Florão da América

Cláudia Lundgren: Poema ‘Florão da América’

Cláudia Lundgren
Cláudia Lundgren
Florão da América
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Brasil, meu Brasil varonil;

por que, meu País destemido,

está se rendendo as desgraças

e a violência desse povo vil?

Onde está o Rio antigo

em que meus pés andavam tranquilos

pela orla, contemplando o fim de tarde

sem temer homens maus e covardes.

Meu Gigante verde e amarelo,

já cansado de tanta injustiça,

presencia a morte de inocentes

e a soltura da vida bandida.

Sei que escorrem as lágrimas

dos seus olhos, outrora brilhantes,

quando veem seus rios secando

e a queima de suas matas verdejantes.

A natureza contra ti despeja ira;

por que, oh tão sofrida Mãe Gentil?

São ciclones, tempestades, estiagens

arrasando com o Florão da América: Brasil.

“Pátria Amada, idolatrada. Salve! Salve!”;

salvem nossas mulheres e crianças;

o sangue inocente que jorra

levando com ele a desesperança.

Oh, meu Brasil; País de encantos mil!

O Corcovado chora, mas seus braços não se encolhem.

Saiba que seus filhos, à luta, não fogem.

É só uma fase; em breve brilhará o Sol da liberdade.

Cláudia Lundgren

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Eliana Hoenhe Pereira: 'No silêncio da rua'

Eliana Hoenhe Pereira

No silêncio da rua



Caminho pela rua devagar;

O silêncio me permite cantarolar

e comigo brincar.

Tenho o Céu azul para me escutar,

E as nuvens no vai e vem

a desfilarem sorridentes,

os seus enfeites, tais como presentes.

Paro para contemplar a mimosa

Flor das onze horas;

Quiçá, acabara de acordar.

Impossível não se apaixonar!

Uma pequena borboleta cor de violeta,

paira no ar para na flor pousar.

Nada passa despercebido.

Chamou-me a atenção uma casa antiga;

Parece estar há anos adormecida.

Na frente, árvores altas porém sem almas.

Sigo o caminho prestando atenção,

E revertendo em gratidão.

Eliana Hoenhe Pereira

eliana.hoenhe1@hotmail.com

 

 

 

 

 




Márcia Nàscimento: 'O cérebro e sua interação com o sistema mental'

Márcia Nàscimento

O cérebro e sua interação com o sistema mental



O cérebro humano, além de ser um órgão fascinante por suas inúmeras funções, é também na atualidade, uma das maiores fontes de pesquisas e descobertas no campo científico. Com os avanços das Neurociências, muitos segredos foram desvendados, porém, a cada nova pesquisa, surgem novidades e com isto, a amplificação dos conhecimentos acerca do mesmo.

Tudo começa no vigésimo segundo dia de gestação, quando, a partir do encéfalo primitivo, ocorre o fechamento do tubo neural situado no dorso do embrião e em subsequência, forma-se a medula espinhal. Neste período, iniciam as primeiras conexões neurais, que são os caminhos de informações dos impulsos eletroquímicos cerebrais, dos quais formarão toda a rede conectiva de cada ser humano. Com a formação das redes neuronais, os arquivos de registros memoriais se formam simultaneamente; portanto, tudo o que a mãe sente, impreterivelmente o bebê registrará, e estas informações serão arquivadas em seus registros holográficos de memórias, que o acompanharão por toda sua existência. Em comunhão funcional com o cérebro, é o sistema nervoso que permite ao ser humano processar as informações provenientes dos meios, externo e interno, organizando-as para agir tanto física como emocionalmente (LEIBG, 2010). As funções vitais, como os batimentos cardíacos, respiração e todo funcionamento do indivíduo (sentidos, motricidade, aprendizado, memória, intelecto, emoções e psiquismo), estão embasados pelo sistema nervoso e toda sua fisiologia (DOMINGUES, 2007). Em suas mais diversas funcionalidades, o cérebro possui a ‘neurogênese’ que é o processo de formação de novos neurônios. Esta diligência se dá, comprovadamente, apenas em duas áreas cerebrais: no hipocampo, onde são processadas as memórias, e no bulbo olfatório, responsável pela organização do olfato. Células com propensão a se tornarem neurônios, viajam dos ventrículos, cavidades preenchidas por fluídos, para o bulbo olfatório (CICERONE, 2009). Outra função específica do nosso cérebro é a capacidade de se regenerar e se adaptar à novas situações e circunstâncias, sem perder a originalidade de suas células neurais.

E é devido à junção funcional com o cérebro,  que todo o sistema nervoso permite uma perfeita interação entre as emoções sentidas, primeiramente na mente, através do sistema aferente, do qual transmite os 26 sentidos, para que em seguida o cérebro decodifique estas informações, e por intermédio do sistema nervoso periférico, as distribua através das ramificações dos nervos e gânglios, tudo o que foi sentido antecipadamente na mente; assim, o corpo experiencia tudo aquilo que foi construído e codificado de antemão na mente humana. A mente não é o cérebro, e sim o que o cérebro faz;  e nem mesmo é tudo o que ele faz, como metabolizar gordura e emitir calor (PINKER, 1998).

Cada cérebro é singular e possui suas especificidades; o que nos torna tão exclusivos é o fato de que cada mente possui a sua consciência, que age de forma sincronizada com o cérebro e a mente. Juntos, formam uma estrutura de uma tríade indissolúvel que age de forma congruente, permanecendo desta maneira em atividade constante, dando assim existência a vida humana, pois sem a consciência, o sistema funcional humano seria um computador inativo, inanimado e sem vida. Sem o cérebro e o sistema nervoso, a consciência estaria impossibilitada de se manifestar no mundo concreto, por falta do aparato físico para se acoplar, e desta maneira fazer toda a leitura da realidade, por meio das estruturas que compõe todo o sistema mental. É na mente que todo o processo imaginário é formado e o cérebro nos dá as infinitas possibilidades de trazer para o mundo atual tudo aquilo que um dia foi construído no fantástico mundo da imaginação, que somente a mente humana pode nos proporcionar.

A Neuroeducação traz essa interação entre a mente, consciência e o corpo físico (cérebro), e por intermédio dela, é possível a reestruturação de todo sistema mental e das vias neurais e matrizes inteligíveis do sistema. Esta correlação traz uma nova concepção a respeito dos assuntos abordados nas intervenções na prática clínica da Neuroeducação, tirando o indivíduo do seu estado limitador, o levando para a posição possibilitadora, portanto, neuroeducar é ensinar ao outro as vias de sua própria essência.

Não é de se admirar que tenhamos muitos estudos comprovando teses inovadoras a respeito do cérebro, pois ele é de fato um órgão espetacular e repleto de inúmeros mistérios; e como diz Jostein Gaarder, escritor, professor de Filoosofia e intelectual norueguês, “se nosso cérebro fosse tão simples a ponto de entendê-lo, seríamos tão tolos que continuaríamos sem entendê-lo”.

Referências

CICERONE, P. E. Como nascem os neurônios. Duetto; Especial Mente & Cérebro. Nº19, p.80-82, 2009.

DOMINGUES, M. A. Desenvolvimento e Aprendizagem: o que o cérebro tem a ver com isso.  Canoas: Ulbra, 2007.

Neuroeducação para Educadores: fundamentos. São Paulo: All Print, 2010.

PINKER, S. Como a Mente Funciona. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

Márcia Nàscimento

marciag.neuroeducadora@gmail.com




Claudia Lundgren: 'Feliz aniversário, Jornal Cultural Rol!'

Claudia Lundgren

O que dizer sobre uma pessoa que completa 29 anos?

Bem, pressupõe-se, de um modo geral,  que ela já tenha idade suficiente para ter personalidade própria e inspirar, ou não, nos demais, credibilidade.

Um adulto com 29 anos já adquiriu certa maturidade, embora seja alguém em construção, o que, aliás, é uma característica de um ser humano em qualquer idade, porque jamais estamos prontos, sempre estamos sendo ‘reformados’, ‘ampliados’. É um jovem adulto com disposição;  é alguém querendo sempre mais. Como dizem por aí, é estar na ‘flor da idade’, buscando formação e aprimoramento.

Uma pessoa de 29 já não é o adolescente confuso de 18, mas talvez não seja o racional de 40; ela tem sonhos, com os pés no chão, que correm velozes a fim de realizá-los; em geral, sabe o que quer, não possuindo aquela dúvida sobre qual profissão seguir, porque já se conhece o suficiente.

São modernos em seus trajes e na linguagem;  já conseguem se expressar com clareza e traçar com segurança seus objetivos. São mais flexíveis em relação às críticas, e ficam satisfeitos quando conseguem sanar suas falhas. Desejam crescer em todos os sentidos.

O nosso Jornal Cultural Rol está completando 29 anos: um jovem adulto que possui a seriedade de um meio de comunicação que conquistou confiança e credibilidade. Completar 29 anos é sinônimo de maturidade com ampla possibilidade de crescimento, modernidade, evolução.

Ele não é um recém-nascido de 29 dias; não é criança de 9, nem o adolescente de 19. Vejam bem! São 29 anos!

Já conquistou o seu lugar ao Sol, possuindo colunistas e correspondentes no Brasil e no exterior. Tem sua própria personalidade, a cultural, divulgando eventos, instituições, lançamento de livros, publicando artigos, crônicas, poemas e muito mais, de excelentes escritores.

O Rol está a todo vapor, cheio de gás; todos os dias uma edição com muitas novidades para o leitor; todos os dias reconstruindo-se.

Quero parabenizar, primeiramente ao idealizador e editor, o jornalista Hélio Rubens de Arruda e Miranda; ao editor geral Sergio Diniz da Costa, que me ensinou e vem me ensinando tudo que sei até hoje no âmbito de jornais online; aos editores setoriais, meus parceiros de trabalho e principalmente aos nossos colunistas, que são nossos principais colaboradores e responsáveis pelo sucesso do Jornal, afinal, o que seria dele se não existisse ninguém que enviasse textos, matérias ou releases?

Parabéns Rol! Feliz 29 anos!

Claudia Lundgren

tiaclaudia05@hotmail.com




Tatiana Azevedo: 'Meu Maranhão'

Tatiana Azevedo

Meu Maranhão



Minha terra é maravilhosa

Cantada em toadas de boi

Poesia Luz, maraca que seduz

Presente folclórico notório

Lembrança rica que reluz

Versos e prosas

Como suave e doce

Aroma de rosas

No meu jardim particular

É a terra do fruto da juçareira

Mangueira, bacaba, buritizal, pitombeira real …

Terra das flores tropicais

Mata, cerrados, florestas

Terra do babaçu

Palmeira nativa

Que a todos encanta

E que ilustres cantam

Em sua louvação

Palco de pueril riqueza, toda trabalhada na mesa do tempo, na roda dos ventos que sopram por cá…

Fez o caboclo virar mito

O mito virar circuito

Do nosso folclore rico

Do tão amado torrão

Estou falando do meu

Estado de espírito lírico, da minha terra, inspiração, meu Maranhão!

Na Ilha do Amor

Cartão postal, temos a litorânea

Extensão generosa de lindas praias

Cenário de poetas apaixonados

Parecida com a Ilha da Magia

Com sua singular iguaria

Prato típico de cuxá

E as dunas tão belas

Testemunhas de muito sóis

Embrulhados nos sonhos

Sob os magníficos lençóis

Coisa boa que só tem por cá

Maranhão do prateado maraca

Aqui temos cultura exótica

Pedras de encantaria

Trazidas de além-mar

Na nossa gente festeira

Traços da miscigenação

Fomos colonizados por portugueses

Cobiçados por ingleses

Mas quem guerreou foram

Os ilustres franceses

Está tudo isso registrado

Na nossa história

Gravados na minha memória

Fomos a Atenas Brasileira

Por causa do ilibado linguajar aqui falado;

não se chia, nem se mia, no nosso falar …

Nosso linguajar é mesmo exemplar!

De Athenas Maranhense,

Agora apenas ludovicense…

Cenário de tantas inesquecíveis emoções…

Cada recanto da terra

Tem sua peculiaridade

Onde o lirismo encerra

Histórias e contos de amor

Crendices e superstições

Tambor de crioula tocando

Maranhenses quilombolas

Na roda dançando

Tecendo história

Na minha retórica

Cultura viva no meu coração.

Tatiana Azevedo

tatianaazevedoflores@gmail.com




Claudia Lundgren: 'Outonar é preciso'

Claudia Lundgren

Outonar é preciso



Observando minhas plantas perdendo o viço, suas folhas amarelando e caindo, percebo que, apesar de amar o outono e ser ela a minha estação preferida, como é dolorido de se presenciar o seu aparente efeito sobre elas.

Por que precisamos perder para ganhar? Morrer para viver? Descer para subir?

Por que as folhas devem cair das árvores e das roseiras e seus galhos ficarem pelados e desprotegidos?

Por que devemos nascer de novo se desejarmos viver uma nova vida?

Por que devemos morrer fisicamente para vivermos eternamente?

Por que Naamã teve que mergulhar sete vezes em um rio sujo como o Jordão para ficar curado da sua lepra?

Quantos questionamentos…

Mas a vida é mesmo assim. Outonar é preciso.

É preciso que as velhas folhas se desprendam dos galhos para darem lugar às novas. Outonar é dolorido, como o processo de metamorfose da lagarta para borboleta. Mas é momentâneo, e fundamental para que o melhor possa vir.

É preciso deixarmos para trás velhas práticas para nos aperfeiçoamos como pessoas. É preciso renunciá-las.

É preciso que esse nosso corpo material e perecível morra um dia, para que aquele, glorioso e incorruptível, possa nascer.

É preciso que desçamos dos nossos pedestais, pois somente com humildade galgaremos degraus maiores em nossa jornada.

A matemática da Vida é diferente da nossa: morrer para nascer; perder para ganhar; descer para subir.

Outonar dói, mas é necessário. É necessário viver cada estação com confiança no processo. Hoje vi minhas plantas secando, mas lá na frente, já as visualizo frondosas e floridas.

Claudia Lundgren

tiaclaudia05@hotmail.com




Eliana Hoenhe Pereira: 'Meu coração'

Eliana Hoenhe Pereira

Meu coração

Meu coração,

uma caixinha de segredos

onde cabem todos os meus desejos.

Guarda também a emoção

e a intuição,

repleta de paixão.

Às vezes, ela fica inquieta;

parece que vai saltar

quando me empurra para voar.

Em outros momentos,

fica leve e serena,

como a brisa do mar

o meu rosto a acariciar.

É a luz no meu caminho,

que sempre me retorna de mansinho;

basta que eu silencie

e a escute.

 

Eliana Hoenhe Pereira

eliana.hoenhe1@hotmail.com