Pedro Novaes: 'Atentados'

Pedro Israel Novaes de Almeida

ATENTADOS

 

A humanidade passa por uma crise de intolerância e violência.

Na verdade, jamais estivemos livres de tais infortúnios, mas, com a globalização da mídia, tomamos conhecimento de qualquer atentado, ainda que distante. A intensa, e por vezes abusiva e exagerada cobertura dos atos de violência, tem o condão de incentivar atentados, em milhões de mentes insanas, por perambulam por aí.

No Brasil, recentes atentados ocorreram em escolas, igrejas, cinemas e shoppings, deixando grande número de vítimas. Em nosso meio, os atentados são praticados mais por insanidades que movidos por alguma estranha ou radical ideologia.

O terrorismo clássico atentava contra mandatários e contra símbolos e estruturas necessárias ao regime que combatia. Com a banalização dos atos, passou a atentar contra a tranquilidade e rotina dos povos.

Os atentados exigem, como resposta, intensa investigação policial, além da implantação de estruturas e sistemas de segurança que dificultem–lhes a repetição. Ocorre que a segurança tem seu preço, e gera mais um ônus a ser suportado pela população.

A resposta mais civilizada e inibidora que uma sociedade pode dar aos atentados é manter a rotina e hábitos, com aporte adicional de segurança. Os atentados insanos podem ocorrer em qualquer hora e lugar, e em alguns locais a sensação de insegurança é constante, pelo risco de uma bala perdida, em pleno domicílio.

Nossas escolas são, de fato, carentes de estruturas e sistemas de segurança. Na maioria delas, o acesso é livre e são raras as que contam com pessoal especializado em prevenir e responder a ataques.

As multidões que frequentam nossas escolas exigem, dos governos, ações que imprimam alguma segurança e cautela ao ambiente. Presidente, governadores e prefeitos podem, cada qual em seu âmbito, adotar medidas preventivas.

Países desenvolvidos monitoram indivíduos suspeitos, ou com histórico de violência, e mesmo assim acabam sofrendo um ou outro atentado. A insanidade humana nem sempre é visível, e manifesta-se de maneira imprevista, em pessoas aparentemente pacatas e ordeiras.

A cada atentado, surgem e são propalados argumentos pró-desarmamento generalizado, medida que jamais dificultou o acesso a armas, por parte de insanos. Curiosamente, muitos líderes de movimentos contrários à posse de armas contam com seguranças legalmente armados.

Os atos de violência podem surgir em todos os ambientes, e frequentam os noticiários de cada dia. Cautelas são necessárias, mas não devem ser alçadas a nível de neurose.

Locais de aglomeração humana, em nosso meio, ainda seguem desprotegidos, como se habitássemos o paraíso. Rondas, ainda que frequentes, pouco previnem, e são referidas à exaustão, pelos que deveriam cuidar da segurança coletiva, e não o fazem.

 

 

Pedro Israel Novaes de Almeida

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

 




Artigo de Celso Lungaretti: 'QUEM JUSTIFICOU A CHACINA DO 'CHARLIE HEBDO' É CÚMPLICE MORAL DO MASSACRE DE ORLANDO'

CELSO LUNGARETTI: ‘OS TERRORISTAS ISLÂMICOS SÃO RÉPROBOS DA HUMANIDADE!’

 

 


Orlando, EUA: 50 mortos em nome da volta à Idade Média.
Meus leitores habituais já sabem que tenho ojeriza profunda aos fanáticos religiosos que exumaram e exacerbaram o terrorismo clássico. Vale a pena explicar os motivos.
Ao contrário de considerável parcela dos articulistas ditos de esquerda, li muito Marx, Engels, Lênin e Trotsky nos meus anos de formação política. E aprendi que a abolição do capital e o fim da sociedade de classes seriam o coroamento da marcha civilizatória, o final de uma longa caminhada das trevas para as luzes, do tacão da necessidade para a plenitude da liberdade.
Então, como os autores citados, só posso considerar patética a tentativa de fazer o relógio da História retroceder à Idade Média, quando os pastores de cabras aceitavam que a idiotia religiosa regesse cada esfera da vida social e da moral individual, e acreditavam que dizimar infiéis lhes abriria as portas do paraíso.
Barbárie cega e faca amolada
Desde o aiatolá Khomeini, sou totalmente contrário ao oportunismo da má parte da esquerda que, trocando o marxismo pela geopolítica, alinha-se com os inimigos da civilização, apenas porque, casualmente, estão na contramão de EUA, Israel, França ou qualquer outro vilão da vez.
Quem justificou a chacina do Charlie Hebdo é cúmplice moral da matança na cidade estadunidense de Orlando. Considero simplesmente aberrante a esquerda, filha do iluminismo, dar as mãos a quem quer anular o iluminismo e todas as suas consequências!
Também me irrita profundamente a forma como os terroristas de Alá ajudam a indústria cultural a incutir no cidadão comum a paranoia face aos diferentes. Num momento em que o capitalismo putrefato o expõe aos piores rigores econômicos e à vingança da natureza, a existência de um bicho papão é mais do que conveniente para quem pretende mantê-lo submisso e conformado, encarando as catástrofes climáticas como fatalidades, a desigualdade como ordem natural das coisas e a polícia como protetora, suportando sem chiar as  agruras nossas de cada dia.
Morticínios fazem lembrar os horrores nazistas
O que a indústria cultural insidiosamente incute nos seus públicos, martelando sem parar? A sensação de que tudo vai bem na vidinha de todos até que surge qualquer ameaça externa, como assassinos seriais, zumbis ou… terroristas. Os papalvos devem prezar a normalidade e temer unicamente aquilo que a quebre. É onde se encaixam, como uma luva, as bestiais matanças perpetradas pelo Estado Islâmico.
Desconheço autoproclamados inimigos do sistema mais convenientes para o dito cujo do que os carniceiros de Alá. O ataque pirotécnico da Al Qaeda ao WTC deu pretexto a uma longa e terrível temporada internacional de estupro dos direitos humanos, da qual finalmente estávamos emergindo quando o EI entrou em cena para fornecer novos e valiosos trunfos propagandísticos para os trogloditas da direita. Se depender dos jihadistas, a guerra ao terror nunca acabará.
Por último, os verdugos de Alá, com seus atentados covardes contra civis e suas repugnantes execuções de prisioneiros, agridem de tal forma a sensibilidade dos cidadãos equilibrados que facilitam a disseminação de preconceitos contra qualquer forma de resistência armada a governos totalitários.
Execução por apedrejamento: crueldade extrema!
A direita deita e rola nesse clima de rancor cego, que propicia a satanização dos combatentes que, em situação de extrema inferioridade de forças, desafiaram heroicamente o terrorismo de estado nos anos de chumbo; propiciou a satanização de Cesare Battisti, mediante a afixação de um rótulo que nem sequer fora utilizado no momento dos acontecimentos (a Justiça italiana não o acusou nem condenara como terrorista). Serviu para socar-nos goela adentro uma lei que permitirá enquadrar as mais inofensivas formas de protesto como crimes gravíssimos.
Sou veterano de uma organização armada que erigia como inimigos apenas os torturadores, assassinos e dirigentes da ditadura militar, fazendo tudo para evitar que civis e os inconscientes úteis apanhassem as sobras dos confrontos. Preferíamos sacrificarmo-nos do que sacrificar os inocentes. Então, é chocante ao extremo para mim constatar a falta de um mínimo resquício de solidariedade, de compaixão, de empatia com outros seres humanos, nesses autômatos de Alá.
Os atentados do ano passado em Paris e o que acaba de ser desfechado em Orlando foram típicos de nazistas, de psicopatas! Os que matam humoristas por fazerem blague com a sisudez dos fanáticos e homossexuais porque encontram o amor de uma forma diferente da prescrita por um mercador em meio à barbárie e às trevas do primeiro milênio, não passam de réprobos da humanidade!
Há 6 meses em Paris: restaurantes como alvos!
A abordagem psicanalítica do escritor português João Pereira Coutinho (vide íntegra aqui) tem tudo a ver:
…quando olho para o rosto dos terroristas, o que vejo é a felicidade da matança. Eles não matam apenas por uma religião (que mal estudaram) ou por razões geopolíticas (que nem sequer entendem).
Eles matam porque gostam de matar… A parte bestial do ser humano não pode ser abolida da nossa natureza… Quando provamos a loucura da guerra, emergimos como o primeiro homem, o homem das cavernas.
…embalados pelo conforto da paz, somos incapazes de entender, muito menos aceitar, a felicidade (…) de homens como nós que provaram e gostaram do sangue. E que exatamente por isso querem mais e mais e mais –até que a morte nos separe.



Artigo de Pedro Novaes: 'Terror'

 Pedro Israel Novaes de Almeida: ‘TERROR’

 

colunista do ROL
Pedro Novaes

A luta contra o terrorismo tem, como primeira vítima, os direitos e garantias individuais.

É dificílimo, quase impossível, aos governos, evitar crimes praticados por pessoas que compõem a paisagem, sem fardamentos. Interessa ao terror liquidar a tranquilidade e paz sociais.

Houve um tempo em que os terroristas eram regidos pelo princípio universal da sobrevivência. Hoje, explodir a si próprio, em meio à multidão, é a afirmação inconteste da virulência e radicalismo de qualquer crença ou descrença.

Crenças ou descrenças irreversivelmente enraizadas, capazes de matar por degola qualquer pessoa, de recém nascidos a idosos, operam o último estágio da selvageria humana, em que a vida alheia nada vale. O terror tem como combustível o ódio e a intolerância extrema, além de certa dose de desequilíbrio mental.

Ambientes já vitimados por atos terroristas tornam-se repletos de apreensão e desconfiança mútua, com o inevitável surgimento de preconceitos e atos de hostilidade, em regra religiosos, ideológicos ou étnicos.

O combate ao terrorismo corrói a economia dos países, pois exige contingente cada vez mais numeroso e operações cada vez mais sofisticadas e dispendiosas. Não é uma guerra franca.

A etapa mais dificultosa do combate é identificar tendências e posturas individuais, talvez identificadoras de processos de doutrinação. Ocorre que nem sempre a doutrinação apresenta sintomas externos, e a selvageria surge de repente, em pessoas aparentemente normais, até pacatas.

A sociedade, com prejuízos à qualidade de vida, vai amoldar-se ao perigo de um ato terrorista, seja praticado por um atirador solitário que invade uma escola ou por grupo organizado que implode um avião ou um centro de convivência.

As multidões que perambulam mundo afora, pouco respeitadas, fugindo da fome, ditadores e terroristas, documentam a crua realidade do mundo atual. Estamos, todos, a mercê de mentes doentias e regimes espúrios.

A mais salutar e patriótica resposta da sociedade, às ações terroristas, é prosseguir em suas rotinas e hábitos, mesmo temerosa e intimidada.

Adotadas as cautelas próprias dos organismos de segurança, a sociedade deve considerar a ação terrorista como um raio, que pode cair a qualquer tempo e lugar. O raio nunca é benvindo, e não consta que Deus seja terrorista.

Desarmar os ânimos, conter intolerâncias, aumentar o conteúdo humano das relações sociais e evitar radicalismos é um bom começo de enfrentamento do terror.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.




Artigo de Celso Lungaretti: 'A lição de carnificina de Paris: o Estado Islâmico é uma abominação!'

A LIÇÃO DA CARNIFICINA DE PARIS: O ESTADO ISLÂMICO É UMA ABOMINAÇÃO!

Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia

Nenhuma causa justifica a matança de civis. Nenhuma!

Nós, revolucionários, encaramos a luta armada como uma luta política travada também, quando imprescindível e inescapável, por meio das armas.

É um recurso válido para combatermos inimigos que exerçam o terrorismo de estado e mantenham sua dominação mediante o uso desmedido da força, mas os alvos têm de ser sempre os combatentes contrários, não donas de casa, velhos, crianças, cegos, aleijados e outros indefesos.

O Estado Islâmico é uma abominação! Não passa de um instrumento bestial de vingança, que jamais libertará povo nenhum e vai causar uma imensidão de mortes inúteis até ser neutralizado.

 

De quebra, acaba de fornecer pretexto para uma nova escalada de assassinatos, torturas e ilegalidades, como a guerra ao terror subsequente ao atentado contra o WTC.

Nenhum revolucionário deve tomar o partido do EI nem relativizar suas carnificinas, pois estará se acumpliciando com a barbárie.

Existimos para conduzir a humanidade a um estágio superior de civilização, não para devolvê-la às trevas medievais.

 

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