Caminho solitária num dia sombrio e medonho de passos lentos, saudade irreprimida, desiludida; busco você no meio do nada.
Na rua vazia pálidas sombras guiam-me e um nevoeiro de tristeza e saudade impede-me de ser feliz.
Entrei na inexpressiva réstia taciturna da vida, obcecada pela saudade, sem você, sem seu amor, nos mistérios da solitude do tempo.
No silêncio ensurdecedor, você veio e o Sol brilhou encantando a vida, enfim e uma voz murmurou… basta de saudade, de melancolia, sou o chão da tua sombra o teu amor.
Assim, dissipou a tristeza, a saudade incontida, acendeu a chama do amor, na janela da emoção, na quietude sombria.
Tornou-se difícil escrever, descrever o que se passa aqui dentro de mim. Mas, se não escrevo, não me sinto como realmente sou.
Tudo sinto em mim, embora não consiga explicar. Apenas sinto, sinto muito, e não tem nada a ver com lembranças ou saudades. Não tem a ver com vazios e crenças negativas. Tem a ver com meus olhos internos, que veem o que ninguém pode ver.
Ontem, chorei de dor porque vi a mim mesma antes do naufrágio. Vi a mim antes da refeição. Vi a mim antes da ferida. E vi a mim agora, depois de tudo.
E só agora, depois de tudo o que vi, percebo quanto tempo perdi com tudo o que abracei, pensando que eram flores.
Dói… dói demais perceber que, o tempo todo, eu abraçava cactos. E sangrei… Não até a morte, mas até reviver outra vez.
Ella Dominici: ‘Saudosismo daquelas gentes e pássaros’
Saudade tanta atingira os passarinhos viram queimados outros, a fogo, rastros deixados lembrariam atos fúnebres Àqueles que alçaram lindo porte e cores, ou ainda cantigas das árvores amigas, cotidianas sombras às galhardas danças ?
O que cantam estes olentes sentimentos de saudades dos oboés em odes? o que falta aos pequeninos emplumados no sereno amanhecer, marchando pisadelas em folhas de rasgos do amarelo outonar do ser ?
“Saí-bicudo” louvou em celeste hino norte à sul.
em caminhada sabiás aos longo do retorno anunciado, admiráveis cantores dizendo palavras versos e algum grito nos leves estros
ao som de assobio afinado, fogem do peito-pássaro-poeta-apaixonado, deixando vozes de amor à vida em seu voo,
às altas virtudes enverga-se meigo ninho ouvindo falas pios aos ventos mágicos, passarinhas em seus mimos e carinhos
Constelando-se estrela erguida que tudo lembrará à selva no passado-pássaro-pensamento passarinhando em Gonçalves,
Dias cintila asas de antes e madrigais momentos galanteios, Onde sonho, devaneio ido, ainda gorjeia um chorinho: Saudades!
Ismael Wandalika: Poema ‘Coragem do tempo’ (parte 2)
A gente cresce A criança em nós rejuvenesce A criança que saí de nós envelhece Visualizamos o entardecer dos dias paulatinamente A vida ganha um rumo diferente
Somos magoados e magoamos também Deixamos sonhos por realizar Priorizamos quem decidimos amar Nos tornamos país donos de um lar
No tempo Sorrimos com saudade da lembrança de outros sorrisos Nossos familiares e amigos tombados da jornada Deixaram nossos corações partidos Nos dividimos entre a realidade e a ficção da vida
O tempo traz um remédio que cura a alma Há gente que se separa de nós mas continua presente mesmo distante No tempo aprendemos que o amor e o respeito São ponte que une pessoas independentemente da distância O tempo tem a audácia de retificar rabisco Engavetados na memória de um passado
O amor vence Valoriza Entende Respeita
No tempo choros são lembrados com sorriso nos olhos Escrevemos nossa história olhando para dentro Ficam no tempo os momentos que partilhamos na fase de convivência mútua Os ensaios teatrais e de coreografia O hino desajeitado do grupo coral Aquele culto de avivamento espiritual As pregações, os jejuns, os sábados jovens, os cultos aos segundos domingos de cada mês, as sextas feiras de culto de dramaturgia Era tudo tão especial, tão divinal. Nossas brigas, nossas brincadeiras, era tudo tão surreal
Ficou para a história do tempo Os momentos vividos entre irmãos(as), primos(as) e sobrinhas(os) únicos momentos. Hoje um novo tempo vivemos
Por mais que Anselmo Ralph cante Jamais recuaremos o tempo Pois, cada um(a) foi para o seu aprisco Cuidar do seu novo mundo novo abrigo Ser pai, ser mãe, ser madrasta ser padrasto fazer a vida no seu tempo.
Coragem do Tempo O tempo ensina reeduca Só os de verdade permanecem em nossa vida Por mais que seja o tempo Só os de verdade ficam quando tudo perde o sentido Só os de verdade nos olham com esperança Quando a gente perde o foco e a beleza da vida Só os de verdade acreditam Quando os caminhos ficam fechados para nós.
Uns nos deixam com o tempo Outros ficam no tempo O tempo leva e lava os males Lembramos dos que foram com saudades Coração aperta a dor aumenta as vontades Olhos num retrato de lembranças Imagens timbradas no peito do tempo
Dá saudade Dá vontade A gente não volta mas recorda a trilha antiga que guiava a matina os nossos dias infinitos Cada vigília fortalecia o espírito Cada ensaio era como respaldo Teatro foi a terapia dos nossos dias
No tempo Aprendemos a amar a família e a valorizar o perdão De coração para os corações mansos A palavra poética fala com verdade e compaixão.
A tarde agoniza, abrem-se as cortinas do crepúsculo, acende os olhos do ocaso na varanda do tempo.
Na penumbra do poente resvala a saudade. Saudades que pelas frestas da janela derramadas pela rua se vão.
Casa nua, deserta, e a janela na sua solidão, chora, na tarde desnudada e fria.
Deixe-me entrar… Sou os raios do sol que atravessam sua janela e te aquecem do frio.
Sou o amor tua canção, tua poesia, teus segredos, teus mistérios.
O sorriso que encanta a vida, o chão da sua sombra, os sonhos que se perderam no tempo, o sol vestido de rendas douradas na imensidão do céu. O sol da tua janela.