Clayton A. ZocaratoImagem criada por IA da Meta. 11 de dezembro de 2025, às 18:05 PM
A traição tem um gosto curioso. Não é doce, não é amargo — é um tempero proibido que só interessa a quem está espiritualmente subnutrido. Quem trai, muitas vezes, mastiga o mundo como se estivesse saboreando um prêmio, um troféu de vitória pessoal. Mas essa sensação suculenta dura pouco: é como fruta madura demais, que explode na boca e, segundos depois, deixa apenas o cheiro da própria imaturidade.
Pessoas mal resolvidas consigo mesmas encontram na traição um espelho torto. Em vez de enxergarem suas próprias fissuras, veem, por alguns instantes, uma imagem melhorada de si. Lao-tsé alertava que “quem conquista os outros é forte, mas quem conquista a si mesmo é poderoso”. O traidor faz justamente o contrário: tenta conquistar o mundo para não perceber que não conquistou nada dentro de si. Ele se infla, mas continua oco.
Há, na traição, um tipo de euforia infantil. É como se o ego dissesse: “vejam, ainda posso ser desejado!”, enquanto varre para baixo do tapete a própria incapacidade de lidar consigo. O escritor indiano Rabindranath Tagore dizia que “não há óculos capazes de corrigir a visão de quem se recusa a enxergar”. A traição, portanto, é uma tentativa desesperada de ajustar a própria miopia emocional usando lentes emprestadas de outra pessoa.
A música também não perdoa esse tema. Da crueza de ‘Back Stabbers’do The O’Jays às confissões afiadas de Pitty em ‘Me Adora’, a cultura popular vive repetindo a mesma melodia: quem trai não está falando sobre o outro — está, na verdade, tentando berrar alguma verdade sobre si. A traição é o refrão desafinado de quem não aprendeu a se ouvir.
Na literatura, Machado de Assis já sabia disso quando desenhou personagens que se alimentam das próprias contradições. Ele mostrava que o traidor é muitas vezes um autor frustrado escrevendo sua narrativa de poder, tentando compensar a pequena autoridade que tem sobre a própria vida. Não é sobre amor. É sobre vaidade.
O pensamento oriental costuma tratar o ego como um animal inquieto que, quando não treinado, morde a própria cauda achando que captura algo valioso. Buda ensinava que “o desejo é a raiz do sofrimento”. Assim, a traição se revela como um desejo desgovernado que não leva ao prazer duradouro, mas à eterna sensação de vazio — o tipo de vazio que só cresce quanto mais se tenta preenchê-lo com aventuras rápidas e promessas quebradas.
Soldado Wandalika Imagem criada por IA da Meta – 10 de dezembro de 2025, às 11:07 PM
Cantei meu verso recheado de vida Olha, o meu poema espelhava vivências de minha terra Lancei-me na trilha A vida ensinou-me melodias que tocaram gerações Deu-me suas letras profundas que mudaram direções Corações uniram-se ao soar de minhas canções
Oh! Mãe! Fui dor Fui lamento Fui paz Hoje sou legado
Canta meu filho Canta minha terra Minha voz encarnada na voz de Florênço Handanga Continuidade de um eterno legado Oh! mãe teu filho te abraça Meu filho canta o que a mamã me deixou
Deixei meus versos para o vosso ouvido Lembrar da minha existência Passei por vós Vivi minha resiliência Contei minhas histórias entre as minhas melodias A vida partiu de mim Humano limitado também fui e não resisti.
Talvez, o fim de um princípio metaforsico Cantei pra vós Deixei-vos meu som, a minha voz Meus sentimentos em forma de versos e melodia Agora ouçam o meu filho o pequeno Handanga.
De Tupã (SP) para o Jornal ROL, Márcio José Zacarias!
Um educador-escritor, Márcio José Zacarias, com o giz e o teclado, ensina crianças e adultos a pensarem e sentirem!
Márcio José Zacarias
Márcio José Zacarias, natural de Tupã (SP), conhecido no meio literário pelo pseudônimo Arthur Souto, construiu uma trajetória marcada pelo compromisso com a educação, a arte e a palavra como instrumento de transformação social.
Possui formação multidisciplinar, sendo graduado em Pedagogia, Letras, Artes, Educação Física e História, além de especializações em Alfabetização e Letramento, Neuropsicopedagogia, Matemática, Educação Inclusiva e Produção Textual. Ao longo de sua carreira, atuou na Educação Infantil, no Ensino Superior e, atualmente, é professor efetivo do Ensino Fundamental I pelo Estado de São Paulo e pela Prefeitura Municipal de São Paulo.
Como escritor, Arthur Souto é autor de diversas obras que transitam entre a literatura infantil, a poesia e o romance, com destaque para Pé de Menina, A Fada do Pix — vencedora do Prêmio Ecos da Literatura 2024 como melhor livro original —, O Tumbeiro — eleito Melhor Romance de 2024 pelo Prêmio Book Brasil e finalista do Prêmio Pluma de Ouro—, Minha vida em versos e flores, Tonha, a Barraqueira, além de participações em diversas antologias.
Seu trabalho literário e educacional já lhe rendeu homenagens pela Câmara de Vereadores das cidades de Tupã e Sorocaba. É membro da Academia Independente de Letras e da NAISLA – Núcleo Accademia Italiano di Scienze, Lettere e Arti, além de colaborar como escritor da Revista Adupé.
Márcio José Zacarias acredita na palavra como ponte entre saberes, emoções e realidades. Em seus textos, transforma experiências humanas em sentimento, crítica e poesia, oferecendo ao leitor uma visão sensível, profunda e única do mundo. Para além do educador e escritor, é pai dedicado de Juninho e Arthur e avô orgulhoso da pequena Maria, suas maiores inspirações.
Márcio se apresenta aos leitores do ROL com poema regionalista ‘Cordel das Mulheres Brasileiras’
Cordel das Mulheres Brasileiras
Cordel das Mulheres Brasileiras
No canto dessa viola Eu venho aqui declamar, A força das brasileiras Que o mundo vive a admirar. Mulheres que são coragem, Raiz, futuro e luar.
Começo por Carmelita, Mulher de fibra e valor, Que faz da vida batalha E vence seja onde for. Seu passo firme ensina Que o medo não vence o amor.
Ionete segue ao lado, Com seu jeito decidido, Feita de riso e de luta, De afeto bem repartido. É daquelas que, no tropeço, Levanta e segue o caminho.
Isabel é luz acesa, É mapa, é direção; Tem palavra que aconchega E firmeza no coração. Onde ela pisa brota força, Onde ela fala há razão.
Sheila é vento valente, Tempestade que constrói. Não se curva ao impossível, Não aceita o “depois”. Se o mundo fecha janelas, Ela mesma as abre e repõe.
E Maria… ah, Maria, Nome que o Brasil carrega, Presente em cada esquina, Em cada história que alegra. Maria que é mãe, é filha, É raiz que nunca nega.
Mas não paro por aqui, Pois a lista é sem fim: Tem Dandara guerreira, Tem Chiquinha no bandolim, Tem Zélia, Ruth e Carolina, Escrevendo o país assim.
Tem Anita que foi soldado, Tem Tarsila que fez cor, Clarice que fez mistério, Nise que plantou amor. Cada uma abriu estradas Pro Brasil ser o que for.
Mulheres da feira e da roça, Da sala e do batente, Mulheres que guiam a vida Com mão firme e alma quente. Mulheres que levantam outras E seguem sempre em frente.
Por isso faço estes versos Com honra e gratidão: A todas que vieram antes E às que ainda virão. Se o Brasil tem esperança, É no pulso de cada mulher, É no brilho que elas carregam, É no mundo que elas querem.
E que o cordel se espalhe Em cada canto e lugar: Mulher é força que move O tempo, o sonho e o mar. E quem aprende com elas Jamais deixa de lutar. Márcio José Zacarias
Logo da seção O Leitor ParticipaImagem criada por IA do Grok – 10 de dezembro de 2025, às 12:56 PM https://grok.com/imagine/post/719be905-ba92-4063-949d-068c3acd8adf-0
Uma mulher extremamente linda é casada com um homem mecânico de motocicletas. Ela trabalha como enfermeira no Hospital Regional de Malanje e ele, na rua directa do antigo mercado do Chawandi. Um belo dia, repleto de vitamina D, ela prequetou-se de tal modo que parecia brilhar… Onde ela passava, a caminho do serviço, parecia que a luz do dia reluzia apenas para ela, pois os olhares de todos homens e até de mulheres iguais, davam para ela. Meninos e meninas soltavam comentários:
– Essa moça bem bonita só eu!
Os jovens adultos assubiavam, dando evidências claras de que ela era o centro das atenções. As mulheres, umas admiravam-se, outras invejavam o resplandecer da sua beleza.
Antes mesmo de começar a trabalhar, chegou um colega de porte físico elegante, com uma altura de um metro e oitenta e três centímetros, que exibia uma barba preta e bem aparada. O cheiro do seu perfume era exalado a uma distância de 50 metros. O senhor saudou-a, elogiando-a com palavras bonitas, delicadas e tocantes.
– Bom dia, flor do dia!
Ela, respeitosamente, respondeu:
– Muito obrigada!
– Poderia dar-me a honra de a conhecer?
Exitante, ela disse:
– Umblina.
Ele pediu o número do telefone dela na esperança de combinarem uma saída, para um almoço ou jantar…
Ela, bondosamente e com um sorriso no rosto, exibiu o seu dedo anelar da mão esquerda e respondeu:
– Já sou abençoada com o dedo dourado!
Ele respondeu, mostrando também a sua mão esquerda:
– Eu também tenho este defeito… viu só… assim vamo-nos entender!
Umblina, inspirando carinho e serenidade, fitou-o atentamente e disse:
– O meu compromisso é de coração e mente, casei-me tanto com o meu Deus quanto com o meu querido Clemente. Não há coisa no mundo que me faria perder o que, com muito esforço, lutei para ter!
– A mulher retirou-se da presença dele, e ele, envergonhado e cabisbaixo, olhou ao redor e entreolhou-se com uma empregada de limpeza, que acompahava discretamente as cantadas do médico cirurgião, abanou a cabeça com um ar de reprovação à medida que soltava um pingo de sorriso. O médico foi-se embora, intrigado.