Fora do corpo

Loide Afono: Poema ‘Fora do corpo’

Loid Portugal
Loid Portugal
Imagem criada por IA do Bing - 24 de junho de 2025,  às 16:26 PM
Imagem criada por IA do Bing – 24 de junho de 2025,
às 16:26 PM

Chuvas
Nuvens negras
Ventos fortes
Pra que servem afinal?

Dor
Prantos
Choros
Mortos

Se desfazem
Na calçada
Mesmo com
Com a correria
Invadem

Campos
Minas de ouro
Becos
Ruas largas

E o pai
Que lembra da filha
Que pelo marido
Foi largada
Maltratada

Agora
Está envelhecida
E tida como
Desprovida

Correm
Dormem
Sem medo
E depois escolhem
Ou são escolhidos

Coitados dos gemidos
Que todos os
Dias são comprimidos

Aheeee!

Não queria contar
Esta história
Que me faz chorar
Desabafar
Gritar
E querer me matar

Deixa
Deixa isso tudo andar
Eu
Já sei que não posso engatinhar.

Loide Portugal

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Quanta sede

Evani Rocha: Poema ‘Quanta sede’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem gerada por IA do Bing - 27 de outubro de 2024,
 às 19:00 PM
Imagem gerada por IA do Bing – 27 de outubro de 2024,
às 19:00 PM

Quanta sede não saciada
Cacos do que foi inteiro outrora
As folhagens tomam conta da calçada
E a fachada velha, atrás, se desponta

É uma sede da infância ausente
Do corredor largo ao lado da sala
Da mesa posta sob a luminária
E as conversas de gente grande

Quanta sede não saciada
Do pote de barro, só os fragmentos
Se fecho os olhos, já estou de volta
Vejo a poltrona livre na varanda

Há aves em gorjeio no arvoredo
E um céu nublado diz que vai chover
Ouço os pingos grossos no telhado
E aqui dentro um rio a correr

“São as águas de março”
Nas palavras de um poeta
As últimas nuvens a desfalecer
Deixarei levar os restos de saudade
Para em outras águas reviver.

Evani Rocha

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