A canção que nunca chega ao fim

Paulo Siuves: ‘A canção que nunca chega ao fim’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 28 de setembro de 2024 às 6:18 AM
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 28 de setembro de 2024 às 6:18 AM

“Por que ela teve que ir? Eu não sei/
Ela não me diria
Eu disse algo de errado, agora anseio
Pelo dia de ontem”
(‘Yesterday’ – The Beatles)

Em meu coração, há uma canção que parece nunca terminar. É como se eu estivesse sempre no meio de uma composição musical interminável, tocada em acordes de esperança e tristeza. O meu mundo interior é o palco onde a luz nunca se apaga e as cortinas estão sempre abertas para uma peça que nunca chega ao fim.

Você, com sua beleza única e enigmática, é a nota que nunca se completa. Sempre que tento alcançá-la, você me desafina no ar, tornando-se um tom que escapa aos meus maiores esforços. Sua presença é um acorde suspenso, uma tonalidade que nunca se concretiza. Cada vez que penso que estou perto de tocar você, o destino nos separa e eu fico com o eco do seu não ser.

A música que toca em mim é uma sequência interminável de esperanças e sonhos. Cada verso parece repetir o mesmo desejo não realizado, cada refrão é um ritornelo do que poderia ter sido. Eu continuo a dançar, a cantar, a viver conforme a melodia que nunca se resolve, como se o tempo não fosse importante e a espera fosse uma parte natural do meu ser.

No meio dessa canção sem fim, encontro algo de beleza. Talvez a verdadeira essência esteja na jornada interminável, na aceitação de que a canção nunca terá um final. Nessa melodia que não se completa, descubro uma forma de paz. É uma aceitação do que é, uma promessa de algo que nunca será, mas que continua a tocar o meu coração, sempre me lembrando do que poderia ter sido.

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Convidada

Paulo Siuves: Crônica ‘Convidada’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
"Você teve as chaves de todas as portas..."
“Você teve as chaves de todas as portas…”
MIcrosoft Bing. Imagm criada pelo Designer

Fiz uma incursão em meu mundo interior e te levei pela mão para conhecer esse lugar tão vasto. Como se fosse somente uma sala, você chegou e modificou paredes, alterou os quadros e ampliou espaços. Tudo lhe foi permitido. Acompanhei você quando as fronteiras foram varridas, ajudei a ajuntar o que agora virou entulho e a separar todas as coisas destinadas ao lixo. Mexemos nos recônditos da alma e do coração.

Ah! Estava me sentindo confiante e bem acompanhado. Você teve a chave de todas as portas e abriu ao Sol lugares que eu nem sequer sabia que estavam sob chaves. Eu dei a você os livros de regras e do código de posturas para serem revistos, reeditados, e aceitei colocá-los em prática antes mesmo da publicação (pra quê publicar o que jamais será público?). Eu te deixei à vontade e sozinha em alguns momentos dentro de mim, para que você fizesse o que quisesse de mim…

Mas você não veio morar em mim. Você agiu como quem vai reformar tudo para sua própria moradia, mas, depois de tudo, não veio habitar meu coração e ocupar o espaço que eu dei a você. Eu pensei que você seria a minha casa para onde retorno todos os dias. Estou todo reformado, mas a moradora convidada resolveu não vir definitivamente. Meu ser está vazio e não está posto para ocupação de outra… Sou um mundo desabitado propício para o amor!

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