Páscoa de injustiças e desigualdades

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

‘Páscoa de injustiças e desigualdades’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
Imagem criada por IA no Bing - 19 de abril de 2025, às 21:41 PM
Imagem criada por IA no Bing – 19 de abril de 2025,
às 21:41 PM

Páscoa Portuguesa que ainda é vivida no meio de tanta desgraça, de tanta injustiça, de tanto desemprego, embora este tenha diminuído, miséria, fome, doença e suicídio, os portugueses, solidariamente, continuam a exigir, mesmo que desarmados, à mercê de um adversário, quantas vezes: por um lado: insensível, desumano; por outro lado, poderoso e violador de direitos adquiridos, apesar de alguns benefícios, estarem a ser repostos, recentemente.

Por isso, acreditam, até agora, numa “ressurreição” da sua dignidade, pelo menos enquanto pessoas humanas, de deveres e direitos, e acreditam que, mais tarde ou mais cedo, o seu próprio “Domingo de Aleluia” há-de chegar, que os responsáveis por esta morte lenta, terão de prestar contas, e vão ser sancionados, cívica e democraticamente, dando, ainda e generosamente, mais uma oportunidade de arrependimento de quem está envolvido e tem culpas naquela que foi uma calamidade nacional. Esse dia, o da Redenção, chegará se Deus e as pessoas assim o conseguirem e, certamente, a vitória dos oprimidos será o resultado.

Parece inadmissível que filhos de um mesmo povo se coloquem contra os seus progenitores, contra os seus concidadãos, que por eles tudo deram, para os elevar aos estatutos que hoje possuem. Como foi possível que se decretassem tão injustas e desumanas medidas contra avós, pais, irmãos, parentes, amigos e cidadãos em geral, por obstinação, por teimosia, por avidez de demonstração de um poder que, generosamente, foi entregue, confiando em promessas que pareciam sinceras, agora se confrontem com a deslealdade? 

Páscoa, tempo de Ressurreição, de alegria, de libertação de uma morte lenta que, durante alguns anos, conduziu ao túmulo da brutal austeridade. Tempo para uma nova esperança, para se acreditar nas potencialidades de cada pessoa humana, digna, verdadeiramente humilde, honesta e trabalhadora.

Confie-se, portanto, nas capacidades morais, éticas, intelectuais e físicas de cada português, de cada família, das empresas e das instituições de solidariedade social. Acredite-se que o dia da libertação poderá estar próximo, que será possível a reconciliação, porque é isso o que mais importa. 

Um apelo deixo aos mais favorecidos, a começar nos governos de todas as Nações, para que nunca, em circunstância alguma, descurem os cuidados humanistas que devem, e têm obrigação para com os seus concidadãos, afinal, todos os que lhes concederam o imenso poder que, após o voto popular, assumem em seus países.

Essa é que é a obra mais importante e que nesta Páscoa sirva de profunda reflexão para toda a população mundial. Páscoa que se pretende para todas as pessoas, como um dia, pelo menos um dia no ano, de meditação, de recuperação de valores humanistas universais; um dia para festejar e recomeçar com: Precaução, Moderação, Robustez, Justiça, Fé, Confiança, Caridade, Comiseração e Generosidade.

Nesta Páscoa, ficam aqui os votos muito sinceros do autor desta reflexão, que apontam no sentido de uma Páscoa com muita saúde, muito feliz, muito alegre, apesar da situação de guerras em que o mundo está mergulhado, considerando situações de diversa natureza, que não podemos ignorar: catástrofes, guerra, fome, miséria e morte.

Uma nova Esperança Redentora, entre a família e que também penetre nos verdadeiros e incondicionais amigos. A todas as pessoas, desejo uma Páscoa, onde não faltem a Saúde, Alegria e Felicidade. Aleluia! Aleluia! Aleluia!

Venade/Caminha – Portugal, 2025
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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Poder e docência

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Artigo: ‘Poder e docência’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
Imagem criada por IA no Bing – 14 de abril de 2025,
às 07:46 PM

Invoca-se, com grande facilidade e muita frequência, o exercício da autoridade: com a intenção de chamar a atenção para a violência, nas suas diversas variantes; a respeito da competência numa determinada atividade; a propósito do conhecimento técnico-científico, entre outros usos do termo, como, por exemplo: a polícia não tem e/ou não exerce autoridade; o funcionário judicial é uma autoridade em documentação jurídica; o professor universitário é uma autoridade em pedagogia e investigação. 

Entre as muitas aplicações do vocábulo “autoridade”, por isso, importa neste primeiro trabalho, começar por abordar o conceito no seu contexto policial, face à violência que vai grassando um pouco por todo o mundo, com maior ou menor impacto e consequências, quantas vezes, imprevisíveis.

Na perspectiva da Filosofia Social, é necessário considerar a existência legal do quadrinómio: sociedade, autoridade, norma e bem-comum. O exercício da autoridade funda-se na norma legal e, em algumas atividades, nomeadamente, a política, na legitimação proveniente da adesão popular. Em sentido lato, e para o enquadramento da autoridade, em geral, considerem-se as normas jurídicas, morais, cognitivas, profissionais ou quaisquer outras que reconhecem e legitimam aquele poder. 

Aliás, é comum afirmar-se que determinada intervenção, por um corpo especializado, num certo domínio, não tem autoridade para utilizar um meio, um recurso, aplicar uma medida, impor uma sanção, precisamente, porque a lei não lhe confere tal competência, ou porque lhe falta legitimidade.

Neste contexto: «A autoridade e a norma aparecem assim como funções do bem-comum ou do bem-social, exigidas pelo ser em comum dos homens e no seu agir em sociedade concreta. Quer dizer que sem elas não pode haver sociedades actuantes. (…) É, portanto, inevitável afirmar uma dependência mútua de relações entre a sociedade, a autoridade e a norma e bem-comum, o qual bem-comum é, em última análise, a sociedade a construir à base das experiências da sociedade que é dada.» (SILVA, 1966:102).

Torna-se fundamental, e condição necessária, a existência de realidades positivas, para que se exerça a autoridade, independentemente da sua natureza, estatuto e finalidades: sociedade que se constitui para objetivos do bem-comum; normas que regulam o funcionamento harmonioso e uniforme da sociedade e uma autoridade para acompanhar a uniformização dos comportamentos individuais, que contribuem para a estabilidade e pacificação da sociedade, nos múltiplos domínios que ela comporta, face às diversificadas dimensões dos indivíduos e, nestas circunstâncias, sempre deverá existir uma autoridade para cada tipo de intervenção humana. 

Viver num território, de um qualquer espaço do mundo, implica a existência da autoridade. Por muito primitiva e diminuta que seja a comunidade, haverá sempre a autoridade dos pais, dos mais velhos, dos técnicos, dos cientistas, dos políticos, dos religiosos, conforme a complexidade e grandeza dessa mesma comunidade.

BIBLIOGRAFIA

SILVA, António da. S.J. (1966). Filosofia Social, Évora: Instituto de Estudos Superiores de Évora. 

Venade/Caminha – Portugal, 2025
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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Música, vibração e o corpo

SAÚDE INTEGRAL

Joelson Mora: ‘Música, vibração e o corpo’

Joelson Mora
Joelson Mora
Imagem criada por IA no Bing – 1º de abril de 2025, às 21:00 PM

A música sempre esteve presente na história da humanidade, seja como expressão cultural, ferramenta de conexão espiritual ou meio de regulação emocional. No entanto, seus efeitos vão muito além da arte: a vibração do som tem impacto direto sobre o corpo e o inconsciente, influenciando desde a frequência cardíaca até como processamos emoções e memórias.

Cada som é uma onda vibracional que se propaga pelo ar e interage com nosso corpo. Estudos demonstram que diferentes frequências sonoras podem influenciar nosso sistema nervoso, ativando respostas fisiológicas como a liberação de dopamina, a regulação do ritmo cardíaco e a redução da tensão muscular. Sons graves tendem a gerar uma sensação de aterramento, enquanto frequências mais agudas podem estimular estados de alerta.

Nosso cérebro processa a música de maneira complexa, ativando regiões relacionadas à memória e à emoção, como o hipocampo e a amígdala. Isso explica por que algumas canções despertam lembranças específicas ou influenciam nosso humor instantaneamente. Além disso, a música pode ser usada terapeuticamente para tratar transtornos como ansiedade e depressão, pois auxilia na regulação do sistema nervoso autônomo.

Pesquisas mostram que determinadas frequências sonoras podem induzir estados alterados de consciência. As batidas binaurais, por exemplo, são utilizadas para estimular ondas cerebrais alfa e teta, associadas ao relaxamento profundo e à meditação. Frequências de 432 Hz e 528 Hz são frequentemente associadas a um estado de harmonia e bem-estar.

Culturas antigas sempre atribuíram à música um papel espiritual. Cantares gregorianos, mantras indianos e instrumentos xamânicos têm sido utilizados ao longo dos séculos para promover estados de cura e elevação espiritual. No judaísmo, por exemplo, o som do shofar é util sddsizado como um chamado à reflexão e renovação.

A musicoterapia é uma área em crescimento que utiliza a música para reabilitação e melhoria da saúde mental. Estudos comprovam que melodias harmônicas ajudam pacientes com Alzheimer a resgatar memórias CCO e a melhorar a cognição. A 

  Além disso, ritmos específicos podem melhorar a coordenação motora em pacientes com Parkinson.

A música e a vibração transcendem a audição, alcançando nosso corpo e mente de forma profunda. Seja por meio de efeitos fisiológicos, estimulação da memória emocional ou influência espiritual, os sons são uma ferramenta poderosa para o equilíbrio e a saúde integral. Incorporar a música conscientemente em nossa rotina pode ser uma estratégia eficaz para bem-estar e autoconhecimento.

Joelson Mora

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O poder das escolhas

Mateus Pinto

‘O poder das escolhas em A Flor Sob o Sol Ardente,
de Bereznick Rafael’

Mateus Pinto - Hánji Kiami
Mateus Pinto – Hánji Kiami

A Flor Sob o Sol Ardente é um romance angolano, cuanzasulenho, da escritora Bereznick Rafael, publicada em agosto de 2023, pela Academia de Escrita.

A mesma história é contada em 24 capítulos, com momentos únicos, e levam ao leitor não residente no Cuanza Sul a conhecer uma parte deste território nacional, propriamente o município do Sumbe, em uma leitura demorada, mas imparável onde se fragmenta a história emocionante e trágica de Luena, uma dócil jovem que se vê obrigada a ajustar a bainha da vida às medidas de quem amava sem aflições.

Além das lutas internas de Luena pelo relacionamento com Henda, trazendo aqui um olhar atento às ações nefastas dos homens contra as mulheres, a autora também ressalta questões como um relacionamento ‘saudável’ no seio das famílias, é notável no relacionamento de Luena com seus irmãos e sua madrasta Makini que a amava incondicionalmente, e que, independentemente de haver ou não motivos para sorrir, dava um ombro amigo para a filha. Outros mais, desencadeiam-se nas questões da desigualdade social, o poder das escolhas ‘certas’ e com grande destaque a afirmação das mulheres.

Luena sentencia-se prisioneira do amor após ter negociado seu sonho, uma bolsa de estudos na Universidade de Coimbra, para poder render-se aos desejos de seu namorado Henda. Talvez a palavra prisioneira demostraria uma falta de empatia por nossa parte, sendo assim, vamos olhar com os olhos de Vincent van Gogh ao afirmar: “Penso que não há nada mais artístico do que amar verdadeiramente as pessoas”.

Luena não experimenta bons momentos desde a ideia de ficar mais perto de Henda como namorado e depois do casamento, conseguimos ver e sentir uma sucessão de más escolhas que, embora a personagem viva tais consequências em um dado momento, acaba caindo em uma outras más escolhas que acreditamos serem ao seu ver bons terremos para se viver, mas o contrário é percebido mais tarde.

Em conclusão, é importante nos desfazermos de algumas coisas quando temos uma vida de casal, porém é importante medir com atenção o que deixar e que males enfrentar ou oportunidades perder ao nos desfazermos para agradar o outro.

Em A flor sob o sol ardente, Luena insistiu tanto em um amor obsessivo que fora capaz de querer que nada existisse se não fosse com ele no controle das coisas.

Hánji Kiami

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Respeito pelos direitos do trabalhador

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

‘Respeito pelos direitos dos trabalhadores’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
Imagem criada por IA no Bing - 07 de abril de 2025,
 às 08:05 PM
Imagem criada por IA no Bing – 07 de abril de 2025,
às 08:05 PM

Os trabalhadores, em geral: sejam do setor privado, sejam funcionários públicos, devem ser incentivados, terem todas as condições possíveis e legais para poderem em qualquer momento das suas carreiras profissionais, concorrer a cargos de maior destaque, que envolvam mais responsabilidade, mas também que facilitam a ascensão a melhores salários e estatuto socioprofissional mais elevado, com valorização pessoal, na família, na sociedade e prestígio social.

Igualmente devem estar preparados para, periodicamente, serem avaliados, e reunirem as melhores condições, designadamente, para as promoções por mérito excecional, considerando, conjugadamente, vários critérios de ascensão: antiguidade, habilitações literárias adquiridas ao longo da carreira na instituição, formação profissional, modernização das boas-práticas, polivalência, assiduidade, pontualidade, lealdade à instituição e seus dirigentes, entre outros.

A competição sadia, inter pares, constitui uma forma dinâmica de estar na vida profissional, e dignifica o funcionário, o qual adquire respeitabilidade, que lhe advém das diversas competências que vai acumulando, ao longo da sua carreira, e as coloca ao serviço do público, do crescimento e prestígio da instituição. 

Um cuidado muito especial precisam ter os dirigentes, no sentido em que, sempre que houver um lugar de nível superior, devem: primeiro, convidar o pessoal da ‘casa’, para ocupar tal cargo e, se for necessário, dar formação àqueles que possam reunir condições; para, e só depois, caso não haja ninguém interessado, abrir concurso público.

O executivo municipal, bem como todos os titulares de cargos superiores, obviamente, devem ser os primeiros a dar exemplos do exercício daqueles princípios, sob pena de efetuarem avaliações incorretas, injustas e, eventualmente, ilegais dos seus subordinados hierárquicos. 

Além disso, conceber, e implementar, um sistema de avaliações imparcial, justo, oportuno e legal, é outra medida que se impõe, cada vez com mais acuidade, porque será pelo trabalho, conjugadamente com outros fatores, que o funcionário terá condições de progredir na sua carreira, e na vida, proporcionando à própria família, as melhores condições de bem-estar, em todos os domínios.

A maioria das pessoas, aspira evoluir na vida, ter uma situação económica sustentável, e confortável, um futuro promissor. O trabalho, com todas as suas envolventes: estudo, habilidades técnicas, cultura, princípios e valores, constitui, por isso mesmo, o grande propulsor do desenvolvimento, da dignidade humana, e da consolidação, sempre em crescendo, da economia, logo, tem de ser avaliado com objetividade, imparcialidade e justiça. 

Hoje em dia: «O progresso económico torna-se o paradigma em todos os domínios – económico, político, cultural – e a organização racional do trabalho, entendida como a única maneira correta de se atingir os fins desejados, passa a se estender a todos os domínios da vida. O trabalho que em todos os tempos constitui o imperativo moral ou económico estruturador do dado social, com a ideologia do progresso, tende a se tornar uma atividade instrumental.» (TEXEIRA, 1990:60).

Acredita-se que a maioria das instituições: públicas, privadas e cooperativas; solidariedade e humanitárias; filantrópicas e não-governamentais; ou de qualquer outra natureza e fins, não deseja ter ao seu serviço um batalhão de trabalhadores, semi-operacionais, desatualizados, desmotivados, nada dignificados, e, muito menos, desrespeitados. Também não se acredita que a maioria dos profissionais que, como tal desejam ser considerados, queira viver profissional e civicamente em tais situações. 

Poderá, inclusivamente, constituir uma ofensa ao trabalhador, enquanto tal, e às suas dignidades profissional e pessoal, não lhe serem dadas oportunidades e condições para desenvolver-se como pessoa e como profissional, situação que pode ocorrer, numa qualquer instituição, quando os recursos são escassos, quando os departamentos são numerosos e se admite pessoal: que não é necessário, que não é qualificado, e que depois fica numa posição de indefinida estagnação profissional, com todas as más consequências daí resultantes. 

Um quadro de pessoal, ajustado aos fins/objetivos da instituição, parece ser a estratégia correta, e até a mais justa, tendo em conta os legítimos interesses de progressão profissional, na carreira de qualquer trabalhador, que possua brio e capacidade profissionais.

BIBLIOGRAFIA

TEIXEIRA, Maria Cecília Sanchez, (1990). Antropologia, cotidiano e educação. Rio de Janeiro: Imago Editora

Venade/Caminha – Portugal, 2025

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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Gramática não é má temática!

Fidel Fernando: ‘Gramática não é má temática!’

Fidel Fernando
Fidel Fernando
Imagem criada por IA no Bing – 28 de março de 2025,
às 11:32 AM

Ao longo dos anos, a gramática foi tratada como vilã por muitos educadores e estudantes. Alguns a consideram irrelevante, ultrapassada, ou até mesmo um obstáculo à criatividade. No entanto, afastar a gramática do ensino é como tentar construir uma casa sem fundamentos sólidos. Ela não é a protagonista, mas desempenha um papel essencial no enredo do aprendizado da língua portuguesa.

Mas, afinal, em que momento a gramática se torna uma aliada? É aí que reside o segredo de um ensino produtivo: quando a gramática deixa de ser um conjunto de regras rígidas e passa a ser ensinada no momento certo, de forma integrada à prática textual e às necessidades do aluno.

Assim, o contexto certo faz toda a diferença. Pensemos em uma criança que ainda não foi alfabetizada. Faz sentido ensiná-la sobre tempos verbais ou sons do grafema ʻxʼ? Certamente, não. Antes de falar sobre como o ʻxʼ pode soar como [s], [ks] ou [ch], é preciso garantir que o aluno saiba identificar, pronunciar e escrever palavras básicas. A gramática, nesse cenário, é como uma ponte: só se constrói quando os pilares básicos da leitura e da escrita estão sólidos.

Por exemplo, suponhamos que, durante uma aula de leitura, os alunos encontrem palavras como próximo ou ʻtóxicoʼ, porém não conseguem pronunciá-las correctamente. É aqui que entra a abordagem estratégica da gramática. Ensinar sobre os diferentes sons do ʻxʼ (como em ʻpróximoʼ [s] e ʻtóxicoʼ [ks]) torna-se mais relevante porque resolve um problema prático e imediato.

Se a gramática for aplicada com exemplos extraídos do próprio texto lido antes, melhor ainda. Assim, os alunos aprendem as regras em um contexto real e significativo, ganhando não apenas conhecimento, mas também consciência linguística.

Outro ponto fascinante é lidar com tempos verbais. Erros comuns como confundir as desinências ʻ-ramʼ e ʻ-rãoʼ” podem ser corrigidos com actividades práticas. Trabalhar frases contextualizadas e explorar a tonicidade das palavras (em vez de ‘gramática pura e dura’, como diz professor Venâncio Chambumba), é uma forma eficaz de evitar trocas, tais como as que se leem no diálogo abaixo, extraído de um perfil do Instagram

Ele: Vem para minha casa. Meus pais sairão. 

Ela: Que horas? 

Ele: Eles já sairão. 

Ela: Ué, mas que horas? 

Ele: Eles já sairão! É só você vir. 

Ela: Eu não entendi. Eles estão aí ou não? 

Ele: Meu Deus. Eles já forão.

A gramática, nesse contexto em que se usa ʻsairãoʼ em vez de saíram e ʻforãoʼ em vez de ʻforamʼ, deixa de ser uma lista de regras decoradas, tornando-se um meio para que o aluno se expresse com clareza e precisão.

Como bem destaca William da Cruz, “ensinar gramática é levar o aluno da intuição linguística à consciência linguística”. Essa consciência é o que permite ao falante compreender os mecanismos da língua, adaptando sua fala e escrita a diferentes contextos.

Na mesma linha, Travaglia, referido por Pestana, reforça que o ensino gramatical não se limita ao domínio da norma culta. Ele amplia a competência comunicativa e textual, favorecendo a compreensão e a produção de textos adequados a situações reais.

Pelo exposto, a gramática não deve ser encarada como má temática, mas como uma ferramenta estratégica no ensino da língua. Ela não é um fim em si, mas um meio de promover a clareza, a criatividade e a competência linguística. Quando bem ensinada, no momento certo e de forma integrada, deixa de ser o terror dos estudantes para se tornar uma aliada poderosa na construção do conhecimento. Que a gramática, longe de ser a vilã, possa ocupar o lugar que merece: o de uma coadjuvante indispensável na grande trama do ensino da disciplina de Língua Portuguesa nos dias actuais.

Fidel Fernando

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‘Adolescência’

Bianca Agnelli

“‘Adolescência’, a série da Netflix que os pais deveriam assistir”

“‘Adolescence’: la serie Netflix che i genitori dovrebbero vedere”

Card do artigo "'Adolescência', a série da Netflix que os pais deveriam assistir"
Card do artigo “‘Adolescência’, a série da Netflix que os pais deveriam assistir”

Ter filhos adolescentes em 2025 não deve ser uma tarefa fácil. Eu, mãe 24/7 de uma coelhinha anã vermelha de seis anos, só posso imaginar como deve ser. (Embora, acreditem, um coelho é um filho exigente).

Pais na escuta – ou melhor, na leitura – prestem atenção, fiquem em alerta e, se preciso, liguem o radar: essa série da Netflix é para vocês. Mas também para nós. Para todos.

Adolescence )é uma minissérie dramática britânica criada por Jack Thorne e pelo ator Stephen Graham, conhecido por seus papéis em ‘Boardwalk Empire’ e ‘Piratas do Caribe’. A série é dirigida por Philip Barantini, famoso por seu trabalho em ‘Boiling Point’, e foi lançada na Netflix em 13 de março de 2025, obtendo sucesso imediato. Na Inglaterra, alcançou 6,45 milhões de espectadores na primeira semana, superando o recorde anteriormente detido por ‘Fool Me Once’ com Michelle Keegan.

A trama gira em torno de Jamie Miller (interpretado por Owen Cooper), um adolescente de 13 anos acusado de assassinato de uma colega de classe. A série explora as pressões sociais e culturais que levam a tal tragédia, abordando temas como bullying on-line, misoginia e a influência de figuras públicas controversas como Andrew Tate.

O que me impressionou, além da habilidade do diretor Philip Barantini, do incrível plano-sequência nas filmagens e do roteiro intenso, foi o quanto a série é tristemente um reflexo da realidade. Sim, é um thriller. Mas conta o que acontece todo dia em todas as escolas. Nos celulares dos adolescentes. O bullying não é mais o que era antigamente, com empurrões nos corredores e bilhetinhos maldosos. Hoje, ele é silencioso, invisível aos adultos. Vive nos comentários nas fotos do Instagram, nos grupos do WhatsApp, nas mensagens que desaparecem no Snapchat. É ali que circulam fotos íntimas de menores, que se espalham xingamentos e humilhações.

Cerca de 15% dos adolescentes na Itália declararam já ter sido vítimas de bullying ou cyberbullying pelo menos uma vez. Esse dado vem da VI pesquisa de 2022 do Sistema de Vigilância HBSC Itália (Health Behaviour in School-aged Children – Comportamentos ligados à saúde de crianças em idade escolar), na véspera do Dia Nacional contra o Bullying e o Cyberbullying. A pesquisa, coordenada pelo Instituto Superior de Saúde em parceria com as Universidades de Turim, Pádua e Siena, com o apoio do Ministério da Saúde e a colaboração do Ministério da Educação e Mérito, envolve todas as Regiões e Empresas de Saúde Locais, oferecendo um panorama dos problemas adolescentes em um período delicado como o pós-pandemia. Comparando os dados com estudos anteriores, observa-se um aumento significativo do cyberbullying entre 11 e 13 anos, fortemente associado ao uso das redes sociais.

O bullying on-line pode ter consequências devastadoras na saúde mental das vítimas, levando à depressão, ansiedade e até suicídio.

Não é um problema ‘de personalidade’. É um desconforto cultural, social, existencial. Porque a adolescência é um problema existencial. E a história é sempre a mesma: procurar um lugar onde pertencer.

Sentir-se aceito.

Spoiler: sempre haverá alguém que não vai te apreciar. Nós, adultos, sabemos bem disso, mas aos 13 anos?

Quando tínhamos 13 anos, é inútil fingir, tudo isso era importante para nós também.

Para se sentir aceito, adotam-se estratégias. A mais eficaz – e perigosa – é fazer o que todo mundo faz. Ser parte do rebanho. Porque basta um idiota mirando alguém, e o rebanho segue; porque se uma pessoa tola, má ou simplesmente insatisfeita com a própria vida começa a fazer comentários idiotas sobre um colega, os outros começam a imitar esse comportamento. E é assim que começam as tragédias.

Por coisas bobas. E por pessoas que seguem a manada.

O lado obscuro da internet e a masculinidade tóxica

A série gerou debates importantes sobre a representação da masculinidade tóxica e a influência das redes sociais nos jovens. Discussões em escolas e universidades destacaram a atualidade e relevância dos temas tratados. Não tenho dúvidas de que ‘Adolescence’ pode ser usado como ferramenta educativa para sensibilizar sobre esses problemas.

Como mulher, jovem mulher, toda essa situação me causa repulsa. A cultura Incel está se espalhando entre os jovens: on-line. Invisível. Os incels – abreviação de involuntary celibates (celibatários involuntários) – são homens que odeiam as mulheres porque não conseguem ter um relacionamento. Reclamam que 80% das mulheres escolhem apenas 20% dos homens e despejam sua frustração em um ódio visceral. Uma mistura letal de frustração, ignorância e perigo.

E eu sei disso porque, em pequena escala, vivi isso na pele. Alguns anos atrás, postei um vídeo no YouTube, um pequeno sketch irônico sobre minhas experiências no Tinder. Nada de revolucionário. Algo leve. No entanto, um fórum chamado ‘o fórum dos feios’ abriu uma discussão sobre mim. Alguém compartilhou meu vídeo, indignado porque eu dizia que “os meninos mais bonitos não me davam match, obviamente”. Escândalo! E aqui estão os comentários, que, por acaso, um dia encontrei sobre mim:

• “Estúpida feiosa”

• “Provavelmente é rica também”

• “Mas ela quer o dinheiro do Cristiano Ronaldo”

Subtexto: Como essa garota ousa ter padrões?

Eu, uma garota tranquila, com um canal pequeno, caí na mira de um grupo de incels. Não quero nem imaginar o que escrevem sobre garotas mais expostas, mais conhecidas, mais vulneráveis.

Antes de voltar ao assunto principal – porque, admitamos, este artigo está ficando muito pessoal – preciso contar outro episódio surreal. Um certo indivíduo, desses tipos que parecem saídos de um roteiro de série B, tempos atrás comentou minhas fotos e vídeos reclamando do fato de eu não ser uma apoiadora de Matteo Salvini. Para quem não sabe – ou me lê de fora – Salvini é aquele político da Liga Norte, que para mim representa tudo o que é inaceitável no cenário político italiano.

Mas o comentário dele não parou por aí: em um misto de confusão e arrogância, me chamou de “linda – mas de um jeito quase assexuado”, como se, em vez de me ver como mulher, me considerasse uma criatura etérea, uma fada distante e impessoal. Um elogio disfarçado de um insulto sutil, típico de quem talvez projeta seu desconforto e ignorância nos outros.

Este é apenas mais um exemplo de mentalidades ridículas que circulam online.

Pais: quão responsáveis vocês são?

Na série, vemos a dor da família de Jamie. E dói. Não estamos falando de pais abusivos, ruins e cruéis. Estamos falando de pais (interpretados por Stephen Graham e Christine Tremarco) humanos. Pais que não são da pior espécie. Claro, talvez não da ‘melhor’ espécie, mas essa categoria realmente existe? (Sim, ela existe. Só que é muito rara…).

Então, em que medida podemos considerá-los responsáveis pelas ações do filho?

Eu diria: muito. Aí os vejo chorando e me pergunto: realmente eles imaginavam que o filho poderia fazer algo assim? Ou talvez a culpa esteja em outro lugar? Na sociedade? Nos professores desinteressados? Nos amigos seguidores da manada? Nos modelos errados? Nos péssimos ídolos que se espalham online, como Andrew Tate?

E os adultos, então? Porque se um jovem com o córtex frontal ainda não desenvolvido pode ser influenciado por essas figuras ridículas, que desculpa têm os adultos? E até que ponto isso é culpa da misoginia sistêmica, da violência normalizada, do sexismo que permeia todos os aspectos da vida?

Ser pai é participar

Voltando à série. Os pais de Jamie poderiam ter evitado tudo isso? Sim. Quando dizem que ele voltava tarde, que se trancava no quarto com o computador até as duas da manhã, foi aí… Esse foi o momento de agir. Ser pai, e permita-me falar isso como quem tem um coelho, não é só proibir ou repreender: é participar. É preciso participar.

Os adolescentes não são fáceis, eu sei. Mas entendê-los não é impossível. Você não vai entrar em todos os compartimentos – amigos, amores, escola – de imediato. Mas em algo, sim. As paixões. O que seu filho realmente ama? O que o faz feliz? Se você não souber responder, pode realmente se considerar um bom pai?

Eu sei com certeza que minha coelhinha Mimí ama petiscos e passeios pelo jardim. E você? Sabe o que faz o coração do seu filho bater mais rápido? Se a resposta for não, talvez (definitivamente) seja hora de começar a descobrir.

Dicas práticas para pais e educadores (e mais alguns dados):

Comunicação aberta: Manter um diálogo aberto e constante com seus filhos, criando um ambiente onde eles se sintam livres para expressar suas emoções e preocupações.

Educação digital: Ensinar os jovens a usar a tecnologia de maneira consciente e segura, explicando os riscos do bullying online e do compartilhamento de conteúdos inadequados.

Observação atenta: Prestar atenção aos sinais de desconforto, como mudanças de humor, isolamento social, problemas escolares ou alimentares.

Intervenção imediata: Não subestime o bullying on-line, mas intervenha rapidamente, sinalizando o problema para as autoridades competentes e oferecendo suporte à vítima.

Promoção da igualdade de gênero: Ensinar os jovens a respeitar as diferenças e a igualdade de gênero, combatendo a disseminação de estereótipos e modelos negativos.

Adicionalmente, segundo a UNICEF, cerca de 37% das crianças e jovens na Itália estão expostos a mensagens de ódio on-line. E o fenômeno, agora, é global… Por favor, não os deixemos sozinhos nessa selva digital!

Porque, convenhamos, criar um adolescente é como viver um thriller psicológico em capítulos: repleto de silêncios inquietantes, olhares indecifráveis e explosões súbitas de fúria. E então, pais, o que fazer? Cortar o Wi-Fi e trancar a porta do quarto? Confiscar o celular e torcer pelo melhor? Não. É hora de entrar no jogo.

Criar um adolescente em 2025 não é uma caminhada no parque, mas também não é bruxaria. É ouvir sem vigiar, estar presente sem sufocar, guiar sem ditar regras. É acender uma luz nesse labirinto emocional onde eles se perdem – antes que sejam as telas de estranhos, com intenções sombrias, a iluminá-lo.

Bianca Agnelli

“‘Adolescence’: la serie Netflix che i genitori dovrebbero vedere”

Avere figli adolescenti nel 2025 non dev’essere una passeggiata. Io, madre 24/7 di una coniglietta nana rossa di sei anni, posso solo immaginarlo. (Anche se, credetemi, un coniglio è un figlio impegnativo).

Genitori in ascolto – pardon, in lettura – drizzate le orecchie, i capelli e, se serve, anche le antenne: questa serie Netflix è per voi. Ma anche per noi. Per tutti

“Adolescence” è una miniserie drammatica britannica creata da Jack Thorne e dall’attore Stephen Graham, noto per i suoi ruoli in “Boardwalk Empire” e “Pirati dei Caraibi”. La serie è diretta da Philip Barantini, celebre per il suo lavoro in “Boiling Point”, ed è stata rilasciata su Netflix il 13 marzo 2025, ottenendo un successo immediato. In Inghilterra, ha raggiunto 6,45 milioni di spettatori nella prima settimana, superando il record precedentemente detenuto da “Fool Me Once” con Michelle Keegan.

La trama ruota attorno a Jamie Miller (interpretato da Owen Cooper), un tredicenne accusato dell’omicidio di una compagna di classe. La serie esplora le pressioni sociali e culturali che portano a tale tragedia, gettando luce su temi come il bullismo online, la misoginia e l’influenza di figure pubbliche controverse come Andrew Tate.

Quello che mi ha colpito, oltre alla bravura del regista Philip Barantini, l’incredibile piano sequenza, e la sceneggiatura intensa, è quanto la serie sia tristemente specchio della realtà. Sì, è un thriller. Ma racconta ciò che accade ogni giorno in tutte le scuole. Nei telefoni degli adolescenti. Il bullismo non è più quello di una volta, fatto di spinte nei corridoi e bigliettini cattivi. Oggi è silenzioso, invisibile agli adulti. Vive nei commenti sotto le foto di Instagram, nei gruppi WhatsApp, nei messaggi che scompaiono su Snapchat. È lì che girano foto intime di minorenni, che si diffondono insulti, umiliazioni. 

Circa il 15% degli adolescenti in Italia ha dichiarato di essere stato vittima almeno una volta di bullismo o cyberbullismo. Questo dato emerge dalla VI rilevazione 2022 del Sistema di Sorveglianza HBSC Italia (Health Behaviour in School-aged Children – Comportamenti collegati alla salute dei ragazzi in età scolare), alla vigilia della Giornata nazionale contro il bullismo e il cyberbullismo. La ricerca, coordinata dall’Istituto Superiore di Sanità insieme alle Università di Torino, Padova e Siena, con il supporto del Ministero della Salute e la collaborazione del Ministero dell’Istruzione e del Merito, coinvolge tutte le Regioni e le Aziende Sanitarie Locali, offrendo uno spaccato delle problematiche adolescenziali in un periodo delicato come quello post-pandemico. Confrontando i dati con gli studi precedenti, notiamo che si è registrato un aumento significativo del cyberbullismo tra gli 11 e i 13, fortemente associato all’uso dei social network.

Il bullismo online può avere conseguenze devastanti sulla salute mentale delle vittime, portando a depressione, ansia e persino al suicidio.

Non è un problema “caratteriale”. È un disagio culturale, sociale, esistenziale. Perché l’adolescenza è un problema esistenziale. E la storia è sempre la stessa: cercare un’appartenenza.

Sentirsi accettati. 

Spoiler: ci sarà sempre qualcuno che non ti apprezza. Da adulti lo sappiamo bene, ma a 13 anni?

Quando avevamo 13 anni, è inutile fingerlo, tutto ciò era importante anche per noi.

Per sentirsi accettati, si adottano strategie. La più efficace – e più pericolosa – è fare quello che fanno tutti. Essere parte del branco. Perché basta un idiota che prenda di mira qualcuno, e il branco seguirà; perché se una persona sciocca, cattiva o semplicemente insoddisfatta della propria vita, comincia a fare dei commenti stupidi su un ragazzino, gli altri compagni di classe inizieranno ad emulare il suo comportamento. Ed è così che iniziano le stragi.

Per cose idiote. E per i pecoroni.

Il lato oscuro di internet e la mascolinità tossica

La serie ha suscitato dibattiti importanti sulla rappresentazione della mascolinità tossica e sull’influenza dei social media sui giovani. Discussioni in scuole e università hanno evidenziato l’attualità e la rilevanza dei temi trattati. Non ho dubbi che “Adolescence” possa essere utilizzato come strumento educativo per sensibilizzare su questi problemi.

Da donna, da giovane donna, l’intera faccenda mi inorridisce. La cultura Incel si sta diffondendo tra i giovanissimi: online. Invisibile. Gli incel – abbreviazione di involuntary celibate – sono uomini che odiano le donne perché non riescono ad avere una relazione. Si lamentano che l’80% delle donne scelga solo il 20% degli uomini, e riversano la loro frustrazione in un odio viscerale. Un mix letale di frustrazione, ignoranza e pericolosità.

E lo so perché, in piccolo, l’ho vissuto sulla mia pelle. Qualche anno fa ho pubblicato un video su YouTube, un piccolo sketch ironico sulle mie esperienze su Tinder. Niente di rivoluzionario. Una cosa leggera. Eppure, un forum chiamato “il forum dei brutti” ha aperto una discussione su di me. Qualcuno aveva condiviso il mio video, indignato perché dicevo che “i ragazzi più belli non mi matchavano, ovviamente”. Scandalo! E questi i commenti, che per caso, un giorno mi sono ritrovata a leggere su me stessa:

• “Stupida cessa”

• “Probabilmente è pure ricca”

• “Ma vuole i soldi che ha Cristiano Ronaldo”

Sottotesto: Come si permette questa qui di avere standard? 

Io, ragazza tranquillissima, con un canale piccolissimo, finita nel mirino di un branco di incel. Non voglio nemmeno immaginare cosa scrivano su ragazze più esposte, più conosciute, più vulnerabili.

Prima di tornare al discorso principale – perché, ammettiamolo, questo articolo sta diventando troppo personale – devo raccontarvi un altro episodio davvero surreale. Un certo individuo, dei tipi che sembrano usciti da una sceneggiatura di serie B, qualche tempo fa ha commentato le mie foto e i miei video lamentandosi del fatto che non fossi una sostenitrice di Matteo Salvini. Per chi non lo sapesse – o mi legge dall’estero – Salvini è quel politico della Lega nord, il quale per me rappresenta tutto ciò che è inaccettabile nel panorama politico italiano.

Ma il suo commento non si è fermato a questo: in un misto di confusione e prepotenza, mi ha anche definito “bellissima – ma in modo quasi asessuato”, come se, anziché vedermi come una donna, mi considerasse una sorta di creatura eterea, una fata distante e impersonale. Un complimento intriso di un insulto sottile, tipico di chi, forse, proietta il proprio disagio e la propria ignoranza sugli altri.

Questo è solo un altro esempio di quelle mentalità ridicole che si aggirano online. 

Genitori: quanto siete responsabili?

Nella serie vediamo il dolore della famiglia di Jamie. E fa male. Non stiamo parlando di genitori abusivi, stronzi e cattivi.

Stiamo parlando di genitori (interpretati da Stephan Graham e Christine Tremarco) umani. Di genitori non della peggior specie. Certo, forse nemmeno della “miglior” specie, ma esiste davvero questa fatidica categoria? (Sì, esiste. È solo molto rara, ecco..)

Dunque, in quanta percentuale possiamo considerarli responsabili per le azioni del figlio?

Mi verrebbe da dire: molto. Poi li guardo piangere e mi chiedo: davvero avrebbero mai immaginato che il loro bambino potesse fare qualcosa di simile? O forse la colpa è altrove? Nella società? Negli insegnanti disinteressati? Negli amici pecoroni? Nei modelli sbagliati? Nei pessimi idoli che si diffondono online, come Andrew Tate?

E gli adulti, allora? Perché se un ragazzino con la corteccia frontale non ancora sviluppata può essere influenzato da questi personaggi ridicoli, che scusa hanno gli adulti? E quanto è colpa della misoginia sistemica, della violenza normalizzata, del sessismo che permea ogni aspetto della vita?

Fare i genitori significa partecipare

Torniamo alla serie. I genitori di Jamie avrebbero potuto evitare tutto questo? Sì. Quando dicono che tornava tardi, che si chiudeva in camera con il computer fino alle due di notte, ecco… Quello era il momento di intervenire. Essere genitori, e fatevelo dire da una che ha un coniglio, non significa soltanto vietare o rimproverare: ma partecipare. Bisogna partecipare.

Gli adolescenti non sono facili, lo so. Ma capirli non è impossibile. Non riuscirai ad entrare subito in tutti gli scompartimenti – amici, amori, scuola. Ma in qualcosa sì. Le passioni. Cosa ama davvero tuo figlio? Cosa lo rende felice? Se non sai rispondere, puoi davvero considerarti un genitore all’altezza?

Io so con certezza che la mia coniglietta Mimì ama gli snack e le passeggiate in giardino. E tu? Sai cosa fa battere il cuore a tuo figlio? Se la risposta è no, forse (decisamente) è il caso di iniziare a scoprirlo.

Consigli pratici per genitori ed educatori (e qualche dato in più):

Comunicazione aperta: Mantenere un dialogo aperto e costante con i propri figli, creando un ambiente in cui si sentano liberi di esprimere le proprie emozioni e preoccupazioni.

Educazione digitale: Insegnare ai ragazzi un uso consapevole e sicuro della tecnologia, spiegando i rischi del bullismo online e della condivisione di contenuti inappropriati.

Osservazione attenta: Prestare attenzione ai segnali di disagio, come cambiamenti di umore, isolamento sociale, problemi scolastici o alimentari.

Intervento tempestivo: Non sottovalutare il bullismo online, ma intervenire tempestivamente segnalando il problema alle autorità competenti e offrendo supporto alla vittima.

Promozione della parità di genere: Educare i ragazzi al rispetto delle differenze e alla parità di genere, contrastando la diffusione di stereotipi e modelli negativi.

Aggiungo, secondo l’unicef, in Italia circa il 37% dei bambini e giovani sono esposti a messaggi di odio online. Eppure ormai il fenomeno è globale… per favore, non lasciamoli soli in questa giungla digitale!

Perché, diciamocelo, crescere un adolescente è un po’ come un thriller psicologico a puntate: pieno di silenzi inquietanti, sguardi enigmatici e improvvisi scatti d’ira. E allora, genitori, che si fa? Si chiude il Wi-Fi e si blinda la porta della cameretta? Si sequestra il telefono e si spera nel meglio? No. Si entra in gioco.

Crescere un adolescente nel 2025 non è una passeggiata, ma nemmeno un atto di stregoneria. È ascoltare senza spiare, essere presenti senza soffocare, insegnare senza predicare. È accendere una luce in quel labirinto emotivo in cui i ragazzi si perdono, prima che a illuminarlo siano gli schermi di sconosciuti con pessime intenzioni.

Bianca Agnelli

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