O entardecer d’alma
Sinto o não sentir deste verso,
Respiro e paro, boquiaberto do ser!
Mágoas que me calam, necessito viver?
A morte muito me admira, mas prefiro renascer.
Quando penso em recaídas, esqueço da prosa,
Me ponho como a mesa no verso de outrora!
Ao saber o que não sei insisto em desdizer,
Digo o que me cala, pois me calo e me abro,
Ninguém pode me segurar, pois o tato me retrata.
O entardecer d’alma, alma que um dia não me fora,
Me fui, não me fui
Hoje desejo voar,
Tal qual asa que me corta,
Fera que sou eu,
Garras de uma vivência que jamais me pertenceu.
Eu, por fim, me pertenço?
Talvez um dia eu saiba,
E saberão os outros por mim?
Talvez eu me importe, mas sinos não me farão mais forte,
A música soa como um piano,
E violão não existe, mas eu proclamo!
Discurso sobre o entardecer,
E existo para me enfraquecer,
E, assim, fortalecer o que será meu.
Sou eu?
Sou alguém?
Ou serei uma marionete do tempo que me resta?
E o tempo pode comigo?
Ou eu posso com meu próprio tempo?
Letícia Mariana
leticiamariana2017@gmail.com
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