Cisne é solitário, em colo claro deslizando íntimo, sobre si sobram- lhe penas oleaginosas vertiginosas, apenas elas escorregadas, noturnas, desamadas
Alma de cisne em transcendência retratando feminina lenda despida de terra, água, concubina das essências. Caçada pela dramaturga vida que envenena a platônica expectativa anunciando última cena, na dança dos aplausos ao solo em poesia: Coreografia do cisne e flor.
Se pudesse trincar o espelho do lago todas as gotículas seriam minhas círculos que se formam fora do itinerário natural quando se vibra e gutural quando se cria no gosto aveludado, em som de salmonella e cor vanilla.
Se pudesse pacificada como andorinhas a dor nadaria sem oriente nem para trás nem para frente…sumida Tateando doce de lagos gelados no fremir sentidos quando se dança uma valsa leve que balança
Jogue uma flor carmim sobre mim ela comigo baila como cisne desmaiados de tantos círculos assim que deixam as fadigas e cismas nesses beijos longos vida e consciência na coreografia sonhadora da existência
Clayton A. ZocaratoImagem criada por IA do Bing – 15 de agosto de 2025, às 17:02 PM
Era uma manhã gelada de agosto. Dessas em que o Sol tenta existir, mas só serve pra dourar a paisagem — não pra aquecer. O vento soprava como quem avisa: hoje ninguém vai escapar da solidão.
As ruas estavam vazias, ou quase.
Uma senhora encurvada arrastava um carrinho de feira vazio. Um cachorro tremia embaixo de uma marquise.
E eu, com as mãos nos bolsos e os ombros encolhidos, descia a rua como quem não sabe bem pra onde vai, mas sente que ficar em casa seria ainda mais gélido.
Há algo no frio que revela o que somos por dentro.
No calor, tudo parece mais fácil: os corpos se encontram, os risos se espalham, as janelas se abrem. Mas no frio…
No frio a gente se fecha. No frio, até a alma parece querer um cobertor. A verdade é que, quando a temperatura cai, a gente se dá conta de que sente falta do calor humano mais do que casacos: sente falta de abraços suculentos e beijos molhados.
Já reparou como o frio e a solidão caminham juntos?
Como o vento gelado tem o poder de lembrar a ausência de alguém?
É no frio que mais se pensa em quem já partiu, em quem nunca chegou, em quem poderia estar ao lado dividindo o café, ou simplesmente no silêncio.
Talvez por isso tanta gente escreva sobre inverno com tanta melancolia — porque o frio é um convite à introspecção, mas também um espelho da carência.
Lembro-me de uma frase que ouvi certa vez: “A solidão é a ausência de um calor específico”.
Na época, achei poética demais, dessas que se penduram em legendas de fotos tristes. Mas hoje, com o nariz vermelho e a alma encurvada, ela me parece perfeita. Porque solidão não é estar sozinho — é não ter com quem dividir o frio.
É curioso: quanto mais o mundo avança, mais parece esfriar. Temos aquecedores, cobertores térmicos, casacos inteligentes.
Mas não temos mais aquele calor de estar junto.
Mandamos mensagens, emojis, áudios com voz de saudade. Mas nem sempre conseguimos estar presentes.
E a solidão virou um frio que não se cura com tecnologia.
No entanto, há um paradoxo bonito nisso tudo. Porque o frio, quando compartilhado, vira outro bicho.
O mesmo vento que gela a espinha vira motivo pra se aninhar. O mesmo céu cinza que entristece, vira pretexto pra chamar alguém pra perto.
O frio, em sua dureza, cria o desejo de encontro.
Pense nas lareiras, nos vinhos, nos filmes vistos a dois debaixo de uma manta. Pense nas mãos dadas nos bolsos dos casacos.
Pense nas conversas longas só porque lá fora está frio demais pra sair de casa. O frio nos empurra pra dentro — e dentro pode ser um lugar cheio de gente, se a gente deixar.
Solidão, portanto, não é sentença. É estado. E como todo estado, pode mudar. Às vezes, tudo que alguém precisa é de um gesto, uma ligação, um olhar mais demorado. Às vezes, o que falta não é um amor de cinema, mas uma presença de verdade. Um “como você está?”, dito com vontade de ouvir a resposta. Porque a solidão, essa sim, tem pavor de ser escutada.
Hoje cedo, naquele caminho frio e vazio, vi uma cena simples: um casal de velhinhos, de mãos dadas, caminhando devagar.
Ela tremia.
Ele parou, tirou o cachecol e enrolou no pescoço dela. Depois, seguiram os dois, juntos, em silêncio. Aquilo foi a coisa mais quente que vi o dia todo.
Talvez seja isso. O frio é inevitável. A solidão, em certa medida, também. Mas a vontade de estar perto, essa sim, é que nos salva.
No fim, somos todos feitos do mesmo sopro gelado, esperando por uma brisa de afeto. E basta um toque, um gesto, uma companhia — mesmo silenciosa — pra fazer da solidão apenas uma pausa, e não um destino.
Que neste inverno — literal ou metafórico — a gente seja o calor um do outro.
Soldado Wandalika Imagem criada por IA do Bing – 13 de maio de 2025, às 08:34 PM
Oh! O meu caminho É marcado por solidão que invadem a vulva de fémures penetrantes Perdas que se eternizam na fauna dos gritos abundantes Nessa estrada pinto meus ritos com lágrimas cinzentas decorrentes
Ohhhhh! Abrigo dos meus negros pensamentos Dor que os sorrisos homenagearam nos olhos Verdade que ultrapassa a compreensão dos magistrados Dias tensos na garganta do poeta que come seus versos à mesa com os filhos…
Oh! No meu caminho Uns entram outros saem Fecho a porta para esvaziar a passagem Noites longas iludem o guerreiro na carruagem. Oh o meu caminho contém os vinhos que acolhem a vertigem. Um embrião parido no matagal da miragem.
Caminho trilhado Amor no prato Vidas na lembrança dos atos Um caminho vestindo o ninho escondido no peito Há palavra nos passos de fortalecimento Neste caminho vi a morte no colo Chorei meus prantos no ápice do desespero Amei amor dos prazeres à deriva Nas esquinas desta vida fui poeta de meus ditos textos pretos
No horizonte me achei Meus intentos benigno embriaguei Meu coração em constantes passos perversos entreguei. Perdi a essência da vida que sonhei Desprendi tudo aquilo que um dia prezei Caminho escuro como a noite na rua da lama No meu caminho vivo à margem do tempo Contemplo o peito do meu povo com telescópio Sou um viajante do tempo no triciclo deste caminho! Oh! Ora quente, ora crente Ora fresco, ora gelo Amor nos dias de fome, observo o enredo O caminho cresce em instantes Elevo-me na dimensão de meus ancestrais Oh! O meu caminho
Logo da seção O Leitor ParticipaImagem do saite Pixabay.com
Imaginei a figura de um banco vazio em meio as árvores de um parque e senti que precisava escrever sobre este sentimento que pode destruir as pessoas: a solidão.
A solidão invade a alma das pessoas quando estas perderam o ente amado, se separaram da pessoa que era sua companheira ou mesmo quando sentimos no coração um vazio imenso.
Digo que, na vida, antes de amarmos alguém primeiro é preciso se amar e assim não estaremos livres da solidão, mas com certeza superaremos estes momentos mais facilmente.
O estar sozinho pode nos levar a cometer atos impensados ou mesmo nos fazer procurar o amor, ou alguma companhia e o erro se encontra nesta busca. Digo isso, pois é da natureza humana se aproveitar de situações em que vê a outra pessoa aflita querendo um parceiro. Julgo que esta opção é a pior, pois um amor falso ou mesmo temporário pode piorar o estado de solidão. Portanto, é necessário que fiquemos sozinhos após passarmos por algum momento de dificuldade emocional. O fato de ficarmos sozinho irá reestruturar nosso interior, nos preparando para um relacionamento mais estável e se optarmos por evitar a solidão muitas vezes poderemos atravessar um relacionamento turbulento.
O amor surge em nossos corações quando menos esperamos, para tanto só precisamos estar abertos a ele. Podemos achar que, por estarmos magoados ou machucados, por uma perda ou separação, não conseguiremos amar; ledo engano, se estivermos com o coração receptivo, com certeza o amor chegará.
O banco perdido em meios as árvores do parque não significa só solidão, mas também força, resistência às intempéries do tempo e só apresenta os desgastes naturais devido à longa existência.
Nós também devemos ser assim, fortes para suportar a solidão e as intempéries da vida.
O autor
Roberto Ferrari
Roberto Ferrari nasceu em São Paulo no ano de 1957, e aos 54 anos, resolveu seguir sua real vocação: escrever. Iniciou a carreira literária em 2011 e já publicou os livros: Sublime Amor, Ventos da Paixão, Identidade Assassina, Fundamental como o Amor, Refúgio da Alma, Negócios de Sangue, Intenso como a Vida, Mansão Molnár, Juras Apaixonadas, O Ceifador de Almas e Suplício de Amor, entre outros.
Roberto pertence a várias Academias de Letras e é Presidente da ACLASP- Academia de Ciências, Letras e Artes de São Paulo.
No transcorrer de sua carreira, Roberto Ferrari já participou de mais de 350 Antologias Poéticas.
Dorilda AlmeidaImagem criada por IA no Bing – 08 de março de 2025, às 13:25 PM
Vida, Mistérios e segredos a desvendar A depender do tempo Da idade, dos estágios E dos ciclos Da nossa vida O tempo segue, ou não!
Os ritmos da criatividade Da solidão, do descanso Da brincadeira, da sexualidade Conduzem os poderes Instintiva Que alimentam às forças Dentro de nós, Mulheres!
Separar pensamentos De sentimentos Dar frutos Familiarizar-se com os mistérios Com o estranho e a alteridade Amadurecer E ressurgir, Assim somos nós, Mulheres,
Mulher Espontânea e segura Em qualquer hora E qualquer lugar. Os mistérios da mulher Estarão sempre A revolucionar.