Poema para os anjos
Verônica Moreira: ‘Poema para os anjos’
Tarde demais
Ou cedo demais?
Já é 1h56 da manhã.
Eu vejo a felicidade no silêncio do meu quarto.
Antes, não via.
Por mais que as luzes estivessem acesas,
Não importavam os volts a mais daquela lâmpada.
Infelizmente, ela não era mágica,
E não havia nenhum gênio escondido ali, naquele clarão artificial.
Agora é 1h59.
Falta apenas um minuto para as duas da manhã…
Faltava, mas agora já são 2h00.
Não importam os segundos, eles passam num piscar de olhos.
Não quero mais contar as horas, elas voam.
Permaneço acordada.
Imagino como teria sido,
Agradeço porque não foi,
E planejo o amanhã,
Embora eu saiba que ele é incerto.
Há silêncio no quarto.
O anjo está do meu lado:
Um anjo recém-nascido
E um anjo que dorme.
E eu nem sabia que anjos dormiam.
Despeço-me do anjo,
Aquele que supre minhas vontades,
Aquele a quem devo respeito e carinho
Anjos estão por toda parte;
nos meus sonhos
Nas minhas manhãs
Em minhas noites de silêncios gritantes.
Ainda assim
Eu escrevo, para amenizar minha solidão
Escrevo poemas para os anjos, não para mim.