Quanta sede

Evani Rocha: Poema ‘Quanta sede’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem gerada por IA do Bing - 27 de outubro de 2024,
 às 19:00 PM
Imagem gerada por IA do Bing – 27 de outubro de 2024,
às 19:00 PM

Quanta sede não saciada
Cacos do que foi inteiro outrora
As folhagens tomam conta da calçada
E a fachada velha, atrás, se desponta

É uma sede da infância ausente
Do corredor largo ao lado da sala
Da mesa posta sob a luminária
E as conversas de gente grande

Quanta sede não saciada
Do pote de barro, só os fragmentos
Se fecho os olhos, já estou de volta
Vejo a poltrona livre na varanda

Há aves em gorjeio no arvoredo
E um céu nublado diz que vai chover
Ouço os pingos grossos no telhado
E aqui dentro um rio a correr

“São as águas de março”
Nas palavras de um poeta
As últimas nuvens a desfalecer
Deixarei levar os restos de saudade
Para em outras águas reviver.

Evani Rocha

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Quem sou eu?

Evani Rocha: Poema ‘Quem sou eu?’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada pela IA do Bing
Imagem criada pela IA do Bing

Sou folhagens entre as árvores
Sou gotas a escorrer
Sobre os caules retorcidos
Sobre as folhas do dendê

Sou o vento frio do inverno
O nevoeiro a correr
Sou o cume encoberto
Sou a mão a proteger

Sou as chuvas de verão
O Sol firme a brilhar
Tempestades, furacões
O fruto que a terra dá

Sou o homem, sou a ave
O pé de jacarandá
Os passarinhos nos ninhos
Sou as noites de luar

Sou a águia nas alturas
O Lago Titicaca
O barquinho em dobradura
Sou os gêiseres e as Termais

Sou as roseiras em flor
Os espinhos e a dor
As lágrimas que banham a alma
O peixe e o pescador

Eu sou a brisa do mar
As ondas no vai e vem
As estrofes da poesia
O mar e a maresia

Sou a areia da praia
O oásis e o deserto
Sou o fim que está longe
E o longe que está perto

Sou as folhas de outono
As flores na primavera
O Duomo Di Milano
O pistilo e a antera

Sou o barquinho à vela
E o cargueiro a flutuar
O mundo subterrâneo
A terra mãe no pomar

Sou das rochas, a dureza
Da água, o molejar
No céu todas as estrelas
Na terra o Sol e o ar!

Sou do ‘nada’ a sutileza
A molécula da vida
Do ‘tudo’, sou a pureza
O lirismo e a magia!

Sabes então quem sou eu?
Eu sou a tal natureza!

Evani Rocha

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