Caatinga

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Caatinga’

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
Imagem gerada por IA do Bing - 10 de dezembro de 2024
 às 2:47 PM
Imagem gerada por IA do Bing – 10 de dezembro de 2024
às 2:47 PM

Fim de tarde.
Na várzea do meu sertão,
mata seca,
chão ressequido,
solidão.

Galhos secos e avencas,
espinhos de mandacarus
perfuraram meu peito.
Feridas abertas de saudades
que se derramam na janela
do tempo.
Falta você…

Você é o meu sol
a desabrochar
inebriando o dia.
O vento a sussurrar
aos ouvidos, versos poéticos,
meu abraço,
meu tudo…

Lá do alto,
carcará e gavião sorridentes,
espreitam,
emolduram o cenário.

Hoje a caatinga voltou a sorrir.
Você trouxe a chuva,
guardou o sol,
aprisionou-me na sua história
e no seu amor.

A alegria invadiu o meu viver.
A caatinga do meu peito
transformou-se,
inundou com o seu rio,
a várzea do meu sertão.

Ceiça Rocha Cruz

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Quietude sombria

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Quietude sombria’

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
Imagem gerada por IA do Bing – 3 de dezembro de 2024 às 10:42 AM

Caminho solitária
num dia sombrio e medonho
de passos lentos, saudade irreprimida,
desiludida; busco você
no meio do nada.

Na rua vazia
pálidas sombras guiam-me
e um nevoeiro de tristeza e saudade
impede-me de ser feliz.

Entrei na inexpressiva réstia taciturna
da vida, obcecada pela saudade,
sem você, sem seu amor,
nos mistérios da solitude do tempo.

No silêncio ensurdecedor,
você veio
e o Sol brilhou encantando a vida, enfim
e uma voz murmurou…
basta de saudade, de melancolia,
sou o chão da tua sombra
o teu amor.

Assim, dissipou a tristeza,
a saudade incontida,
acendeu a chama do amor,
na janela da emoção,
na quietude sombria.

Ceiça Rocha Cruz

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Lua cheia

Irene da Rocha: poema ‘Lua cheia’

Irene da Rocha
Irene da Rocha
Lua cheia - Imagem gerada por IA do Bing
Lua cheia – Imagem gerada por IA do Bing

Sob a luz da Lua cheia,
Saudade sussurra em brisa,
Tu e eu, na praia areia,
Rimos de forma precisa.

O mar canta à noite escura,
Reflexo da lua bela,
Penso em minha vida pura,
E na tua, doce tela.

Prata no céu, brilho mudo,
Tua luz agora opaca,
Era um cintilar de tudo,
Mas parece que se estaca.

Uma estrada prateada,
Dançava sobre o oceano,
Tão linda e enamorada,
Rimas seguiam seu plano.

Versos feitos com esmero,
Hoje ressoam vibrantes,
Com amor e com esmero,
Cortesias tão brilhantes.

A Lua, musa a sonhar,
Prosa e poesia entoam,
O livro a se revelar,
Rosas à poesia doam.

Irene da Rocha

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Abraçando cactos

Veronica Moreira: Poema ‘Abraçando cactos’

Verônica Moreira
Verônica Moreira
Criador de Imagens no Bing - Da plataforma DALL·E 3
Criador de Imagens no Bing – Da plataforma DALL·E 3

Tornou-se difícil escrever,
descrever o que se passa aqui dentro de mim.
Mas, se não escrevo,
não me sinto como realmente sou.

Tudo sinto em mim,
embora não consiga explicar.
Apenas sinto, sinto muito,
e não tem nada a ver com lembranças ou saudades.
Não tem a ver com vazios e crenças negativas.
Tem a ver com meus olhos internos,
que veem o que ninguém pode ver.

Ontem, chorei de dor
porque vi a mim mesma antes do naufrágio.
Vi a mim antes da refeição.
Vi a mim antes da ferida.
E vi a mim agora, depois de tudo.

E só agora, depois de tudo o que vi,
percebo quanto tempo perdi
com tudo o que abracei,
pensando que eram flores.

Dói… dói demais perceber
que, o tempo todo,
eu abraçava cactos. E sangrei…
Não até a morte,
mas até reviver outra vez.

Verônica Moreira

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Saudosismo daquelas gentes e pássaros

Ella Dominici: ‘Saudosismo daquelas gentes e pássaros’

Ella Dominici
Ella Dominici
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 14 de setembro de 2024 às 3:12 PM
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 14 de setembro de 2024
às 3:12 PM

Saudade tanta atingira os passarinhos
viram queimados outros, a fogo,
rastros deixados lembrariam atos
fúnebres
Àqueles que alçaram
lindo porte e cores, ou ainda cantigas das árvores amigas,
cotidianas sombras às galhardas danças ?

O que cantam estes olentes sentimentos
de saudades dos oboés em odes?
o que falta aos pequeninos emplumados
no sereno amanhecer,
marchando pisadelas em folhas de rasgos
do amarelo outonar do ser ?

“Saí-bicudo”
louvou em celeste hino norte à sul.

em caminhada sabiás aos longo
do retorno anunciado,
admiráveis cantores dizendo palavras versos
e algum grito nos leves estros

ao som de assobio afinado, fogem
do peito-pássaro-poeta-apaixonado,
deixando vozes de amor à vida em seu voo,

às altas virtudes enverga-se meigo ninho
ouvindo falas pios aos ventos mágicos,
passarinhas em seus mimos e carinhos

Constelando-se estrela erguida
que tudo lembrará à selva
no passado-pássaro-pensamento
passarinhando em Gonçalves,

Dias cintila asas de antes
e madrigais momentos galanteios,
Onde sonho, devaneio ido,
ainda gorjeia um chorinho:
Saudades!

Ella Dominici

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Coragem do tempo (parte 2)

Ismael Wandalika: Poema ‘Coragem do tempo’ (parte 2)

Soldado Wandalika
Soldado Wandalika
"... Teatro foi a terapia dos nossos dias..."
“… Teatro foi a terapia dos nossos dias…”
Imagem gerada pela IA do Bing – 13 de setembro de 2024
às 1:24 PM

A gente cresce
A criança em nós rejuvenesce
A criança que saí de nós envelhece
Visualizamos o entardecer dos dias paulatinamente
A vida ganha um rumo diferente

Somos magoados e magoamos também
Deixamos sonhos por realizar
Priorizamos quem decidimos amar
Nos tornamos país donos de um lar

No tempo
Sorrimos com saudade da lembrança de outros sorrisos
Nossos familiares e amigos tombados da jornada
Deixaram nossos corações partidos
Nos dividimos entre a realidade e a ficção da vida

O tempo traz um remédio que cura a alma
Há gente que se separa de nós mas continua presente mesmo distante
No tempo aprendemos que o amor e o respeito
São ponte que une pessoas independentemente da distância
O tempo tem a audácia de retificar rabisco
Engavetados na memória de um passado

O amor
vence
Valoriza
Entende
Respeita

No tempo choros são lembrados com sorriso nos olhos
Escrevemos nossa história olhando para dentro
Ficam no tempo os momentos que partilhamos na fase de convivência mútua
Os ensaios teatrais e de coreografia
O hino desajeitado do grupo coral
Aquele culto de avivamento espiritual
As pregações, os jejuns, os sábados jovens, os cultos aos segundos domingos de cada mês, as sextas feiras de culto de dramaturgia
Era tudo tão especial, tão divinal.
Nossas brigas, nossas brincadeiras, era tudo tão surreal

Ficou para a história do tempo
Os momentos vividos entre irmãos(as), primos(as) e sobrinhas(os) únicos momentos.
Hoje um novo tempo vivemos

Por mais que Anselmo Ralph cante
Jamais recuaremos o tempo
Pois, cada um(a) foi para o seu aprisco
Cuidar do seu novo mundo novo abrigo
Ser pai, ser mãe, ser madrasta ser padrasto fazer a vida no seu tempo.

Coragem do Tempo
O tempo ensina reeduca
Só os de verdade permanecem em nossa vida
Por mais que seja o tempo
Só os de verdade ficam quando tudo perde o sentido
Só os de verdade nos olham com esperança
Quando a gente perde o foco e a beleza da vida
Só os de verdade acreditam
Quando os caminhos ficam fechados para nós.

Uns nos deixam com o tempo
Outros ficam no tempo
O tempo leva e lava os males
Lembramos dos que foram com saudades
Coração aperta a dor aumenta as vontades
Olhos num retrato de lembranças
Imagens timbradas no peito do tempo

Dá saudade
Dá vontade
A gente não volta mas recorda a trilha antiga que guiava a matina os nossos dias infinitos
Cada vigília fortalecia o espírito
Cada ensaio era como respaldo
Teatro foi a terapia dos nossos dias

No tempo
Aprendemos a amar a família e a valorizar o perdão
De coração para os corações mansos
A palavra poética fala com verdade e compaixão.

Soldado Wandalika

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A janela e o Sol

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘A janela e o Sol’

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
"A tarde agoniza,
abrem-se as cortinas do crepúsculo..."
“A tarde agoniza, abrem-se as cortinas do crepúsculo…”,
Imagem criada pela IA do Bing

A tarde agoniza,
abrem-se as cortinas do crepúsculo,
acende os olhos do ocaso
na varanda do tempo.

Na penumbra do poente
resvala a saudade.
Saudades que pelas frestas
da janela
derramadas pela rua se vão.

Casa nua,
deserta,
e a janela na sua solidão,
chora,
na tarde desnudada e fria.

Deixe-me entrar…
Sou os raios do sol
que atravessam sua janela
e te aquecem do frio.

Sou o amor
tua canção,
tua poesia,
teus segredos,
teus mistérios.

O sorriso que encanta a vida,
o chão da sua sombra,
os sonhos que se perderam no tempo,
o sol vestido de rendas douradas
na imensidão do céu.
O sol da tua janela.

Ceiça Rocha Cruz

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