Experiência e teoria na equipa de trabalho

Diamantino Loureiro Rodrigues de Bártolo: Artigo ‘Experiência e teoria na equipa de trabalho’

Diamantino Bártolo

Na conceção de um projeto que vise alcançar o poder, é fundamental, como primeira medida, constituir uma equipa que ofereça garantias de moderação, de compreensão das situações e resolução justa das mesmas e, tanto quanto possível, favorável às vítimas de situações complexas, tal como para nós desejaríamos. Quem exerce um qualquer tipo de poder, tem a obrigação de ser equitativo, tolerante e solidário, porque de facto: “As pessoas terão de compreender que somos todos iguais, que somos todos o mesmo, que todos nós lutamos por um pouco de paz, de felicidade e segurança no nosso quotidiano.”

A constituição de equipas, para determinadas instituições e cargos, revela-se, muitas vezes, de extrema complexidade, precisamente porque a ânsia: de notoriedade, de protagonismo e vaidade, sobrepõe-se aos legítimos interesses de quem vai estar sob a alçada deste poder, seja ele de que natureza for: político, religioso, militar, instituições, empresas e quaisquer outros.

O líder tem de se rodear de pessoas simples, equilibradas, prudentes, humildes e, se exequível, sábias, que realmente saibam o que é a vida real: fora da proteção dos progenitores, dos padrinhos, das universidades, dos apoios sociais. O líder deve ter o cuidado de escolher pessoas que tenha códigos de ética e deontológicos, bem definidos, esclarecidos e demonstrados, que saibam avaliar as dificuldades de quem nunca foi protegido, beneficiado e privilegiado.

Uma equipa de trabalho, habitualmente, tem uma liderança, que responde hierárquica, e/ou publicamente, muito embora deva existir solidariedade e corresponsabilização nas medidas tomadas, nos atos praticados e nas consequências verificadas. Por isso, cada elemento deve assumir as suas funções com rigor, competência, permanente atualização e ética nos diversos domínios da sua profissão, porque: «A consciência plena é a prática de estarmos cientes do que estamos a dizer e a fazer. Quanto mais conscientes estivermos dos nossos pensamentos, palavras e ações, mais concentração desenvolveremos.» (HANH, 2004:24).

É notório que a experiência adquirida na “Universidade da Vida Real” é muito importante, não a única, para se saber analisar, e resolver situações que afetam as pessoas. Independentemente dos títulos académicos, que naturalmente são valorizados, honoríficos e sociais, o grau de “Doutor” com especialização em “Experiência de Vida Complexa e Responsável” é, igualmente, muito útil, para se ter mais possibilidades de governar bem uma instituição, uma comunidade, um povo, de resto, já reza a velha sabedoria popular: “Quem não sabe obedecer, não sabe mandar”; “Diz-me com quem andas; dir-te-ei quem és”; “Nunca sirvas a quem não soube servir, nem peças a quem foi ingrato”.

O exercício de funções executivas, ou de grande simbolismo, ou ainda de uma atividade, cujos profissionais, têm de tomar decisões, das quais, muitas vezes, depende o futuro de uma pessoa, de uma família, instituição ou de uma comunidade, supõe, realmente, pessoas muito equilibradas, humanas, que tenham conhecimento direto da vida real, seria conveniente que fosse assumido por pessoas a partir de uma certa idade. A título de exemplo, destaca-se, o exercício das funções de Presidente da República, cuja idade mínima, para o exercício do cargo, é constitucionalmente estabelecida, para pessoas com mais de 35 anos de idade, ou de juízes, de cujas decisões depende o futuro de uma pessoa, de uma família, de uma empresa e até de uma comunidade inteira.

Exercer funções executivas públicas, (não se invoca a maturidade em função da idade, nem outras qualidades, as quais se encontram em idades ainda jovens como, eventualmente, não se verificam em idades mais avançadas) aconselha, portanto, uma certa cautela, até porque antes de se chegar a tais responsabilidades, há muitos outros cargos que até podem servir de preparação.

Em tudo na vida deverá haver uma teoria, uma aprendizagem, uma prática que confere alguma experiência, se se quiser, “a escada da vida”, a qual se deveria subir a “pulso”, sem “redes”. É aqui que reside o mérito e a segurança de quem vai depender dessas pessoas, quando elas atingirem o cume das suas carreiras.

Bibliografia.

BRIAN L. Weiss, M.D. (2000). A Divina Sabedoria dos Mestres. Um Guia para a Felicidade, Alegria e Paz Interior. Tradução, António Reca de Sousa. Cascais: Pergaminho.

HANH, Thich Nhat, (2004). Criar a Verdadeira Paz. Cascais : Pergaminho

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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