Nadia Bussacchini na XV Florence Biennale

Bianca Agnelli

Nadia Bussacchini na XV Florence Biennale: uma poética de luz e sombra

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Nadia Bussacchini. Foto por Bianca Agnelli
Nadia Bussacchini. Foto por Bianca Agnelli

Firenze, 21 de outubro de 2025. Conheci Nadia Bussacchini por acaso, em um daqueles intervalos sutis que precedem os eventos destinados a se transformar em lembrança coletiva. Na área teatro do Pavilhão Spadolini, na Florence Biennale, uma expectativa crescente tomava o ambiente: fileiras de cadeiras já estavam ocupadas, alguns técnicos davam os últimos retoques com a iluminação, e o murmúrio distante da Fortezza da Basso se preparando para receber Tim Burton – aguardado por todos nós com seis horas de antecedência – para receber o prêmio Lorenzo il Magnifico pela carreira.

Nadia Bussacchini e Bianca Agnelli

Ela estava a poucos metros de distância, com um crachá que parecia pertencer à equipe. Perguntei-lhe uma informação qualquer, um gesto distraído para preencher a espera. Mas, em vez de uma resposta formal, recebi um sorriso e uma frase simples: “Sou artista.”

A partir daí, a conversa se abriu naturalmente. Ela me contou sobre suas obras, sobre o seu espaço expositivo em outro pavilhão, e me pediu – quase como uma brincadeira – para guardar o lugar dela. Mais tarde, quando a sala já estava cheia e o ar carregado de expectativa, ela voltou. Compartilhamos aquelas horas juntas, e formou-se uma conexão especial.

Após a cerimônia, fui ver seus quadros. Três telas, dispostas como um pequeno conto visual sobre maternidade, expectativas, realidade – e, sobretudo, sobre ser mulher.

Os títulos: RevelationThe Light WithinContemplation.

Tela Revelation. Foto por Bianca Agnelli

Em Revelation, uma concha de náutilo emerge de um fundo escuro. É um objeto antigo, quase sagrado, uma espiral perfeita que guarda o mistério do crescimento e da proteção.

Em The Light Within, o náutilo retorna, desta vez ao lado do seio de uma mulher, como se a ideia de “casco” e a de “corpo” se fundissem em um único gesto de cuidado.

Por fim, em Contemplation, uma figura feminina deixa-se envolver por elementos aquáticos e naturais – um polvo, peixes, uma mariposa luminosa – como se a natureza reclamasse os contornos do humano.

Nadia Bussacchini nasceu em Brescia, Itália e vive nos Estados Unidos, mas a sua pintura surge de um lugar que existe além da geografia. Após uma formação clássica, enriquecida por estudos de história da arte e pintura no exterior, encontrou o mestre Manuel Piña, com quem aprimorou seus conhecimentos sobre luz e sombra, seguindo a tradição da “scuola bottega”.

Tela The Light Within. Foto por Bianca Agnelli

Desde então, seu percurso entrelaça culturas, países e linguagens, mantendo no centro uma constante: a exploração da luz como lugar interior, como revelação silenciosa.

Suas obras, suspensas entre realismo e sonho, entre matéria e símbolo, falam com uma voz suave, porém poderosa. A concha, a mulher, a água, a luz: cada elemento se repete como uma oração laica. Olhá-las é como inclinar-se sobre um limiar – aquele entre o corpo e o espírito, entre o que se mostra e o que permanece invisível.

E é justamente nesse limiar que se move o tema da XV Florence Biennale, The Sublime Essence of Light and Darkness: Concepts of Dualism and Unity.

Nas obras de Bussacchini, a luz nunca é apenas luminosa, e a sombra nunca é apenas ausência. Trata-se de um diálogo contínuo entre revelação e mistério – um léxico que pertence tanto à matéria pictórica quanto à condição humana.

Para compreender mais profundamente a poética e o percurso de Nadia Bussacchini, fiz algumas perguntas sobre os temas e as imagens que habitam suas obras.

Tela Contemplation. Foto por Bianca Agnelli

Luz e escuridão, dualismo e unidade: conceitos profundamente entrelaçados ao seu vocabulário visual.

Como você interpretou essas ideias na série exposta, e o que a levou a explorá-las neste momento da sua carreira?

A luz e a escuridão sempre foram, para mim, duas presenças que convivem, como duas vozes que não se anulam, mas se completam. Na série que apresentei, quis aprofundar esse diálogo porque me encontro em um momento da carreira em que sinto a necessidade de compreender as origens das minhas emoções. A escuridão, para mim, não é um abismo, mas um ventre; e a luz não é uma resposta, mas uma passagem. Trabalhei buscando um equilíbrio entre essas duas forças, deixando que fossem elas a guiar o ritmo das imagens. Foi um processo de escuta profunda, quase meditativo, que acredito refletir perfeitamente meu estado interior.

O náutilo aparece em duas das suas obras – como concha em Revelation e junto ao corpo feminino em The Light Within.

Que significado esse símbolo tem para você? É um refúgio interior ou uma metáfora mais universal do nascimento e do acolher?

O náutilo é, para mim, um símbolo antigo, meditativo. Vejo-o como uma estrutura perfeita, uma espiral que cresce mantendo a memória de cada fase da sua existência. Em Revelation, representa o chamado para uma verdade interior, enquanto em The Light Within torna-se uma extensão do corpo feminino, um refúgio que guarda, mas que ao mesmo tempo convida a se abrir. O náutilo é, para mim, uma metáfora da viagem em direção a si mesma: conter, proteger, mas também renascer continuamente. É um símbolo que carrega delicadeza e força, assim como as mulheres que aparecem nos meus discursos visuais.

Nos seus quadros, maternidade, feminilidade e expectativas sociais se entrelaçam com a realidade.

Como você vive essa tensão na prática artística e na vida cotidiana, e como ela influencia a forma como você conta histórias através da pintura?

Ser mulher em um mundo cheio de expectativas é uma dança complexa. A maternidade – real ou simbólica – carrega um peso e uma luz que inevitavelmente infiltram-se no meu trabalho. Na minha prática artística, vivo essa tensão quase diariamente: o desejo de liberdade absoluta e, ao mesmo tempo, o chamado constante aos papéis que a sociedade nos impõe. Pintar torna-se então uma forma de renegociar esses limites, de contar não apenas o que vivo, mas o que muitas mulheres sentem e nem sempre conseguem expressar. Minha pintura, nesse sentido, é um lugar de libertação.

Antes da Florence Biennale, você expôs no Texas, no Marrocos e na Suíça, em contextos muito distintos.

Que herança você traz dessas experiências internacionais? Existe um fio invisível que liga todas as suas obras, ou cada exposição conta um capítulo separado?

Texas, Marrocos, Suíça… cada lugar me ensinou algo diferente, não apenas como artista, mas como ser humano. No Texas, percebi a força da multiculturalidade; no Marrocos, a poesia do silêncio e do deserto; na Suíça, a precisão e a calma. Acredito que exista um fio invisível que liga todas as minhas obras, mas não como uma linha reta… mais como um batimento, uma respiração que se repete de formas diferentes. Cada exposição é um capítulo, sim, mas pertencem todas ao mesmo livro emocional.

Você estudou com Manuel Piña, artista de forte matriz latino-americana.

Como a visão dele enriqueceu ou desafiou sua formação europeia? Você se sente artista entre dois mundos ou livre de fronteiras geográficas e estilísticas?

Estudar com Manuel Piña representou uma ponte entre mundos. Sua perspectiva latino-americana, tão potente e profundamente ligada à memória coletiva, abriu fendas na minha formação europeia, convidando-me a explorar a vulnerabilidade como força. Sinto-me uma artista entre dois mundos, mas também livre deles: minha identidade visual nasce dessa fusão, desse diálogo constante entre raízes e movimento.

Muitos dos seus trabalhos jogam com a luz, o corpo e a natureza de modos poéticos e suspensos.

Como você definiria o “lugar interno” onde nascem suas imagens? É um espaço de reflexão, memória, sonho… ou um entrelaçamento de tudo isso?

Minhas imagens nascem em um lugar que não saberia definir com uma única palavra. É memória, sim, mas também sonho; é reflexão, mas também intuição espontânea. É um espaço onde a lógica não domina: é mais parecido com um mar interno, no qual as ideias chegam como ondas. Algumas suaves, outras mais fortes, mas todas necessárias.

A Florence Biennale reúne artistas do mundo todo, e ainda assim suas obras parecem criar um diálogo íntimo com quem as observa.

Quando você pinta, o quanto pensa em quem verá o quadro, e o quanto deixa a obra falar sozinha?

Quando pinto, não penso em um público específico. Deixo que a obra nasça por si mesma, com seu ritmo e sua voz. Só depois, quando a exponho, percebo que a pintura sempre encontra um jeito de falar com quem a observa. Acredito que a magia esteja justamente aí: no fato de que cada espectador se torna coautor do significado.

Olhando sua trajetória artística, percebe-se uma continuidade sutil entre suas obras mais recentes e as mais antigas.

Se você tivesse que descrever esse fio invisível, como definiria a essência da sua pesquisa artística?

Se tivesse que descrever a essência da minha pesquisa artística, diria que nasce do desejo de compreender o ser humano por meio de símbolos que nos pertencem desde sempre – a luz, o corpo, a natureza, o rito. Meu fio invisível é a busca por um equilíbrio entre fragilidade e força, entre sombra e revelação. Todas as minhas obras, até as mais distantes no tempo, falam disso.

Em um mundo que muda tão rapidamente, como você acha que sua pintura, que entrelaça feminilidade, natureza e símbolo, pode dialogar com as transformações da nossa sociedade?

Vivemos em um mundo que muda em um ritmo vertiginoso. Acredito que minha pintura pode dialogar com essa mudança justamente porque busca a essência, não a superfície. Feminilidade, natureza e símbolo não são conceitos estáticos: são portas pelas quais observar o que está acontecendo. A arte pode ser um lugar de pausa, de consciência, de escuta. E é isso que busco oferecer.

Se pudesse escolher o próximo lugar para onde sua arte encontraria novos olhos e novos espaços, onde gostaria de levá-la? Existe o sonho especial de fazê-la chegar ao Brasil, permitindo que sua luz e suas histórias toquem terras distantes e novos públicos?

Gostaria de levar minha arte a muitos lugares, mas o Brasil ocupa um lugar especial no meu imaginário. Talvez por sua energia, talvez pela forma como celebra a vida e a espiritualidade. Seria uma honra compartilhar minhas histórias em um contexto tão vibrante. Cada nova terra é um novo diálogo, e sinto que o Brasil seria um encontro profundamente luminoso.

Agradeço a Nadia Bussacchini por nos conceder um olhar sobre seu mundo visual, onde a luz brinca com a sombra e a natureza conversa com o corpo humano. Suas obras não são apenas observadas: são escutadas, respiradas, levadas consigo. Percebe-se a delicadeza dos gestos, a força dos símbolos, a leveza com que o tempo se detém diante de uma concha, de uma mariposa, de um polvo que dança entre as cores.

Que essas imagens continuem a mover-se, a despertar curiosidade, a dialogar com novos olhos e culturas distantes; que encontrem quem as observe e o surpreendam, o toquem, o acompanhem por um instante fora do tempo cotidiano. Em um mundo que corre, a arte de Bussacchini é um suspiro profundo: silenciosa, potente, necessária.

Para acompanhar seu percurso, visite o site oficial nbussacchini.com e siga a artista no Instagram.

Bianca Agnelli

Nadia Bussacchini alla XV Florence Biennale: una poetica della luce e dell’ombra

Firenze, 21 ottobre 2025 

Ho conosciuto Nadia Bussacchini per caso, in uno di quei tempi sospesi che precedono gli eventi destinati a trasformarsi in ricordo collettivo. Nell’area teatro del Padiglione Spadolini, alla Florence Biennale, c’era un’energia di vibrante attesa: file di sedie occupate, qualche tecnico che sistemava le luci, e il brusio lontano della Fortezza da Basso che si preparava ad accogliere Tim Burton, atteso da noi tutti con sei ore d’anticipo per ricevere il premio Lorenzo il Magnifico alla carriera.

Lei era qualche metro distante, con un badge che sembrava appartenere allo staff. Le ho chiesto un’informazione, un gesto distratto per riempire l’attesa. Ma invece di una risposta formale, ho ricevuto un sorriso e una frase semplice: “Sono un’artista.”

Da lì, la conversazione si è aperta naturalmente. Mi ha raccontato delle sue opere, del suo spazio espositivo in un altro padiglione, e mi ha chiesto – quasi per gioco – di tenerle il posto. Più tardi, quando la sala si è riempita e l’aria era carica di aspettativa, è tornata. Abbiamo condiviso quelle ore insieme, e si è creata una connessione speciale.

Dopo la cerimonia, sono andata a vedere i suoi quadri. Tre tele, disposte come un piccolo racconto visivo sulla maternità, le aspettative, la realtà – e, soprattutto, sull’essere donna.

I titoli: RevelationThe Light WithinContemplation.

In Revelation, una conchiglia di nautilus emerge da uno sfondo scuro. È un oggetto antico, quasi sacro, una spirale perfetta che racchiude il mistero della crescita e della protezione.

In The Light Within, il nautilus ritorna, questa volta accostato al seno di una donna, come se l’idea di “guscio” e quella di “corpo” si fondessero in un unico gesto di cura.

Infine, in Contemplation, una figura femminile si lascia avvolgere da elementi acquatici e naturali – un polpo, dei pesci, una falena luminosa – come se la natura reclamasse i contorni dell’umano.

Nadia Bussacchini è nata a Brescia e vive negli Stati Uniti, ma la sua pittura appartiene a un altrove. Dopo una formazione classica, arricchita da studi di storia dell’arte e pittura all’estero, ha incontrato il maestro Manuel Piña, con cui ha perfezionato la sua conoscenza della luce e dell’ombra, seguendo la tradizione della “scuola bottega”.

Da allora, il suo percorso ha intrecciato culture, paesi e linguaggi, mantenendo al centro una costante: l’esplorazione della luce come luogo interiore, come rivelazione silenziosa.

Le sue opere, sospese tra realismo e sogno, tra materia e simbolo, parlano con voce quieta ma potente. La conchiglia, la donna, l’acqua, la luce: ogni elemento si ripete come una preghiera laica. Guardarle è come sporgersi su una soglia – quella tra il corpo e lo spirito, tra ciò che si mostra e ciò che rimane invisibile.

Ed è proprio su questa soglia che si muove il tema della XV Florence BiennaleThe Sublime Essence of Light and Darkness: Concepts of Dualism and Unity.

Nelle opere di Bussacchini, la luce non è mai solo luminosa e l’ombra non è mai soltanto assenza. È un dialogo continuo tra rivelazione e mistero – un lessico che appartiene tanto alla materia pittorica quanto alla condizione umana.

Per comprendere più a fondo la poetica e il percorso di Nadia Bussacchini, le ho rivolto alcune domande sui temi e sulle immagini che abitano le sue opere.

Luce e oscurità, dualismo e unità: sembrano concetti profondamente intrecciati al tuo linguaggio visivo.

Come hai interpretato queste idee nella serie che hai esposto, e cosa ti ha spinto a esplorarle in questo momento della tua carriera?

La luce e l’oscurità sono sempre state per me due presenze che convivono, come due voci che non si annullano ma si completano. Nella serie che ho presentato, ho voluto approfondire questo dialogo perché mi trovo in un momento della mia carriera in cui sento la necessità di comprendere le origini delle mie emozioni. L’oscurità, per me, non è un abisso, ma un grembo; e la luce non è una risposta, ma un passaggio. Ho lavorato cercando un equilibrio tra queste due forze, lasciando che fossero loro a guidare il ritmo delle immagini. È stato un processo di ascolto profondo, quasi meditativo, che credo rifletta perfettamente il mio stato interiore.

Il nautilus ricorre in due delle tue opere – come conchiglia in Revelation e accanto al corpo femminile in The Light Within.

Che significato ha per te questo simbolo? È un rifugio interiore o una metafora più universale della nascita e del contenere?

Il nautilus è per me un simbolo antico, meditativo. Lo vedo come una struttura perfetta, una spirale che cresce mantenendo memoria di ogni fase della sua esistenza. In Revelation rappresenta il richiamo a una verità interiore, mentre in The Light Within diventa un’estensione del corpo femminile, un rifugio che custodisce ma che allo stesso tempo invita ad aprirsi. Il nautilus è per me una metafora del viaggio verso sé stessi: contenere, proteggere, ma anche rinascere in modo continuo. È un simbolo che porta con sé delicatezza e forza, proprio come le donne che appaiono nei miei discorsi visuali.

Nei tuoi quadri, maternità, femminilità e aspettative sociali si intrecciano con la realtà.

Come vivi questa tensione nella tua pratica artistica e nella vita quotidiana, e come influenza il modo in cui racconti storie attraverso la pittura?

Essere donna in un mondo pieno di aspettative è una danza complessa. La maternità —reale o simbolica— porta con sé un peso e una luce che inevitabilmente si infiltrano nel mio lavoro. Nella mia pratica artistica vivo questa tensione quasi quotidianamente: il desiderio di libertà assoluta e, allo stesso tempo, il richiamo costante ai ruoli che la società ci impone. Dipingere diventa allora un modo per rinegoziare questi limiti, per raccontare non solo ciò che vivo, ma ciò che molte donne sentono e non sempre riescono a esprimere. La mia pittura, in questo senso, è un luogo di liberazione.

Prima della Florence Biennale, hai esposto in Texas, Marocco e Svizzera, in contesti molto diversi tra loro.

Quale eredità porti da queste esperienze internazionali? Esiste un filo invisibile che collega tutte le tue opere, o ogni esposizione racconta un capitolo a sé stante del tuo percorso creativo?

Texas, Marocco, Svizzera… ogni luogo mi ha insegnato qualcosa di diverso, non solo come artista ma come essere umano. In Texas ho percepito la forza della multiculturalità; in Marocco, la poesia del silenzio e del deserto; in Svizzera, la precisione e la calma. Credo che esista un filo invisibile che lega tutte le mie opere, ma non come una linea retta… più come un battito, un respiro che si ripete in modi diversi. Ogni esposizione è un capitolo, sì, ma appartengono tutti allo stesso libro emotivo.

Hai studiato con Manuel Piña, artista dalla forte impronta latinoamericana.

In che modo la sua visione ha arricchito o sfidato la tua formazione europea? Ti senti più artista tra due mondi o libera dai confini geografici e stilistici?

Studiare con Manuel Piña ha rappresentato un ponte tra mondi. La sua prospettiva latinoamericana, così potente e profondamente legata alla memoria collettiva, ha aperto crepe nella mia formazione europea, invitandomi a esplorare la vulnerabilità come forza. Mi sento un’artista tra due mondi, ma anche libera dagli stessi: la mia identità visiva nasce proprio da questa fusione, da questo dialogo costante tra radici e movimento.

Molti dei tuoi lavori giocano con la luce, il corpo e la natura in modi poetici e sospesi.

Come definiresti il “luogo interno” in cui nascono le tue immagini? È uno spazio di riflessione, di memoria, di sogno… o un intreccio di tutto questo?

Le mie immagini nascono in un luogo che non saprei definire con una sola parola. È memoria, sì, ma anche sogno; è riflessione, ma anche intuizione spontanea. È uno spazio dove la logica non domina: è più simile a un mare interno, in cui le idee arrivano come onde. Alcune dolci, altre più forti, ma tutte necessarie.

La Florence Biennale raccoglie artisti da tutto il mondo, eppure le tue opere sembrano creare un dialogo intimo con chi le osserva.

Quando dipingi, quanto pensi a chi guarderà il quadro, e quanto lasci parlare l’opera da sola?

Quando dipingo, non penso a un pubblico specifico. Lascio che l’opera nasca per sé stessa, con il suo ritmo e la sua voce. Solo dopo, quando la espongo, capisco che la pittura trova sempre un modo per parlare a chi la osserva. Credo che la magia stia proprio lì: nel fatto che ogni spettatore diventa co-creatore del significato.

Guardando la tua traiettoria artistica, si percepisce una continuità sottile che attraversa le tue opere più recenti e quelle del passato.

Se dovessi raccontare questo filo invisibile, come descriveresti il cuore della tua ricerca artistica?

Se dovessi descrivere il cuore della mia ricerca artistica, direi che nasce dal desiderio di comprendere l’essere umano attraverso simboli che ci appartengono da sempre —la luce, il corpo, la natura, il rito. Il mio filo invisibile è la ricerca di un equilibrio tra fragilità e forza, tra ombra e rivelazione. Tutte le mie opere, anche quelle più lontane nel tempo, parlano di questo.

In un mondo che cambia così rapidamente, come pensi che la tua pittura, che intreccia femminilità, natura e simbolo, possa dialogare con le trasformazioni della nostra società?

Viviamo in un mondo che cambia a un ritmo vertiginoso. Credo che la mia pittura possa dialogare con questo cambiamento proprio perché cerca l’essenza, non la superficie. Femminilità, natura e simbolo non sono concetti statici: sono porte attraverso cui osservare ciò che sta accadendo. L’arte può essere un luogo di pausa, di consapevolezza, di ascolto. Ed è questo che cerco di offrire.

Se potessi scegliere il prossimo luogo dove la tua arte troverà nuovi occhi, nuovi spazi, dove ti piacerebbe portarla? C’è un sogno speciale di farla arrivare in Brasile, lasciando che la tua luce e le tue storie tocchino terre lontane e nuovi pubblici?

Mi piacerebbe portare la mia arte in molti luoghi, ma il Brasile ha un posto speciale nel mio immaginario. Forse per la sua energia, forse per il modo in cui celebra la vita e la spiritualità. Sarebbe un onore condividere le mie storie

in un contesto così vibrante. Ogni nuova terra è un nuovo dialogo, e sento che il Brasile sarebbe un incontro profondamente luminoso.

Ringrazio Nadia Bussacchini per averci concesso uno sguardo nel suo mondo visivo, dove la luce gioca con l’ombra e la natura conversa con il corpo umano. Le sue opere non solo si guardano: si ascoltano, si respirano, si portano con sé. Si percepisce la delicatezza dei gesti, la forza dei simboli, la leggerezza con cui il tempo si ferma davanti a una conchiglia, a una falena, a un polpo che danza tra i colori.

Che queste immagini possano continuare a muoversi, a incuriosire, a dialogare con occhi nuovi e culture lontane; che possano trovare chi le guarda e lo sorprenda, lo tocchi, lo accompagni per qualche istante fuori dal tempo quotidiano. In un mondo che corre, l’arte di Bussacchini è un respiro profondo: silenzioso, potente, necessario.

Per rimanere aggiornati sul suo percorso, vi invito a visitare il suo sito ufficiale nbussacchini.com e a seguire l’artista su Instagram 

Bianca Agnelli

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Amal Fares 

Carlos Javier Jarquín

‘Encuentro con la poeta y traductora siria Amal Fares’ 

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Amal Faresvive en tres mundos distintos, que son los idiomas, pues es trilingüe. Su lengua materna es el árabe, habla español y también inglés. Foto – cortesía de Amal

Queridos lectores, me da mucho gusto compartir con todos ustedes una entrevista que le he realizado a una gran mujer a quien aprecio y admiro profundamente: la traductora, escritora y poeta sirio-venezolana Amal Fares. Nuestra invitada vive en tres mundos distintos, que son los idiomas, pues es trilingüe. Su lengua materna es el árabe, habla español y también inglés. Es un honor para mí presentarles esta entrevista que Amal amablemente me ha concedido.

En esta entrevista, Amal inicia contándonos lo terrible que ocurrió el pasado 14 de julio en el sur de Siria, y dice: “Siento que mi memoria se ha quemado tras el ataque a mi pueblo y a muchos otros pueblos del sur de Siria por parte de grupos extremistas afiliados al gobierno de transición”.

Es cruel e inhumano lo que las autoridades de Siria en la región de Al- Sweida ((السويداء han hecho con la población civil. Desde este medio denunciamos ante la comunidad internacional esa terrible atrocidad y exigimos que se haga justicia, castigando con todo el peso de la ley a todos los responsables de esa masacre.

Amal, es traductora, escritora y poeta ha vivido en varios países, ella comenta lo enriquecedora que ha sido su experiencia como migrante. Actualmente vive en Nueva York.

Fares nos comenta las técnicas que utilizó para aprender español cuando llegó a Venezuela, un país tan lejano y de cultura tan diferente a la suya. Aun así, ella se adaptó y nos confiesa lo especial que ha sido su vida en ese hermoso país sudamericano. Ha vivido en varios países y nos comparte también lo enriquecedora que ha sido su experiencia como migrante. Actualmente vive en Nueva York.

Siria vivió durante más de 50 años bajo una dictadura que costó la vida a miles de sirios y obligó a muchos a abandonar su tierra en busca de refugio en otros países. En diciembre de 2024 esa historia comenzó a cambiar y este año el pueblo sirio está escribiendo una nueva etapa política y social. Nuestra invitada describe al gobierno actual como ‘gangrenado’ y comenta que los resultados esperados del gobierno de transición no han sido nada alentadores.

En esta amena, diversa y entretenida charla, Amal comparte una lista de autores sirios que recomienda a todos los hispanohablantes. Querida y admirable Amal, desde estas líneas te extiendo mi más sincera admiración por tu grandiosa labor como traductora del árabe al español y viceversa. Gracias por ser ese puente entre Hispanoamérica y el mundo árabe, especialmente con Siria. Gracias, querida poeta, por haberme concedido el honor de esta entrevista y por tu amistad, que tanto aprecio.

Estimada Amal, ¿cómo fue su infancia en su natal Siria?

Esta es una pregunta que siempre he evadido porque me trae tantos recuerdos tan hermosos y dulces como tristes. Esto no era así antes de los sucesos del pasado 14 de julio. Trataba la nostalgia como una enfermedad y me esforzaba por evitarla. En cierta medida, estaba libre de ella. Puedo decir que mi inmunidad a la nostalgia era alta. Ahora, las cosas son muy diferentes. Siento que mi memoria se ha quemado tras el ataque a mi pueblo y a muchos otros pueblos del sur de Siria por parte de grupos extremistas afiliados al gobierno de transición. Ahora, la nostalgia y el recuerdo se han convertido en una forma de resistencia que surge del deseo de confrontar moralmente este odio, representado por un ataque injustificado contra civiles indefensos en sus hogares. 

Ahora, quiero recordar todo del lugar donde crecí: la espaciosa casa, con su entrada, donde crece un enorme olivo, junto a un melocotón y níspero. Mi padre ansiaba cultivar todo tipo de árboles frutales imaginables: higos, uvas, moras, albaricoques, pistachos y almendras. Tengo cuarenta y tres años y he vivido en muchos países hasta ahora, y todavía no he probado nada parecido al sabor de la fruta que comía en casa. Era como el paraíso, y pasaba mis días a la sombra de sus árboles, trepándolos, sentándome a su sombra y luego comiendo su fruta. Nuestro hogar era rico, y yo era una joven que poseía una riqueza inestimable, cuyo valor solo descubrí después de irme. Para mí, Siria fue mi patria, donde nací, pero yo pertenezco a este lugar, el hogar de mi familia. Y ahora mi patria es la casa de mis padres incendiada en las llamas del odio de mis compatriotas.

¿Cómo fueron sus primeros meses en Venezuela, especialmente considerando que no hablaba español?

En mis primeros meses, volví a ser como un niño deletreando letras. Llevaba una libretita para anotar las palabras tal como las oía, con su significado y su pronunciación en árabe. A veces le pedía a una de las chicas que trabajaban conmigo que me las escribiera correctamente en español. En aquella época no había celulares ni Google, así que cada vez que se me acababan las páginas de la libreta, compraba otra. En seis meses ya había aprendido las palabras más comunes y era capaz de formar oraciones correctas. No sabía nada de ese hermoso y rico país, y me asombraba.

A estas alturas, puedo decir que conocía Venezuela mejor que Siria, quizás porque salí de Siria muy joven y aún no había formado mi personalidad. Era adolescente. Al llegar a Venezuela, mi historia comenzó conociendo el país más hermoso en el que he vivido. Le debo mucho: allí aprendí el idioma más hermoso del mundo. Amaba a su gente humilde, alegre y libre.Incluso ahora cierro los ojos e imagino esa montaña que domina nuestro pequeño pueblo de Bajo Guanape, al este de Anzoátegui, donde viví los primeros años. Era un pueblo olvidado y tranquilo, donde trabajaba y cuya gente amaba. Éramos muy pocos paisanos; todos se conocían en ese pequeño pueblo. Solo había una calle principal, la calle Bolívar, con algunas tiendas y una pequeña plaza.

Lo que más me sorprendió en mis primeros días de llegada fue el calor y la lluvia: lluvias torrenciales que duraban días y un calor constante casi todo el año. Había innumerables bosques, senderos entre las montañas e infinidad de animales. La naturaleza era impresionante y la gente amable y sencilla. Lo extraño mucho. Venezuela tiene un lugar muy especial en mi corazón. Ese país fue testigo de la transformación de mi personalidad, de mi desarrollo, y me brindó la fuerza, el amor y la libertad que anhelaba.

Hoy, tras años de ausencia, todavía lamento su condición, cómo era y cómo se ha convertido bajo el gobierno de Maduro. Lo vaciaron de su gente, lo saquearon y lo convirtieron en un país de refugiados por primera vez en su historia, después de haber sido un refugio para quienes huían de la opresión en toda Latinoamérica. Hubo esperanza a principios del pasado año con la candidatura de Edmundo González, tras la prohibición de la brillante María Corina Machado, pero el gobierno la abortó y destruyó una esperanza más de recuperación para este amado país.

¿Cómo vivió el proceso de emigrar, desde el punto de vista geográfico, cultural y también del idioma?

El lugar y la geografía han jugado un papel fundamental en mi vida y han sido un factor clave tanto en mi carrera como en la formación de mi personalidad. Mudarse de Siria a Venezuela, a finales del siglo pasado, supuso un cambio radical. No borró mi identidad siria ni me convirtió en una venezolana natal, sino que añadió a mi identidad una riqueza lingüística, cultural y cognitiva. Enriqueció mi vida y me convirtió en una personalidad integral que combina ambos lugares. Para mí, eso es desarrollo y apertura, y quizá la inmigración sea precisamente eso: el impulso a conquistar nuevos horizontes, a ampliar conocimientos y a dirigir nuestras vidas hacia un rumbo mejor.

Gracias al aprendizaje del español construí mi vida profesional, que se fundamentó en él. Más tarde, con mi segunda inmigración, aquí en Estados Unidos, experimenté otra transformación completamente distinta. El idioma, por supuesto, fue decisivo en la manera de vivir, en el estilo de vida y en el estudio. Era un mundo diferente al que había experimentado en mis dos países anteriores, aunque mantuve aquella personalidad compuesta, a la que se añadió una tercera dimensión con la apertura de nuevas puertas y oportunidades.

Cada vez soy más consciente de esta división en mi personalidad, de que son tres caminos distintos y de que en cada uno de ellos hay un universo de experiencias que debo recorrer para reencontrarme conmigo misma. Es como si cada vez que aprendo un nuevo idioma me distanciara de mi antigua yo durante un tiempo, hasta completar la experiencia y volver a ella. Me esfuerzo por unificar estos tres caminos, pero a menudo fracaso: cada mundo me atrae de un modo distinto, hasta el punto de que, a veces, desearía haber aprendido solo uno.

Una persona monolingüe puede concentrarse con facilidad en completar sus proyectos, mientras que una bilingüe o trilingüe no siempre lo logra, porque cada nuevo idioma que aprende ocupa espacio en su energía, en su memoria y en su mente. Concentrarse en un solo camino o proyecto se vuelve más difícil y requiere una gran determinación para culminarlo. Sin embargo, por otro lado, sé que saber idiomas es algo profundamente hermoso.

Usted habla tres idiomas: árabe, español e inglés. La última vez que hablamos por teléfono, noté que mezclaba palabras en árabe e inglés. ¿Cómo logra mantener el control de cada idioma siendo trilingüe?

Sí, es cierto. Cuando el inglés entró en mi vida, las cosas se complicaron. Al principio, tras llegar a Estados Unidos, había una barrera entre el idioma y yo. No me gustaba y no intenté desarrollar una buena relación con él, ya que estaba muy ocupada con los proyectos de traducción del español. No permití que se integrara en mi mente ni en mi ser como lo hizo el español, lo que retrasó ligeramente que alcanzara un dominio del inglés al nivel del español. Podría decirse que me vi obligada a aprenderlo, ya que comencé mis estudios y luego empecé a trabajar en la universidad, lo que me puso en contacto constante con él. Hubo una etapa en la que traducía una obra del español al árabe y, al mismo tiempo, tomaba mis clases del semestre de primavera en la universidad. Fue una de las más difíciles, ya que lidiaba con tres idiomas a diario. Sentía mucho estrés y no exagero cuando digo hasta dolor en el cerebro.

Más tarde, aprendí y leí sobre el área de Broca, en el lado izquierdo del cerebro, y sobre su alta actividad en las personas bilingües. A veces me bloqueo cuando quiero hablar en uno de estos idiomas (como pasó durante nuestra conversación), porque mi memoria evoca la palabra en los otros dos, como en una carrera que termina con el ganador siendo el más rápido y quizá el más usado. He leído mucho sobre este tema y he comprendido mejor lo difícil que puede ser para las personas bilingües descifrar y acceder al significado en cada lengua. De hecho, a veces pierdo el control del idioma y me encuentro hablando con frases confusas compuestas por tres idiomas, sobre todo cuando hablo con mis hijas en casa, ya que ellas también los entienden.

¿Qué autores árabes y latinoamericanos han influido en su obra literaria?

El primer libro que leí fue el libro de cuentos indios Kalila y Dimna, en la traducción de Ibn al-Muqaffa‘, que hojeé en la biblioteca de mi padre. Recuerdo su gran tamaño, su cubierta de cuero negro y el texto dorado de la portada. Como toda mi generación, leí a Mahmoud Darwish, Nizar Qabbani, Elías Khoury, Mamdouh Azzam, Firas al-Sawah, Salim Barakat, al-Jahiz e Ibn Rushd. También leí algunos libros de Lenin que se encontraban en la biblioteca de mi padre. Leí muchos más, aunque ahora no los recuerdo todos.

Entre los escritores latinoamericanos que empecé a leer con frecuencia, con quienes inicié mi trayectoria como traductora al traducir artículos, se encontraban Gabriel García Márquez, Eduardo Galeano, José Saramago, Mario Vargas Llosa, Julio Cortázar, Julia de Burgos, Alberto Manguel e Isabel Allende. Además, los escritores que traduje sus obras como Ernesto Sábato, Laura Restrepo, Fernando Arrabal y otros. en estos días leo una novela de la escritora cubana Wendy Guerras, se llama domingo de revolución es muy buena novela.

¿Qué puede contar sobre su experiencia el haber traducido al árabe el libro El escándalo del siglo, de Gabriel García Márquez?

¿Quién no ama a Gabo? Pocos escritores han sido tan queridos como él, y cada encuentro con su obra es un homenaje a su espíritu y grandeza. Así es como abordo todo lo que leo o traduzco de Gabo. Al traducir esta obra, aprendí mucho, ya que este libro es una recopilación de sus ensayos que abarcan el período comprendido entre los años cincuenta y los ochenta, y contiene abundante información sobre esa época.

En aquel entonces, estaba investigando los acontecimientos en Colombia durante los años cincuenta, y la obra me ayudó a reconstruir algunos hilos. A través de ella, aprendí sobre muchos sucesos y figuras políticas y, en consecuencia, sobre la historia de Latinoamérica en aquel momento. Con cada artículo, que sumaban cincuenta, mis conocimientos se ampliaban y se aclaraban lagunas en el mosaico que antes desconocía. Me impulsó a leer más y a ampliar mi horizonte de lectura, completando así un área de esta rica historia latinoamericana que hasta entonces me era ajena. Gracias a esa experiencia también conocí a otros escritores, como el gran Rómulo Gallegos y su obra maestra Doña Bárbara, entre otros. Más tarde, cuando sus herederos lanzaron la serie de Netflix Un año de soledad, vi los episodios poco después de terminar de traducir el libro y escribí un largo artículo al respecto. Casi todo el último año lo he dedicado exclusivamente a Márquez, y esto es lo más hermoso que me puede pasar como traductora: experimentar una inmersión total en la obra de Gabo, ya sea en el texto, en el cine o en la ficción.

¿Qué significa para usted ser miembro de la Asociación Estadounidense de Traductores (ATA), de la sociedad de honor Phi Theta Kappa (PTK) y de la Syrian Writers Association?

De hecho, mi motivación para unirme a la Asociación Americana de Traductores fue la necesidad de pertenencia: sentirme parte de una comunidad de traductores, algo que no había encontrado en el entorno cultural árabe. Me animaron su excelente organización, el gran número de miembros y las oportunidades que ofrece. La asociación otorga certificados reconocidos tras un exigente examen de traducción, disponible en casi todos los idiomas.

Además, organiza conferencias que permiten impartir ponencias y conocer a profesionales de todo el mundo, lo que abre amplias perspectivas en el campo de la traducción. En cuanto a Phi Theta Kappa, ingresé gracias a mi excelencia académica en la Universidad de Monroe, tras obtener un alto promedio en mi primer año de estudios en humanidades y ciencias. La sociedad ofrece becas, reconoce a los estudiantes destacados y les brinda orientación en diversas áreas.

Fundada en 1918 en Misisipi, es la sociedad de honor oficial de los colegios comunitarios en Estados Unidos. Su objetivo es honrar la excelencia académica, fomentar el liderazgo y el servicio comunitario, además de brindar oportunidades de investigación y becas. A lo largo de su historia, ha formado a miles de líderes que han influido en la política, la investigación y la educación. Ambas sociedades son fundamentales porque me han brindado un verdadero sentido de pertenencia, con beneficios tanto personales como profesionales. Para una estudiante internacional como yo, significan pasar de ser una extraña en una sociedad distinta a integrarme en una comunidad que reconoce y valora la diversidad, abriéndome así las puertas al éxito.

En cuanto a mi afiliación a la Asociación de Escritores Sirios se basó en el encargo de uno de sus fundadores para formar parte del equipo de la Secretaría General y, posteriormente, del Consejo Asesor. La asociación se fundó en Londres en 2012, al comienzo de la revolución siria, como una alternativa democrática a la Unión de Escritores oficial de Damasco. En aquel entonces era una organización prominente, con el escritor Sadiq Jalal Al-Azm como editor jefe, junto con un grupo de reconocidos escritores sirios que siguen comprometidos con la publicación de la revista tras la caída del régimen, a pesar de que su orientación se ha vuelto más literaria que política. 

Creo que, en algún momento, tenemos esa necesidad de formar parte de alguna institución o asociación, pero, para mí, estas son afiliaciones temporales que cambiarán con el tiempo.

Tras cinco décadas de dictadura, en 2025 Siria dio la bienvenida a un nuevo presidente, Ahmed al-Charaa. ¿Cómo evalúa usted este cambio con la nueva administración? Además, ¿cuál es la situación social, económica y política actual en Siria bajo el gobierno de al-Charaa?

Qué difícil es escribir sobre Siria hoy. Es como intentar describir una herida abierta. ¿Cómo hacerlo? Esa imagen se aplicaba a la Siria de Asad, pero la Siria post-Asad es decir, la Siria bajo el gobierno de al-Charaa (Al-Golani) se ha gangrenado. Es, a mi juicio, la descripción más precisa de la situación actual. Siria sufrió enormemente durante el gobierno de Asad, y cuando cayó, los sirios de todo el mundo lo celebramos, tanto en la diáspora como en los países de refugio.

Sin embargo, aquella caída estuvo envuelta en un halo de misterio, por la sorprendente forma en que ocurrió: la desaparición de Asad y la retirada repentina de sus soldados. Todo indica que hubo algún tipo de acuerdo para que lo sucedido se desarrollara de ese modo. Ocho meses después, Siria no ha experimentado ningún cambio positivo real. Es cierto que la maquinaria represiva de Asad se detuvo, pero tristemente fue reemplazada por otra aún más distorsionada y extendida, basada en la exclusión religiosa y sectaria. No existe un horizonte confiable con el gobierno interino, que actúa como si fuera permanente, mientras su presidente ha modificado deliberadamente la constitución para otorgarse más poder.

Un reciente informe de la ONU publicado el mes pasado sobre los ataques contra la comunidad alauita en la zona costera, en marzo de este año, reveló que las fuerzas del gobierno sirio cometieron crímenes atroces contra civiles, justificándolos con el pretexto de que eran remanentes del antiguo régimen. Sin embargo, la realidad es mucho más grave: lo que expuso el informe, corroborado por los testimonios de los sobrevivientes, muestra grabes ataques y ejecuciones contra civiles que constituyen crímenes de guerra.

¿Podría hablarnos sobre la situación actual de la guerra en Siria, especialmente en relación con la comunidad drusa, y cómo esta crisis afecta la vida de los civiles?

Esperaba, como todos los sirios de todas las corrientes, que tuviéramos un auténtico período de transición con elecciones libres y justas, catorce años después del estallido de la revolución. Sin embargo, no fue así. El gobierno actual no ha sabido adaptarse a la diversidad sectaria de Siria y, además, arrebató la revolución a sus propios impulsores. Hoy lo que ocurre es la monopolización gubernamental de la constitución y de la vida en general.

El 14 de julio, miembros del Servicio General de Seguridad, el Ministerio de Defensa y otros grupos, incluidas tribus beduinas, perpetraron un ataque aterrador contra aldeas drusas de la gobernación de Sweida. Fue un asalto coordinado y planificado, con el ejército presente y equipado con tanques y artillería pesada. El pretexto fue desarmar a una facción vinculada al jeque druso al-Hajari, quien desconfiaba de las intenciones del gobierno interino tras los sucesos costeros.

Al-Hajari rechazó que Sweida fuera tratada como una minoría y exigía elecciones y un estado laico que respetara la diversidad y garantizara los derechos de ciudadanía, algo que el gobierno consideró un desafío. Las fuerzas comenzaron bombardeando aldeas cercanas a la frontera con Daraa, luego lanzaron una invasión terrestre nocturna. Pero no se dirigían a combatir a esa facción: entraban casa por casa, matando a quienes encontraban, saqueando a los residentes, despojándolos de joyas, teléfonos y dinero, y después incendiando sus hogares. Humillaban a las familias y se recreaban en el asesinato. Muchos huyeron antes de que las fuerzas llegaran a sus pueblos; quienes no pudieron, fueron alcanzados en sus refugios. Hasta el momento, 36 aldeas han sido despobladas, sus habitantes asesinados y sus casas quemadas,entre ellas estaba la de mis padres, en la aldea de Al-Mazra’a, al oeste de Sweida.

Mi madre escapó por poco de una masacre en el barrio donde se había refugiado, en la ciudad, en la casa de un familiar, el día en que las fuerzas del Servicio General de Seguridad irrumpieron en la casa de huéspedes de los Radwan —una familia conocida en Sweida— y asesinaron a todos los presentes.

Ese día, mi madre, mi hermano y su esposa —también de la familia Radwan— tuvieron apenas unos minutos para huir del barrio antes de la llegada de las tropas.  Buscaron refugio en la casa de unos familiares cerca del hospital, donde pasaron una noche de terror tratando de escapar de los soldados asesinos, quienes también atacaron salvajemente el hospital y las áreas cercanas. A la mañana siguiente lograron huir a otra ciudad, y para llegar hasta allí tuvieron que recorrer largas distancias a pie.

Todavía recuerdo la voz entrecortada de mi hermano aquel día por teléfono: «Quizás tengamos que huir a las montañas, a una zona incomunicada, si siguen avanzando». Lo que más me duele ahora es que ellos nunca me lo contaron. Todo lo que me llegaba de ellos, cuando podían comunicarse por internet, era un texto muy corto: «Todavía estamos bien», hasta el día en que les pedí que lo escribieran para presentarlo como una evidencia formal.

Hoy, en la primera semana de octubre, mi madre sigue desplazada; es la primera vez, en sus setenta años, que abandona su hogar para salvar la vida. Permanece firme, pero siempre repite: «Besaré la tierra de mi casa cuando regrese. Besaré los árboles y las piedras. Allí están nuestros recuerdos, tus recuerdos, tu infancia». Ella no sabe cuántas veces he llorado desde que se vio obligada a marcharse. Cada vez que imagino la casa en llamas siento que la nostalgia me consume.

La biblioteca en el recibidor; las fotos de mi padre y de mi hermana fallecida; mi propia foto a los diecisiete años colgada por mi madre en la biblioteca; la caja con papeles viejos y las imágenes en blanco y negro de mi padre en su juventud (tomaba selfis décadas antes de que existieran). Las reuniones matutinas en la terraza, el sabor de higos y uvas frescas al amanecer, nuestras voces atrapadas entre las paredes, nuestras risas y secretos… ¿Cómo olvidar que todo aquello se perdió entre las llamas?

Aquellos monstruos entraron con la lógica del genocidio. Cortaron el internet en toda la provincia y ni siquiera el hospital se salvó: ejecutaron a pacientes y asesinaron a personal médico. Mi primo, que estaba de guardia en el laboratorio esa noche, huyó bajo el fuego de la artillería hasta la casa de nuestra prima, cercana al hospital.

Hoy solo deseo que mi familia y toda la gente de Sweida puedan regresar a sus hogares, porque sus vidas están paralizadas desde aquel día. Muchos han perdido familiares; otros ya no tienen sustento ni parientes a los que acudir. El asedio impuesto por el Estado desde el primer día persiste: la carretera a Damasco fue cerrada, se prohibió la entrada de alimentos y estalló una crisis de agua al paralizarse los pozos por la falta de combustible. Luego vino la escasez de pan y el alza desorbitada de precios. El gobierno no se detuvo en la masacre, sino que extendió el asedio a todos los aspectos de la vida. Los más vulnerables, los enfermos de cáncer comenzaron a suplicar ayuda porque no podían viajar a la capital para recibir tratamiento y las dosis en Sweida se agotaron.

Este crimen de Estado contra el pueblo de Sweida fue ignorado en el resto de Siria. No se organizó ni una sola manifestación de condena. El miedo ha vuelto a apoderarse de la gente, y lo ocurrido destruyó cualquier esperanza que la transición pudiera haber ofrecido. 

Un informe de Amnistía Internacional reveló la magnitud de las violaciones cometidas en el ataque de las fuerzas de seguridad pública, llevado a cabo con conocimiento y bajo la dirección del gobierno, contra la ciudad de Sweida y sus aldeas.

Traducir poesía es una tarea que no todos los traductores pueden o desean asumir. Para comenzar, ¿qué poetas sirios contemporáneos recomendaría a los lectores hispanohablantes?

No pretendo haber leído a todos los poetas sirios contemporáneos ni me considero la voz autorizada para juzgar su calidad. Para mí, buena poesía es todo aquello que logra estremecerme como lectora, sin importar su forma o género. He leído a Pablo Neruda, Julia de Burgos y Rafael Cadenas con el mismo entusiasmo con que me he sumergido en los versos de Mahmoud Darwish, Unsi al-Hajj y Amal Dunqul.

Para mí, la poesía es un ritual íntimo, y nunca imaginé que cometería la locura de traducirla. Sin embargo, lo hice de manera espontánea, sin ningún plan previo. En cualquier libro de poesía que tenía, solía traducir en letra pequeña los poemas que me gustaban: si estaban en árabe, los traducía al español, y viceversa. Así empecé a traducir poemas que me gustaban de algunos poetas sirios.

No les ocultaré que me sentía aterrada y, a menudo, me detenía para reprochármelo, porque traducir poesía es una tarea extremadamente difícil. Un poema nunca puede traducirse sin perder algo de su esencia, pues la poesía es más un sentimiento que un lenguaje. Aun así, continué, quizá porque me atrae enfrentar lo difícil y desafiante, pero también porque sentí que era un deber moral: habría sido egoísta quedarme con esos poemas sin traducirlos, cuando tan pocos poetas sirios han sido vertidos al español.

Con el tiempo, recibí numerosos mensajes de lectores hispanohablantes que expresaban su gusto y admiración tanto por mi trabajo como por la poesía siria, y fueron ellos quienes me dieron el verdadero motivo para seguir adelante. Hoy, tengo lectores en varios países de América Latina, y eso me confirma que la poesía también construye puentes invisibles entre mundos distantes.

Comencé a publicar mis traducciones en la revista mejicana circulodepoesía, que me abrió las puertas gracias al apoyo del poeta sirio Akram Alkatrib y de los poetas mexicanos Álvaro Solis y Alí Calderón. Allí publiqué traducciones de poemas de Riyad al-Salih al-Hussein, un poeta cuya dulzura deja una huella imborrable tras la lectura. Luego siguieron textos de Muhammad al-Maghut, Sanía Saleh, Monzer Masri, Akram Alkatrib, Tammam H Hunaydi, Khalaf Ali AlKhalaf y Faraj Bayrakdar.

Tengo aún una lista más amplia de poetas pendientes, pero como traductora literaria de profesión, traducir poesía es para mí un ejercicio de placer y renovación que practico en los intervalos: esos momentos de respiro entre un libro recién concluido y otro que estoy a punto de emprender.

Carlos Javier Jarquín

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Alba C. Molina

Carlos Javier Jarquín

Alba C. Molina: ‘Entre acordes, palabras, enseñanza y libros’

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Querida comunidad cibernauta, me complace mucho compartir con ustedes una entrevista que le he realizado a una gran artista de origen colombiano y nacionalizada costarricense. Es un verdadero honor entrevistar a una persona tan polifacética y humanista, una mujer que ha entregado todo por el empoderamiento humano y que, a lo largo de su vida, ha estado en constante aprendizaje, exploración y difusión del conocimiento a través de la música, las consejerías, la educación y los libros.

Alba C. Moli es Coach Integral de Vida, Coach Neuro-Espiritual, cantautora de positivismo, conferencista bilingüe, escritora, narradora, productora de cápsulas de inspiración y actriz de doblaje. Foto/Cortesía de Alba

Hablo de la destacada cantautora Alba Cecilia Molina Gómez, mejor conocida en la industria artística como Alba C. Molina, nacida el 16 de abril de 1960 en Bogotá, Colombia, y que desde los 10 años reside en Costa Rica.

Alba es Coach Integral de Vida, Coach Neuro-Espiritual, cantautora de positivismo, conferencista bilingüe, escritora, narradora, productora de cápsulas de inspiración y actriz de doblaje. Se destaca genuinamente por su inclinación natural hacia ayudar a las personas a reencontrarse con su esencia y misión auténtica, una vocación que se fortaleció tras una profunda catarsis en 2003. Esto la impulsó a formarse a través de diversas herramientas terapéuticas y comunicativas, como Programación Neurolingüística, Musicoterapia, Comunicación No Violenta (NVC), Reiki, Oratoria, Locución y Autoría Literaria. Ha impartido numerosas conferencias en ciudades de Estados Unidos, Panamá, México, Argentina y Costa Rica.

Nuestra invitada se ha distinguido en diversas disciplinas, tanto como compositora y cantautora, así como en el ámbito educativo. Sus canciones abordan temas de positivismo y empoderamiento para todas las edades; sin embargo, como ella misma señala: “en mi material infantil, también escribo canciones que estimulan la imaginación o que sean de simple entretenimiento y gozo”.

Alba C. Molina durante una presentación de sus libros en San José, Costa Rica.  Foto: agosto, 2023. Cortesía de Alba.
Alba C. Molina durante una presentación de sus libros en San José, Costa Rica.  Foto: agosto, 2023. Cortesía de Alba.

Alba posee una trayectoria amplia y versátil, por lo que resulta difícil abarcar en una sola conversación todos los ámbitos en los que esta destacada mujer ha crecido, tanto en lo artístico como en lo profesional. Por ello, he procurado entablar un diálogo con ella en este formato, de manera concisa y precisa. Lo que presentamos a continuación es una breve mirada a la valiosa carrera de esta importante artista latinoamericana.

Queridos lectores, espero que esta entrevista sea una fuente de inspiración, especialmente para quienes están comenzando en el mundo de la música o en cualquier disciplina artística a la que se dediquen. Que les motive a seguir creciendo y a convertirse en grandes profesionales, pues ustedes son el futuro de la humanidad y los herederos del arte musical. No hay mejor manera de aprender que acercándose a personas con un legado tan importante como el de nuestra invitada de hoy, quien sin duda es una verdadera referencia de la música contemporánea. Su voz, tan sonora y melodiosa, cautiva a la audiencia al instante. No lo digo por elogiar, sino porque he tenido la dicha de verla interpretar algunas de sus canciones en vivo y en directo.

Alba C. Molina y sus hijos; Luis Diego, a la izquierda, y a la derecha Adriana y José David. Foto,  abril, 2022. Cortesía de Alba.
Alba C. Molina y sus hijos; Luis Diego, a la izquierda, y a la derecha Adriana y José David. Foto,  abril, 2022. Cortesía de Alba.

Entrevista

¿Cómo fue para ti crecer en un hogar donde la música, el arte y la locución se vivían con tanta intensidad y brillo?

Mi infancia fue marcada por la armonía. Esto lo digo tanto por el amor familiar, como a la música literalmente. Pero no me refiero a conceptos tan genéricos, que podrían parecerse a la cuna de tantas personas en cualquier parte del mundo… Ya verás:

En esa época (en el siglo pasado) era común encontrar familias numerosas en Colombia. Como buenos católicos, mis abuelos maternos tuvieron catorce hijos, y los abuelos paternos quince, de los cuales, mi padre fue el menor. 

Las nueve hermanas de mi papá decidieron tomar los hábitos, y todos los varones pasaron por el seminario por un buen tiempo. Bueno, uno de ellos murió siendo bebé, y otro, ya en el noviciado, murió a los veintiún años. De los demás, uno se hizo sacerdote y los otros tres eligieron formar familias.

¡Era maravilloso estar presente cuando la familia Molina-Roldán se reunía, pues todos tocaban instrumentos y cantaban!

Mis dos hermanos, mis primos y yo, participamos también en las celebraciones musicales, y hasta nos grababan cantando en armonía de dos y tres voces.

Una de las tías fue mi profesora en los primeros años escolares, y ya desde el kínder me ponía a hacer presentaciones tocando marimba y cantando; ya luego aprendí sola a tocar el tiple y la guitarra.

¿De qué manera influyó tu tío, el sacerdote, en el desarrollo de tu mundo musical y artístico?

Mi tío, “el Padre Bernardo”, como todos le decíamos, fue un ser extraordinario en muchos sentidos. Los dones que tenía eran numerosos: En el arte, pintaba grandes cuadros que adornaron varias iglesias en el país, hacía esculturas, tocaba varios instrumentos, escribía poesías y canciones, y su sensibilidad espiritual marcó la vida de muchas personas que dieron testimonio de su sabiduría y gran carisma.

Él solía ir a mi casa frecuentemente, para interpretar varias obras clásicas en el piano. Yo me embelesaba escuchándolo, y frecuentemente me quedaba de pie junto a él mientras tocaba cada pieza, por lo que aprendí de oído fragmentos de varias de esas obras durante esos primeros 10 años de mi vida.

Más adelante, cuando ya nos mudamos a Costa Rica, él se interesó mucho por lo que yo iba creando musicalmente, así que me escribía cartas (sí, de las que se enviaban por correo aéreo con estampillas…) dándome sus impresiones acerca de mis obras, y contándome que muy orgulloso las compartía con otros sacerdotes músicos. ¡Aún guardo sus palabras de apoyo como un tesoro!

¿Cuéntanos el significado de tu nombre, y por qué se decidió cambiarlo desde el inicio. ¿Qué representa para ti ese cambio?

Ciertamente fue muy importante la influencia que mi tío tuvo en mi vida en varios aspectos desde mi nacimiento. Mi mamá había elegido el nombre Gloria para mí, ya que nací un Sábado Santo, que la iglesia lo llama Sábado de Gloria.

Sin embargo, mi tío le pidió a mi madre que por favor me pusiera mejor el nombre Alba Cecilia, a lo cual ella accedió.

Varias décadas más tarde, en medio de un rato de meditación, yo sentí que se me informaba que era importante llamarme Alba, pues es la primera luz del día; y Cecilia, porque es la Santa Patrona de la Música. La explicación que me dio fue que, si mi nombre hubiera sido Gloria, habría utilizado la música para la vana-gloria, y mi música estaba destinada a llevar luz a los que la escucharan.

Lo interesante es que nunca me llamó la atención hacer música comercial sólo para buscar popularidad y, por el contrario, mis canciones siempre han sido del corte positivo y espiritual. Me llenan de gozo y entusiasmo. Me ayudan a tener claridad de mis metas.

¿A qué se debe que en algunas producciones aparezcas con diferentes nombres, como Alba, Alba Molina y Alba C. Molina?

En Colombia todos me decían Alba Cecilia, pero en Costa Rica sólo se me llamaba por el primer nombre. El oído se me fue acostumbrando. 

He escrito canciones desde los 13 años, y las primeras que fueron difundidas públicamente fueron varios temas Cristo-céntricos que escribí para un grupo acústico que dirigía, llamado “Leche y Miel”. 

Pero ya a nivel de grabaciones más profesionales, he realizado música para niños y para adultos, aunque sin ninguna “estrategia comercial”; porque si lo hubiera hecho con esa visión, ¡todo habría sido diferente!

Esas producciones musicales iniciales, se lanzaron en 1993, por el mero placer de plasmar canciones buscando estética en las obras, y para aportar material escolar. 

Mis primeras producciones las realicé junto con mis hijos, y nos identificábamos como Alborada (sinónimo de “alba”). Bajo ese nombre saqué las producciones: “Dinosaurios”, “Había una Vez en Belén” y “Fantasía”. 

Luego saqué la producción “Navidad Es Tiempo de Amar” junto a mi hija, y nos identificamos con los nombres de ambas: Alba y Adriana. 

Con mi nombre Alba saqué las producciones “En Vuelo”, y su versión en inglés “Flying on Fire”.

Más tarde, usé mi nombre más usual, Alba Molina, y saqué las producciones: “Transfórmame”, “A Tu Viva Imagen”, “Fluyendo” y “Flying on Fire”. 

Sin embargo, para honrar mi nombre completo, a partir de ese momento incorporé la inicial de “Cecilia” al identificarme. Así que bajo ese “sello” Alba C. Molina saqué: “Tu Mundo Es Tu Reflejo”, “Your World Is Just Reflection”, “Arrullando Genios”, “El Pato To-Tomás”, “¡Alerta!” y “El Mono Rufredo”.

Comparto este enlace de una entrevista alusiva al tema principal de esta última producción, el cual ganó primer lugar de popularidad en una emisora Española: https://youtu.be/S72mcB2JSnE?si=ReifjIeNpxolq98t

También identificándome como Alba C. Molina, saqué mi libro de temas de diálogo: “Ya posees la Llave” y la serie infantil “Los Policuánticos” 

Dicho sea de paso, aún en la actualidad con frecuencia grabo y comparto escenario con mi hija Adriana Muñoz, quien es cantante profesional, y con mi hijo Luis Diego, quien tiene un talento musical extraordinario. Ambos han participado en casi todas mis producciones musicales.

¿Cuáles son los temas más recurrentes y significativos en tus composiciones musicales?

El positivismo y empoderamiento. Mi trabajo en general es una misión de vida, y mi objetivo es ser una “mensajera” que le recuerde a cada persona con que me cruce (físicamente o a través de mis obras) cuál es su conexión con la esencia de la Vida. Que re-conecte con sus raíces eternas, y que YA tienen ADENTRO todas las respuestas y herramientas que requieren para realizar su misión y propósito a su paso por esta vida.

Dentro del material infantil, también exalto los valores y el potencial interno. Varios de esos temas hacen alusión a la alta auto-estima y aceptación de todas sus características tales y como son. Sin embargo, a los niños también les escribo canciones que estimulen la imaginación, o que sean de simple entretenimiento y gozo.

¿Cuál ha sido la evolución en los géneros y temáticas de tus producciones discográficas desde 1993 hasta la fecha?

Bueno, te cuento que en la última década he seguido componiendo música, sólo que no han sido temas independientes. Lo que conocemos como “singles”. Por ejemplo, he hecho varias canciones por contrato. Una fue una composición para Costa Rica, y otra fue navideña. Después hice por mi cuenta otra canción navideña tanto en español como en inglés. 

Por otro lado, las canciones de los libros de Los Policuánticos, son actualmente 14. Y los cinco poemas musicalizados para dos de mis amigas escritoras. 

En general, las canciones que he escrito desde mi adolescencia, han sido con los géneros:

Cristo-céntrico 

Infantil 

Navideño 

De empoderamiento 

Románticas sin co-dependencia 

Y espirituales sin denominación.

Entre los estilos musicales, prevalece la balada pop, la música acústica (estilo indie), y en la producción “Fluyendo”, además aparecen varios estilos como el Blues, Gospel, Bossa, Cumbia colombiana, Big Band y Celta.

¿Cómo describirías tu experiencia enseñando música, inglés y español a niños en Costa Rica y California?

Fui maestra siempre en instituciones privadas, de las cuales, la mayoría es bilingüe. Dado que yo aprendí el idioma desde que era adolescente, me fue fácil dar mis lecciones en ambos idiomas. 

Incluso realicé el himno de cuatro de las instituciones donde trabajé (Saint Gregory, Santa Mónica, Yurusti) y también para la escuela Josefita Jurado, que me contrató externamente para componer e interpretar su himno.

Lo que más he disfrutado en mi etapa educativa, es aportar material nuevo con contenido transformador. Un ejemplo es la Opereta que escribí en 1993, “Los Talentos”, para niños de 3º, 4º y 5º. La obra recibió varios reconocimientos, y en el 2004 hice la versión en inglés para ser montada en Saint Petersburg, Florida.

En California di clases por poco tiempo, pero como fue en la segunda mitad del año, tuve a mi cargo el montaje de ocho espectáculos bilingües para todos los niveles de las 3 instituciones de una misma dueña. El objetivo fue conmemorar La Luz en las distintas culturas. Fue un reto arduo, pero sumamente satisfactorio.

¿Qué cambios importantes experimentaste en tu vida personal y profesional a partir del 2002?

En realidad, yo venía sintiéndome no sólo desmotivada, sino deprimida por varias situaciones. Una de ellas, era precisamente el tener que trabajar para otras personas con diferentes principios y visiones. 

Cuando uno acepta un empleo sólo por la necesidad de un salario, y para cumplir con obligaciones familiares, sociales y culturales, llega a un punto en el que uno se da cuenta de que no está viviendo SU VERDAD, y sólo vive para complacer a otros o para mantener una imagen. 

Yo tengo una enorme sensibilidad a esa guía interna, por lo que llevé muchas terapias con distintos profesionales (tradicionales y holísticos), pero la depresión era mayor que las opciones que escuchaba.

Así que, ya para finales del 2002, yo estaba sucumbiendo… Sin embargo, al soltar todo y tocar fondo, descubrí una voz interna que, por medio de comunicación telepática, me hizo entender que soy amada exactamente como soy, que no necesito complacer a nadie, que puedo re-escribir mi guion de vida como quiera y cuantas veces lo desee, que tengo derecho a ser feliz, y que ya tengo adentro TODO lo que he de necesitar para realizar mi propósito de vida. Y que lo más importante, ¡es DISFRUTAR!

A partir de ese momento, absolutamente todo cambió y comenzaron a suceder cosas extraordinariamente maravillosas en mi vida. Por eso mi trabajo, más que nunca, tiene ese mensaje de empoderamiento y conexión con nuestra Guía Interna.

Las personas que comenzaron a llegar a mi vida, fueron profundamente cruciales para mí, como por ejemplo un amigo norteamericano que se convirtió en un ángel en mi vida, pues creyó en mí y en mí y en la intención pura de mi trabajo. Así que por casi 20 años me apoyó y me impulsó como si hubiera sido un hermano mayor. Durante los últimos tres años de su vida, pude ser yo la que lo apoyó en sus retos de salud, hasta cerrar su capítulo terrenal.

¿En qué consiste tu serie de ciencia ficción “Los Policuánticos” y qué te inspiró a crearla?

Comparto el tráiler de la serie: https://youtu.be/u51-pbB3H6c?si=uHSKWraj4eOeDOSJ 

Fue una semilla que silenciosamente quedó sembrada en mi corazón desde 1993, precisamente gracias a la Opereta Los Talentos. 

El tema era precisamente aceptar a cada persona tal y como es, y que todo “defecto” es una cualidad en potencia, esperando a ser descubierta y desarrollada. 

Los Policuánticos finalmente nacieron como un primer “boceto” en Febrero del 2013. En ese entonces, creé una audio-narración con canciones, y la grabé en mi estudio casero, pero sin intención de lanzarlo al aire. 

Luego en Julio del 2018 apareció la posibilidad de publicar el libro con el sello Balboa Press, una división de la prestigiosa casa de publicaciones Hay House (de la autora y fundadora Louise Hay). Para este momento yo aún no sabía que mi libro en realidad se convertiría en serie de 12 episodios.

Obviamente es una contratación, y no es algo barato… El asunto es que me eché para atrás después de haber firmado el contrato. Fue una mezcla de cobardía, y el consejo de mi mejor amigo. Así que guardé el potencial libro en un baúl mental.

En medio de la pandemia, la necesidad de dar vida al proyecto resurgió, ahora como una serie literaria con canciones, y me volqué completamente a revisar lo que tenía, mejorarlo y completarlo. Me di cuenta de que el contenido parecía más bien un “Coaching Infantil” en formato Ciencia Ficción con pinceladas de Física Cuántica y por supuesto PNL (Programación Neurolingüística).

Es precisamente la personificación de los altos valores, en seres que provienen del Sol, y vinieron a la Tierra en forma de cuatro niños, y una mascota que vino escondida, y representa nuestros temores y auto-saboteo para dejar de hacer lo que representa reto. Así que vinieron para ayudarnos a entender cuál es nuestro verdadero potencial para vencer a los villanos (los antivalores), que a final de cuentas también están adentro de nosotros. Entonces se va revelando las formas en que se nos manifiestan esos retos y las soluciones.

En 2022 salió el primer episodio en español, siguiéndolo la versión en inglés y terminando con las versiones de audiolibro en ambos idiomas en el 2023. 

Este episodio fue el tema de la charla que presenté para TEDx PuraVida 2023, sólo que aplicado al NIÑO INTERIOR de los adultos.

El episodio 2 salió en español en el 2024, y tuve que pausar por otros proyectos. Pero como todo lo que me ha sucedido, esa pausa tenía un propósito mayor… Esta serie se está convirtiendo en ese Coaching que sentí, y será dirigido a los adultos que tienen niños de primaria a su cargo (maestros, padres de familia, encargados de hogares de niños, etc.)

Estoy “en primera fila” siendo testigo de lo que se me va inspirando. ¡Ya veremos…!

Dado que tu carrera abarca música, composición, producción, programas radiales, enseñanza, desarrollo personal y escritura, ¿cómo organizas tu tiempo para atender todas estas disciplinas?

Me da risa, y a la vez me abruma… Sé que hay bastantes proyectos simultáneamente en mis manos, y hay otros que están haciendo fila…

El asunto es que cada objetivo parece saber cómo acomodarse en mi horario, y la sincronía de invitaciones y oportunidades mágicamente aparecen con un orden que no depende de mí.

Por supuesto que he tenido que rechazar y renunciar a varias actividades e iniciativas, porque es muy fácil dejarse seducir por el potencial que hay en tantas cosas. Sin embargo, regreso al momento en el que se me reveló que SIEMPRE DEBO SER FIEL A MI VERDAD (no a los antojos del ego).

¿Cómo integras tus certificaciones en áreas terapéuticas, comunicación y coaching con tu trabajo en la música y el arte?

En realidad, todo es una misma “colcha de retazos”. Todo confluye hacia un mismo punto: re-conectar con la esencia del ser. Así que, desde ese punto de vista, todo lo que hago es terapéutico, incluyendo esto que estamos conversando. Pues si mi testimonio de vida motiva o inspira a alguien a creer en sí mismo, en su potencial interno y su autoría de vida, ¡entonces habremos colaborado al bienestar integral de ese ser!

¿Qué aspectos del solfeo, la armonía y el contrapunto consideras fundamentales para tu estilo compositivo?

Desde la época de adolescente en que fui miembro de la Orquesta Sinfónica Juvenil, comencé con algunos estudios de composición. Luego mi participación en el Coro Sinfónico de la Orquesta, enriquecieron enormemente mi gusto por las armonías corales y muchos estilos de música. He participado en una gran cantidad de ensambles vocales como cantante, y muchas veces dirigiendo al grupo.

Los ocho años de estudios universitarios que realicé en el campo de la música, me dieron importantes herramientas, sin duda. Pero nunca he sido tan dócil como para permanecer encasillada en reglas que no resuenan conmigo. Yo me dejo guiar por la inspiración y lo que me gusta más, sin importar la influencia de la época.

¿Qué desafíos y aprendizajes has encontrado al combinar la locución con la música y la enseñanza?

Para ser sincera, no siento que sean excluyentes. Las tres disciplinas son formas de comunicación, y yo tengo un mensaje claro para compartir. Intercalo las distintas formas de manera armoniosa. Por eso grabo mis audiolibros, los cuales contienen también música y mensaje. Y al dar Charlas-Concierto, puedo utilizar más de una disciplina ante el micrófono.

Tal vez el único desafío es el de no dejarme encasillar por nada ni nadie. Mi formato es muy “mío”, y a veces eso no es tan “comercial”. Así que es esperable que no todo el mundo esté de acuerdo, o que no calce con lo establecido. Aún así, siempre se me han abierto puertas generosamente.

¿Cómo ha evolucionado tu enfoque creativo con la suma de formación técnica y terapéutica a lo largo de tu carrera?

Siento que la creatividad ha crecido cada vez más, precisamente a raíz de conectar con mi esencia espiritual, y esa base es la que le da sentido a cualquier otra herramienta.

Por eso comentaba que hay aún más proyectos que están haciendo fila para poder salir a la luz a su tiempo…

Todos ellos tienen un propósito de empoderamiento y de ayudar al prójimo a descubrir su potencial interno en total libertad y con base en el amor incondicional.

¿Qué mensaje darías a quienes están atravesando momentos especialmente difíciles en su vida actual?

Que debemos creer en nosotros mismos, sabiendo que todos somos canales de la inspiración Universal. Que ya poseemos la llave para el verdadero éxito, lo cual no se limita al aspecto material e intelectual. 

El éxito, según lo veo, es justamente esa libertad que da el saber que estamos conectados permanentemente con esa Omnipotencia, Omnisciencia y Omnipresencia que está hecha de puro Amor y Luz, y participa activamente en nuestro día a día. No está separada de nosotros, sino ADENTRO de cada uno.

Y que sepamos que nuestra realidad de vida, es la proyección de nuestras convicciones. Así que, si creemos que somos víctimas de las circunstancias, le estamos otorgando más poder a esas circunstancias para que nos dominen y hundan.

Pero si creemos con certeza que tenemos todas las soluciones adentro, si irán manifestando en nuestra creatividad e impulsos intuitivos, y muy rápidamente veremos los resultados aún mejores de lo que calculamos inicialmente.

¿En qué proyectos artísticos y de producción estás trabajando actualmente?

Acabo de lanzar la versión den inglés de mi programa de Coaching en línea: “The Neuro-Spiritual Method”, dirigido a mujeres de mediana edad, pues es precisamente la época en que yo misma tuve mi transformación de vida. Deseo aportarles todo lo aprendido y mostrarles lo que se puede lograr.

Dentro de pocos meses lanzaré la versión en español del mismo programa.

Por otro lado, como comenté más arriba, estoy preparando el curso de Coaching infantil para maestras, padres de familia y encargados de niños entre 7 y 11 años, a través del “kit” Los Policuánticos.

Al terminar de escribir esta serie, debo terminar una novela de ficción para adolescentes con la temática del empoderamiento (luego les comparto el título).

También está en proceso una colección de cuentos para niños de preescolar, basándome en varias de mis canciones infantiles y la historia detrás de esos personajes. (También está llena de positivismo)

Musicalmente ya tengo la inquietud de componer otra producción musical de empoderamiento, pues son canciones que utilizo en mis actividades como coach.

Y finalmente, he estado preparando un programa infantil y un podcast.

(Tal vez mañana surgen más ideas… ¡No me preguntes por un tiempo! ¡Ja!)

¡Agradezco profundamente tu apoyo a mi trabajo, Carlos Jarquín!

Aprecio el interés en mi trayectoria y en lo que mis actividades puedan lograr en el mejoramiento del estilo de vida de los que reciban mi aporte.

Alba es miembro de varias asociaciones, entre ellas:

  • Asociación Costarricense de Escritoras (ACE)
  • Asociación Costarricense de Autores Musicales (ACAM)
  • Asociación de Profesionales de la Voz (APROVOZ)
  • Voicemasters Latam
  • Asociación Multinacional de Artistas de la Voz (AMAV)
  • Red solidaria ‘Yo Elijo Ayudar’
  • Red Mujeres Beta
  • Colaboradora en proyectos de voz con INCREARTE

Entre sus reconocimientos destacan:

  • Nominación al Premio SOVAS 2023 en la categoría Audiobook Narration – Fantasy – Best Spanish Voiceover, California, USA
  • Representante de Costa Rica en concurso Latinoamericano de Oratoria, Cancún, México
  • Premio ACAM 2016 por el álbum musical infantil ‘El Mono Rufredo’
  • Composición de letras y música para instituciones educativas como Saint Gregory School, Santa Mónica School, Escuela Yurusti y Escuela Josefita Jurado.

En el siguiente video, nuestra invitada nos envía un saludo y nos habla brevemente sobre su trabajo artístico:

Los invito cordialmente a seguir a nuestra invitada en sus redes sociales.

Carlos Javier Jarquín

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Último Tango em Paris

CINEMA EM TELA

Marcus Hemerly: ‘Último Tango em Paris:
Uma jornada de escapismo’

Cinema em Tela - Último Tango em Paris: Uma jornada de escapismo
Cinema em Tela – Último Tango em Paris: Uma jornada de escapismo

Quando Marlon brando faleceu em 2004, muitos cineastas, críticos e profissionais de cinema manifestaram suas lembranças associadas à obra daquele que ainda é considerado o maior ator de todos os tempos. Filmes marcantes como ‘O pecado de todos nós’ e ‘O poderoso chefão’ foram citados, rememorando atuações icônicas e roteiros envolventes. E dentre eles, Arnaldo Jabor de maneira pertinente, lembrou-se da cena de ‘Último tango em Paris (1972), na qual o personagem de Brando traça um diálogo, em verdade, verte uma despedida catártica tom monologal com a esposa morta. A expressão aparentemente insensível, petrificada, tal como o cadáver disposto entre flores e preparado em necromaquiagem.

No entanto, as nuances emotivas pontuadas por extremos são uma sinfonia orquestrada na face de um mestre; sofrendo e odiando-a por ter fenecido. Por certo, o filme não é lembrado apenas por esta passagem, ou pelas cenas de sexo que levaram a boicotes, indiciamentos criminais e censura, ao mesmo tempo em que despontou como sucesso de público e crítica.

Na trama, em uma típica tarde nublada parisiense, os contornos gris unem os caminhos de Paul e Jeanne. Interessados em alugar um apartamento, ele; tentando fugir de sua realidade, ou, de seu despedaçar; ela, de certa forma insegura diante do seu casamento iminente, entrega-se à proposta de paul: encontrarem-se naquele apartamento, que será, a partir de então, seu mundo. Sem nomes, sem acontecimentos de fora, apenas compartilhando momentos ou um silêncio cúmplice.

Naquela cápsula de tijolos, mesmo sem trocar informações sobre o seu passado, se despem emotiva e fisicamente um ao outro. Desde incursões sexuais, até violências psíquicas e físicas, o inesperado casal agregado de forma clandestina pelo destino aos poucos embarca numa viagem sem rumo ou previsão de chegada, de mãos dadas e olhos cerrados pela nau dos insensatos (ou corajosos). 

O filme é notório por várias polêmicas, desde a maneira peculiar de filmar de Bertolucci, consagrado por títulos como ‘1900’ e ‘Cinema Paradiso’, até a famosa cena da manteiga, que por muitos anos supostamente teria sido verdadeira, na qual a personagem de Marlon Brando simula sodomia com Maria Schneider.

De fato, ainda que não tenha havido intercurso efetivo, soube-se que a cena e suas implicações não haviam sido previamente acertadas, de modo que a reação, surpresa e violação quase literal de Schneider, lamentosamente, são reais. Agressividade humana, covardia, impetuosidade e sentimentos conflitantes são explorados de modo intenso a fim de indicar o grau de egoísmo como mecanismo de defesa, normalmente quando contraposto a uma situação de trauma. 

De um lado, o viúvo rude e de sentimentos intransponíveis não entende a razão do suicídio de sua esposa, mola propulsora a seu rompante de autopunição e revolta dirigida a seu derredor, fetichizada em sua nova companhia, Jeanne. De outro giro, a jovem que tenta se agarrar a um resquício de inocência, vê na figura quase paternal, ao menos aparentemente, uma possibilidade de experimentação. Aos poucos, os jogos conscientes e inconscientes causam sentimentos de afago e sevicia quase concomitantes. 

Em 1972, data da première da produção, é possível entender o burburinho causado pelas cenas picantes entre Brando e Schneider. À época, os controversos ‘Calígula’ e ‘Império dos Sentidos’, primeiros filmes não designados ao circuito pornográfico a exibirem cenas explícitas ainda não haviam sido produzidos, e mesmo posteriormente inseridos no circuito de cinema de arte e composição de elenco consagrado, despertariam grande interesse de público.

 O mundo ainda flutuava entre o cinema exploitation de extremos gráficos pontuais e o florescer de comédias, bem como policiais com temática erótica estadunidense, a partir da relativa liberalidade da era pós Código Heys, que regulamentava o conteúdo das atrações americanas. Ainda que a sexualidade na sétima arte remonte, quase que de forma paralela à invenção do cinetoscópio, lembremos as seletas stag parties do início do século 20, a questão ainda era um tabu nos anos 70. E, quem sabe, ainda o é nos dias de hoje.

A famosa crítica de cinema novaiorquina Pauline Kael, chegou a classificar O último tango… como o mais poderoso filme erótico já feito, dentre outros encômios em sua introdução à edição comentada do roteiro, posteriormente novelizado pelo autor Robert Alley. Trata-se de um romance bem escrito e relativamente fiel ao material original, alterando apenas algumas análises quanto às motivações dos personagens e estendendo ou omitindo pequenas sequências. 

Passadas cinco décadas de sua estreia na noite de encerramento do New York Film Festival, em 14 de outubro de 1972, o filme permanece forte, ainda que não tanto pelas polêmicas, que ainda reverberam, mas pela qualidade interpretativa e coragem do roteiro assinado por Bertolucci e Franco Arcalli. Num misto de desvelar voluntário de fantasias, infligir de dor – a si, ou a outrem – como forma de escapada da realidade, as nuances psíquicas cotejam uma moldura sofistica à história. Se o poder de chocar é facilmente levado a efeito, o fascínio decorrente certamente demanda maiores atrativos, e isso é o que vemos a cada revisão da obra.

Marcus Hemerly

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