Inclusão digital

Fidel Fernando:
‘Inclusão digital no processo de ensino e aprendizagem: uma ponte para o futuro ou um caminho para a exclusão?’

Fidel Fernando
Fidel Fernando
Imagem gerada por IA do Bing – 23 de Janeiro de 2025,
 às 13:30 PM
Imagem gerada por IA do Bing – 23 de Janeiro de 2025,
às 13:30 PM

Em pleno século XXI, o avanço tecnológico molda todos os aspectos da vida humana, incluindo a educação. A inclusão digital no ensino, então, parece ser uma palavra de ordem. Contudo, o que deveria ser uma ponte para o futuro pode facilmente transformar-se num abismo de exclusão, caso não se prepare o terreno adequadamente.

Imagine uma escola que se vangloria de ter uma sala de informática. No entanto, por trás das portas desse espaço, a realidade revela algo bem diferente: falta de recursos humanos qualificados, professores e técnicos que desconhecem as ferramentas disponíveis ou não sabem utilizá-las pedagogicamente. Assim, a tão sonhada inclusão digital torna-se um fardo; em vez de abrir portas, ela fecha-as, restringindo o acesso a um conhecimento que deveria ser universal.

A inclusão digital é repleta de vantagens que, se bem reconhecidas, podem transformar o processo de ensino e aprendizagem. Dentre essas, uma das mais promissoras é a gamificação. Este recurso pedagógico actual e actuante, que utiliza a dinâmica dos jogos para ensinar, segue os passos da pedagogia inovadora de Maria Montessori, onde o brincar é sinónimo de aprender. Servindo-se da gamificação, os alunos não apenas se divertem, mas também desenvolvem habilidades cognitivas de forma estimulante e engajante.

Entretanto, para que esse tipo de estratégia tenha sucesso, é imprescindível que os educadores estejam preparados. A adopção da tecnologia nas escolas não deve ser apenas uma questão de adquirir equipamentos, mas, sim, de formar uma comunidade educativa capaz de usá-los com eficácia. Se o mundo avança e a tecnologia desenvolve-se, as escolas não podem permanecer como parentes órfãos dessa transformação. Elas devem não apenas acompanhar essa dinâmica, mas também se tornar agentes conscientes, educando seus alunos para o uso correcto e produtivo dos recursos digitais, tanto dentro quanto fora do ambiente escolar.

Quantas vezes as dúvidas que poderiam ter sido esclarecidas imediatamente na sala de aula, utilizando recursos digitais, foram adiadas para uma pesquisa posterior? E quantas vezes, mesmo com a tecnologia à disposição, os alunos foram impedidos de desmistificar o significado de uma palavra invulgar porque faltou o preparo para integrá-la ao ensino de forma eficiente?

Em síntese, a inclusão digital só cumpre seu papel de forma plena quando há um esforço conjunto para que todos, professores e alunos, estejam capacitados para utilizá-la. Caso contrário, o que poderia ser uma ferramenta de democratização do conhecimento torna-se uma nova forma de exclusão.

Fidel Fernando

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