Quietude sombria

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Quietude sombria’

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
Imagem gerada por IA do Bing – 3 de dezembro de 2024 às 10:42 AM

Caminho solitária
num dia sombrio e medonho
de passos lentos, saudade irreprimida,
desiludida; busco você
no meio do nada.

Na rua vazia
pálidas sombras guiam-me
e um nevoeiro de tristeza e saudade
impede-me de ser feliz.

Entrei na inexpressiva réstia taciturna
da vida, obcecada pela saudade,
sem você, sem seu amor,
nos mistérios da solitude do tempo.

No silêncio ensurdecedor,
você veio
e o Sol brilhou encantando a vida, enfim
e uma voz murmurou…
basta de saudade, de melancolia,
sou o chão da tua sombra
o teu amor.

Assim, dissipou a tristeza,
a saudade incontida,
acendeu a chama do amor,
na janela da emoção,
na quietude sombria.

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Mestra régia

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Mestra régia’

(Tributo à negra Úrsula, Maria Firmina dos Reis)

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
Imagem gerada com IA do Bing∙ 27 de novembro de 2024
 às 12:17 PM
Imagem gerada com IA do Bing∙ 27 de novembro de 2024
às 12:17 PM

Amanhece…
e sob um sol despido e límpido,
pelas janelas do vento,
da cidade ilha do amor, São Luís,
cantava em versos a poeta,
numa intrepidez
no combate escravagista,
pertinaz à liberdade.

Debruçada na sacada dos sonhos
de um passado de lutas e conquistas
detentora de dons artísticos,
poetisa,
escritora,
compositora
e colaboradora da imprensa maranhense,
publicou ficção, crônica,
enigmas e charadas.

Entretanto, difundida entre literatos,
a primeira romancista brasileira,
versou com destreza
quebrando paradigmas e preconceitos,
destacando-se com mérito e louvor.

No silêncio sombrio, a educadora,
descreveu em plena atuação do magistério,
na doçura dos vocábulos,
sua primeira obra o romance “Úrsula
e com destaque, a voz negra,
ressaltou a escravatura,
a injustiça e a dor sofridas – cruéis agruras,
de forma atroz.

Assim, em atuação,
sua história foi marcada
a exemplos de ousadia,
coragem e superação,
enfrentando as forças machistas
na sociedade
fundou uma escola mista
sem distinção por gênero.

Desse modo, a defensora da Abolição
publicou o conto “A Escrava”,
abordando a problemática
da discriminação racial brasileira,
e como precursora causa abolicionista,
com hombridade,
a era escravagista numa luta incansável!

O teu legado ampliou horizontes
construindo pontes
para desbravar o mundo poético
e com tenacidade,
conquistar o caminho da liberdade.

Enfim, na tarde solitária
pelas vidraças das cortinas
do ocaso,
o sol deleitava-se
e o crepúsculo adormecia
ao acordar da lua
no anoitecer da Úrsula, Mestra Régia.

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Solidão e saudade

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Solidão e saudade’

(Tributo a Tom Jobim)

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 22 de novembro de 2024 
às 5:53 AM
Imagem gerada com IA do Bing ∙ 22 de novembro de 2024
às 5:53 AM

O pôr do Sol descortina
atrás da montanha silenciosa,
e a vida triste sem ti,
vê o tempo passar,
numa saudade incontida,
debruçada na janela do poente.

Na quietude,
rasgo do entardecer,
e na casa encolhida
debaixo do cimo da colina, ao acaso,
lembranças insepultas
onde tudo se mistura:
solidão e saudade.
Tal qual, geme em segredo o vento,
uma voz regouga:
volte, eu não sei viver sem ti!

O crepúsculo despede-se
da tarde na tua solidão,
e no coração a dor dilacerada
pela saudade.

Enfim, no silêncio da noite escura,
entre olhares e sorrisos, tu
a tristeza ouviu o meu pedido…
e no aconchego do teu abraço
ao sabor do afago,
sussurros…
não posso mais sofrer,
chega de saudade… amo-te!


Ceiça Rocha Cruz

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O poeta da Morte

Ceiça Rocha Cruz: ‘O poeta da morte’

(À memória de Augusto dos Anjos)  

     

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
O poeta entrando no Portal do Tempo
Imagem gerada por IA do Bing – 15 de novembro de 2024
às 2:38 PM

A tarde agonizou…

na penumbra do poente,

o grande precursor da poesia,

ao versejar ‘versos íntimos,’

seu célebre poema, 

enfocou a destruição de sonhos e ideais.

Desse modo, 

ao debruçar-se no portal do tempo,

o poeta pré-modernista,

luminar da literatura brasileira

também versou com eterna mágoa,

raízes do simbolismo,

com temas mórbidos e sombrios.

Assim, retratava o gosto pela morte,

a angústia, pessimismo, ceticismo,

e em relação às viabilidades do amor,

o egoísmo e a volúpia,

foi apelidado de “Doutor Tristeza”.

Entretanto, em sua plenitude, 

o mestre e gênio literata paraibano,

persistente em seu poetizar,

redigiu versando com destreza,

as inovações temáticas

e de múltiplos estilos.

Então, na quietude sombria,

o ‘Poeta da morte’, como era chamado,

deleitou-se em sua poética, 

obcecado pelo tema morte

expressou a morbidez do homem

e a incapacidade de enfrentar o destino.

Enfim, diante dos sussurros poéticos,

despojaram seus versejos,

encravando na história literária

seu legado incomensurável,

afinal, a magnitude de sua obra, “Eu”

eternizou-se!

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Aquarela rochosa

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Aquarela rochosa’

(Relembrando as belezas de Penedo/AL)

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
Imagem criada por IA do Bing – 11 de novembro de 2024
às 9:36 AM

No silêncio da tarde,
na cidade rochosa,
ao rumor da brisa fria,
às margens do rio Velho Chico,
suntuosos coqueirais sorriem.

Na sombra, o balanço da rede;
e na branca areia,
sonhos de amor
nos versos da canção.

Sopra o vento…
baila no tempo em lentidão,
folhas se entrelaçam e nos relembram,
tardes sombrias e palmeiras
onde canta o sabiá.

No cenário dourado
linda aquarela,
doce poema;
rochas,
pedras, rocheira,
encanto e deslumbre.
Vicejantes colinas e vales
se desnudam
na fascinante névoa do entardecer.

A paisagem sorri
e o meu olhar vagueia
descortinando um paraíso,
emoldurado no plácido tempo,
onde o vento acaricia sua pele macia,
sua geografia,
seu panorama.

Na placitude,
astuta a tarde cai,
o sol se declina e o ocaso amadurece.
Abrem-se as cortinas do arrebol,
colore
e se derrama pela varanda do poente,
num mergulho e descortino.
Eis o Penedo,
terra do rochedo!
Aquarela rochosa!

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A Dama

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘A Dama’

(Poesia sobre tela – Monalisa)

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
Monalisa - Imagem do Canva
Monalisa – Imagem do Canva

Cai a tarde,
e aos olhos despojados do ocaso,
um quadro desvela
uma discreta ponte em arcos,
a névoa no cume das montanhas,
e um rio em seu entorno vagueia
o olhar descortinando
sobre a imagem de uma mulher
braços encruzados,
cabelos ondulados
que se mistura à paisagem.

No desenho a face
a pintura mostra a ternura infinda
e sob o olhar sereno,
revela beleza num lampejo,
traduz arte e segredo.

Desse modo, a boca delineada
sorriso tímido enigmático
desmancha-se em doçura,
na expressão do saber desmedido.

No quadro a obra,
célebre retrato,
descreve a formosura,
na visão renascentista do dom,
e a magnitude de suas emoções
e ideias.

Enfim, no mundo do talento,
o padrão de beleza da musa
ao olhar artístico do pintor;
harmonia entre o ser humano
e a natureza,
retrata,
o ícone da arte e da humanidade.
A dama, esplêndida Monalisa!

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Sou poeta

Ceiça Rocha Cruz: ‘Sou poeta’

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
“Meu deserto, meu oásis. E neste deserto o olhar de todas as saudades”. Imagem gerada por IA do Bing – 23 de outubro de 2024,
às 4:41 PM

Bela a tarde
de um sol
que finge não querer se pôr.
Canto o tempo que existe,
a vida que se vai,
a arte de amar
e de poeta ser.
DE UM SER POETA.

Canto e penso em ti,
nas rabiscadas laudas
do amor sentido.
A livre ideia livre
na doçura dos versos
dos mistérios do instinto.

Meu deserto,
meu oásis.
E neste deserto
o olhar de todas
as saudades.

Sonhos longínquos…
Solidão.
E num profundo universo,
sem forma,
nem nome,
a realidade,
no silêncio obscuro
disperso.

Desconheço o que não vejo,
se o coração não sente,
e neste abismo, qual Descartes.
“Penso, logo existo”, insisto,
sou poeta.

Ceiça Rocha Cruz

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