Na sombra da escrita, meu coração a pulsar, É melodia que o silêncio vem guiar, Segue a rota em um caminho sem destino, Onde ideias brotam, ainda sem fio.
Do nada, surgem notas a brincar, Criam versos, textos, no ar a pairar, E eu, perplexo, vejo a mágica acontecer, Escrevo palavras sem mesmo entender.
Quem sou eu, a inspiração divina a evocar, Um simples bailado de versos no ar? Não é especial, nem poeta me julgar, Apenas alguém que as palavras vêm desafiar.
É um privilégio ter a sorte da criação, De brincar com a semântica, com dedicação, Com a dança das metáforas e rimas a embalar, Na insignificância, a beleza encantar.
O que me traz aqui agora é a necessidade de expressar-me, é essa respiração ofegante, essa confusão insistente em minha mente que vem e se faz sempre presente.
O que me faz escrever agora é a aflição de minhas mãos que não querem parar de escrever; é a inquietude dos pés que caminham pela casa pra lá e pra cá, incansavelmente.
Pronto! Algo já começa a mudar…
Finalmente consigo parar um pouco, aquietar-me, tranquilizar-me, mas, sem parar de escrever, ainda escrevo o que sinto…
O que faz-me parar agora é perceber que, ao escrever, vou colocando pra fora tudo que me perturba; tudo que me fadiga e tudo que me instiga; vou me libertando a cada estrofe…
Agora, já me sinto mais leve, a respiração mais suave e os passos mais leves!
Meu coração já se acomoda dentro de mim, ele se acalma e adormece enquanto escrevo.
Já posso pensar em terminar o que comecei sem medo, o desespero se foi e percebo como a poesia me liberta, envolvendo-me e acrescendo-me, sou terra sedenta, mas não morta!
Posso beber meus goles de poesia e me derramar nas entrelinhas até extasiar-me de amor na leveza de seus versos curandeiros.
Ah, se o mundo soubesse o poder libertador que há na escrita, faria da vida um livro cheio de milagres revelados e eternizaria cada conquista!
A vida é uma história que deve ser escrita e eternizada, para deixarmos heranças de sabedoria para as gerações futuras.