Nilton da Rocha: Poema ‘Clamor deste povo na guerra’
Nilton da RochaImagem criada por Ia do Bing – 18 de junho de 2025, às 17:49 PM
Eu clamo ao Sol que não quer nascer, Procuro a chuva, o mar, a flor, Promessas feitas que vi morrer, Resta ao mundo só dor e clamor, Em silêncio se esvai o amor.
Vejo a Terra que sangra e chora, Campos vazios, mares sem cor, Toda a esperança que se foi embora, O homem esquece o que tem valor, E o céu se esconde do sonhador.
Cadê a paz que nos prometeram? Cadê os frutos, o lar, o bem? Só vejo os campos que se perderam, E a dignidade que já não vem, Tudo se apaga e não resta ninguém.
Quero os meninos nos rios, nas matas, Vendo as estrelas, sentindo o ar, Brincando livres nas madrugadas, Sem medo algum de se apaixonar, Vivendo o mundo a se renovar.
Chega de guerra, morte e mentira, Que a voz da Terra se faça ouvir, Que o homem aprenda, que nunca fira, Que ao diabo não possa resistir, E a paz renasça a nos redimir.
Nilton da RochaImagem criada por IA do Bing – 05 de junho de 2025, às 11:13 PM
Resigna-te em silêncio ante a dor que não se entende, A alma que ainda tomba, mas que a luz um dia acende. Mesmo o gesto mais sombrio tem seu berço na fraqueza, E o perdão é o caminho que conduz à fortaleza.
Não julgue quem se perde, nem condene a imperfeição, Pois também tens teus abismos guardados no coração. Ser fraterno é ser ponte sobre o abismo da ignorância, É doar-se em paciência, é amar com esperança.
Deixa a luz do Cristo em ti como um sol resplandecer, E com ela, tua sombra aprenderá a se render. A intolerância é prisão de quem teme o diferente, Mas o amor é chave viva, que liberta docemente.
Faz da tua alma um templo onde o Pai possa habitar, E que tua entrega humilde seja a forma de orar. Pois se resignar é alto, é servir sem ostentação, É cumprir a santa lei com coragem e compaixão.
‘Rotary e a paz: um compromisso que rima com esperança’
Nilton da RochaImagem criada por IA do Bing – 19 de maio de 2025, às 20:07 PM
Em tempos tão turbulentos, em que o som da intolerância insiste em abafar a melodia da esperança, ainda há quem caminhe com flores na mão e bons propósitos no coração. Entre esses, está o Rotary.
Sim, o Rotary — essa roda que gira há mais de um século, movida por ideais de servir, unir e transformar. Fundado por Paul Harris, não é só um clube. É uma trincheira sem armas, onde o combate é feito com livros, vacinas, poços de água e diálogo. É onde a guerra perde força e a paz ganha voz.
Sou rotariano há mais de cinquenta anos. Vi crianças sorrindo ao receberem cadernos. Vi comunidades inteiras se erguerem após tragédias, amparadas por mãos que carregavam o símbolo de uma engrenagem, mas agiam como anjos.
Na luta pela paz, o Rotary não fala alto. Ele age. Constrói pontes onde havia muros. Planta árvores onde restava cinza. Forma líderes, promove o entendimento entre culturas e investe em educação. A paz, para nós, não é utopia. É projeto.
E no meio desse mundo barulhento, há também palavras. Palavras que, como esta crônica, carregam o poder de tocar o outro, de lembrar que a paz não é um silêncio vazio, mas uma melodia compartilhada.
Se cada um fizer a sua parte — e o Rotary faz a sua com afinco — então talvez um dia possamos dizer: o mundo girou, sim. Mas girou para o bem.
Nilton da RochaImagem criada por IA no Bing. 31 de março de 2025, às 16:51 PM
Foi navegando em alto-mar, a caminho de Salvador (BA), que esta reflexão me alcançou. O cruzeiro deslizava pelo Atlântico como um gigante tranquilo, cercado por uma imensidão azul que parecia não ter fim. Ali, em meio ao silêncio cortado apenas pelas ondas e pelo vento, tive a clara sensação de que somos pequenos diante da natureza — e, paradoxalmente, capazes de causar estragos imensos.
Vivemos como se fôssemos os donos do mundo. Esquecemos que estamos inseridos em uma teia viva, complexa, onde tudo está conectado. Cada árvore derrubada, cada tonelada de carbono lançada ao ar, cada rio poluído, cada ser extinto… tudo isso é como uma gota caindo em um lago calmo. O impacto se espalha, cresce, afeta o equilíbrio de todo o sistema.
Chamam esta era de Antropoceno — um tempo em que o ser humano passou a ser a principal força de transformação (e destruição) da Terra. E não é por acaso. Na busca desenfreada por crescimento e lucro, ignoramos os limites do planeta. Alteramos o clima, a biodiversidade, a oferta de recursos naturais e, inevitavelmente, a nossa própria qualidade de vida. E o mais impressionante é que, mesmo sendo os únicos seres capazes de perceber e compreender isso, seguimos como se nada estivesse acontecendo.
Mas talvez ainda dê tempo. Talvez, como aquela gota no lago, possamos iniciar uma nova onda — não de destruição, mas de renovação. Precisamos repensar nossos hábitos, nossos modelos de produção e consumo, nossa relação com o planeta e com os outros seres que o habitam.
Não se trata de um sonho distante. É uma necessidade urgente. A natureza não negocia. Ela apenas reage. E a conta que ela cobra não é apenas ambiental — é social, econômica e, sobretudo, humana. Se somos a causa, podemos — e devemos — ser parte da solução.