O poder cognitivo

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

O poder cognitivo

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
Imagem criada por IA da Meta – 9 de dezembro de 2025,
às 14:17 PM

Na vida do ser humano, praticamente, tudo se adquire, tudo se perde, ao longo de toda uma existência física. As sucessivas aquisições iniciam-se bem cedo na vida de cada pessoa: andar, falar, integrar-se, desenvolver-se física, espiritual e intelectualmente. Também a partir de uma determinada fase da existência da pessoa humana, na velhice, se vai perdendo, tudo o que se obteve, incluindo a própria vida. 

A capacidade aquisitiva do intelecto, bem cedo começa a encontrar dificuldades, concretamente ao nível da memorização, ainda que, relativamente compensado pela faculdade da compreensão, com o resultado da experiência. 

A fórmula é das mais simples: tudo o que nasce morre. Apesar de disso, há algumas aquisições que, de facto, só a doença e a morte (absoluta ou relativa) retiram ao homem. 

Pode-se perder o emprego, os bens, os amigos, a família, a liberdade, qualquer que esta seja, mas o poder do conhecimento, esse, efetivamente, só algumas doenças e a morte é que o destrói. 

Conhecer, em abstrato, com subjetividade, e em concreto, objetivamente, uma determinada área, domínio ou parcela da realidade é uma forma de “Poder”, para o bem e para o mal: “Conhecer é Poder”.

O homem nasce, aparentemente, ignorante e manter-se-ia nessa situação se todo um processo socializante não atuasse nele, com muitos dos seus agentes intervenientes e influentes: família, Igreja, escola, empresa, comunidade, comunicação social, entre outros. 

A influência de cada agente socializador é diferente, sendo difícil avaliar qual o mais decisivo: qualitativa e quantitativamente, reconhecendo-se, porém, a Escola, através do sistema educativo, como fundamental para o exercício do poder intelectual e de realização concreta de projetos de vida real. 

O conhecimento teórico aliado à prática, e/ou vice-versa, são os carris por onde circulará o comboio da vida, ainda que parcial, para o sucesso e para o bem-comum da humanidade. 

Teoria e prática, bem utilizadas, sem preconceitos de uma ou de outra, devem coexistir no homem de poder, de contrário, não haverá poder, ou, então, este não é reconhecido pelos outros. É, também, no poder cognitivo da pessoa humana que reside a sua supremacia

Venade/Caminha – Portugal, 2025

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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Cidadão luso-brasileiro

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

‘Cidadão luso-brasileiro’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
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Assumir a cidadania plena, em qualquer parte do mundo, em geral, e no próprio espaço, em particular, postula um conjunto de requisitos institucionais e também uma capacidade multifacetada, para colocar ao serviço da sociedade, todas as potencialidades do cidadão, enquanto tal considerado. 

Igualmente fundamental, é a sensibilidade com que cada pessoa se deve munir para poder enfrentar as mais difíceis e diversas situações. O mundo atravessa um período crítico no que concerne aos valores que enobrecem a pessoa humana; os países, isoladamente considerados, confrontam-se, diariamente, com problemas complexos que, quando não são resolvidos com reflexão, com bom senso, conhecimentos e empenhamento, conduzem a situações perigosas, de autêntica violação dos mais elementares direitos humanos.

A complexidade social, que vem afetando pessoas, famílias, comunidades, sociedades, nações inteiras, continentes e o mundo, obriga a uma paragem na caminhada para o sucesso material, na satisfação dos egoísmos mais absurdos, para se pensar um pouco mais sobre o que cada um é, o que quer, e como deve prosseguir para alcançar objetivos mais nobres, mais humanos, mais razoáveis. 

É fundamental ter-se a noção de que não se pode conduzir a humanidade para o apogeu do irracional, do horror e do holocausto. Impõe-se, não um, mas muitos apelos à Paz, a todos os níveis, e em todos os sentidos, em todos os momentos da vida. A indiferença que alguns setores, mais renitentes à mudança, ainda manifestam, deve ser substituída por uma abertura ao mundo global, de forma a facilitar o melhor aproveitamento das sinergias dos tecnocratas positivistas, e dos pensadores idealistas. 

Positivismo científico e subjetivismo filosófico, não são incompatíveis e, a moderá-los, envolver-se-ão as Ciências Sociais e Humanas comandadas pelas Ciências da Educação, umas com mais objetividade e rigor quantitativo; outras com menor objetividade, mas maior rigor qualitativo. 

O homem transporta em si três mundos: o material, com todo o peso da natureza; o imaterial com a profundidade dos seus sentimentos, emoções e personalidade própria e o artificial, resultante de tudo quanto ele vai construindo. O novo cidadão saberá construir um mundo artificial, mais verdadeiro e mais justo.

Angolanos, brasileiros, cabo-verdianos, guineenses, moçambicanos, portugueses, são-tomenses e timorenses, bem como alguns macaenses e indianos, orgulhar-se-ão deste cidadão que se comunica, se interrelaciona e se emociona na língua de Camões. 

Que maior privilégio se poderia alcançar, do que este simples reconhecimento de uma língua comum, e uma história parcialmente partilhada por cerca de trezentos milhões de seres humanos, pelas quais se sentem, afetiva e emocionalmente, ligados? Que maior honra do que ser-se cidadão do mundo com a marca da lusofonia? 

Sejam quais forem os regimes político-institucionais, acredita-se que os seus responsável tudo farão para que este valor, que é a lusofonia, se aprofunde e consolide, para que o novo cidadão, dele emergente, seja o produto final, que todos desejarão interiorizar e imitar.

O cidadão luso-brasileiro que se construirá ao longo de várias reflexões, será um dos homens e mulheres de boa vontade e, nesse sentido, preparar-se-ão com total empenhamento, responsabilidade e competência, canalizando todos os seus conhecimentos, experiências e sensibilidade para os valores consagrados numa democracia de verdadeira cidadania, onde cada cidadão exercerá os seus direitos e cumprirá com os inerentes deveres, sem perder de vista os valores do progresso, do desenvolvimento, do bem-estar da sociedade, onde cada vez haja mais lugar à inclusão: social, política, económica, profissional, cultural religiosa e universal, para que todos possam beneficiar da Paz, da Justiça, da Educação, da Solidariedade, da Tolerância e da Democracia. 

Uma sociedade onde não haja mais lugar aos linchamentos públicos por força dos pensamentos, convicções, ideologias político-partidárias, religiosas e outras, que cada um tem o direito de professar. É este o cidadão global que se deseja para o mundo deste novo século XXI, desde logo a desenvolver-se a partir dos espaços luso-brasileiro, lusófono e ecuménico. Um cidadão de: princípios, valores, sentimentos, emoções, crenças, convicções, trabalho, autoestima. Um cidadão solidário, amigo, leal, grato, humilde. Um novo e respeitável cidadão do mundo. 

Venade/Caminha – Portugal, 2025
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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Pensar o mundo para o século XXI

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

‘Pensar o mundo para o século XXI’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
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A reflexão que agora se coloca à disposição das pessoas, amantes dos grandes valores da dignidade humana, dos quais se destacam, para já: a solidariedade, a amizade, a lealdade, a gratidão, a liberdade, a igualdade, de entre outros, identicamente fundamentais para a vida harmoniosa em sociedade, lança, justamente, um apelo à meditação sobre o mundo que desejamos construir.

Hoje, primeiro quarto do século XXI, numa sociedade muito complexa, extremamente exigente, seguramente, pelo menos, muito diferente do que em épocas passadas, as pessoas, as famílias, os governos, as empresas, as instituições em geral, as nações, seja qual for a sua natureza, confrontam-se com situações muito difíceis, que exigem soluções verdadeiramente, em alguns casos, dir-se-ia, “milagrosas”.

A gestão de pessoas, num enquadramento de valores essenciais à dignidade humana; a uma vida confortável, com expectativas de um futuro relativamente próspero; a constituição das famílias e as dificuldades que elas encontram na sua consolidação, no desejo legítimo de muitos casais terem filhos; uma velhice tranquila e merecidamente recompensada, entre outras condições que são desejáveis, para a vida adequada às necessidades mais elementares, são objetivos que se perseguem e que cada vez parecem mais difíceis de se atingir.

Com efeito, é fundamental, desde logo, que todas as pessoas, independentemente do seu estatuto, desenvolvam uma sincera sensibilidade humanista, muita competência e empenhamento em tudo o que se envolverem, na medida em que será pelo estudo, pelo trabalho, pela poupança que se podem atingir níveis e qualidade de vida, como todo o ser humano deseja, e tem direito.

Desenvolver “Relações Sociais para o Sucesso”, não pretendendo ser a panaceia para todos os males, nem sequer ter a ambição de resolver os problemas do mundo, e muito menos descobrir as fórmulas mágicas, para que toda a gente possa levar uma vida com responsabilidade, almeja, isso sim, demonstrar que é possível uma vida melhor, que existe sempre uma esperança, num mundo melhor.

Abordar temas como: “Dimensão Axiológica da Pessoa Humana”; “Conduta Ética dos Poderes; uma via para a Pacificação”, “Gratidão, Virtude que Gera Amizade e Paz”, “Idosos: Um Património de Sabedoria e Experiências”, “Crianças: Herança para um Mundo Melhor”, “Gestão e Liderança Humanizadas das Pessoas”, “Comunicação e Relações Humanas”, “Sociedade Ética para o Século XXI”, “Vida Digna”, “Filosofia para um Casamento de Sucesso”, “O Líder do Século XXI”, entre muitos outros, justificam uma tomada de consciência, para todos nós nos esforçarmos, um pouco mais, a fim de podermos dar um contributo positivo para as novas gerações.

É claro que outros temas poderiam ser abordados, noutras perspectivas, até com melhores resultados, embora estes só se possam avaliar decorrido o tempo suficiente para que uma, duas ou três gerações, se consciencializem de que, realmente, ninguém pode, nem deve, ficar de braços cruzados, à espera que um Estado Social, ou a família, amigos e instituições resolvam todas as situações.

Finalmente, com aquele conjunto de reflexões, desejo satisfazer, ainda que pobremente, o desejo de quem se preocupa com as Ciências Humanas e Sociais que, também eu, reconheço como muito importantes no nosso dia-a-dia. Pretendo, com todas as lacunas e defeitos que me caraterizam, manifestar a minha GRATIDÃO a quem me estimula para “agarrar” estes desafios, extremamente arriscados, mas ao mesmo tempo, gratificantes.

Sentir-me-ei eternamente agradecido se, pelas Relações Sociais, contribuir para que, todos juntos, nos valores da dignidade humana, possamos dar um, ainda que muito pequenino auxílio, para um futuro melhor: seja para as gerações que se aproximam do “fim da linha”, como aquela a que eu já pertenço; seja, também, para as mais novas que, generosamente, vão ajudar a construir um mundo melhor e, seguramente, permitir que nós, os “seniores”, (carinhosamente, ‘Os Cotas’) tenhamos as melhores condições para percorrer o resto da “linha”.

Boa leitura, no futuro, melhores pensamentos, para que a “FAMA: Família, Amizade, Meditação e Ação”, nestes quatro elementos, seja o ponto cardeal pelo qual consigamos orientar as nossas vidas, e o futuro da humanidade. Seremos todos muito “famosos”, se começarmos, desde já, a exercitar aquelas referências e, simultaneamente, agregarmos os grandes valores da dignidade humana, a ela associados.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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A conflitualidade humana

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

‘A conflitualidade humana’

Diamantino Bártolo
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Imagem criada por IA do Grok
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Igualdade de direitos em circunstâncias iguais, ou, como se costuma dizer, igualdade diante da lei, isso não só é possível, mas só isso é justo…» (FERREIRA, 1834a:3).

A primeira do século XXI apresentava-se à comunidade mundial como uma esperança, mas também transportando toda uma carga negativa de conflitualidade e indiferença, pelos mais elementares direitos e deveres que a cada cidadão, e aos governos compete observar. 

A preocupação coloca-se na impreparação que muitas pessoas vêm manifestando e, consequente incapacidade para: por um lado, evitar determinados conflitos; por outro lado, resolver, com prudência e equidade, as situações que afetam a qualidade de vida, ao nível das relações humanas interpessoais. 

A humanidade atravessou em 2014-2015, como no passado, mais uma grave crise que se refletiu em vários domínios da sua existência e intervenção. Resolver ou, pelo menos, contribuir para uma solução que aponte no sentido de reduzir o confronto negativo e exacerbado, latente nalguns domínios e atuante noutros, constitui um imperativo do cidadão deste século.

O problema nuclear que se coloca centra-se, essencialmente, na conflitualidade existente na sociedade humana, por razões diversas, destacando-se alguns problemas como: persistente violação de direitos humanos; insuficiente democratização na abordagem de diferentes situações; dificuldade no exercício de uma cidadania plena, entendida na fruição de direitos e cumprimento de deveres e, finalmente, pouca preparação de muitos cidadãos para assumir as responsabilidades que lhes cabem, nos diferentes contextos societários. A tarefa para reduzir os impactos negativos das situações resultantes daquelas insuficiências, não é fácil, e a reflexão sobre estes temas já vai no terceiro milénio.

Do nascimento de um “esboço” de democracia na antiga Grécia, à democracia do século XXI, um longo caminho já foi percorrido e, embora os conceitos clássicos se mantenham relativamente atualizados, no que à democracia respeita, a prática e atitudes de tão importantes valores da cidadania, ainda não se verificam em todo mundo, com autenticidade e liberdade. 

E se, igualmente: o século XVIII, ao qual está ligada a Filosofia das Luzes, produziu alterações significativas na sociedade, nos regimes políticos e nos indivíduos; também é verdade que novos conflitos, novas injustiças, novas desigualdades acabariam por substituir velhas arbitrariedades, desavenças e regimes.

Quaisquer que tenham sido os processos, os intervenientes e os meios, os resultados que se gostariam de se terem usufruído, então, em 2015, não foram totalmente alcançados, na medida em que, outros interesses se interpuseram; outras ingerências dificultaram o processo democrático; e, no centro de todas as polémicas sempre tem estado o indivíduo humano. Então o problema que atualmente persiste é, precisamente: o homem, o cidadão, o membro de família, o político, o religioso, o profissional, o empresário, isto é, o homem em todas as suas dimensões.

BIBLIOGRAFIA

FERREIRA, Silvestre Pinheiro, (1834a). Manual do Cidadão em um Governo Representativo. Vol I, Tomo I, Introdução António Paim, (1998a) Brasília: Senado Federal. 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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Jornalismo

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo ‘Jornalismo’

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É ponto assente, entre os estudiosos da filosofia da imprensa, que o direito à informação é fundamental, numa sociedade plural e, com tal pressuposto, numa imprensa nacional é indispensável a existência de uma rede de delegados, ou correspondentes, em todo o país, e no estrangeiro, para que se possa ampliar a informação, não devendo nunca o jornalista impor a sua opinião, na medida em que: se por um lado, presumivelmente, poderá desagradar ao leitor, quantas vezes tão bem ou melhor preparado que o jornalista; por outro lado, é necessário salvaguardar o direito do leitor, à boa qualidade e rigor da informação.

Não é fácil para um jornalista obter informações, tantas vezes ocultadas por razões de vária ordem, mas, é fundamental não ignorar que a informação é, em determinadas circunstâncias, mais importante do que as suas próprias opiniões.

A especificidade do jornalista não reside no facto de escrever nos jornais; como não está, também, no facto de ter opiniões, nem de as exprimir, nem de modificar a sociedade mas, bem pelo contrário, a sua função social própria, é transmitir comunicações úteis, é uma tarefa universalista, porquanto ele deve, desde logo, captar os rumores da sociedade, dar sentido a esses rumores, transformá-los objetiva e isentamente em informação, em notícia, porque ele deixou de ser como que um “mago que sabe tudo”, para assumir o papel de especialista em comunicação, por isso, detentor de uma competência técnica nesta matéria.

Um aspeto importante é o que se prende com as facilidades que são concedidas, ou não, ao jornalista para chegar à fonte de informação. Tal obstáculo está diretamente relacionado com a natureza da notícia que pretende divulgar, o seu impacto social, económico, estratégico ou militar e, ainda, com a credibilidade informativa do Órgão de Comunicação que representa, e do reconhecimento público da sua própria idoneidade moral e deontológica.

Naturalmente que hoje em dia, o jornalista deve ter acesso às fontes de informação, todavia, devem ser sempre acautelados os factos que, pelo seu melindre, venham a contribuir para desinformação. O jornalista tem o direito, e a obrigação, de saber, contudo: saber é uma coisa; publicar é outra.

É correto pensar-se que o Poder necessita ao mesmo tempo: do segredo e da propaganda, pelo que se torna legítimo que não só os jornalistas, mas também o público, se esforcem pelo direito à informação, e exijam do Órgão respetivo, transparência, rigor, oportunidade, isenção e, acima de tudo, a salvaguarda da identidade nacional.

Venade/Caminha – Portugal, 2022

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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Uma expressão existe que não chega a ser arte

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

‘Uma expressão existe que não chega a ser arte’

Diamantino Bártolo
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Toda a Arte é expressão, mas nem toda a expressão é Arte, porque, efetivamente, não há Arte no deficiente que é mudo, como não há Arte naquele que, emotivamente, se exprime de forma inarticulada. A Retórica no sentido depreciativo, deturpando a palavra, simulando expressão, também não é arte.

A expressão artística não pode ser deficiente, nem transcendente, nem insuficiente, nem excessiva, mas pode haver arte na introdução intencional do teatro, da pintura, da escultura, da arquitetura. No estudo sobre a arte, o autor destas três situações, José RÉGIO, destaca igual número de aspetos eliminatórios de arte.

Uma expressão existe que não chega a ser Arte, pela qual se pode imaginar uma pessoa que, visivelmente emocionada, não consegue exprimir-se com clareza e rigor, por mais compreensível que seja a mímica, por mais profunda que seja a sua dor, no entanto, tais manifestações são uma forma de expressão.

Toda e qualquer expressão vital: desde o silêncio ao grito angustiado; da tristeza à alegria; da alteração da fisionomia à descompostura do corpo; exprime, a cada instante, a infinita complexidade da vida psíquica do ser humano, mas tais expressões vitais não são expressão artística, porque lhes faltam a intencionalidade, porque revelam sinceridade, porque denotam espontaneidade, porque não há o compromisso de suscitar a admiração, nem a preocupação do receio da crítica.

A expressão artística é uma representação mediata, indireta, em relação à expressão vital, tendo, apesar disso, de comum o ser humano, daí que a reciprocidade entre as duas expressões seja uma realidade, na medida em que o artista precisa de ser uma pessoa superiormente dotada, em experiência humana, isto é, rica em sentimentos, emoções e ideias.

A arte vai beber à expressão vital, quando um simples gesto humano é captado, descrito ou interpretado por um pintor, romancista ou ator, ela até complementa a expressão vital, tornando-se, por vezes, uma substituta da vida.

Com efeito: «muitas vezes a expressão artística se afirma suplente duma expressão vital frustrada ou incompleta (…) ganhando mais força e realidade, atingirem superior profundeza e superior subtileza (…) aqueles instintos, tendências, impressões, emoções, sentimentos, ideias a que o artista não soube, não pôde ou não quis dar expressão vital.» (RÉGIO, 1980:25). Apesar de tudo, a expressão artística não substitui a expressão vital, nem tão pouco uma se reduz à outra.

A expressão artística é interessada, intencional, dirigida, ao contrário da expressão vital, que é espontânea, reflexiva e imprevidente, todavia, certas atitudes da expressão vital, como o rir, o chorar e o gritar, podem transformar-se em expressão artística, se a intenção é, efetivamente, fixar e comunicar, dentro dos mais amplos limites, no espaço e no tempo, porém, a pura expressão vital, no seu aspeto mais rudimentar, espontâneo, não chega a ser expressão artística, precisamente por lhe faltar intencionalidade, premeditação, fixação e comunicação. 

Naturalmente que tais limites definidores, são-no dentro de um relativismo mais ou menos dilatado e subjetivista.

BIBLIOGRAFIA

RÉGIO, José, (1980). Três Ensaios sobre a Arte. Em Torno da Expressão Artística. 2ª Ed. Porto: Brasília Editora.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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Educação estética

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Artigo ‘Educação estética’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
Public Domain Media - Schiller by 
Louis Ammy Blanc
Public Domain Media – Schiller by
Louis Ammy Blanc

Das reflexões que foram efetuadas e que tiveram por base a obra de Friedrich Schiller, denominada ‘Cartas Sobre a Educação Estética da Humanidade’, creio poder pensar que tal obra está ao serviço da Humanidade, porque ela revela o espírito sofredor, que encontra na educação estética um lenitivo e motivo para a luta por um bem supremo.

O autor pretende que o estado natural atinja o moral pelo empreendimento do estado estético, isto é, do ‘Terceiro Carácter’, já que as sociedades são conflituosas, por interesses antagónicos e nestes, o homem ideal não pode viver pelo situacionismo material reinante.

Na perspetiva Schilleriana, o homem deve autoconstruir-se como obra de arte, a fim de poder reaver a humanidade que possuía, e perdeu pelas constantes investidas de uma civilização que o pretende destruir, ou pelo menos reduzir a um ser impessoal, pelo que para voltar a um estado puro deve libertar-se do material e subir ao ideal, onde o espírito se sobressai da matéria.

O homem é, na sua essência originária, uma obra de arte, um modelo de Beleza porque integra uma unidade perfeita, em todos os seus elementos constituintes, é uma obra inacabada, porque em constante relacionamento com o seu Criador, seja ele apelidado desta ou daquela maneira, porque, efetivamente, o artista desta obra suprema, que é o homem, foi apenas um, Deus Criador, Deus Artista.

É por isso que a educação estética do homem deve iniciar-se o mais cedo possível, em ordem à chamada para as realidades belas e, desde logo, aquela que à sua volta se coloca, ou seja, a Beleza Natural: seja a beleza mineral, vegetal ou animal, e isto porque todos os elementos que integram o nosso mundo têm o toque do seu Criador, que foi o mesmo para todos, e n’Ele, todos devemos ir buscar a inspiração necessária à compreensão de toda a obra de arte: desde o conhecimento da obra de arte, que é a linguagem, até ao entendimento do gesto e da intenção do nosso homólogo dialogante.

Entre outras formas de a humanidade se cultivar, se compreender, se auxiliar é, naturalmente, pela leitura que cada um faz da obra de arte, é através do aperfeiçoamento do juízo do gosto, que nós aprendemos a amarmo-nos em respeito, em tolerância e em harmonia, na medida em que todos somos uma obra de arte produzida pelo mesmo Artista.

Ao finalizar esta minha análise sobre a Educação Estética, creio ser meu dever afirmar a necessidade imperiosa de, tal como outras matérias, designadamente a ética, a educação cívica, a mundividência, também a Estética deveria ser implementada ao nível do ensino preparatório.

 Isto porque só bem cedo na vida de uma pessoa, que se pretende digna e titular dos seus direitos, e responsável pelos seus deveres, se conseguirá alterar o curso de uma mentalidade fortemente afetada pelo “ideal do belo material”, ou seja, o ideal do Ter, a troco da degradação do nosso semelhante, terá de ser erradicado da humanidade e, nada melhor do que na comunhão do homem com a Beleza Natural para se elevar ao nível do Supremo Belo Absoluto. 

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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