Educação fim de linha

Renata Barcellos: Artigo ‘Educação fim de linha’

Renata Barcellos
Renata Barcellos
Imagem criada por IA da Meta
Imagem criada por IA da Meta

Findo o ano de 2025 aposentada na matrícula mais antiga da Rede Estadual do Rio de Janeiro. Formei-me em 1996 em Português/Francês. São quase trinta anos de ensino de língua materna e estrangeira. Quando iniciei a docência, ministrava aulas em cursos de línguas no município do RJ e, na baixada, especificamente, no Sargento Roncalli. De lá, tenho ótimas recordações de alunos e fiz amigos. Nesse período, dediquei-me a pesquisas. Fui do curso de extensão ao doutorado. Minha prática pedagógica foi sendo aprimorada à medida que eu ia desenvolvendo pesquisas.                                                                            

     Como a palavra “educação” tem origem no latim e se conecta a duas raízes: educare (“criar”, “nutrir”, “alimentar”) e educere (“conduzir para fora”), a etimologia sugere a ideia de guiar o indivíduo para fora de si mesmo, desenvolvendo seu potencial e preparando-o para o mundo. Essa concepção norteou minha prática pedagógica até hoje. 

     Entretanto, chegar à aposentadoria e ao fim deste ano letivo e constatar o desmonte da EDUCAÇÃO é lamentável. Anos de dedicação, estudo, de práticas inovadoras, matérias, artigos, livros e ebooks publicados para me encontrar em um CAOS: professores doentes, alunos desinteressados, carga horária excessiva, má formação e infraestrutura, assédio moral…                                                                          

     Especialistas alertam que a romantização da docência e a ausência de legislação federal específica criam um cenário de “violência invisível” e impunidade. Isso acarreta o padecimento em massa nas escolas (de todos os envolvidos: do aluno à direção). Na sala de aula, professor se depara com falta de material, desrespeito, muitas vezes, Bullying, a desordem impera. E todos adoecem. Há relato de que o professor passou mal em sala no fim do turno e levou falta por ter saído umas horas antes de findar o horário. Muitas denúncias de assédio moral. A prática vem atingindo “níveis alarmantes”, onde o ambiente escolar TÓXICO está se transformando em um local de adoecimento físico e/ou psíquico.                                                                                                                                          

       A sala de aula se tornou um ringue. Vence quem é o mais astuto. Nós, professores, entramos em um campo de batalha, minado. Por mais que organizemos as atividades, jamais poderemos imaginar o que nos acontecerá. Os nervos vivem à flor da pele. Qualquer barulho abala nosso sistema nervoso. Constantemente, estamos “no limite”.                                                                                             

      Vale ressaltar que o professor não é um missionário. Somos profissionais! Porém, muitas vezes, ainda a sociedade nos vê como “segunda família”. Impera uma visão romantizada da docência. Isso acarreta um mecanismo de silenciamento. Porque somos “SUPER HERÓIS”. Há uma cultura de que a culpa da violência institucional é nossa. Por quê? A que ouvimos e lemos constantemente: não somos competentes, não temos domínio de turma, não organizamos uma aula motivadora, não construímos o conhecimento, não temos capacitação para lidar com as múltiplas deficiências… Triste realidade! Estamos exaustos! Desmotivados! Abalados!                                                           

       O Brasil lidera rankings internacionais de violência contra professores (OCDE). O resultado prático é o esvaziamento das licenciaturas (ainda mais com a reforma da previdência) e o aumento exponencial da Síndrome de Burnout. A escola é uma instituição de construção de conhecimento. Não triturador de sonhos. Este local precisa ser frutífero: disseminador de conhecimentos, realização de descobertas…. Um local de satisfação, contemplação… Jamais de destruição de corpo e alma.                                                                                                                                                 

       Para quem veste a camisa da Educação, diariamente, é desolador, aterrorizante ler notícias de ataques (seja lá qual for a natureza da violência) nas escolas.  Passei minha vida em sala de aula (ora como aluna ora como professora) e jamais poderia imaginar que viveria uma total desordem neste ambiente de construção de conhecimento. Como professora de literaturas, na atualidade, raramente, um aluno lê o texto sugerido. Aliás, até mesmo professor pouco lê muitas vezes. Estamos na Era do Imediatismo, de consulta à IA… Quem “gasta” seu “HD” refletindo…?                                                                                          

      Devemos entender que a vida é um grande palco, interpretamos a todo momento. Mas no palco da sala de aula, ninguém quer ser o “palhaço”. O aluno precisa ser orientado de que estudar é um ato solitário. Precisamos de silêncio para refletir, estabelecer relações. A vida não é uma grande festa 24 horas.                                                                                        

      E, no “apagar das luzes” de 2025, a rede Estadual de Educação do Rio de Janeiro está divulgando uma mudança feita por meio do decreto nº 49.994/2025  decreto assinado pelo governador do estado, Cláudio Castro. Este com o objetivo de reduzir a evasão escolar, o governo do Rio de Janeiro autorizou que “alunos do ensino médio reprovados em até seis disciplinas possam avançar para a série seguinte. Esses deverão cumprir um regime especial de recuperação no ano seguinte, no qual deverá ser concluído até o fim do primeiro trimestre”. 

      No caso dos alunos do 3º ano do Ensino Médio, o limite de reprovações reduziu para três disciplinas. Se aprovados na recuperação, poderão receber o certificado de conclusão do Ensino Médio. Concorda?                                                                                                     

     A questão é: para esta Geração Alpha (2010-2025 – os mais jovens, nascidos em um ambiente digital e imersos em tecnologia), há sentido em estudar? Quem estudará? Alguém prestará atenção no professor? Como preparar os alunos para ENEM, UERJ, PUC RJ com esta alteração? Há 30 anos preparo para exames externos (esses e para ingresso na carreira militar), especificamente os alunos da rede Estadual do RJ, nunca vi tamanho desinteresse já neste ano de 2025. Estou imaginando a partir de 2026 como será.                                                                                                                                           

      Quanto às leis nº 10.639/2003 (estabeleceu o ensino da cultura afro-brasileira) e 1.645/2008 (ampliou essa obrigatoriedade ao incluir a cultura e história dos povos indígenas), urge apresentar escritores, escola literária a qual pertence e seu estilo. Fica a dica para conhecerem outros autores contemporâneos no ebook Navegando nas Literaturas afro-brasileiras e indígenas.  

       Por uma educação de qualidade!!! Os alunos da Rede Estadual do Rio de Janeiro merecem ser bem preparados!!! Abaixo o decreto nº 49.994/2025 !!!!

Renata Barcellos

Voltar

Facebook




Projeto Com a palavra o autor

Renata Barcellos: Projeto ‘Com a palavra o autor’

Renata Barcellos
Renata Barcellos
Renata Barcellos e Regina Pouchain

Este projeto consiste em os alunos do Terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Estadual José Leite Lopes (NAVE RJ – disponível Link de ebook gratuito) interagirem com os escritores afro-brasileiros e indígenas. Trata-se de um trabalho final de Ensino Médio com objetivo de conhecerem autores contemporâneos das diversas vertentes literárias.  A proposta sugerida foi de apresentarmos uma minibiografia, redes sociais, foto, uma breve entrevista acompanhada da técnica da retextualização cuja definição é “o processo de transformação de uma modalidade textual em outra […]. Reescrita de um texto para outro, processo que envolve operações que evidenciam o funcionamento social da linguagem” (DELL’ISOLA, 2007, p. 10).                                                                                                                                                   

    As literaturas contemporâneas abordam temas instigantes e complexos, refletindo a realidade e as preocupações do nosso tempo. Entre os temas mais relevantes, destacam-se a diversidade e inclusão, as questões sociais e políticas, a memória e a identidade, o meio ambiente e a tecnologia, além da exploração da experiência humana em um mundo globalizado e em constante transformação. Urge adotarmos a leitura de autores contemporâneos também em nossas práticas pedagógicas da Educação Básica à Superior.                                                                                                                                         

     Na poesia, especificamente, na vertente literária da Poesia Visual, vertente datada de 300 a.C, ganhou impulso a partir das vanguardas estéticas como movimento artístico do século passado. A Poesia Concreta, parte desse movimento, de forma singular promoveu a ruptura da tradição artística pelas inovações estéticas com uma linguagem poética inaugural de sólida base teórica e de procedimentos planificados, visuais e sintéticos. Apropriou-se de princípios estéticos de diversas tendências artísticas, teorias, autores e obras e desdobrado em poema-processo e a videopoesia, definindo a poesia visual contemporânea. Por exemplo: a obra de Regina Pochain está pautada pela visualidade e tecnologia, a fim de suscitar questões referentes à metalinguagem, intertextualidade e intersemioticidade, compondo uma multiplicidade de relações, de uma polissemia poética vetorizada a uma abstração plástica da palavra, numa relação de procedimentos contemporâneos Pós-Modernos.  

  Assim, a partir do uso d as linguagens: verbal (escrita) e não verbal (imagens) e sua fusão semissimbólica, forma-se um novo código: a Poesia Visual. A poesia vinculada a elementos imagéticos compõe uma estética híbrida própria de uma parte da produção literária contemporânea. A visualidade, como elemento semiótico constitutivo do poema, suscita aos leitores novos caminhos interpretativos.          Quanto a uma das escritoras do projeto Com a palavra o autor, REGINA POUCHAIN, realizado por: Camila Oliveira e Iasmim Loranny, da turma: 3001.

MINIBIOGRAFIA: carioca, poeta, designer gráfica, artista intermídia, programadora e diagramadora visual, engajada no poema contemporâneo experimental e na poesia discursiva; produzindo em artes visuais e outros meios; pós-graduada em Artes e Filosofia pela PUC; vem realizando projetos diversificados próprios de criação; curadoria e exposições, publicações de livros e obras tais como, fotopoemas, poema visual gráfico, poemas matemáticos – eletrônicos, poemasobjetos, desenvolvendo trabalhos com mídia mista, colagens, desenhos e pintura, livros-de-artista, participando em diversas revistas eletrônicas e projetos em co-autoria com o poeta gráfico Wlademir Dias-Pino.

REDES SOCIAIS:

Facebook: https://www.facebook.com/rpouchain

 Instagram: @reginapouchainhttps

 Blog: wwwlambuja.blogspot.com/?view=flipcard

Entrevista

1.Qual foi a sua primeira obra?

R. Minha primeira obra escrita e publicada chama-se Partitura Maghinética. Trata-se de um romance na linha tradicional.

2. Qual a obra que você já fez e foi a mais “difícil”?

R. Minha obra mais “difícil” de ser trabalhada foi Partitura Maghinética, por ter sido a primeira.

3. Qual a sua motivação?

R. Minha motivação em escrevê-la, está relacionada ao meu projeto de vida, que seria o de me tornar uma escritora e na medida do possível uma poeta de importância para a literatura brasileira. 

4. LIVROS RECOMENDADOS: LITERATURA TRADICIONAL

R. Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima (que considero a obra de poesia mais importante escrita no Brasil) 

Grande Sertão Veredas, de João Guimarães 

Rosa Qualquer, de Clarice Lispector 

A Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar 

NO POEMA VISUAL 

Conhecer a obra do poeta e artista gráfico carioca Wlademir DiasPino, especialmente o poema A AVE. Conhecer Hana Hatherly, poeta e artista plástica portuguesa nascida em Lisboa. Conhecer os trabalhos da poeta Regina Pouchain 

5. MENSAGEM AOS ALUNOS:

R. Para quem pretende tornar-se poeta ou escritor, assim como professor de literatura brasileira, é imprescindível ler/conhecer, tanto o tradicional quanto a vanguarda brasileira. E para quem não pretende nem uma coisa nem outra, a leitura/ cultura é indispensável para qualquer tipo de formação.

Análise de Poema Visual: Poesia

Por: Renata Barcellos

Ebook Poesia Visual: https://bit.ly/4dYXPHt

Poesia virtual

Neste poema, Regina brinca com a palavra “poesia”. Trata-se da figura de linguagem metalinguagem a forma textual poesia com o mesmo conteúdo no qual as letras são desordenadas como se estivessem no ar.  Há também o verbal “ver” no infinitivo e o pretérito “vi” que, juntamente, com o icônico a imagem do cadeado remete a algo oculto. O leitor pode estar diante de alguma imagem e remeter a outro sentido. Afinal, como disse Humberto Eco, a “obra é aberta”. Cada leitor imprime um sentido de acordo com sua vivência.

Renata Barcellos

Voltar

Facebook




Dicas ENEM 2026: Linguagem

Renata Barcellos: ‘Dicas ENEM 2026: Linguagem’

Renata Barcellos
Renata Barcellos
Imagem criada por IA do Grok
Imagem criada por IA do Grok

Mais um ano findando e já estamos na semana do Exame nacional de acesso ao Ensino Médio (ENEM)/ 2026. Pontuaremos algumas dicas. Depois de anos de formação acadêmica, uma prova na qual mobilizará conhecimentos construídos ao longo da Educação Básica. O principal é ter em mente o seguinte: necessidade de raciocinar – utilizar a lógica.

Muitas questões propostas não são necessárias ler o texto. Vá direto ao enunciado da questão. Se for extenso, primeiro, leia o último período. Atenção ao solicitado. Marque o foco: correta – errada… Sempre atenção à referência bibliográfica. Às vezes, está lá a dica para a resposta. Em caso de dúvida em 2 ou 3 alternativas, utilize a técnica da balança: qual alternativa parece ser a MAIS certa ou errada? 

Sempre são propostas questão de figuras e funções de linguagem. Eufemismo, metonímia… Quanto a esta, atenção à metalinguagem. Esta é uso da linguagem para falar sobre a própria linguagem, concentrando-se no código (as palavras, os sinais, as regras) em vez da mensagem ou do contexto. Exemplos incluem um dicionário que define uma palavra, um poema que discute a poesia, um filme que retrata a produção de outro filme, ou uma conversa onde se explica o significado de um termo. Já, no que se refere àquela, destaque para ironia, eufemismo, metonímia…

Também são propostas questões sobre a finalidade de um determinado gênero textual. É fundamental dominá-los. Saber identificar TESE e classificar ARGUMENTOS utilizados….  E atenção a este recurso expressivo: INTERTEXTUALIDADE cuja definição é a relação que um texto estabelece com outros preexistentes. Essa relação pode ocorrer entre diferentes tipos de obras, como literaturas, filmes, músicas, charges, pinturas, publicidade…

Quanto à temida PRODUÇÃO TEXTUAL, treinar é preciso! No caso, ao longo dos anos ou deste ano. Se fará primeiro ou por último, você lá decide qual o melhor momento. Lembre-se do modo textual: ARGUMENTAÇÃO. Sua TESE deve estar na introdução. No desenvolvimento, ARGUMENTOS diversos (dado estatístico, histórico, comparação, citação, exemplos…) e, na conclusão, soluções para o problema apresentado.                                                                                                                               

Cada parágrafo deve ser estruturado com 3 frases no mínimo (apresentar o tópico frasal: início, meio e fim). Lembrar: uso da NORMA CULTA (nada de “Então”, “por conta”…). Cuidado com o uso das adversativas (mas, porém….). Colocação dos conectivos (portanto, logo, também….). Não separar o SUJEITO do PREDICADO, o VERBO do COMPLEMENTO… Não utilize o pronome “nós”, nos” e “você”. O texto é IMPESSOAL.  

Para obter 1000, é preciso atingir 200 nestas 5 competências:

C1. Domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa;

C2. Compreensão da proposta e aplicação de conceitos de diferentes áreas do conhecimento; 

C3. Seleção, organização e interpretação de informações para defender um ponto de vista;                                                                                                                                             

C4. Conhecimento dos mecanismos linguísticos para construir argumentação consistente;                                                                                                                                                  

C5. Elaboração de proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.

Alguns possíveis temas para o ENEM 2026 incluem questões ambientais (como desmatamento e sustentabilidade), tecnologia (impacto da IA, privacidade digital e o papel das redes sociais), saúde pública (doenças, acesso à saúde e sedentarismo) e inclusão social (direitos de minorias, acesso à educação e acessibilidade para pessoas com deficiência). Também são relevantes temas como o futuro do trabalho, desigualdade social, violência e desafios da educação no Brasil.

Sobre o meio ambiente, cabe mencionar a AGENDA 2030 (https://brasil.un.org/pt-br/sdgs). A ONU e seus parceiros no Brasil estão trabalhando para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. São 17 objetivos que abordam os principais desafios de desenvolvimento.

-O aumento de eventos climáticos extremos e a necessidade de políticas de preservação.

-Gestão de resíduos sólidos no Brasil.

-A busca por modelos de sustentabilidade e bioeconomia.

Tecnologia e internet

-Impactos da inteligência artificial e a necessidade de regulamentação.

-Privacidade digital e o papel das redes sociais.

-Educação midiática no Brasil atual.

-Ameaças da internet sem riscos.

Saúde

-Desafios na saúde pública para lidar com epidemias e doenças.

-Aumento de casos de Burnout, especialmente no trabalho remoto.

-A importância da conscientização sobre os males do cigarro e outras drogas.

-Combate ao sedentarismo infantil no Brasil.

-Saúde mental e a ligação com a crise climática.

Inclusão e direitos humanos

-Violência e preconceito contra pessoas LGBTQIA+.

-Direitos de pessoas imigrantes e refugiadas.

-Acessibilidade em ambientes físicos e virtuais.

-Desafios para a inclusão de alunos com transtornos de aprendizagem.

-Persistência da desigualdade de gênero e violência contra a mulher.

Trabalho e economia

-O futuro do trabalho, incluindo a questão do trabalho remoto.

-A relevância das condições de trabalho contemporâneas (como a escala 6×1).

-A fuga de cérebros e o empreendedorismo digital.

-A questão da fome no Brasil e como combatê-la.

Educação

-Desafios da educação básica, como o analfabetismo funcional.

-Acesso e desigualdade na educação.

-A importância de promover a educação política nas escolas.

-A relevância do esporte como meio de inclusão social na educação.

Vale destacar que, dependendo tema, mobilizamos alguns argumentos. Estes são esperados pelo corretor. Como em violência contra a mulher, mencionar a lei Maria da Penha; idoso, estatuto do idoso, criança e jovens, ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)…  E as literaturas podem e devem ser abordadas. Todos os temas são tratados de forma literária: poesia, crônica, conto, romance…

Navegue nas diversas áreas do conhecimento! Demostre dominar o tema. Sempre nomeie seu texto por mais que seja opcional! No último caso, tema será título. Letra legível! Evite rasura! Se puder elabore o recurso expressivo da INTERTEXTUALIDADE.

Do mais, mantenha a calma. Respire findo que a hora é esta! Não perca tempo!!! Otimize-o!!! JAMAIS desista de seus sonhos!!!  PERSISTA!!!

Renata Barcellos

Voltar

Facebook




A mania de sermos todos doutores!

José Ngola Carlos: ‘A mania de sermos todos doutores!

Kamuenho Ngululia
Kamuenho Ngululia
Imagem criada pela IA do Bing
Imagem criada pela IA do Bing

“A mania de nos chamarmos doutores e doutoras sem o sermos é um luxo barato,”

Em Angola, a realidade acadêmica que vivo, conheço e que, portanto, tenho direito de dizer uma palavra, o título Doutor ganhou uma tal proliferação que, não tarda, a sua utilização se tornará prolixa, enfadonha e/ou fastidiosa. Em meio a ter que chamar a todo mundo de Doutor, uns, nem mesmo medem as palavras e, saem a dizer: ´Dotor´ e ´Doctor´ como se de Português também se tratasse.

Este artigo, como é possível inferir, é uma crítica à esta mania de quem quer a todos agradar, deixando de reconhecer a real condição da pessoa com quem fala, atribuindo-a nomes que lisonjeiam e inflamam o ego de quem nada fez para merecer a honra que se deve ao título.

Na academia existem graduações, e estas graduações ou níveis, encontram-se dispostos de forma hierárquica. A nossa legislação, a angolana, prevê, dentre outros, os seguintes níveis:

  1. Técnico Médio
  2. Licenciado/a
  3. Mestre e
  4. Doutor/a

Como é possível ver, todos eles não são doutores. O título de Doutor é a mais alta consagração atribuída àqueles e àquelas que, com muito esforço, dedicação, comprometimento e amor ao saber, terminam com êxito o programa de doutoramento por uma universidade. Ser doutor não é um título gratuito, requer competências e responsabilidades.

Este artigo, além de ser uma crítica à iniciativa de chamar gratuitamente a todo mundo de Doutor, o que tende a banalizar o próprio título e, consequentemente, desmerecer quem o conseguiu com muitos sacrifícios que envolvem tempo, esforço, dinheiro, desgaste emocional, etc., aproveita-se aqui fazer uma homenagem calorosa a todos que de fato o são, seja por se ter cursado um programa de doutoramento ou mediante a atribuição por causas honoríficas. Está de parabéns, Doutor! Está de parabéns, Doutora!

Já agora, você que é Técnico Médio, saiba que você não é Doutor. O Licenciado e a Licenciada não são doutores. O Mestre não é Doutor e não há desonra nisto. Podemos ser técnicos médios assumidos com honra porque dominamos a especialidade na qual nos formamos. Podemos ser licenciados e mestres com orgulho de sê-lo porque adquirimos as competências durante a formação que nos identificam como tais. Não há vergonha em não sermos doutores. Vergonhoso é chamar a quem não é doutor, doutor, só para inflá-lo o ego. Vergonhoso é aceitar ser chamado doutor sem sê-lo!

A mania de nos chamarmos doutores e doutoras sem o sermos é um luxo barato que, apenas inflama de forma muito barata o ego de quem não o é e, aos poucos, vai banalizando o título e as pessoas que com muita honra o conseguiram e o merecem!

José Ngola Carlos

Malanje, 24 de Outubro de 2025

Como citar este artigo: 

Carlos, J. N. (2025:10). A Mania de Sermos Todos Doutores! Brasil: Jornal Cultural – ROL.




Meu filho fora do quarto

Eder Cachoeira e o guia que aproxima pais e filhos na era digital

Meu filho fora do quarto
Meu filho fora do quarto

Com mais de 28 anos de experiência em tecnologia, educação e empreendedorismo, Eder Cachoeira transforma sua vivência como professor, empresário e palestrante em um guia prático e inspirador para pais de adolescentes.

Eder Cachoeira
Eder Cachoeira

Criador do projeto “Meu Filho Fora do Quarto”, ele compartilha reflexões, histórias e dicas que ajudam famílias a reconectarem vínculos e construírem relações mais saudáveis.

A ideia do livro nasceu da experiência pessoal de Eder como pai e da percepção de que muitos pais têm perdido contato verdadeiro com seus filhos na era digital.

Inspirado por conversas reais, situações familiares e sua atuação em projetos educacionais, ele reuniu estratégias que realmente funcionam para transformar os desafios da adolescência em oportunidades de conexão, crescimento e preparo para a vida adulta.

O livro oferece reflexões, exercícios e ferramentas acessíveis, sempre com uma linguagem leve, acolhedora e direta.

Com ele, pais podem melhorar o diálogo em casa, fortalecer relacionamentos familiares e orientar os jovens de forma mais confiante e empática.

Entre os temas tratados estão o distanciamento emocional, o uso excessivo de telas, a ansiedade dos filhos e a insegurança diante do futuro.

Mais do que um manual, “Meu Filho Fora do Quarto” é um convite à ação, mostrando que cada desafio da adolescência pode se tornar uma oportunidade de crescimento familiar.

O livro vem sendo bem recebido por famílias que buscam soluções reais para os conflitos do dia a dia, com estratégias práticas que realmente fazem a diferença.

Eder Cachoeira prova que, com atenção, diálogo e orientação adequada, é possível transformar a convivência com os filhos em momentos de aprendizado, afeto e descoberta mútua.

REDES SOCIAIS DO AUTOR

MEU FILHO FORA DO QUARTO

SINOPSE

O livro Meu Filho Fora do Quarto é o guia essencial para pais que desejam transformar o relacionamento com seus filhos adolescentes, ajudando-os a se tornarem mais responsáveis, autônomos e felizes.

Este material oferece estratégias comprovadas e dicas práticas que equilibram a liberdade necessária para o crescimento do jovem com a responsabilidade e o comprometimento que moldam o futuro.

Ao longo das páginas, você descobrirá como implementar mudanças graduais e consistentes na rotina familiar, estabelecer limites saudáveis e promover um ambiente de diálogo e confiança.

Repleto de exemplos reais, atividades práticas e soluções eficazes, Meu Filho Fora do Quarto é uma leitura indispensável para pais que enfrentam os desafios da adolescência e desejam preparar seus filhos para o mercado de trabalho e para a vida adulta com segurança e maturidade.

Prepare-se para construir um futuro mais harmonioso e inspirador para toda a família!

Assista à resenha do canal @oqueli no YouTube

OBRA DO AUTOR

Meu filho fora do quarto
Meu filho fora do quarto

ONDE ENCONTRAR


Página Inicial

Resenhas da colunista Lee Oliveira




Universidade e ensino da Língua Portuguesa

Renata Barcellos

‘Universidade e ensino da Língua Portuguesa’

Renata Barcellos
Renata Barcellos
Professora Renata Barcellos em sala de aula - - Foto por alunos do Nave RJ
Professora Renata Barcellos em sala de aula – Foto por alunos do Nave RJ

A palavra ‘universidade’ vem do latim “universitas” cujo significado é ‘universalidade’, ‘totalidade’ ou ‘corporação’. Inicialmente, “universitas” referia-se à comunidade de mestres e estudantes reunidos em uma instituição com interesses comuns. As universidades surgiram na Europa medieval entre os séculos XI e XII. As mais antigas do mundo são a: Universidade de Al-Qarawiyyin (Marrocos, 859), Universidade de Bolonha (Itália, 1088), e a Universidade de Oxford (Reino Unido, 1096), Universidade de Paris (França, c. 1150), Universidade de Salamanca (Espanha, 1218), e Universidade de Coimbra (Portugal, 1290).                                                                                                                                                                 

     Essas primeiras se expandiram como centros de conhecimento para atender a demanda de uma sociedade por uma formação laica. Quanto a isto, vale destacar que, no Brasil, é um direito constitucional. Começou a ser implementada após a expulsão dos jesuítas no século XVIII, com a reforma pombalina. Assim, a Constituição de 1891 estabeleceu a laicidade do ensino público. E, a partir desse momento, a República brasileira tem buscado garantir essa neutralidade, como a separação oficial do Estado e da Igreja.  Dessa forma, o Estado deve manter imparcialidade religiosa, não apoiar nem discriminar nenhuma confissão, mas garantir a liberdade de todas.                                           

      As primeiras instituições se organizaram como corporações de mestres e estudantes, ganhando autonomia e desenvolvendo um currículo dividido em áreas como Direito, Medicina e Teologia. Surgiram como “templos da liberdade intelectual”, lugar de reflexão, debate, ideias contrárias serem discutidas ….  Entretanto, hoje… O que presenciamos nos diversos cursos universitários? Este “laboratório do pluralismo” tornou-se “amordaçador”? Abaixo à repressão!!! Diga SIM à LIBERDADE DE EXPRESSÃO!!! Universidade é lugar de REFLEXÃO, NÃO DE OPRESSÃO!!!

     Segundo uma pesquisa do Instituto Sivis, 47% dos estudantes brasileiros consultados evitam debates de assuntos controversos. Por exemplo, discussões políticas (39%) lideram a lista de temas a serem evitados devido à polarização. Professores e alunos declaram não se expressarem por temor a ‘patrulhas ideológicas’. Vale destacar o período da ditadura militar, no qual houve perseguição a acadêmicos e mais recentes o surgimento da ‘Escola Sem Partido’.

     Este foi um movimento social e um projeto de lei (PL 7180/2014) que visava proibir a ‘doutrinação política e ideológica’ nas escolas brasileiras. Assim, impondo o que os professores deveriam ensinar, especialmente sobre temas políticos e morais. Defendia que os professores não poderiam usar sua posição para promover convicções próprias e que o conteúdo da escola precisaria respeitar a moral e a religião da família. O projeto gerou polêmica: com defensores alegando ser um meio de proteger os alunos da manipulação e críticos considerando-o como uma forma de censura e ‘lei da mordaça’, a fim de cercear a liberdade de expressão e o desenvolvimento do pensamento crítico. Diante do caos, oficialmente, o movimento foi encerrado em 2020. O STF declarou inconstitucional a aplicação de leis similares.                          

    Além disso, também há a preocupação com a desvalorização da carreira docente e a precariedade das condições de trabalho. Estas podem desmotivar e adoecer professores, afetando o ambiente educacional como um todo. O preço de ‘pensar fora da cartilha’ é a difamação, o cancelamento e até o veto a pesquisas ou à docência. Há professores que se calam para não perder prestígio ou verbas. A cultura do cancelamento expande a cada dia. Trata-se de um fenômeno das redes sociais onde autores são boicotados e julgados publicamente por opiniões, ações ou obras consideradas controversas. Assim, levando à exclusão social e à perda de credibilidade.                                                                                         

    Vejam quantos escritores já o foram recentemente: Monteiro Lobato (dentre as obras, O presidente Negro e Jeferson Tenório, O Avesso da Pele). Urge considerar o contexto no qual a obra foi escrita. É preciso ler textos cujos temas sejam atuais e tabus ainda hoje como contos e romances de Ligia Fagundes Telles e Caio Fernando de Abreu. Em pleno século XXI, a universidade precisa estar de “portas abertas” sempre. Levar a sociedade para circular pelo campus, ter consciência de suas funções sociais. Ser ponte de diálogo entre diversas áreas do saber. É na interação que ocorre a construção do conhecimento.

    Outro aspecto são os ‘guetos’ onde só entra quem for ‘amigo do amigo’. De práticas realizadas, quando chegam ao meu conhecimento, sempre, digo: “quem tem padrinho não morre pagão”.  Sou a favor da meritocracia. Deve ganhar e ser reconhecido quem tem formação e competência e desempenha bem seu ofício. As ementas dos cursos devem ser cumpridas. E não ser a disciplina ofertada um espaço para ‘autopromoção’ da pesquisa realizada ou em andamento.                                                 

    Cabe destacar ainda que os eventos acadêmicos (congressos, simpósios…) estão cada vez mais esvaziados. Cada um vai ‘no seu horário’ (muitas vezes, não fica nem no horário completo), para sua apresentação e não participa das atividades propostas. Será que o caro pesquisador já atingiu o ‘auge do seu conhecimento’? Nada mais o interessa? As propostas online de comunicação estão extensas e com apresentações demasiadas….Isso é produtivo? E o espaço troca?                                                                                                                               

    Quanto ao ensino de Língua Portuguesa, de acordo com Daniel Sakovi (formado em Educação, na especialidade de Língua Portuguesa/ EMC, pelo Magistério Mutu-ya-Kevela; com cursos em Comunicação e Atendimento ao Cliente, Oratória e Comunicação Assertiva, Português Instrumental, Alfabetização e Letramento, ministrados pelo Instituto Federal Rio Grande do Sul — Brasil; transformador de mentes de alta performance; escritor de ‘Histórias de Reflexão Motivadoras’ e de ‘Os Ingredientes da Sopa da Vida’; comentador do Jornal O País; autodidata, e, não menos importante, artista plástico.

    Actualmente, actua como professor de Língua Portuguesa e formador de Comunicação e Oratória,  “enfrenta uma crise silenciosa: muitos professores têm reduzido a língua ao domínio de regras gramaticais, esquecendo-se de que o verdadeiro intento do ensino da língua é comunicar, interpretar, argumentar e transformar a realidade”. E, muitas vezes, este ensino de regras é feito de forma isolado que os pupilos acabam decorando regras após regras que se esquecem do contexto.  Ora, bem! A gramática por si só não é o problema.                                                                      

    O caos é quando ela se torna o centro absoluto do processo de ensino-aprendizagem, afastando os discentes da vivência linguística real. A língua não é um sistema fechado de normas, mas, sim, um organismo vivo que varia de região por região (variação linguística). Quando a escola ignora isso, transforma o aprendizado num exercício mecânico e sem sentido.                                          

    “O Ensino da Língua Portuguesa deve ser feito com base em debates e reflexões”, permitindo que os alunos se sintam confortáveis e livres em expressar as suas ideias. O que acontece é que os professores formados em gramática não permitem que os alunos se expressem, visto que, quando eles se manifestam e cometem uma gafe, os docentes querem de imediato fazer a correcção que os formandos chegam a não mais comentar nas aulas. E, na maioria das vezes, os tais professores não elucidam o porquê de não ter sido daquele jeito nem procuram entender o motivo de os pupilos terem dito isso ou aquilo. O que se quer é de docentes que levam os discentes a reflectir sobre os tais desvios que cometem.                                                                                                              

    Esta iniciativa de debater e reflectir sobre a língua deveria 2 emergir dos magistérios, já que são eles que formam os professores. É mais regras atrás de regras: análise sintáctica, análise morfológica, concordância… Os docentes só chegam a trabalhar textos quando é aula de leitura e, no momento da interpretação e compreensão, muitos chegam a restringir-se apenas nas questões encontradas no manual. Por que se chega a dizer que a Língua Portuguesa é a disciplina mais difícil?                                                                     

    Devido aos professores de gramática. Estes docentes acabam frustrando os discentes, fazem-nos acreditar que não sabem português, mesmo aquando se comunicam perfeitamente em seu cotidiano. Já advertia a pedagoga e linguista brasileira Magda Soares (2004) que ensinar a língua é ensinar a usá-la para pensar, comunicar e interagir. E não para ficar aí ensinar tantas regras que até o tal professor não aplica no seu cotidiano. (Grifos meus) Portanto, o que se quer aqui passar não é banir a gramática, todavia recolocá-la em seu devido lugar: como ferramenta a serviço da língua — comunicação — e não como fim em si mesma.                                                                             

    Por outra, o Ensino da Língua Portuguesa só será verdadeiramente libertador quando for plural, contextualizado, dialógico e centrado no uso real da linguagem. Professores que entendem isso não matam a língua — ELES FAZEM-NA VIVER. Na busca pela diferença: SER INCOMUM!”. Viva a Língua Portuguesa!!!                                               

    Imersos em tecnologias, cada veza a interação presencial está sendo substituída por mensagens escritas ou áudios. Precisamos cuidar da nossa língua materna e ou oficial. É através dela que nos comunicamos. Somos avaliados em processos seletivos de acordo com a gramática segundo as normas do Português de Portugal. Apesar de uma “certa distância” entre a norma padrão e a realidade linguística, enquanto professores, devemos tornar este ensino um processo motivador cujo resultado seja a construção de conhecimento efetivo.                                                                                                                     

    Uma sugestão é levar gêneros e modos textuais diversos, a fim de o aluno perceber as características próprias de cada um e o uso que se faz da língua. Destacar seus recursos expressivos e seus desvios. Só através da prática se alcança a compreensão do uso real de uma língua. Traga o mundo para a sua sala de aula. Transforme-a em um grande laboratório. Permita que seu aluno reflita sobre as diversas questões linguísticas. Dê espaço para produção textual e oral a fim de desenvolver a expressão oral e leitora.                                                          

    Concluirei com um outro aspecto abordado pelo estudioso angolano AC Khamba (professor de Língua Portuguesa no Instituto Politécnico Dom Damião Franklin e Director do Complexo Escolar Paulo Freire; Escritor, crítico literário, investigadores de teorias literárias para o ensino; Coordenador do Conselho Científico do Centro de Língua i Literatura Milho; Tem textos publicados em várias revistas, especialmente na Revista Mayombe, Palavra & Arte, Nós e a Poesia, Jornal O País, Jornal Cultura Angola e Jornal de Angola): a distinção entre ESCOLA e ACADEMIA.

Segundo ele, “em Angola, as escolas não são correntes, não possuem políticas próprias nem estão interessadas no bem-comum como um resultado da ciência e racionalidade, elas são tratadas dentro do regime académico e este, o regime académico, é uma sistematização política, que remete à sociedade caminhos que beneficiam o próprio sistema político e não a sociedade. Por essa razão que a Gestão Escolar e a Inspecção Escolar, no nosso país, já não são ciências, porque as suas funções dependem do regime académico (político) e não da concorrência (racional e científico). Como consequência, um caminho que finda no próximo passo”.

Esta realidade de Angola lhe é familiar?

Renata Barcellos

Voltar

Facebook




Intercom

Professor Carlos Carvalho Cavalheiro apresenta
comunicação na Intercom

Apresentação da pesquisa 'Recebeu a nossa bandeira: Folia de Reis, comunicação e jornada do herói'
Apresentação da pesquisa ‘Recebeu a nossa bandeira: Folia de Reis, comunicação e jornada do herói’

O professor Carlos Carvalho Cavalheiro, doutorando em Comunicação e Cultura, apresentou na última sexta-feira, dia 15 de agosto, a sua pesquisa intitulada ‘Recebeu a nossa bandeira: Folia de Reis, comunicação e jornada do herói‘ para o evento Nacional da Intercom 2025.

A Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – é uma instituição sem fins lucrativos, destinada ao fomento e à troca de conhecimento entre pesquisadores e profissionais atuantes no mercado. A entidade estimula o desenvolvimento de produção científica não apenas entre mestres e doutores, mas também entre alunos e recém-graduados em Comunicação, oferecendo prêmios como forma de reconhecimento aos que se destacam nos eventos promovidos pela entidade.

A apresentação de trabalhos de pesquisa faz parte da grade de créditos para a conclusão do Doutorado. Nessa pesquisa, o professor Carlos Carvalho Cavalheiro associou a Folia de Reis (manifestação da cultura religiosa popular) com o conceito de ‘Jornada do Herói’, consolidado pelo pesquisador e mitólogo Joseph Campbell.

Folias de Reis são grupos de devoção aos Reis Magos e que percorrem casas na época do Natal, anunciando o nascimento do Menino Jesus e solicitando prendas e ofertas para a realização da Festa, no final do giro, no dia 6 de janeiro. Essa festa é sempre realizada na comunidade dos festeiros, de onde partem para o roteiro de visitas às casas.

De acordo com o professor e pesquisador, a ideia é entender os ciclos do percurso das Folias de Reis dentro da lógica da Jornada do Herói, que é um conceito narrativo popularizado por Joseph Campbell e que se descortina a partir de 12 fases que o herói mítico percorre.

Para o professor Carlos Cavalheiro, as Folias de Reis, ao ritualizarem o seu retorno à comunidade (com simbolismos como um arco triplo que deve ser transposto pelo grupo de forma cerimonial), estão recompondo a jornada do Herói, construindo um espaço de comunicação do Sagrado. Esse espaço tem a dimensão de todo o trajeto percorrido pelas Folias de Reis que se comunicam a partir de suas cantorias e devoção.

Ao associar o trajeto percorrido pelas Folias de Reis com a Jornada do Herói, o professor pretende apontar para uma perspectiva sutil, mas importante: o retorno, ritualizado na chegada das Folias de Reis ao término de sua jornada, traz consigo a ideia de volta ao ‘mundo comum’ com o ‘elixir’ que beneficia a comunidade.

Em outras palavras, o reforço da identidade comunitária se dá a partir desse ciclo e da experiência com o sagrado mantido pelas Folias de Reis. Nessa esteira, políticas públicas de salvaguarda dessa manifestação popular ganham outra dimensão, uma vez que não se trata apenas de manutenção de um costume, mas sim, de todo um alicerce que serve de equilíbrio para a comunidade.

Na assistência da apresentação desse trabalho estava o professor Paulo Celso da Silva, coordenador do Grupo de Trabalhos da Geografia da Comunicação e Orientador do professor Carlos no Doutorado.

Voltar

Facebook