da colonização e genocídio dos povos originários presentes em nosso continente. Em diálogo e como complemento destes primeiros expedientes, foram investigados também dispositivos contemporâneos que contivessem um poder de síntese capaz de auxiliar na explicitação dos nossos posicionamentos críticos perante os entendimentos e impasses da nossa atual situação artística, social e política. “MIRAR: QUANDO OS OLHOS SE LEVANTAM” busca, desta forma, reconhecer, integrar e efetivar, seja no campo do simbólico ou no campo concreto das possibilidades, um movimento de “tirar os olhos do Atlântico”, assim como quem busca contato, arribando as vistas, mirando e elaborando um gesto cênico de ação para a construção de um pertencimento mais efetivo. Vislumbramos e buscamos, com base nas proposições cênicas deste trabalho, uma possibilidade de futuro menos móvel e mais integrado com a potência dos povos que integram a nossa América Latina.” – Jé Oliveira.

O Coletivo Labirinto nasceu em 2013, no ano das emblemáticas manifestações políticas pelo preço do transporte público (e que logo em seguida se pasteurizam em reivindicações genéricas e pouco objetivas), e acompanhou a transformação dos processos sociais no Brasil que culminaram na deposição da ex-presidenta Dilma Rousseff em 2016, no avanço das pautas neoliberais e na discussão um tanto incerta sobre os rumos políticos do país.

O grupo pôde, com isso, perceber semelhanças entre essa trajetória e a de seus países vizinhos – com disputas políticas igualmente polarizadas, avanço de medidas econômicas similares e o crescimento de um pensamento conservador também assentado na moral. Dessas observações e vivências – no cotidiano e nas suas ações criativas -, conseguiu amadurecer a necessidade de entender-se como brasileiro e latino-americano, não uma coisa pela outra.

Duração

80min

Classificação

14 anos

Ficha Técnica

DIREÇÃO, DRAMATURGIA E TEXTOS: Jé Oliveira

ARTISTAS CRIADORES: Abel Xavier, Carol Vidotti, Emilene Gutierrez e Lua Bernardo (musicista)

ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO: Éder Lopes

INTERLOCUÇÃO ARTÍSTICA : Georgette Fadel e Wallyson Mota

DIREÇÃO MUSICAL: Maria Beraldo

VÍDEOS E PROJEÇÕES: Laíza Dantas

ILUMINAÇÃO: Wagner Antônio

FIGURINO: Éder Lopes

TEXTO ÁUDIO: Abel Xavier e Jé Oliveira

INTÉRPRETE DE LIBRAS: Fabiano Campos

DESIGNER GRÁFICO: Alexandre Caetano – Oré Design

ASSESSORIA DE IMPRENSA: Pombo Correio

FOTOS: Mayra Azzi

ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO: Luiza Moreira Salles

PRODUÇÃO EXECUTIVA: Coletivo Labirinto

DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Carol Vidotti

Serviço

TEATRO CACILDA BECKER

DATAS: 25/03 a 17/04

HORÁRIO: Sexta e Sábado às 21h e Domingo às 19h

Dias 08, 09 e 10 de abril com intérprete de LIBRAS.

VALOR DO INGRESSO: Gratuito – presencial

Mais informações em: www.coletivolabirinto.com.br

@coletivo.labirinto