Gerir

Clayton Alexandre Zocarato: Poema ‘Gerir’

Clayton Alexandre Zocarato
Clayton A. Zocarato
Gerado com IA do Bing ∙ 9 de janeiro de 2025 às 9:20 AM

No centro da sala iluminada

A vida surgiu novamente

O silêncio foi quebrado

Nos expurgos

Amostras umbilicais

Manchadas de vermelho

No rugir de um choro

Um colo gerando

Um sentimento indolor

Nutrido com muito amor

Clayton Alexandre Zocarato

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Minguar de víveres: A luta de uma mulher

Osvaldo Manuel Alberto:

‘Minguar de víveres: A luta de uma mulher’

Osvaldo Manuel Alberto
Osvaldo Manuel Alberto
Imagem gerada por IA do Bing - 18 de novembro de 2024 
às 3:05 PM
Imagem gerada por IA do Bing – 18 de novembro de 2024
às 3:05 PM

De tanta fome confundimos o prato com o parto. Até o mais velho que sempre diz: parto os cornos, fica sem forças para demonstrar a sua arte.

Não se trata apenas da alteração de algumas letras, é o mais profundo que um ser humano pode sentir.

Tenho tanta fome que a esta hora preferiria dar tantos partos simultâneos, a faltar ou ver flutuar um prato.

Nem que fosse um prato de arroz com cheiro de nada.
Está difícil ter um prato à mesa.

Dê-me um pão, por favor!
Ainda que não queiras colocar no prato, ponha-o no chão.

Na ausência de pão, permitam-me partilhar o osso com o vosso cão.

Já vi partir para eternidade filhos meus, pela ausência de comida.
Já não me interessa o valor nutricional, pouco me importo se me alimento, desde que consiga comer.

Não tenho culpa de ser tão fértil.
Aos meus filhos apelidam de cassua, quando na verdade é má nutrição.

Em nossa cubata não há conta que bata certo.
Os meus filhos não usam bata, nem comem batata. Não é por desgosto, mas pela ausência.

Não posso rir, prefiro parir a ver meu filho partir. A dor de perder alguém por fome é maior do que parir 10 vezes no mesmo dia.

Aos prantos eu te peço:
Permita-me lavar todos os pratos de sua casa, até aqueles que servem de esconderijos dos ratos.

Os ratos, há muito que fugiram do meu casebre, pois não há pão para repartir.
É desta forma que vejo os meus sonhos partirem para lugar incerto, tal como os ratos que nos abandonam mesmo sem insecticida.

O brilho das panelas incomodam, parece bate chapa em bairros novos.

Ouvi falar em branqueamento e repatriamento de capitais, podem aldrabar-nos mais,
Mas não falte o pão, porque o nzala yeya.

Não sou mulher do Mingo, mas a cada dia que passa eu mínguo de víveres.

Osvaldo Manuel Alberto
18.11.2024

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