Almas e verdades

Paulo Siuves: Poema ‘Almas e verdades’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
Imagem gerada por IA do Bing - 11 de novembro de 2024
às 10:07 AM
Imagem gerada por IA do Bing – 11 de novembro de 2024
às 10:07 AM

Tua arte me inspira, 

mas desejo mais que a contemplação. 

Quero a troca pela arte, 

pela arte da troca.

um ato de entrega, 

um sim sussurrado 

soprado na pele 

que desperta à carícia.

Não busco mármore imutável, 

mas um corpo que responde, 

que dança ao toque, 

vibra ao desejo, 

sem pressa e sem medo, 

num compasso permitido aos dois.

Sua *arte não é apenas bela, 

é convite à descoberta, 

à escultura, ao conjunto, 

onde mãos, olhares e almas 

se esculpem em diálogo.

Que seja sim sensual,

mas sempre consensual, 

feito de risos partilhados, 

silêncios entendidos,

vinhos derramados

e o respeito que nos faz inteiros.

Quero a obra da troca, 

onde a criação e o sentir 

se unem em harmonia, 

num acordo sublime, 

de corpos, 

de almas,

de poemas e verdades.

Paulo Siuves

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Acordes

Paulo Siuves: Poema ‘Acordes’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
 Imagem gerada por IA do Bing21 de outubro de 2024
às 12:53 PM

Quase nada
Mudou de tom.

Além das melodias suaves
Que, reverberando pelo vento,
Oferecem seu encanto.

As cordas não esqueceram
O toque leve dos dedos
Que deslizavam em harmonia,
Buscando a perfeição de cada nota.

Assim como o toque em minha pele
Ainda me faz estremecer quando lembro.

Ah! O som da velha canção
E a vibração das cordas dançando.
Ficaram gravadas na memória
Ressoando no meu peito.

Lembranças que ecoam
Como um acorde, num compasso…
Nossas almas consonantes
Pareciam tão bem afinadas.

Notas unidas pela harmonia
Presas num refrão clichê.

Felicidade que vibra,
Marcada pelo compasso
De um insistente metrônomo
Que não consigo ignorar.

Como o som daquele dia…
Lembranças que ficam ecoando,
Indefinidamente

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A canção que nunca chega ao fim

Paulo Siuves: ‘A canção que nunca chega ao fim’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 28 de setembro de 2024 às 6:18 AM
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 28 de setembro de 2024 às 6:18 AM

“Por que ela teve que ir? Eu não sei/
Ela não me diria
Eu disse algo de errado, agora anseio
Pelo dia de ontem”
(‘Yesterday’ – The Beatles)

Em meu coração, há uma canção que parece nunca terminar. É como se eu estivesse sempre no meio de uma composição musical interminável, tocada em acordes de esperança e tristeza. O meu mundo interior é o palco onde a luz nunca se apaga e as cortinas estão sempre abertas para uma peça que nunca chega ao fim.

Você, com sua beleza única e enigmática, é a nota que nunca se completa. Sempre que tento alcançá-la, você me desafina no ar, tornando-se um tom que escapa aos meus maiores esforços. Sua presença é um acorde suspenso, uma tonalidade que nunca se concretiza. Cada vez que penso que estou perto de tocar você, o destino nos separa e eu fico com o eco do seu não ser.

A música que toca em mim é uma sequência interminável de esperanças e sonhos. Cada verso parece repetir o mesmo desejo não realizado, cada refrão é um ritornelo do que poderia ter sido. Eu continuo a dançar, a cantar, a viver conforme a melodia que nunca se resolve, como se o tempo não fosse importante e a espera fosse uma parte natural do meu ser.

No meio dessa canção sem fim, encontro algo de beleza. Talvez a verdadeira essência esteja na jornada interminável, na aceitação de que a canção nunca terá um final. Nessa melodia que não se completa, descubro uma forma de paz. É uma aceitação do que é, uma promessa de algo que nunca será, mas que continua a tocar o meu coração, sempre me lembrando do que poderia ter sido.

Paulo Siuves

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O voo da dente-de-leão

Paulo Siuves: ‘O voo da flor dente-de-leão’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
O medo se desfazendo, feito a flor dente-de-leão
O medo se desfazendo, feito a flor dente-de-leão
Imagem gerada pela IA do Bing – 15 de setembro de 2024 às 7:24 PM

O medo nasce como uma sombra discreta, deslizando pelos cantos onde a luz mal chega. É um visitante silencioso, que se instala sem ser convidado e cria raízes profundas nos recantos que julgávamos seguros. Às vezes, ele murmura, uma voz baixa e insidiosa que nos faz hesitar; outras vezes, ele explode em gritos surdamente ensurdecedores, fazendo o peito apertar e a mente girar em círculos confusos. O medo é persistente, como uma erva daninha que insiste em crescer em solo seco, desafiando a aridez ao seu redor.

 Mas o medo não floresce como as flores que esperamos. Ele é frágil, uma flor delicada como o dente de leão. Surge inesperadamente, em brechas do concreto, em rachaduras do asfalto, em terrenos inóspitos onde nada deveria crescer. Sua resiliência é um paradoxo; ele se espalha sem pedir licença, mostrando uma força que na verdade é sua fragilidade. O medo se esconde nas fendas do cotidiano, mas quando nos aproximamos e o observamos de perto, percebemos que ele, assim como o dente de leão, é uma ilusão de força.

 Imagine, então, o medo como um mestre disfarçado, que nos ensina sobre os limites que autoimpomos e a coragem que precisamos descobrir. Ele nos desafia a encarar nossos receios mais profundos e a confrontar as sombras que projetamos em nós mesmos. É nesse confronto que revelamos nossa verdadeira essência, aquela capaz de transformar a sombra em luz.

Quando uma mulher se separa de seu parceiro, ela se vê cercada por um turbilhão de medos. O medo da opinião da sociedade, o receio de não conseguir pagar as contas, o temor de que seus filhos não a respeitem, o pavor das críticas dos parentes. Cada medo se torna uma muralha que tenta restringi-la, mas cada um também é uma oportunidade para que ela cresça e se liberte.

Na primeira brisa de coragem, o medo começa a se desfazer. Um sopro suave o leva embora, espalhando seus vilanos pelo vento, longe, para nunca mais retornar. O medo, antes colossal e opressor, se reduz a nada mais do que fragmentos leves, flutuando até desaparecer. O que resta é um caule vazio, um vestígio de uma força que nunca foi real, mas apenas uma construção ilusória.

Enfrentando  o medo, descobrimos que ele não é um monstro invencível, mas sim um espelho que reflete nossas inseguranças e limitações. Libertar-se do medo é como soltar um dente de leão ao vento: um ato simples, porém poderoso, que permite que novas possibilidades se espalhem. E, ao nos libertarmos do medo, nos tornamos mais inteiros e livres, capazes de crescer em terrenos antes inóspitos.

O dente de leão, com sua beleza efêmera e fragilidade aparente, nos lembra que, às vezes, a verdadeira força está na capacidade de transformar o medo em liberdade. E, ao soprar o medo para longe, encontramos não apenas a coragem de enfrentar nossos desafios, mas também a capacidade de nos reinventar e florescer, mesmo nas circunstâncias mais adversas.

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Completando as deficiências

Paulo Siuves: Crônica ‘Completando as deficiências’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
A harmonia no lar
A harmonia no lar
Imagem grada com IA do Bing ∙ 7 de setembro de 2024 às 9:33 AM

Ontem à noite, minha esposa acidentalmente deixou uma taça de vinho cair, espalhando cacos de vidro pela cozinha. Eu não vi o acidente, mas ouvi o som do vidro se estilhaçando. Imediatamente, ela se ajoelhou para limpar tudo, recolhendo cuidadosamente os pedaços antes de ir para a cama, exausta depois de um longo dia.

Mais tarde, no meio da noite, levantei-me para ir ao banheiro. Ao passar pela cozinha, meus pés pararam de repente. Sob a luz suave do corredor, vi pequenos fragmentos de vidro ainda espalhados pelo chão. Senti uma irritação crescente; como ela não percebeu aqueles pedaços? Pensei no nosso filho, que poderia acordar e pisar em um fragmento. Meu aborrecimento aumentou.

Então, uma voz interior sussurrou: “Você é o suporte dela, não é?” Essa pergunta ecoou na minha mente, lembrando-me do dia pesado que ela teve. Ela confiou em mim ao se deitar, deixando que eu cuidasse do que ela, naquele momento de cansaço, não conseguiu ver. Ela havia saído da casa do pai, onde sempre teve tudo, para construir uma vida ao meu lado, depositando em mim toda a sua confiança.

O pensamento me acalmou. Eu deveria estar agradecido por estar ali, para corrigir o que ela, exausta, não pôde. Peguei a vassoura e comecei a varrer com cuidado. À medida que movia as coisas, encontrei mais pedaços de vidro escondidos. Eu os recolhi, pensando no nosso filho, mas, muito mais, na mulher incrível que dormia no quarto ao lado, confiando em mim para preencher suas lacunas, como ela fazia com as minhas.

Esse é o casamento. Nenhum de nós acerta sempre, mesmo com as melhores intenções. Mas, quando um erra, o outro está lá, pronto para preencher as deficiências. Nem sempre é hora de reclamar; às vezes, é a hora de completar.

Paulo Siuves 

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A dança dos sonhos

Paulo Siuves: Poema ‘A dança dos sonhos’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
Imagem gerada pela IA do Bing – 31 de agosto de 2024 às 10:00 AM

No salão vazio dos meus desejos,
Eu danço sozinho, em passos lentos,
Aos ecos de uma música que só eu ouço,
Uma melodia feita de silêncios e de suspiros.

Você, musa de pele alva e cabelos negros,
Aparece como uma sombra na penumbra,
Um fantasma de paixão que nunca se revela,
Mas sempre me chama, sempre me seduz.

Eu estendo minha mão na direção do impossível,
E por um instante, quase te toco, quase te sinto.
Mas o ar entre nós é espesso com a distância,
E você se dissolve como uma névoa ao amanhecer.

E sempre assim, noite após noite continuamos
Numa dança que nunca me satisfaz,
Você, sempre fora de alcance, sempre desejada,
E eu, sempre dançando, sempre esperando.

Pois há uma beleza amarga em nosso desencontro,
Uma perfeição na coreografia do impossível.
E embora o universo nos mantenha separados,
Nos sonhos, querida, sempre dançamos juntos.

Paulo Siuves

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Visão do futuro, imagem do passado

Paulo Siuves: ‘Visão do futuro, imagem do passado’

Paulo Siuves
Paulo Siuves
“A visão do amanhã parece tão real, mas o amanhã não passa disso: uma visão que se projeta na doce ilusão de um sonhador”
Imagem criada pela IA do Bing 

“Ébano e marfim vivem juntos em perfeita harmonia
Lado a lado no teclado do meu piano,
oh Senhor, por que nós não vivemos?”
(Ebony And Ivory – Stevie Wonder, Paul McCartney).

A visão do amanhã parece tão real, mas o amanhã não passa disso: uma visão
Que se projeta na doce ilusão de um sonhador.
Uma flor inverossímil delicada e
Irrigada com os doces deleites do salivar dos seus beijos

Que se propagam nas imagens fixadas no passado,
Na memória.

A visão ilusória de estar de mãos dadas
Se perde no longínquo passado onde
Essa imagem está tão distante,
Quase perdida na década brincalhona…
Amar e desejar se confundem
Quando penso em você.

Amo seu olhar, seu sorriso, sua voz, seu querer
E quero tanto esse amor sobre meu peito,
Quero você cansada e independente dos meus apelos.

Desejo seus cabelos sobre meu rosto
E suas mãos salientes, percorrendo meus tendões.
Essa imagem ainda não se pregou
Nas paredes construídas para o hoje
E estruturam o amanhã. Eu amo você!

Paulo Siuves

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