Resenha do livro ‘Doce Insanidade”, de Patrícia Souza, pela Editora Uiclap
RESENHA
América é uma mulher instigante, meiga e cheia de mistérios.
Com uma infância nada convencional, América guarda segredos muito bem escondidos em seu coração.
E estes sentimentos vem à tona quando ela se envolve com três homens completamente diferentes.
Um enredo cheio de ação, emoção e algumas cenas muito perturbadoras, num misto de terror e mistério.
Uma história com reviravoltas simplesmente inesperadas, cenas chocantes, muito hot e um final de tirar o fôlego.
Eu super recomendo.
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SINOPSE
Contemplei meu pior lado depois que a conheci, América é minha…
Nunca na vida conheci alguém como ela, eu preciso dela…
Minha… Minha… Minha…
Balanço meu corpo de um lado para o outro, batendo com as mãos na minha cabeça e escuto os choros abafados das garotas que se escondem no cômodo.
Estou perdendo o controle, minhas mãos tremem, meu suor escorre pegajoso em minha testa, olho para a puta que acabei de matar, agarro seus cabelos ruivos e puxo para o meu colo, cheirando seu cabelo que agora tem o cheiro de lavanda e sangue.
— Dom Petrov? Sai dessa, irmão — ele se aproxima ficando de joelhos e tira a garota das minhas mãos me fazendo olhar para ele — Escolhe qualquer puta pra se casar e vamos voltar para a Rússia antes que seu pai venha atrás de você e sabe o que acontecerá se isso acontecer — a voz de meu capanga e melhor amigo parece preocupado e realmente ele deve ficar.
— Eu preciso dela — meus olhos lacrimejam e sinto as lágrimas escorrendo, passo a mão pelo meu rosto e uma gargalhada se rompe por minha garganta.
Meu amigo se afasta com os olhos arregalados de medo e pega meu frasco com remédios. Dou um tapa em sua mão e vejo os comprimidos se espalharem.
SOBRE A OBRA
Escritora de fantasia nata, porém se aventurando em um Dark Romance de tirar o fôlego.
Doce Insanidade é o primeiro livro de uma sequência de três livros, porém de leitura única sem precisar seguir uma sequência exatamente.
Em breve:
Livro 2: O Silêncio De Eliza. Obsessão sombria (spin-off contando a história dos pais da protagonista)
Livro 3: Noah Vincenzo (Sobre os gêmeos sanguinários, uma estória envolvente, polêmico e com um final surpreendente!)
SOBRE A AUTORA
Patrícia Tayla de Souza Santos tem 30 anos e é natural de Pindamonhangaba, interior de São paulo.
Formada no curso Técnico em Gastronomia pela Etec.
Cursa EAD de Perícia Criminal e Investigação Forense pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) e Radiologia, pela instituição Centro Universitário Anhanguera Pitágoras (AMPLI).
Fez cursos na área da investigação forense, sendo alguns deles: locais de crimes, padrões de mancha de sangue, DNA forense, criminologia, sexologia forense etc.
Apaixonada por livros iniciou sua carreira de escritora aos 24 anos, mas só veio a publicar aos 27 em uma plataforma de escrita.
‘O que sou?’ é seu primeiro livro e faz parte de uma trilogia de luz e escuridão, repleta de verdades ocultas e passados sombrios.
Este é seu segundo livro publicado em versão física pela editora Uiclap.
De todos os livros de Dark Romance que Patrícia já leu, algo sempre a incomodava: o fato de as protagonistas serem sempre as mocinhas frágeis era o principal.
Então ela decidiu quebrar este ciclo criando uma protagonista tão sedutora quanto perturbadora e assim nasceu Doce Insanidade.
Escritora de fantasia se aventurando no mundo Dark Romance.
Marcus Hemerly: ‘Lucio Fulci, o horror e sua derivações’
Conhecido como o maestro ou poeta do macabro pelos famosos títulos de terror desdobrando icônicas cenas de gore a partir de sofisticados efeitos práticos, o diretor italiano Lucio Fulci(1927 – 1996), assimila como particularidade a versatilidade temática de sua filmografia. Desde suas primeiras realizações, foram explorados gêneros tais como a comédia, romance, faroeste, documental, e, finalmente, teve sua consagração internacional como um dos principais expoentes do horror no século XX.
Após uma desilusão amorosa e já havendo desistido de continuar o curso de Medicina, iniciou seus estudos de cinema no Centro Sperimentaledi Roma, após trabalhar como crítico nos periódicos Gazzetta delle ArtieIl Messaggero, posteriormente tendo contato direto com nomes do calibre de Fellini, Antonioni, Vittorio de Sica, entre outros contemporâneos.
Inclusive, em entrevistas, mormente no famoso registro ‘Fulci Talks’, gravado em 1993, três anos antes de seu falecimento, revelou sua amizade próxima com Federico Fellini, dizendo que nos momentos de intimidade, conversavam sobre “paixões antigas e cachorros”, não necessariamente diluindo a cinefilia como tópico mandatório, a despeito de permear suas existências de maneira constante. Aliás, para o diretor, o cinema como razão de viver era um instrumento não só de expressão artística, mas de comunicação com o mundo, os sentimentos mais animalescos e os mais nobres traduzidos à tela a partir de sua esmerada regência.
Ainda que frequentemente associado ao subgênero Giallo, junto a realizadores como Dario Argento e Mario Bava, é lembrado devido a produções de horror mais gráfico, seja por conhecidas cenas envolvendo ruptura de globos oculares, seja por regurgitações sanguinolentas, em filmes como ‘Zumbi 2’ e ‘O Estripador de Nova York’. Sua obra, todavia, não destoou do viés humano, intimista e, até mesmo, cósmico. Decerto, não é inaudito que tal desdobramento pode ser mais aterrorizante do que mortos-vivos e assombrações.
Importante lembrar que o cineasta captou o olhar de público e crítica, ainda que de forma controversa, a partir do drama histórico ‘Beatrice Cenci’, e o suspense policial ‘Uma sobre a Outra’, ambos de 1969, este último rodado e ambientado em São Francisco. Inclusive, a transposição de tramas à América, a exemplo dos western spaghetti, não seria algo pouco usual ao período, até como forma de divulgação.
Por um lado, se os gialli – modalidade de slasher com estilística própria e marcante – foram inaugurados por Maria Bava na produção ‘A moça que Sabia Demais’ (1963), este foi responsável de forma mais relevada na formatação de horror gótico, contudo, Fulci se destacou em ambas as vertentes. A famosa ‘Trilogia das Portas do Inferno’, composta por ‘Terror nas Trevas’, ‘Pavor na Cidade dos Zumbis’ e ‘A casa do Cemitério’, desborda tanto eventuais close ups extremos sobre eviscerações, como cenas de suspense complexamente montadas, sobrepostas por trilhas sonoras marcantes. Constantemente, objeto de inspiração a criações nas décadas seguintes, valorizando um tom artesanal quando ainda não se conhecia o CGI.
Por óbvio, seria inviável e até desrespeitoso, tentar exaurir impressões acerca do mestre em poucas linhas. Temas correlatos às motivações subjacentes de vários argumentos, suas funções como roteirista, produtor, além de ator em suas películas merecem objeto de dissertação mais verticalizadas. Seria, no mesmo tom, impossível cerrar os olhos às divas que aformosearam de modo igualmente intenso, não apenas as segmentações de Fulci, mas o cinema Italiano dos anos 60 a 80, precipuamente, as talentosas Barbara Bouchet, Edwige Fenech, Carroll Baker, star system similarmente formatado no Brasil, na época das produções da Boca do Cinema, em São Paulo.
Suas últimas obras foram relegadas como títulos sem entusiasmo e carecendo do brilho vinculado ao início da carreira, que já era numerosa como roteirista e assistente de direção, muito antes de ‘Uma Sobre a Outra’ e os fabulosos ‘Uma Lagartixa Num Corpo de Mulher’ e ‘O Mistério do Bosque dos Sonhos’, ambos estrelados pela brasileira Florinda Bolkan e sucesso mundial. No entanto, filmes como ‘Vozes das Profundezas’ e ‘Porta Para o Silêncio’ de 1991, guardam não apenas o estilo de Fulci, replicado em toda sua filmografia, como novos toques experimentais. O cineasta já havia transposto um brilhante panorama de metalinguagem no impressionante ‘Um Gato no Cérebro”, um ano antes, no qual interpreta a si mesmo, pois o trabalho do artista, como cediço, é inovar dentro do tradicional. Aliás, o clássico é perene, não sem justa motivação.
FILMOGRAFIA SELECIONADA
1953 – O Homem, a Besta e a Virtude – L´uomo, La Bestia, La Vírtu (Roteiro)
1954 – Um Americano em Roma – Un americano a Roma (Roteiro)
I ladri (1959)
1959 – Rock, Twist e Doce Vida – I ragazzi del juke box
Urlatori alla sbarra (1960)
Colpo gobbo all’italiana (1962)
I due della legione (1962)
Le massaggiatrici (1962)
Uno strano tipo (1963)
Gli imbroglioni (1963)
I maniaci (The Maniacs, 1964)
I due evasi di Sing Sing (1964)
I due pericoli pubblici (1964)
002 agenti segretissimi (1964)
Come inguaiammo l’esercito (1965)
002 operazione Luna (1965)
I due parà (1965)
Come svaligiammo la Banca d’Italia (1966)
Le colte cantarono a morte e fu… tempo di massacro (Massacre Time, 1966)
Come rubammo la bomba atomica (1967)
Il lungo, il corto, il gatto (The Long, the short, and the Cat) (1967)
1967 – Operação São Pedro (1967)
1969 – Uma Sobre a Outra – Una Sull’Altra
Beatrice Cenci (The Conspiracy of Torture, 1969)
1971 – Uma Lagartixa Num Corpo de Mulher – Una Lucertola con la Pelle di Donna
1972 – O Deputado Erótico – All’onorevole piacciono le donne (Nonostante le apparenze e purché la Nazione non lo sappia…)
1972 – O Segredo do Bosque dos Sonhos / O Estranho Segredo do Bosque dos Sonhos – Non si sevizia un paperino
1973 – Presas Brancas / Desafio ao Lobo Branco – White Fang
The Challenge to White Fang (1974)
Il cavaliere Costante Nicosia demoniaco… ovvero Dracula in Brianza (Young Dracula/Dracula in the Provinces (1975)
1975 – Os Quatro do Apocalipse – The Four of the Apocalypse
La pretora (1976)
1977 – Premonição – Sette Note in Nero (Seven Notes in Black, The Psychic)
1978 – Sela de Prata – Silver Saddle
1979 – Zombie A volta dos Mortos – Zombi 2 (Zombie Flesh Eaters, Zombie, 1979)
Contraband (1980)
1980 – Pavor na Cidade dos Zumbis – Paura nella Ciittà dei Morti Viventi (The Gates of Hell)
1981 – O Gato Negro – Il Gatto Nero
1981 – Terror nas Trevas – …E tu Vivrai nel Terrore! L’Aldilà (Seven Doors of Death)
1981 – A Casa do Cemitério – Quella Villa Accanto al Cimitero
1982 – O Estripador de Nova York – The New York Ripper
Manhattan Baby (1982)
Conquest (1983)
I guerrieri dell’anno 2072 (The New Gladiators/Rome 2033 – The Fighter Centurions, 1984)
Murder-Rock (1984)
O Mel do Diabo – The Devil’s Honey (1986)
Aenigma (1987)
Zombi 3 (1988)
When Alice Broke the Mirror (também conhecido como Touch of Death, 1988)
Sodoma’s Ghost (também conhecido como The Ghosts of Sodom, 1988)
The Sweet House of Horrors (1989, TV)
The House of Clocks (1989, TV)
Demonia (1990)
Um gato no Cérebro – A Cat in the Brain (Nightmare Concert, 1990)
“Conheces esse mistério? O estranho é que a beleza é uma coisa não somente terrível como também misteriosa. É o diabo em luta com Deus e o campo de batalha é o coração dos homens”. Irmãos Karamazov. Dostoiévsky. Por Marcus Hemerly e Bruna Rosalem
O cinema brasileiro é bem definido sob o ponto de vista de períodos e sua interação/comunicação com o público.
De um lado, historicamente, quando se contempla as tendências na produção sob o ponto de vista autoral ou comercial – ainda que se trata de manifestação artística – inolvidável se mostra lembrar do cinema novo, o cinema marginal, e ainda, voltando um pouco mais no tempo, das chanchadas realizadas pela Vera Cruz e Atlântica. Houve um tempo, no qual o brasileiro fazia cinema para o brasileiro, quando os títulos mais intelectualizados, ou mesmo apelativos da Boca do Lixo, disputavam público com aos blockbusters americanos.
Paralelamente às produtoras independentes, as leis de reserva de mercado ou a posterior criação da Embrafilme, é possível asseverar que mesmo de forma velada, o terror esteve sempre presente nesse panorama evolutivo. No entanto, que terror? Por óbvio, as diversas facetas do horror se desvelam a partir de nuances indiretas, até mesmo não identificáveis prontamente como tal; seja por sua inserção na comédia, seja em razão das derivações não perceptíveis como no cinema importado, de alto investimento.
De um lado, temos os lobisomens, vampiros e demais criaturas sobrenaturais – assim como os famosos monstros da Universal Studios – evidenciando de maneira incontestável a natureza e intenção da produção. No Brasil, contudo, o horror, até mesmo por escassez de recursos, gravita de forma velada, psicológica, não raro, simbólica, a partir de sutilezas que se coadunam com o conflito interior e, não raro, o social.
Importante pontuar que esta tendência é notada em outras nacionalidades, de igual forma despidas de investimento mais significativos, em formatação prática que remete à limitação como elemento criativo inovador. Com a dita retomada da produção nacional, entre grandes orçamentos e realizações independentes, dos mais variados gêneros e matizes, o terror, renove-se, sempre foi objeto de revisitação, e, não apenas isso, praticamente atua como significativa parcelas dos títulos elencados nos últimos tempos.
Conforme adiantado, apesar de irradiar as feições do horror das mais versáteis formas, cite-se o recorrentemente referido “O Jovem Tataravô”, comédia fantástica de 1936, o primeiro filme autenticamente rotulado como pertencente ao gênero Terror, inclusive, autotitulado como tal, foi a parte inicial da trilogia Zé do Caixão, concebida por José Mônica Marins, em “À meia-noite levarei sua alma”, lançado em 1964. Novamente, vemos o sobrenatural alinhado às crendices populares além de violação a concepções morais e religiosas que, no contexto sociológico da época, amoldam repúdio e desconforto, assim como se assentariam na contemporaneidade os jump scares.
Nas décadas subsequentes, após a crise do Polo Paulista nos anos 90, as realizações pontuais no meio carioca, a extinção da Embrafilme e do Concine, a partir de vários fatores, se desembocaria na redescoberta do cinema nacional. Entre realizações milionárias e as produções de guerrilha com baixíssimo orçamento, a arte floresce justamente no nicho naturalmente discriminado ou outrora relegado como impraticável em terras tupiniquins. O terror. Ressaltando, por óbvio, o estilo próprio que desborda em traços mais humanos, psicológicos e, recorrentemente, retratando problemáticas sociológicas.
Nesses meandros criativos, salta aos olhos dos apreciadores da sétima arte o curioso roteiro concebido e dirigido por Gabriela Almeida Amaral, que havia chamado a atenção da crítica pelo bem esmerado curta-metragem “A Mão Que Afaga (2012), agora destacando-se no longa O Animal Cordial, (2017). Na fita, Murilo Benício, replicando a ótima atuação em O Homem do Ano – a despeito dos vieses distintos – vive o dono de restaurante Inácio. Nos primeiros momentos da sequência de abertura, nos deparamos com a tensão entre o patrão e os empregados do restaurante, principalmente com o cozinheiro, interpretado por Irandhir Santos. A dedicação, ainda que artificial, permeada pelo aparente senso de deslocamento, intercalado ainda por uma provável tensão matrimonial sinalizada de forma indireta, é interrompida por um assalto nas dependências do estabelecimento.
Nesse passo, um libertar gradual de amarras sociais se desenvolve pelo suspense palpável nos diálogos e ações surpreendentes, culminando num derradeiro, e gráfico, romper com a cordialidade do contrato social e dar de mãos ao lado animalesco de Inácio. Aparentemente, o cotidiano do restaurante caminhava de maneira rotineira, aos poucos apresentando seus personagens: o dono, o cozinheiro, a garçonete, os clientes. Porém, aos quinze minutos finais do encerramento do expediente naquela noite, chega um animado casal que solicita uma refeição à base de coelho acompanhada do melhor vinho da casa. De repente, dois homens armados entram no estabelecimento, anunciam um assalto e rende a todos presentes. Dali para frente, a trama ganha novos contornos que flertam com o suspense, gore, sexo selvagem e cenas violentas regadas a sangue e suor.
A fotografia chama atenção ao pintar a tela com cores vermelhas vibrantes, tons marrons, remetendo ao chão de madeira que constantemente era esfregado para limpar o sangue das vítimas, cores terrosas, fazendo combinações com alguns ambientes mais escurecidos e claustrofóbicos, acentuados pelo espaço de interação dos personagens e seu contorno minimalista, aspecto bem desenvolvida do roteiro. A cozinha, sempre muito clara, contrasta perfeitamente com as lâminas sujas e os cortes das carnes frescas.
Assistimos gradativamente a uma ruptura daquele ritmo vagaroso de um restaurante prestes a findar suas atividades daquele dia, para um caótico e frenético evento que revelaria o lado mais selvagem e brutal não só de Inácio, como também da garçonete Sara. Exaltados, ambos parecem ansiar por domínio, poder e destruição.
No livro “O Animal Social”, do psicólogo e professor emérito da Universidade da Califórnia, Elliot Aronson, há uma interessante investigação sobre o comportamento humano. Perguntas que ecoam do tipo: o que leva um cidadão honesto a tomar uma atitude imoral? Como surge a agressividade? Por que pessoas que não são loucas fazem loucuras? Entre outros questionamentos sob a ótica da psicologia social. Nesta obra, o autor cita vários experimentos que visam “testar” atitudes humanas frente a determinadas situações. Muitas vezes, o resultado apontava, por exemplo, que certas características do ambiente e do contexto em si levavam a comportamentos diferentes diante das circunstâncias.
Já numa ótica psicanalítica, temos a ideia de um sujeito estrutural pulsional que manifesta, sob determinados limites da civilização e da cultura, ímpetos, pulsões que são inesgotáveis: sexualidade, agressividade e pulsão de morte. São forças constantes que precisam ser, de alguma maneira, apaziguadas para conseguirmos viver em sociedade e criar laços comunitários. Aquela velha história do homem culto e civilizado.
Em dois textos icônicos escrito por S. Freud em 1930, “O Mal-estar na civilização” e o “Mal-estar na cultura”, o pensador do psiquismo mais famoso da História nos coloca que a repressão das pulsões se mantem a serviço da socialização, uma vez que para criar laços sociais, sustentá-los e interagir com o semelhante sem destruí-lo, há que se renunciar nossos mais pulsantes ímpetos, sejam eles sexuais ou agressivos.
Mesmo assim, ainda que tenhamos que fazer isso enquanto sujeitos que precisam lutar contra a pulsão de morte, não nos impede em certa medida de orquestrarmos guerras, massacres, ataques ao semelhante, a destruição dos outros seres que habitam o mundo e a natureza que nos cerca. À época (1932), questionado, Freud recebe uma carta do famoso cientista Albert Einstein, indagando justamente sobre as motivações que levam os seres humanos a travar grandes e violentos embates, resultando em milhares de mortes. Será que realmente há vencedores numa guerra? Naquele momento e espaço, a partir da ruptura – intencional ? – com a realidade e modus vivendi dito apropriado, traceja-se a verdade batalha, interior ou coletiva.
Recentemente o premiado filme alemão “Nada de novo no front” retrata da maneira mais visceral, cruel e fria possível, os horrores da Primeira Guerra Mundial, nos inserindo ao longo da trama belíssima em fotografia e trilha sonora original, algo extremamente terrível: pessoas matando pessoas sem nem mesmo saber o porquê daquilo. Jovens vendo seus amigos definharem, deixando famílias e sonhos para sempre. Neste cenário real e, porque não, subjetivo, o célebre mandamento bíblico “Amai o próximo como a ti mesmo”, torna-se praticamente impossível, pois não somente destruímos o outro, antes, somos capazes de também destruir a nós mesmos.
Um dos caminhos das pulsões para atingir outras metas mais aceitáveis socialmente, diria Freud, é o da sublimação. Desviar, por exemplo, a agressividade para a prática de um esporte, ou ainda, para diversas manifestações artísticas. Contraditoriamente, até mesmo a guerra pode ser um ato sublimatório, pois sob o apoteótico discurso de defesa e honra da nação, haja luz, faz-se a guerra.
Voltando à película, no caso de Inácio, a presença voraz dos assaltantes e a ousadia reveladora de sua garçonete sedenta por ação, quase que por virar o jogo, antes obediente, agora dita as regras da situação, podem ter despertado a “fera” adormecida quando viu ali uma oportunidade de para além de defender seu território, exercer força, domínio, violência, subjugar o próximo, acuá-lo, como um felino que brinca com sua presa antes de matá-la e devorá-la.
Antes do assalto, Inácio expressa caras e bocas diante de um espelho, na tentativa de sustentar um semblante de homem fino, exigente, controlador (inclusive, há uma passagem ao telefone em que ele demonstra tal comportamento ao dialogar com sua esposa). Ele faz ensaios, forja sua máscara social enquanto artifício para transitar nos mais diversos ambientes que exigem cordialidade, gentileza, compostura.
Será que ser dono do restaurante, aos olhos da sociedade, um empresário bem-sucedido, seria o caminho encontrado por Inácio para conter seus mais bestiais desejos? Afinal, quando os assaltantes adentraram em seu estabelecimento, em momento algum quis chamar a polícia, ou seja, uma ajuda externa. Ele mesmo reuniu toda sua ira para afrontar aquelas pessoas e defender sua propriedade. Ali, sob o pretexto de ser roubado, permitiu revelar sua selvageria e brutalidade. O horror irrompeu naquela figura humana.
Talvez o filme queira nos dizer que qualquer pessoa pode se tornar um assassino em potencial, um lado obscuro habita em todos nós. Para longe de qualquer hipocrisia. No entanto, como é impossível tal comportamento para vivermos em comunidade, talvez só nos restaria a morte. O desfecho da película parece apontar isso. Inácio, a fera, é morto. Para a garçonete, ter dominado aquele cenário grotesco ocorrido no restaurante já não bastava, era preciso incorporar Inácio para si, num movimento que mescla o prazer de preparar um suculento prato, com a morbidez de tornar aquele corpo, meros retalhos. Sara, a deusa Ammit, devoradora de almas, encerra seu ato de maneira memorável.
Annieli Valério Rufino lança ‘Assim me contou Maria’, uma obra de suspense e mistério com histórias verdadeiras contadas por mulheres
A premiada escritora paraense Annieli Valério Rufino fará o lançamento de mais um livro, desta vez através da Lei Paulo Gustavo do Edital de Chamamento Público da Secretaria de Cultura e do Governo do Estado do Pará.
Oficial da Força Aérea e atuando como professora no Colégio Tenente Rêgo Barros, lançará até em maio do corrente o livro Assim me contou Maria, uma obra de suspense e mistério, com histórias verdadeiras contadas por mulheres. Em ambientação no cenário amazônico os contos de terror se desenvolvem e nos remetem à oralidade de mães, tias, madrinhas e avós que se reuniam à noite para contar histórias antes de dormir.
Voltado para o público juvenil, será o décimo livro da escritora, que se debruça sobre a escrita de poesias, contos e dramaturgia. O lançamento será em Belém do Pará, em data a ser anunciada.
Annieli Valério Rufino é Tenente da Força Aérea Brasileira, professora, escritora, compositora, atriz, cantora e produtora cultural.
Autora premiada e publicada de nove obras solos, cinco antologias e três e-book. Doutora Honoris Causa em Patrimônio Histórico, artístico e cultural e Doutora Honoris Causa em Literatura.
Acadêmica Fundadora da Academia de Letras e das Artes de Oriximiná – cidade natal da autora.
Acadêmica das seguintes entidades: Federação Brasileira dos Acadêmicos Ciências, Letras e Artes; Academia Internacional de Literatura Brasileira e Academia de Letras e das Artes Luso-Suiça.
Contos de terror baseados em fatos quase reais que têm como pano de fundo a Amazônia
Contos de Anhangá é um livro de contos de terror com ambientação na Amazônia.
São treze contos de terror baseados em fatos quase reais que têm como pano de fundo a Amazônia, seus mitos e mistérios emprenhados no sobrenatural das lendas da região, com muito suspense, misticismo e arrepios de tirar o fôlego.
O livro é da escritora Annieli Valério Rufino e está em duas versões: Kindle e capa comum (distribuído por amazon.usa)
O livro foi um dos participantes do prêmio Conto Inesquecível 2023 da Amazon em parceria com a Prime.
Voltado para o público juvenil adulto, Contos de Anhangá promete surpreender os leitores de contos de terror.
Contos de Anhangá, está no topo 5 estrelas das avaliações na Amazon e está disponibilizado gratuitamente para download pelo link https://a.co/d/ijwYfqD ate o dia 11/12.
Imperdível! Corre lá, baixa o seu e não esquece de deixar sua avaliação.
Sobre a autora
Annieli Valério Rufino é Oficial da Força Aérea Brasileira, professora, escritora, compositora, atriz, cantora e produtora cultural.
Autora premiada e publicada de oito obras solos, cinco antologias e três ebook.
Doutora Honoris Causa em Patrimônio Histórico, artístico e cultural e Doutora Honoris Causa em Literatura
Membro 11ª Fundadora da Academia de Letras e das Artes de Oriximiná – Cidade Natal da Autora.
Membro 269ª da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Letras, das Artes e das Ciências.
Membro 930ª da Academia Internacional de Literatura Brasileira Membro da Academia de Letras e das Artes Luso-Suiça.
O debate trata da literatura de medo e enigma, abordando as características do estilo.
A roda contará com a participação de Tito Prates, escritor e presidente da ABERST, Thiago Lage, professor e autor do livro “Romantífica”, com a moderação de Fabiana Ferraz, escritora e leitora crítica.
A conversa será aberta ao público que poderá interagir realizando perguntas ligadas ao tema.
Durante o mesmo final de semana, acontecerá a Feira de livros de Romance policial, Terror e Suspense acontecerá nos dias 14 e 15 de Outubro, também no SESC Sorocaba.
Além da venda de livros, o público poderá interagir com os autores e obter autógrafos.
Para aqueles que gostam de se aventurar pela escrita, haverá a Oficina: “Contos, explorando o horror cotidiano”, ministrado por Fabiana Ferraz, escritora finalista do prêmio ABERST na categoria Narrativa Curta de Terror.
Na qual os participantes irão refletir sobre o cotidiano e os medos comuns, explorando sua transformação em narrativas literárias instigantes e perturbadoras, ao elaborar um conto.
Para isso, será introduzido o conceito de horror cotidiano, explorando seus elementos, temas características distintivas, por meio de exercícios práticos e discussões críticas.
As inscrições online para a oficina são gratuitas e já estão abertas no site do SESC.
Tito Prates
Possui trinta contos publicados e é organizador de antologias de suspense, mistério, terror e policial no Brasil, Portugal, E.U.A. e Argentina por diversas editoras e mídia on-line.
Editor, revisor, leitor dirigido, mentor e beta de obras premiadas em diversos prêmios de renome no cenário nacional e em Portugal.
Autor de livros sobre Agatha Christie e de sua primeira biografia originalmente escrita em língua portuguesa e autorizada pela família da escritora.
Recebeu da Agatha Christie Ltd o título de Embaixador Brasileiro de Agatha Christie em 2014.
Ministrou a palestra The Challenge of Writing a Modern Agatha Christie´s Biography – Universidade de Cambridge junho de 2017.
Livros policiais publicados pela Amazon e editoras Monomito, Trilha Educacional e FTD, como Museu do Crime, Assassinato no Condomínio de Luxo, O Assassinato de Lydia Sperandio. Presidente da Aberst desde setembro de 2019.
Professor na Universidade Federal do Tocantins, com doutorado em Biotecnologia pela RENORBIO/UFPE.
Escritor, algumas de suas publicações são Romantífica, livro de contos (Urutau, 2023); o conto “A bruxa dança”, cuja tradução ao inglês de Iana A. publicada na Eita! foi finalista no prêmio internacional Rosetta Awards (2021/2020); “Teste Anti-Turing”, na coletânea de contos de ficção científica de autoria LGBTQIA+ Violetas, unicórnios e rinocerontes (Patuá, 2020); e os contos “Seis estrelas” na revista Escambanautica (2022) e “Carnaval encarnado” na revista A Taverna (2021).
Resenha do livro “A face do Ceifeiro”, de Elisa Nunes, pela Editora Devaneios
RESENHA
Vamos conhecer a história de Cendy.
Cendy é uma garota esperta, inteligente e que tem uma amiga imaginária chamada Lana Estrada.
Um dia ela estava conversando com seu irmão e um amigo, e eles decidem ir ver as armadilhas que haviam deixado para capturar pássaros.
Cendy não gosta destes assuntos e decide que vai esperá-los no pomar.
A caminho do pomar, Cendy vê um poço e uma sombra que pede a ela ajuda…
Intrigada, a menina questiona o que pode fazer para ajudar e a sombra lhe explica que precisa de uma caixa que está na borda do poço, para que, ao abri-la, possa ir para casa.
Com medo, Cendy se questiona se não estaria se envolvendo em algo ruim…
A sombra, percebendo sua dúvida, diz a ela:- “Se você pegar a caixa para mim te darei o dom de ver sua amiga, que você só ouve…”
E daí em diante a história se desenrola de maneira surpreendente!!
Este é um livro classificado como suspense, mas eu digo que é um terror da melhor qualidade!
Daqueles que ficamos arrepiados em certas cenas que são dignas de cinema, com plateia aos gritos.
Super recomendo, amei!
Assista à resenha do canal @oqueli no Youtube
SOBRE A OBRA
Elisa nos conta que sua mãe e suas histórias sempre foram a influência para sua jornada literária e também influenciou na maneira como ela aborda o terror.
Na sua infância, sua mãe tinha o dom de contar histórias de terror, que faziam arrepiar até os pelos mais escondidos da minha pele.
Com a família sentada ao redor da fogueira, à luz fraca e crepitante das chamas, nos envolvia em enredos assustadores, onde fantasmas espreitavam nas sombras e o desconhecido se tornava aterrorizante.
Essas histórias plantaram sementes de fascinação e medo dentro da autora, alimentando sua imaginação de maneiras que ela mal podia compreender na época.
A Face do Ceifeiro é o seu conto de terror e suspense aterrorizante.
Atualmente está escrevendo outro conto: “O Telefonema de Joana”, que será lançado em uma coletânea junto com outros ilustres escritores pela editora Leia Livro Nacional no Halloween.
SINOPSE
Em uma luxuosa fazenda encontra-se uma caixa.
Dentro dela, um ceifeiro aprisionado com apenas parte do rosto.
Em troca de sua liberdade, o ceifeiro oferece um favor a Cendy, a criança que encontrou a caixa que o prende.
Para conseguir enxergar o espírito de sua melhor amiga, Cendy inicia a busca do que resta do rosto do ceifeiro e os poderes que ele um dia possuiu.
Repleto de mistérios, A face do Ceifeiro é um conto de terror e suspense aterrorizante.
SOBRE A AUTORA
Elisa Nunes da Silva, uma escritora notável nascida na pitoresca cidade de Paranaíba, no acolhedor Estado do Mato Grosso do Sul.
Com trinta e cinco anos de experiência de vida, ela carrega consigo não apenas o orgulho de sua terra natal, mas também uma dedicação fervorosa à promoção da paz.
Casada e mãe de dois filhos, equilibra com maestria os papéis de esposa, mãe e defensora incansável dos ideais que ela abraça com o intuito de dar visibilidade aos escritores independentes.
Sendo uma presença significativa nas fileiras da FEBACLA, a Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes.
Elisa também é cofundadora do Leia Livro Nacional, uma empresa voltada a dar visibilidade aos escritores nacionais e independentes.