Ouro derretido à deriva

Ella Dominici: Poema ‘Ouro derretido à deriva’

Ella Dominici
Ella Dominici
Imagem criada por IA do Bing (https://sl.bing.net/cA5FAA4aR6i) , em 04 de dezembro de 2025, às 15:38.

pergunta-me onde me achava morrendo
como um navio incendiado em alto mar
deixando tombar o ouro que se fundia em pleno amar lava
incandescente derretendo aos poucos a formar arte deslumbrante

sem ar no pulmão das águas frias
pergunta-me as palavras que te dissera
foram de audácia as correntes que te prenderam
algema líquida que te segurou bem firme
deixara-te deslizar como peixe escorrega das mãos
redimes, lembra-te e salta em águas conhecidas
reconhece teu habitat

peixe que passa por minhas pedras limosas de cheiro do mar
marulho te cante aos ouvidos
salgado salino ao teu paladar
brinda e não esqueças do molhado na borda da taça
folga-te das bolhas que se formam na boca que beijas
palavras poéticas feitas de um nada
se agitam e dizem o tudo de uma só vez

brigas comigo que o tudo é teu é meu
é demais e de mais ninguém
nademos sem rumo de mãos enamoradas
se me afundas te sossego, se te afundo nadas de braçadas
e boias de prazer comigo

olha-me molha-me debaixo d’água
meu corpo se dilui e a visão é ilusão
o movimento é nosso no insustentável
até que morras até que acordes
de tuas águas que me quiseram e me amaram
pergunta-me onde me achava
morrendo como um navio incendiado em alto mar,
à deriva

Ella Dominici

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O caminho

José Antonio Torres: Poema ‘O caminho’

José Antonio Torres
José Antonio Torres
Imagem criada por IA da Meta

A estrada é longa e demanda esforços.
Subidas íngremes e escorregadias.
O equilíbrio se faz necessário.
Encontramos desertos de sentimentos,
mas também jardins de graciosa beleza,
assim como acolhimento.

Os talos espinhosos de algumas flores nos ferem.
Outras nos ajudam a embelezar o caminho e a perfumá-lo.
As tempestades são inevitáveis,
mas logo após, vem o sol,
radiante e terno a nos alegrar.

A sede de justiça nos queima as entranhas,
mas a saciamos em fontes cristalinas de amor.
Algumas vezes nos deparamos com areia movediça que ameaça nos tragar.
Buscamos algo em que nos agarrar.
O desespero toma conta de nós.
Muitos afundam.
Outros, mais determinados, sobrevivem.

Precisamos focar na chegada, mas não podemos descuidar do caminho.
O objetivo ainda está longe.
A cada passo dado, mais próximos estaremos.
De tempos em tempos, precisamos algumas vezes repensar o trajeto.
Refeitas as forças, novos planos elaborados, seguimos confiantes!

Não cometeremos os mesmos erros.
Evitaremos os desvios que escondem perigos.
Em muitos trechos do caminho, seguiremos sozinhos.
Em outros, companheiros de caminhada se juntarão a nós.
Estejamos atentos para não nos desviarmos do caminho.
Sigamos com a bússola da luz e do amor.

José Antonio Torres

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Descobri por aí…

Eliana Hoenhe Pereira: Poema ‘Descobri por aí…’

Eliana Hoenhe Pereira
Eliana Hoenhe Pereira
Foto por Eliana Hoenhe Pereira
Foto por Eliana Hoenhe Pereira

Descobri por aí…

Que viajar é a mais absoluta liberdade! 

É preciso aproveitar as oportunidades. 

Em cada viagem brota um novo sentimento 

e uma jornada incrível de autoconhecimento. 

Verdadeira paixão que fortalece o coração! 

Cada instante vivido é único e viciante. 

O jeito é colocar o pé na estrada,

Ter um roteiro traçado, 

E apreciar os caminhos 

Nem que seja para ir sozinho. 

Os imprevistos registrados na memória 

Transformar-se-ão em contos e histórias.

Eliana Hoenhe Pereira

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O que mora na seca do sonho

Ella Dominici: ‘O Que Mora na Seca do Sonho’

(Serapião de Aurora, alter ego de Ariano Suassuna, alma sertaneja e verbo resistente)

Ella Dominici
Ella Dominici
Imagem criada por IA do Bing
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Sou aquele que inventa sede pra beber palavra.
Não tenho nome, tenho sina:
sou o riso que ficou preso no galope do vento,
sou o santo que erra rezando,
sou o ermo que sonha com mar.

Nasci do barro e da conversa.
Minha mãe foi uma nuvem com fome de chuva,
meu pai, um aboio que fugiu do curral.
Aprendi cedo que o verbo nasce de faca:
é cortante, mas abre caminho pro coração passar.

Falo o português que o sol ensinou —
cheio de calor, cheio de teimosia.
E quando a palavra falta,
invento um silêncio de passarinho.

Tenho dentro de mim um sertão que não cabe em mapa.
É um mundo de rezadeiras e vaqueiros,
onde o riso é remédio e a dor é professora.
Por lá, as histórias se deitam no chão,
esperando que alguém as acorde com fé.

Sou o auto e o milagre,
sou o palhaço que filosofou diante do altar,
sou o Cristo que sorriu do alto do gibão.
Sou o cavalo sem freio do pensamento nordestino,
que corre, tropeça, mas não se entrega.

E quando o céu se quebra em trovão,
eu digo: é Deus rindo alto de nós.
Porque até o divino, no meu sertão,
tem um sotaque de barro e poesia.

Ella Dominici

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Luciana Fisher

Entre cicatrizes, poesia e coragem, a mulher que transformou sobrevivência em legado

Sob a Superfície
Sob a superfície

Há pessoas que escrevem para existir.

E há pessoas que existem para escrever, porque a vida, tão intensa e imprevisível, exige delas palavras que salvam, resgatam e iluminam.

Luciana Fisher é desse segundo tipo: uma mulher de 43 anos, brasileira naturalizada americana, que há 26 anos transforma Nova York no cenário onde reinventa a própria história.

Associada em Economia pela BMCC, estudante de Ciências Sociais com concentração em Economia na NYU, Luciana carrega uma mente inquieta e complexa, mas é no coração que tudo começa.

Disléxica desde criança e sobrevivente de um câncer de mama agressivo, ela aprendeu a conviver com desafios que tentaram silenciar sua voz, mas nunca conseguiram.

Luciana Fisher

Quando não está mergulhada nos estudos, ela ocupa palcos que respiram literatura e intensidade: o lendário Nuyorican Poets Café, o Bowery Poetry Club, o tradicional The Lambs Club.

Luciana declama poesia como quem costura feridas, com coragem, vulnerabilidade e uma beleza crua que só quem já caminhou por territórios difíceis consegue traduzir.

Nos intervalos entre uma performance e outra, divide a vida com seus dois companheiros inseparáveis, Stitch e Spidey, seus “caolhotes”, como ela gosta de chamar, e com a rotina de tratamentos mensais contra o câncer.

A doença ainda bate à porta, mas não dita mais as regras. Luciana, sim, escolheu viver com toda a intensidade possível.

“Sob a Superfície”: quando a escrita vira sobrevivência

Sua primeira obra, Sob a Superfície, nasceu como um gesto urgente, a necessidade de processar a vida, de deixar um legado, de transformar o medo em arte.

O câncer era agressivo e o futuro incerto.

Guardar seus poemas na gaveta seria quase um desperdício da própria existência.

Então ela fez o oposto: abriu o peito e ofereceu sua verdade ao mundo.

O livro carrega duas causas que acompanham Luciana desde sempre: o câncer de mama e a dislexia.

Publicar não foi apenas um ato criativo, foi um ato político, humano, emocional.

Um sopro de força para quem luta, tropeça, recomeça e insiste em ficar.

Hoje, Sob a Superfície já está disponível na Amazon Kindle, Uiclap e Books.by, com mais lojas entrando no circuito em breve.

As versões em inglês e espanhol também estão chegando, expandindo ainda mais o impacto dessa voz que se recusa a ser limitada por fronteiras.

E o mais bonito? Luciana está só começando.

Ela tem outras três obras em andamento, um novo livro de poesia e dois romances de suspense.

A mulher que quase perdeu a vida agora a multiplica em histórias, versos, personagens e mundos inteiros.

REDE SOCIAL DA AUTORA

SOB A SUPERFÍCIE

SINOPSE

Em Sob a Superfície, Luciana Fisher convida o leitor a uma jornada íntima através do amor, da perda, da identidade e do renascimento.

Com uma honestidade cortante e uma graça lírica, esta coletânea de poemas dá voz às lutas silenciosas que todos enfrentamos, e às verdades que nos conectam.

Os poemas de Luciana exploram temas como o luto, a transformação e o amor em suas múltiplas formas.

Cada texto é um convite à pausa, à reflexão, à busca pela própria história dentro das palavras.

Seja navegando as complexidades dos relacionamentos, lidando com a dor da perda ou redescobrindo quem se é, esses poemas oferecem acolhimento e inspiração para quem procura sentido nos momentos mais vulneráveis da vida.

A voz de Luciana Fisher é autêntica, profunda, empática e ferozmente honesta, com um ritmo que é ao mesmo tempo pessoal e universal.

Entre nesta exploração sincera da experiência humana, e descubra o que vive Sob a Superfície e Por Trás das Linhas.

Assista à resenha do canal @oqueli no YouTube

OBRA DA AUTORA

Sob a Superfície
Sob a superfície

ONDE ENCONTRAR


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Resenhas da colunista Lee Oliveira




Florescer e ser

Jacob Kapingala: Poema ‘Florescer e ser’

Logo da seção O Leitor Participa
Logo da seção O Leitor Participa
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Esqueci toda a amargura,
E abracei a ternura.
Me desfiz da melancolia,
E deixei entrar a alegria.

Quero alcançar o amor…
Fazer dele meu eterno pódio.
Quero mostrar que ele tem mais valor,
Que toda a inveja, todo ódio.

Quero celebrar a vida.
Quiçá florescer e ser,
O suporte de uma criança protegida,
Que carrega a força de viver.

Far-me-ei num laboratório de felicidade,
Almejando ver florescer
No coração das pessoas, uma alacridade,
Que lhes vai fortalecer.

Jacob Kapingala

Jacob Kapingala
Jacob Kapingala

Jacob Kapingala, 28, é natural da província de Huambo (Angola) e reside em Luanda. Estudou Pedagogia na Escola Missionária do Verbo Divino (Santa Madalena) e atualmente exerce a função de professor do ensino primário.

É escritor e poeta, com participação em algumas antologias e revistas literárias do Brasil e de Portugal.

Teve o desejo de colocar em um papel aquilo que pensava somente em 2018, ano em que escreveu seus primeiros poemas. Porém, foi somente em 2019 que passou a se dedicar de corpo e alma à poesia.

É académico da CILA – Confraria Internacional de Literatura e Arte, da ABMLP – Academia Biblioteca Mundial de Letras y Poesía e da Academia Virtual dos Poetas da Língua Portuguesa.

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Mulheres de São Paulo

Ella Dominici

‘Mulheres de São Paulo – Incandescentes e Femininas’

Ella Dominici
Ella Dominici
Imagem criada por IA da Meta
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Elas — são fogo que anda nas ruas, com passos que o caos insinua.
Têm lava nas veias, vertente acesa, derretem o medo com delicadeza.

Elas são vulcões silenciosos, ferros e flores, ritos e gozos.
Do concreto fazem chão fértil, do pranto — um hino desperto e sutil.

No aço da pressa, germinam ternura, carregam nos ombros a própria estrutura.
São brasa e perfume, são dor e canção, fermentam o mundo em seu coração.

Quando o sistema as tenta conter, elas respondem com o poder
de jorrar incandescência pura, fertilizando o que o tempo cura.

Elas são o grito contido da terra, o verso que rompe a guerra.
São gestação do amanhã, poesia em corpo de afã.

Mulheres de São Paulo — brasas, na labareda que abraça as casas.
Lavam o caos com seu brilho maduro, e fazem do fogo — o fértil futuro.

Ella Domnici

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