Fraternar é preciso

Renata Barcellos: ‘Fraternar é preciso’

Renata Barcellos
Renata Barcellos
Imagem criada por IA da Mea – 9 de dezembro de 2025,
às 9:03 PM

Neste primeiro fim de semana de dezembro, houve o encerramento do ano maçônico de 2025. No GOB (Grande Oriente do Brasil), em Brasília, reuniões para os cunhados e atividades para as cunhadas / fraternas. Sexta-feira (5-12), eu e meu esposo Campos Filho assistimos à premiação das FRAFEMs (Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul). Trata-se de uma Associação Civil Paramaçônica Feminina não iniciática, sem fins lucrativos, vinculada ao GOB e criada pela Constituição do GOB de 1967. Esta é constituída por esposas de Maçons, assim consideradas aquelas com eles civilmente casadas, ou que com eles mantenham união estável.

Também serão admitidas como fraternas, mães, viúvas, irmãs, filhas, e outras familiares de Maçons do GOB, tais como: enteadas, cunhadas, sogras, sobrinhas, tias, primas, avós e netas, todas maiores de 18 anos de idade, além de antigas integrantes da Ação Paramaçônica Juvenil (APJ), Filhas de Jó Internacional, Meninas Arco Iris que destas tenham se desligado em função da idade. A presença da mulher na Loja Maçônica fortalece a Fraternidade e conscientiza os Maçons do seu papel na educação, na união e na ambiência cristã.   

Antes da divulgação do resultado das FRAFEMs, foram apresentados os belos trabalhos realizados. Um mais encantador que o outro. Uma fonte de inspiração e de solidariedade. Pudemos ratificar como é possível (apesar de todas as mazelas), ser realizado um trabalho sério. Fraternar é preciso!!! Que venha 2026!!!

O resultado foi 1° Projeto de apoio a crianças em ambiente hospitalar (Paraná)                     

2° Projeto musical para crianças carentes do município de Mafra (Santa Catarina).

3°: Caminhos da Inclusão ( Bahia)

Minas Gerais ficou com o prêmio de Expansão, por fundar e reativar FRAFEMs.

E o prêmio de maior nota técnica dada pela comissão julgadora ficou com o Paraná também com o projeto: Humanizando e acolhendo. Todos os projetos estão disponíveis no site do GOB: https://www.gob.org.br/fraternidades-que-inspiram-2025/.

No sábado (6-12), foi programado um roteiro para nós cunhadas e fraternas. Podíamos optar por CITY TOUR (Memorial JK → Catedral → Congresso Nacional → Praça dos Três Poderes → Pontão), Feira dos Importados ou ida ao Centro de Convivência do Idoso (CCI) localizado no Varjão-DF para Ação Social. Como contribui para compra das cadeiras, fui à instituição. O local é longe do GOB.  Fica localizado na Quadra 5 / Conjunto A Lote 18*. Até chegarmos lá, ainda conhecemos outras regiões.

A ação social no CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO (CCI) foi realizada pelas cunhadas e/ou fraternas (cuja presidente nacional é a cunhada Virgínia Montagnana) e a cunhada Fátima Carvalho, (do Estado do Piauí – coordenadora das esposas dos Parlamentares, dos deputados federais da SAFL: Soberana Assembleia Federal Legislativa), com apoio do GOB. Segundo a coordenadora, a semente da ação social em Brasília, no CCI, foi lançada “por mim Maria de Fátima Silva Carvalho, da Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul “Corrente da Fraternidade”, filiada a ARLS Cruzeiro do Sul V, Oriente de Teresina/Piauí, no grupo das esposas dos deputados federais, em julho deste ano.

A ideia foi recebida com grande entusiasmo por 88 Poderosas do grupo.  Até o dia 22/11, recebemos a contribuição destas 88 Poderosas, no valor de 40,00 reais, totalizando 3.420,00 reais. Vale ressaltar que tivemos ajuda da fraterna Elaine Albuquerque, que não é esposa de deputado federal, e sim Diretora Social da Frafem Nacional. Mas com muito carinho e atenção nos auxiliou, pesquisando o local para entrega da doação de 10 cadeiras de rodas, sendo 6 cadeiras de rodas, para pessoas com 100 e 80k, e 4 de banho, e a compra. Elaine, conseguiu com o Grão-Mestre Geral, Soberano Ademir Cândido, os 2 ônibus que nos transportou até o Abrigo, e junto a nós, outras fraternas que estavam no GOB para outros eventos, nos acompanharam, totalizando 112 fraternas. Além do transporte, o GOB ofereceu um café da manhã para todos os internos, como também as fraternas.

Aproveito esse momento, para ressaltar minha gratidão a todos e todas, que permitiram que esse sonho se transformasse em realidade. E a luta continua, faremos mais ações, nos meses de junho e dezembro”. Vale dizer que apoiamos esta iniciativa e a sua continuidade em 2026.                                                        

Lá, fomos recebidas pela presidente do CCI, Eunice, juntamente com os idosos atendidos diariamente (entre 60 e 80 idosos em situação de vulnerabilidade) pela instituição, mantida se exclusivamente por meio de doações. Lá, foi oferecido café da manhã para a confraternização e entrega das cadeiras. Foram doadas seis cadeiras de rodas e quatro cadeiras de banho. De acordo com a fraterna Andreia Costa Tostes (esposa do Deputado Federal: José Carlos Zanelli, da Loja Plenitude, em Florianópolis – SC – “fundadora” da *Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul Plenitude*.

Atualmente, faz parte da Fraternidade de nossa Loja, ajudando no que me é possível nas ações beneficentes. Coordenadora de Gestão de nossa Empresa, Instituto Zanelli – Treinamento, Desenvolvimento e Educação nas Organizações e no Trabalho LTDA.), “Compartilho com vocês que essa ação beneficente foi por demais rica para mim, ao conversar, com a D. Lindaura, uma idosa de 93 anos, doce e batalhadora que em breve conversa pude perceber sua força e vitalidade. Mãe de treze filhos e que mesmo com sua idade avançada ainda carpina, planta batata doce e milho, limpa toda a sua casa e também está cuidando de um “porquinho” de um vizinho para, segundo ela, “assa-lo” na virada do ano … por fim, pedi a ela uma oração, como uma benção a mim e ela prontamente me respondeu: você já está em minhas orações, minha filha.

Contudo, emocionada mesma fiquei quando ela me disse que o lencinho que enrolava seu pescoço foi doado por um rapaz de Florianópolis que a havia conhecido ali (Instituição de Longa Permanência). Detalhe, em nenhum momento comentei com ela de onde eu era. E, de súbito, lhe disse que eu também era de Florianópolis, pedi seu endereço e lhe prometi também enviar-lhe um presente. E, ela se abriu em um sorriso que guardarei para sempre em meu coração. D. Lindaura nem imagina que o maior presente fui eu que ganhei ao conhecê-la. Afetuosos abraços”.                                                                                                              

E, para encerrar 2025 de diversas ações sociais, houve o clássico Baile de Gala, no sábado, à noite. Neste, participam os maçons, as cunhadas, as fraternas, os amigos… Vale dizer que a maçonaria é composta essencialmente por idosos. Por mais que tenham maçons, cunhadas e fraternas mais novos, é preciso respeitar a idade predominante e a instituição. Por exemplo, as músicas escolhidas pela banda, a vestimenta das esposas, convidadas… A postura em geral. Ninguém deve se sentir constrangido diante de uma situação seja pelo conteúdo do que se ouve seja pela vestimenta.                                                  

Urge os mais jovens conhecerem a maçonaria. Se interessarem em fazer parte, a fim de contribuírem para um mundo mais solidário. E, por consequência, as esposas participarem e ou criarem de uma fraternidade e, assim, tornarem-se uma fraterna.   

Se você que está lendo esta matéria, se não conhece o trabalho da maçonaria, a importância na história do Brasil da atuação desta instituição e a FRAFEM, acesse o site https://www.gob.org.br,  assista ao vídeo Como posso me tornar maçom? https://www.youtube.com/watch?v=bev67MPk920&t=6s, inscreva-se no TV GOB: https://www.youtube.com/@TVGOB. Venha lutar por um mundo mais humano, solidário e justo!!!

Renata Barcellos

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O poder cognitivo

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

O poder cognitivo

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
Imagem criada por IA da Meta – 9 de dezembro de 2025,
às 14:17 PM

Na vida do ser humano, praticamente, tudo se adquire, tudo se perde, ao longo de toda uma existência física. As sucessivas aquisições iniciam-se bem cedo na vida de cada pessoa: andar, falar, integrar-se, desenvolver-se física, espiritual e intelectualmente. Também a partir de uma determinada fase da existência da pessoa humana, na velhice, se vai perdendo, tudo o que se obteve, incluindo a própria vida. 

A capacidade aquisitiva do intelecto, bem cedo começa a encontrar dificuldades, concretamente ao nível da memorização, ainda que, relativamente compensado pela faculdade da compreensão, com o resultado da experiência. 

A fórmula é das mais simples: tudo o que nasce morre. Apesar de disso, há algumas aquisições que, de facto, só a doença e a morte (absoluta ou relativa) retiram ao homem. 

Pode-se perder o emprego, os bens, os amigos, a família, a liberdade, qualquer que esta seja, mas o poder do conhecimento, esse, efetivamente, só algumas doenças e a morte é que o destrói. 

Conhecer, em abstrato, com subjetividade, e em concreto, objetivamente, uma determinada área, domínio ou parcela da realidade é uma forma de “Poder”, para o bem e para o mal: “Conhecer é Poder”.

O homem nasce, aparentemente, ignorante e manter-se-ia nessa situação se todo um processo socializante não atuasse nele, com muitos dos seus agentes intervenientes e influentes: família, Igreja, escola, empresa, comunidade, comunicação social, entre outros. 

A influência de cada agente socializador é diferente, sendo difícil avaliar qual o mais decisivo: qualitativa e quantitativamente, reconhecendo-se, porém, a Escola, através do sistema educativo, como fundamental para o exercício do poder intelectual e de realização concreta de projetos de vida real. 

O conhecimento teórico aliado à prática, e/ou vice-versa, são os carris por onde circulará o comboio da vida, ainda que parcial, para o sucesso e para o bem-comum da humanidade. 

Teoria e prática, bem utilizadas, sem preconceitos de uma ou de outra, devem coexistir no homem de poder, de contrário, não haverá poder, ou, então, este não é reconhecido pelos outros. É, também, no poder cognitivo da pessoa humana que reside a sua supremacia

Venade/Caminha – Portugal, 2025

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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Príncipes também são sapos

Elaine dos Santos: Artigo ‘Príncipes também são sapos’

Elaine dos Santos
Elaine dos Santos
Imagem criada por IA do Grok em 05 de dezembro de 2025, à 15:33 PM (https://grok.com/imagine/post/12407eb8-33fe-4d06-8197-4e643f9a7497
Imagem criada por IA do Grok em 05 de dezembro de 2025, à 15:33 PM (https://grok.com/imagine/post/12407eb8-33fe-4d06-8197-4e643f9a7497)

O casamento nesse formato que conhecemos hoje em dia, com festas reunindo famílias, é uma invenção da classe burguesa, que surgiu na Europa por volta de 1450 ou 1500, o que corresponde ao fim da Idade Média, início da Idade Moderna.

Philippe Ariès, no livro História Social da Criança e da Família, por exemplo, afirma que, antes disso, não havia sequer privacidade entre os membros da família: pai, mãe, filhos, avós, serviçais dormiam todos na mesma peça – geralmente, era o mesmo lugar em que todos faziam as refeições diárias.

Nas classes mais abastadas, o casamento selava uma relação comercial entre o pai da noiva e o futuro marido dela: uma sociedade, tanto que o pai oferecia um dote ao futuro marido dela para que empreendesse em suas novas atividades.

Uma obra exemplar, neste sentido, é Senhora (1874), romance de José de Alencar . Trata-se de um romance da fase mais madura de Alencar e a explicitação de sua crítica social encontra-se, inclusive, na divisão dos capítulos do romance: O preço; Quitação; Posse e Resgate.

Aurélia Camargo, a jovem pobre rejeitada por Fernando Seixas, que a troca por outra mais rica e com um bom dote, literalmente, ‘compra’ Seixas: qual o preço? Ela paga por ele, por sua presença masculina ao lado dela nas festas, nos saraus, nos teatros, até que ele consegue dinheiro suficiente para ‘resgatar-se’. Releia o romance, o final é clássico, classicamente, próprio do Romantismo, apaixonante para quem ainda acredita em príncipes encantados.

O príncipe encantado, diga-se de passagem, é um arquétipo – essas figuras universais, como a bruxa má, o herói, o amante, o bobo da corte etc. No Ocidente, ele tem a sua origem nos contos de fadas recolhidos pelos irmãos Grimm e Charles Perrault entre o povo europeu.

Desde a adolescência, eu sempre ironizei muito essa ideia do príncipe encantado: imagine um homem vestido com uma armadura dourada, montado em um cavalo branco, percorrendo a principal avenida da cidade procurando a sua amada. Sem cabimento!

Porém, em 1981, parecia que um príncipe encantado e uma princesa haviam se encontrado e, no dia 29 de julho, no verão europeu, celebravam a sua união. Ledo engano.

Havia três pessoas no casamento; o príncipe era um sapo e a linda princesa sofreu muito, segundo contam. Não havia festas, castelos, viagens e, ao que parece nem os filhos que transformassem a vida de Charles e Diana, os príncipes de Gales.

A separação oficial aconteceu anos depois e, finalmente, um acidente em Paris, França, colocou fim à vida da princesa. O príncipe não era encantado, porque homens e mulheres não são perfeitos, são seres incompletos, com dúvidas, com erros, com medos, com traumas, que, por vezes, fazem muito mal ao (s) outros (s).

O príncipe é encantado nas narrativas, os amores são perfeitos nos romances, contudo, na vida real, as relações demandam compreensão, aceitação, paciência, sentimentos/percepções que parecem estar em falta em um ‘mercado’ que só valoriza estética, aparência, ‘fotos instagramáveis’, pouco conteúdo e zero diálogo.

Este texto representa o meu lamento pelo número desesperador de mulheres mortas por seus maridos, companheiros, ficantes ou mesmo por estranhos. Nunca a vida da mulher foi tão desrespeitada, tanto física quanto emocionalmente.

Há medo, há inquietação, há angústia no seio de uma sociedade que optou pela violência e descarrega-a nos mais frágeis, como mulheres e crianças.

Elaine dos Santos

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Cooperar é melhor que competir!

José Ngola Carlos: ‘Cooperar é melhor que competir’

Kamuenho Ngululia
Kamuenho Ngululia
Imagem criada por IA do Bing, em em 4 de dezembro de 2025, às 16:09 PM
Imagem criada por IA do Bing, em em 4 de dezembro de 2025,
às 16:09 PM*

A vida em comunidade é uma que se faz melhor cooperando e não competindo. Cooperar é um ato coletivo com aspirações ao ganho comum ou de todos. Competir, por seu turno, é um ato igualmente coletivo, porém, com aspirações ao ganho individual ou particular.

O ego individual enfuna-se, muito mais facilmente, com a competição do que com a cooperação. Por ego individual quer-se dizer, a falsa noção de ‘eu’ que se separa de outros e do mundo, percebendo-se melhor, com a excessiva autoestima, ou pior, com a baixa autoestima.

O sentido de identidade, isolada do todo existencial, não acontece apenas aos indivíduos. As sociedades ou comunidades humanas também enfermam-se com o cultivo do ego comunal ou social. Este ego, conforme se identifica pelo nome, diz respeito ao desejo das sociedades de apartarem-se de outras ou do mundo, percebendo-se melhores ou piores.

Tal como o ato cooperativo não apela fortemente ao ego individual, o mesmo acontece com o ego comunal. Na sua individualidade, tanto as pessoas singulares quanto as pessoas coletivas, não são entidades com vida sem fim ou perene. Elas nascem, desenvolvem-se e morrem. Pelo que, para os seres de inteligência, competir é um ato de violência desnecessário porque se percebe que, no final, tanto a/o vencedor/a, quanto a/o perdedor/a terão o mesmo destino.

Só na cooperação é que os indivíduos e as sociedades se desenvolvem plena e harmoniosamente. A competição desenfreada e irresponsável, por seu turno, enferma os indivíduos, satisfaz mais ao ego do que ao desenvolvimento pessoal, social e planetário e causa pesares desnecessários.

A existência, a todos nós pode prover. Talvez conviesse competir em um mundo onde os recursos fossem escassos, mas a nossa realidade é diferente. No mundo em que vivemos, os recursos se escasseiam com a falta de produção ou com a pouca produção, pelo que, e neste sentido, cooperar, ao invés de competir, é a melhor estratégia de sobrevivência.

José Ngola Carlos, Msc

Malanje, 4 de dezembro de 2025

Como citar este artigo: 

Carlos, J. N. (2025:11). Cooperar é Melhor que Competir! Brasil: Jornal Cultural ROL.

** Fonte da imagem: https://www.bing.com/images/create/pessoas-de-vc3a1rias-culturas-felizes-e-envolvidas-na/1-69316965fc5241dfb986a2aff11721b2?id=G6ImkMx4OkBdQPeMck4Spw.KbJahzV3zqgl%2BsJP9lmZMQ&view=detailv2&idpp=genimg&thid=OIG4.VYFQ7oAZHUEGI5Cu.IYV&sm=1&mdl=0&ar=1&skey=EKhn9CWi2gsIWFf3FZtfeMS5fHju8imqOKmbEdGuQGQ&form=GCRIDP

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Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias

Alexandre Rurikovich Carvalho

‘Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias: Origem, Trajetória, Atuação Pública e Legado da Imperatriz do Brasil’ 

Dom Alexandre Rurikovich Carvalho
Dom Alexandre Rurikovich Carvalho
Retrato colorizado da Imperatriz Teresa Cristina, mostrando-a em pose frontal, com expressão serena, vestida em traje verde escuro com detalhes em renda. O penteado trançado e os brincos discretos reforçam sua aparência elegante e digna. Imagem criada por IA do ChatGPT.

Resumo

Este artigo examina a trajetória de Teresa Cristina Maria de Bourbon-Duas Sicílias (1822–1889), imperatriz consorte do Brasil, enfatizando suas origens europeias, o casamento dinástico com D. Pedro II e sua atuação durante o Segundo Reinado. Analisa-se sua relevância política indireta e seu impacto cultural e social, evidenciados no título simbólico de “Mãe dos Brasileiros”, construído por meio de práticas de beneficência, religiosidade e proximidade afetiva com a população. O estudo também aborda as condições de sua vida no exílio após a queda da monarquia e destaca a fundação da cidade de Teresópolis, no Rio de Janeiro, como homenagem permanente à soberana, incluindo a denominação do Palácio Teresa Cristina, sede do Poder Executivo municipal. À luz da historiografia recente, argumenta-se que Teresa Cristina exerceu papel fundamental na legitimação simbólica da monarquia brasileira e na formação da memória imperial.

Palavras-chave: Imperatriz Teresa Cristina; Segundo Reinado; Monarquia Brasileira; Dom Pedro II; Mãe dos Brasileiros; Exílio da Família Imperial; Teresópolis; Palácio Teresa Cristina; História do Brasil Império; Cultura e Beneficência no Século XIX.

1. Introdução

A figura de Teresa Cristina Maria de Bourbon-Duas Sicílias tem sido objeto de crescente atenção historiográfica nas últimas décadas. Embora a narrativa tradicional a descreva como uma personagem discreta e relegada ao ambiente doméstico, estudos recentes revelam a amplitude de sua atuação, especialmente na promoção da cultura, na filantropia e na construção da imagem simbólica da monarquia brasileira. Este artigo pretende ampliar a compreensão de sua vida e relevância histórica, contextualizando sua presença no cenário sociopolítico do século XIX. Teresa Cristina nasceu em Nápoles em 14 de março de 1822, filha do rei Francisco I e da rainha Maria Isabel da Espanha. Sua infância transcorreu na corte das Duas Sicílias, ambiente marcado por forte influência artística, musical e científica. Estudos mostram que ela recebeu uma educação ampla, com domínio de línguas, formação religiosa sólida e grande interesse por arqueologia e história antiga. A corte napolitana, especialmente sob o reinado dos Bourbons, cultivava intensa efervescência cultural devido às proximidades com Pompeia e Herculano, centros arqueológicos redescobertos no século XVIII. Teresa Cristina não apenas acompanhou essas descobertas, mas também desenvolveu forte apreço por elas, algo que mais tarde influenciaria seu apoio ao Museu Nacional no Brasil.

2. Casamento com D. Pedro II e a Chegada ao Brasil – Contexto, Expectativas e Adaptação

2.1 Motivações diplomáticas e o casamento por procuração

  • O casamento de Teresa Cristina com D. Pedro II foi precedido de intensas negociações diplomáticas: como princesa do reino das Duas Sicílias, sua união ao imperador brasileiro refletia o tradicional interesse da monarquia luso-brasileira em fortalecer laços com as casas Bourbon europeias. 
  • A cerimônia formal aconteceu por procuração em 30 de maio de 1843, em Nápoles — D. Pedro II foi representado por seu cunhado, o príncipe conde de Siracusa. 
  • A noiva partiu acompanhada por uma comitiva e uma pequena frota — a viagem foi organizada de modo a garantir equilíbrio entre cerimônia, segurança e logística.

2.2 A chegada ao Brasil e o primeiro encontro público

  • Teresa Cristina chegou ao Rio de Janeiro em 3 de setembro de 1843. 
  • A cerimônia de casamento pública – o casamento de Estado, ocorreu em 4 de setembro, na Capela Real do Paço. 
  • Fontes históricas apontam que, ao contrário do retrato idealizado que D. Pedro II recebera para “avaliar” sua futura esposa, o encontro real gerou surpresa: o imperador teria ficado insatisfeito com a aparência “simples” da noiva.

     

  • Apesar desse clima inicial – que poderia se traduzir em desconfiança ou descontentamento – as cartas contemporâneas e relatos da corte indicam que o desfecho foi mais humano: o casal demonstrou nervosismo, especialmente Teresa Cristina, e, no momento do abraço de boas-vindas, ambos estavam visivelmente emocionados. O militar napolitano que acompanhou a viagem relata que D. Pedro II “bateu no peito da noiva” e a saudou com um abraço, gesto que sugere ansiedade, mas também aceitação.

2.3 A adaptação à nova realidade e o papel de imperatriz consorte

  • Após o desembarque, Teresa Cristina passou a residir no Paço de São Cristóvão – então residência oficial da corte – e, posteriormente, em residências de veraneio como a antiga residência imperial em Petrópolis. 
  • A imperatriz não apenas representava a corte em eventos oficiais e cerimoniais, mas gradualmente se integrava à vida social do Brasil, participando de festas, cerimônias religiosas, recepções diplomáticas e atos de caridade. 
  • O casamento produziu quatro filhos: dois meninos – D. Afonso e D. Pedro Afonso, que morreram na infância; duas meninas: D. Isabel e D. Leopoldina, que chegaram à idade adulta. A morte dos herdeiros homens gerou, na corte, incertezas acerca da linha de sucessão, o que intensificou o papel simbólico da imperatriz como mãe da futura geração imperial. 
  • Com o tempo, Teresa Cristina, mesmo com sua aparência discreta e estilo reservado, conquistou o respeito da corte e, sobretudo, dos cidadãos que a conheciam, não por ostentação, mas pela educação, retidão, serenidade e comportamento pautado pela religiosidade e modéstia. 
  • Em resumo: o casamento de 1843 marcou o início de uma travessia dramática – da corte napolitana para os trópicos – e exigiu de Teresa Cristina adaptação rápida a nova realidade política, social e cultural. A despeito de incertezas iniciais, ela assumiu seu papel com dignidade, respeito e senso de missão.

3. Papel Político, Social e Cultural no Segundo Reinado – Mecenato, Filantropia e Identidade Imperial

Embora não exercesse poder de governo direto – o que era tipicamente reservado ao imperador – Teresa Cristina traduziu sua posição em influência simbólica, cultural e humanitária, que reverberou por décadas no Brasil imperial.

3.1 Mecenato cultural e científico: a “imperatriz arqueóloga”

  • Por formação e tradição familiar, Teresa Cristina tinha fascínio pelas artes clássicas, arqueologia e cultura mediterrânea – ela havia crescido em Nápoles, berço de escavações monumentais como as de Pompéia e Herculano. 
  • Logo que chegou ao Brasil, trouxe consigo uma coleção de artefatos clássicos – peças de bronze, terracota, vidro e afrescos – relacionados à civilização greco-romana. Esse conjunto formava a base do que seria conhecida como “Coleção Teresa Cristina”. 
  • Com o tempo, a imperatriz continuou a incentivar trocas científicas e culturais entre a Europa e o Brasil. Por correspondência com seu irmão (na Itália) e outras autoridades, organizava remessas de artefatos clássicos, manuscritos, livros e curiosidades culturais. 
  • A Coleção Teresa Cristina foi incorporada ao acervo do Museu Nacional (Rio de Janeiro), tornando-se uma das mais importantes coleções de arqueologia clássica da América Latina, com cerca de 700 peças datadas entre o século VII a.C. e o século III d.C. 
  • Além disso, o mecenato da imperatriz ajudou a consolidar o gosto pelas artes clássicas, pela erudição e pelo estudo histórico-cultural no Brasil do século XIX — contribuindo para a difusão de uma identidade cultural imperial alinhada a padrões europeus clássicos.

3.2 Filantropia, sensibilidade social e caridade imperial

  • Teresa Cristina era conhecida por sua generosidade e dedicação a causas sociais: participava de iniciativas beneficentes, visitava hospitais, orfanatos e instituições de assistência, atuando como ponto de ligação entre a monarquia e as populações vulneráveis. 
  • Sua atuação em caridade e assistência não se limitava a gestos simbólicos: ela se envolvia pessoalmente, participando de cerimônias religiosas, oferecendo apoio financeiro e visibilidade à causa social – fato que reforçou sua imagem pública de “mãe adotiva” do povo brasileiro. 
  • Esse papel de mediadora social e moral ajudou a suavizar as tensões da sociedade do Segundo Reinado: em um Brasil marcado por desigualdades, resistência à escravidão, tensões regionais e contrastes sociais, a imperatriz representava – para muitos – um ideal de benevolência, caridade e estabilidade moral.

3.3 Construção simbólica da monarquia: legitimação através da cultura e da moralidade

  • A presença de Teresa Cristina ao lado do imperador, em cerimônias, cultos religiosos, festas da corte, viagens pelo país e recepções diplomáticas ajudava a consolidar uma imagem de estabilidade, ordem e “civilização”, valores caros à monarquia constitucional do Brasil. 
  • Seu perfil reservado, educado, culto e discreto contrastava com a noção de monarcas absolutistas ou carismáticos; ao invés disso, representava uma aristocracia iluminista, erudita, associada à cultura, à ciência e à caridade – uma monarquia moderna, refinada e comprometida com o progresso civilizatório. 
  • Ao trazer o legado cultural italiano – desde artefatos clássicos até apoio à imigração italiana e ao incentivo à cultura operística e teatral – Teresa Cristina tornou-se um canal de intercâmbio cultural Europa-Brasil, enriquecendo o panorama cultural do país e contribuindo para a construção de uma identidade nacional mais cosmopolita e refinada.

4. Intersecções entre Papel Privado e Público: Limites, Potencialidades e Importância Histórica

Uma análise mais detalhada evidencia como Teresa Cristina operou na intersecção entre o privado e o público – um espaço muitas vezes subestimado pela historiografia tradicional, que privilegia o papel dos homens no poder formal. No entanto:

  • Sua atuação como consorte imperial permitiu-lhe exercer influência indireta, mas real, por meio da cultura, da filantropia e da construção de símbolos – apoios culturais e científicos, auxílio social, presença em atos oficiais.
  • Esses mecanismos eram particularmente relevantes num contexto em que o poder executivo estava concentrado no imperador, e os consortes tradicionais tinham pouca voz formal. Teresa Cristina, ao transformar sua posição de “consorte” em “ponto de referência moral, cultural e social”, ampliou as fronteiras do que poderia ser o papel feminino numa monarquia constitucional.
  • Do ponto de vista historiográfico, sua trajetória contribui para repensar o papel das mulheres na formação da nação brasileira – não apenas como esposas e mães, mas como mediadoras culturais, mecenas, agentes de inserção social e ponte entre culturas.

5. A Mãe dos Brasileiros: Construção Histórica de um Título Simbólico

O epíteto “Mãe dos Brasileiros”, associado à Imperatriz Teresa Cristina, não foi fruto de um gesto isolado, mas resultado de um conjunto de práticas, percepções sociais e representações políticas consolidadas ao longo de seu papel público durante o Segundo Reinado. Ao contrário de outras figuras femininas da realeza que assumiram posturas ostensivamente políticas ou de protagonismo público, Teresa Cristina construiu sua legitimidade por meio da discrição, proximidade afetiva e atuação humanitária, qualidades que, somadas, permitiram que sua imagem transcendesse a esfera palaciana para tornar-se um símbolo da monarquia perante a população.

5.1. O papel da beneficência na cultura monárquica

No século XIX, era comum que monarquias europeias utilizassem ações beneficentes como mecanismo de legitimação simbólica. No Brasil, Teresa Cristina incorporou esse modelo de forma constante: visitava hospitais, orfanatos, casas de caridade, apoiava instituições religiosas e financiava discretamente iniciativas de assistência às populações mais vulneráveis. Sua atuação durante epidemias de febre amarela, varíola e cólera, por exemplo, foi amplamente registrada pela imprensa da época, que ressaltava sua presença física nos locais atingidos e seu envolvimento direto com doentes e famílias afetadas.

Essa postura contrastava com a percepção comum de distanciamento entre o Estado e as camadas populares, o que fez com que Teresa Cristina funcionasse como uma espécie de ponte simbólica entre monarquia e sociedade civil. A designação “mãe” reforçava a imagem de cuidado, acolhimento e proteção, valores que se integravam ao ideal de monarquia paternalista do Império brasileiro

5.2. A construção afetiva pela imprensa e pela memória coletiva

A imprensa imperial desempenhou papel central na difusão dessa imagem. Jornais como O Jornal do Commercio, Correio Mercantil e Gazeta de Notícias frequentemente destacavam sua “bondade inata”, “ternura maternal” e “virtudes domésticas”. Esses elementos, associados a uma personalidade marcada pela simplicidade e religiosidade, levaram a que seu retrato público fosse moldado segundo o paradigma da “rainha-mãe”, figura cara ao imaginário monárquico ocidental.

Além disso, relatos de contemporâneos e correspondentes diplomáticos reforçavam sua postura afetuosa e sua dedicação a causas sociais. A própria Casa Imperial fazia uso moderado, mas estratégico, dessa imagem, contribuindo para que Teresa Cristina se tornasse símbolo de estabilidade moral e humanização da monarquia em um período de transformações políticas no Brasil oitocentista.

5.3. A dimensão política de um título afetivo

Embora Teresa Cristina não tenha exercido protagonismo político direto, sua imagem maternal possuía função política indireta. Durante crises institucionais – como a Guerra do Paraguai, tensões entre Igreja e Estado e desafios socioeconômicos – sua presença pública ajudava a suavizar percepções negativas e reforçava a ideia de que a monarquia imperial era uma instituição cuidadora e benevolente.

Assim, o título “Mãe dos Brasileiros” deve ser compreendido não apenas como expressão espontânea de afeto popular, mas como dispositivo de legitimação simbólica, articulado entre práticas culturais, estratégias institucionais e elementos afetivos compartilhados pela população do Império.

6. O Exílio e os Últimos Anos

Com a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, a família imperial foi expulsa do Brasil. O impacto emocional em Teresa Cristina foi devastador. Conforme registram diversas fontes, a imperatriz demonstrou profunda tristeza ao deixar o país que considerava sua pátria adotiva.

Durante a viagem rumo à Europa, seu estado de saúde deteriorou-se rapidamente. Em 28 de dezembro de 1889, faleceu na cidade do Porto, Portugal, apenas 41 dias após a partida do Brasil. Sua morte simbolizou, para muitos contemporâneos, o sofrimento moral ocasionado pelo exílio.Em 1921, seus restos mortais foram trasladados para o Brasil, sendo colocados no Mausoléu Imperial da Catedral de Petrópolis, gesto que reforçou a memória pública de sua dedicação ao país.

7. Teresópolis: Uma Cidade em Homenagem à Imperatriz Teresa Cristina

A fundação da cidade de Teresópolis, no estado do Rio de Janeiro, constitui um dos mais significativos testemunhos da presença simbólica da Imperatriz Teresa Cristina na geografia e na memória cultural brasileira. O nome – que significa literalmente “Cidade de Teresa” – foi atribuído em homenagem direta à soberana, reconhecendo não apenas sua posição como consorte de Dom Pedro II, mas sobretudo suas virtudes pessoais, sua ligação com a natureza e seu apreço pelas regiões serranas do Império.

A região, que já era conhecida desde o século XVIII por viajantes e exploradores, desenvolveu-se no século XIX a partir da antiga Fazenda do Porto, propriedade que, sob iniciativa do coronel George March, deu origem à chamada “Vila de Teresa Cristina”. A consolidação do núcleo urbano e seu posterior reconhecimento oficial como município – processo que se intensificou a partir da década de 1890 – foram acompanhados de discursos que destacavam a benevolência, a simplicidade e a importância cultural da Imperatriz para o Brasil.

Entre as homenagens que reforçam esse legado destaca-se o fato de que a sede do Poder Executivo municipal recebe o nome de Palácio Teresa Cristina. O edifício, além de exercer funções administrativas, simboliza a permanência da memória histórica da Imperatriz na vida política contemporânea da cidade. A escolha do nome reafirma o papel de Teresa Cristina como figura maternal, benevolente e culturalmente significativa para o Brasil, dialogando com a tradição local de valorização de seu legado.

Teresópolis, situada na Serra dos Órgãos, não apenas homenageia a figura da Imperatriz, mas também reflete o imaginário romântico associado à natureza no século XIX e a sensibilidade cultural de Teresa Cristina, conhecida por seu apreço pelas ciências naturais, pela arqueologia e pela preservação do patrimônio cultural. Assim, a cidade tornou-se parte do legado simbólico deixado pela soberana, perpetuando sua memória na toponímia nacional e no patrimônio identitário do estado do Rio de Janeiro.

8. Considerações Finais

Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias foi uma personalidade central no processo de consolidação simbólica e cultural da monarquia brasileira. Embora não exercesse poder político direto, sua atuação nas áreas social, cultural e assistencial teve grande impacto no Segundo Reinado. Seu legado permanece associado à beneficência, ao cultivo das artes e à formação de uma memória afetiva em relação à figura imperial.

O título de “Mãe dos Brasileiros”, ainda hoje lembrado, reflete a dimensão humana de sua atuação e evidencia a importância de seu papel na construção do imaginário social do Império. Sua trajetória – da corte napolitana ao exílio – constitui um capítulo fundamental da história do Brasil oitocentista.

Referências Bibliográficas

Fontes sobre Teresa Cristina, a família imperial e o Segundo Reinado:

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Império: A Guerra dos Trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

CALMON, Pedro. História de D. Pedro II. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.

CARVALHO, José Murilo de. D. Pedro II: Ser ou Não Ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: A Elite Política Imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

LYRA, Heitor. História de Dom Pedro II: O Segundo Reinado. 3 vols. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1994.

PENNA, Lincoln de Abreu. O Segundo Reinado. 12. ed. São Paulo: Ática, 2006.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

Sobre Teresa Cristina especificamente:

BARMAN, Roderick. Citizen Emperor: Pedro II and the Making of Brazil, 1825–1891. Stanford: Stanford University Press, 1999.

CAMARGO, Célia. Teresa Cristina: A Imperatriz Arqueóloga. Rio de Janeiro: Museu Nacional/UFRJ, 2002.CHRISTO, Maraliz de Castro Vieira. A Imperatriz Teresa Cristina e a Construção de sua Imagem Pública. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, v. 172, 2011.

Sobre a formação de Teresópolis:

MONTEIRO, José. História de Teresópolis: Da Fazenda do Porto ao Município. Teresópolis: Prefeitura Municipal, 2003.

IPHAN. Patrimônio Cultural de Teresópolis: Memória e Identidade. Rio de Janeiro: IPHAN, 2017

Outras obras gerais relevantes:

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Do Império à República. História Geral da Civilização Brasileira, t. II. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

MATTOS, Ilmar Rohloff de. O Tempo Saquarema. São Paulo: Hucitec, 2004.

Alexandre Rurikovicha Carvalho

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Dezembro

Joelson Mora

‘Dezembro: o mês do alinhamento e da preparação interior’

Joelson Mora
Joelson Mora
Imagem criada por IA do Bing -  Imagem criada em 30 de novembro de 2025, às 11:25 PM
Imagem criada por IA do Bing em 30 de novembro de 2025, às 11:25 PM

Todos os anos, quando dezembro chega, há um movimento quase invisível, porém profundamente perceptível, que toca nossos sentidos mais sutis. É como se a natureza, o tempo e o espírito humano entrassem em acordo silencioso para nos convidar à reflexão. Dezembro não é apenas o encerramento de um ciclo; é um chamado para reorganizar a energia, alinhar intenções e preparar o coração para o que está por vir.

No ritmo acelerado em que vivemos, é comum confundirmos desejo com propósito. Mas, na dimensão espiritual, existe uma diferença essencial: as portas que Deus abre não respondem apenas ao querer, respondem ao alinhamento. A vibração que emitimos, a maturidade com que caminhamos e a disposição interna para sustentar aquilo que pedimos determinam muito mais do que imaginamos.

Em saúde integral, entendemos que o corpo, a mente, as emoções e o espírito não funcionam de forma isolada. Eles se influenciam, se completam e se potencializam mutuamente. E o mesmo ocorre com os propósitos da alma: não basta desejar um novo ciclo, é preciso estar preparado para ele. Preparado emocionalmente, espiritualmente e energeticamente.

Dezembro, portanto, não é um mês qualquer; é uma estação de sintonia.

Um tempo para reavaliar o que carregamos, o que deixamos, o que nos move e o que nos trava.

Um momento para ajustar o foco, fortalecer a fé, elevar a vibração e liberar espaços internos,  porque nenhum propósito encontra morada em nós quando estamos cheios demais do que não nos serve mais.

O que Deus tem para cada pessoa é maior do que qualquer expectativa humana, mas cada promessa exige preparo. Exige consciência. Exige expansão interna. É por isso que dezembro chega como um convite ao recolhimento ativo: não de parar, mas de perceber; não de retroceder, mas de alinhar; não de acelerar, mas de direcionar.

Que este mês nos encontre mais maduros, mais sensíveis ao movimento divino e mais dispostos a viver o que realmente nasceu para ser nosso.

Que dezembro nos ensine que as maiores bênçãos não chegam quando queremos, mas quando estamos prontos.

E que o novo ciclo que se aproxima encontre em nós terra fértil, energia elevada e propósito claro.

Dezembro é alinhamento.

Dezembro é preparação.

Dezembro é o prenúncio do que Deus já colocou em movimento.

Joelson Mora

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Dom Pedro II

Alexandre Rurikovich Carvalho

‘Dom Pedro II: O Imperador Erudito que transformou o Brasil
pela Ciência, pela Cultura e pela Educação’

Dom Alexandre Rurikovich Carvalho
Dom Alexandre Rurikovich Carvalho
Arte em estilo vintage apresentando curiosidades sobre Dom Pedro II, com fundo em tom sépia, tipografia clássica e um retrato central do imperador. Ao redor da imagem, dez curiosidades destacam seu conhecimento, paixão pela ciência, tecnologia, educação, artes e simplicidade pessoal.
Arte em estilo vintage criada por IA do ChatGPT, apresentando curiosidades sobre Dom Pedro II, com fundo em tom sépia, tipografia clássica e um retrato central do imperador. Ao redor da imagem, dez curiosidades destacam seu conhecimento, paixão pela ciência, tecnologia, educação, artes e simplicidade pessoal.

Matéria Especial Bicentenário de Dom Pedro II

INTRODUÇÃO – UM GOVERNANTE FORJADO PELO SABER

No cenário político e cultural do século XIX, poucas figuras tiveram impacto tão profundo e duradouro quanto Dom Pedro II, o último imperador do Brasil. Educado desde a infância para governar, tornou-se um símbolo singular da monarquia tropical: um soberano que fez da inteligência, da moderação e da cultura as bases de seu reinado.

Durante quase meio século, guiou o país por caminhos de estabilidade, modernização e abertura intelectual. O Brasil Imperial tornou-se, nas palavras de muitos historiadores, um “país de ideias”, movido por um líder que colocava livros acima de cerimônias e professores acima de nobres.

I. O IMPERADOR ERUDITO

Um Estudante Infatigável em um Trono de Livros

Dom Pedro II teve uma formação acadêmica sem precedentes na história brasileira. Aos 5 anos, iniciou uma rotina de estudos que duraria a vida inteira: despertava às 6h, estudava diversas disciplinas até a noite e tinha pouco tempo para descanso ou lazer.

• Um Poliglota Excepcional

A lista de idiomas que dominava inclui:

  • Francês, inglês, alemão, italiano e espanhol (línguas modernas),
  • Latim, grego antigo, hebraico e árabe (línguas clássicas e orientais),
  • Tupi, provençal, russo e sânscrito, entre outros.

Ele lia jornais estrangeiros diariamente, sem tradutores, e mantinha correspondência com intelectuais de vários países.

Cadernos, Diários e a Disciplina do Saber

Seus cadernos pessoais registram as mais diversas leituras: poesia, filosofia, química, matemática, história natural, política e até manuais astronômicos.
Documentos mostram que chegava a ler mais de 200 páginas por dia.

II. O SOBERANO DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA

Um Monarca Cientista em Pleno Século XIX

Dom Pedro II foi um dos governantes mais abertos à tecnologia de seu tempo. Ele não apenas conhecia invenções modernas – frequentava laboratórios, patrocinava pesquisas e buscava aplicar novidades no Brasil.

• O Encontro Histórico com Thomas Edison

Durante viagem aos Estados Unidos, visitou pessoalmente o laboratório de Thomas Edison. Ao testar o fonógrafo, encantou-se imediatamente. A imprensa americana relatou o assombro do imperador e destacou sua capacidade de compreender detalhes técnicos da máquina.

• Fotografia e Documentação

Foi um dos primeiros monarcas do mundo a ser fotografado, mas não se limitou a posar:

  • Fotografava pessoalmente,
  • Desenvolvia imagens em laboratório próprio,
  • Incentivava fotógrafos profissionais,
  • Registrava expedições científicas e eventos nacionais.

Seu apoio à fotografia ajudou a consolidar o Brasil como um dos primeiros países do mundo a possuir documentação fotográfica sistemática.

• Instituições Científicas e Pesquisadores

Sob seu patrocínio avançaram projetos como:

  • Observatório Nacional
  • Museu Nacional
  • Comissão Geológica do Império
  • Expedições naturalistas estrangeiras
  • Estudos sobre astronomia, meteorologia e geografia física

Seu nome figurou em mais de 50 academias científicas internacionais, incluindo prestigiadas sociedades europeias.

III. O MECENAS DAS ARTES E DAS LETRAS

O Imperador que Conversava com Gênios

A cultura foi um dos eixos centrais do reinado de Dom Pedro II. Ele acreditava que a arte civilizava e que o conhecimento preenchia o espírito humano.

• Relações com Personalidades Globais

Trocou cartas e visitas com grandes nomes da literatura e da música:

  • Victor Hugo admirava sua postura humanitária,
  • Richard Wagner agradecia seu incentivo às artes,
  • Franz Liszt o recebeu em recitais privados,
  • Ernest Renan e Camille Flammarion discutiam ciência e filosofia com o Imperador.

Ele também apoiou artistas brasileiros como Pedro Américo, Vítor Meireles, Rodolfo Amoedo, Porto-Alegre e muitos outros.

• Instituições de Cultura

Durante seu reinado, fortalecem-se e modernizam-se:

  • Biblioteca Nacional (o maior acervo das Américas no século XIX),
  • Museu Nacional,
  • Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
  • Academia Imperial de Belas Artes,
  • Escolas de música, teatro e pintura.

IV. EDUCAÇÃO COMO PILAR DO FUTURO

A Obra de um Imperador Professor

Dom Pedro II percebia a educação como a verdadeira força da modernidade. Era defensor de escolas públicas, incentivo aos professores e pesquisa científica.

• Reformas e Ações Estruturais

• Reformas e Ações Estruturais

Entre suas contribuições:

  • Ampliação da instrução básica,
  • Envio de estudantes brasileiros para Europa,
  • Modernização de colégios e liceus,
  • Financiamento pessoal para professores e pesquisadores.

Ele dizia:
“A instrução é a base da liberdade. Sem educação, o Brasil não poderá ser grande.”

V. O IMPERADOR HUMANISTA E A ABOLIÇÃO

A Consciência Moral de um Líder

Dom Pedro II era abertamente contrário à escravidão desde a juventude. Considerava o sistema “degradante” e contrário aos princípios cristãos e civilizatórios.

• Atuação e Influências

Embora não pudesse abolir por decreto, apoiou medidas gradualistas, como:

  • Lei do Ventre Livre (1871),
  • Lei dos Sexagenários (1885),
  • Incentivo à libertação voluntária,
  • Participação indireta no movimento abolicionista.

Sua filha, Princesa Isabel, recebeu forte influência de sua postura, culminando na Lei Áurea (1888).

VI. EXÍLIO, SOLIDÃO E UM AMOR QUE NÃO SE APAGOU

O Fim de Um Reinado e a Memória do Brasil

Derrubado pelo golpe militar de 1889, Dom Pedro II embarcou para a Europa sem resistir. Levou consigo poucos pertences: essencialmente livros, cadernos e memórias.

• Uma Vida Modesta em Paris

Recusou pensão do governo republicano e viveu de forma simples em hotéis europeus. Sua rotina no exílio era marcada por leituras, passeios discretos e saudades profundas do Brasil.

• A Morte e o Regresso

Faleceu em 1891, aos 66 anos. Ao seu lado, havia um saco com terra brasileira, que foi depositado sob sua cabeça no caixão – símbolo comovente de sua conexão eterna com o país.

Seu corpo retornou ao Brasil apenas em 1921, já em tempos republicanos.

CONCLUSÃO – UM IMPERADOR PARA ALÉM DA MONARQUIA

Dom Pedro II permanece como uma das figuras mais admiradas da história nacional. Seu reinado deixou marcas profundas na ciência, na cultura, na literatura, na educação e na identidade do Brasil. Em um período em que muitos monarcas europeus viviam para o luxo e a pompa, o soberano brasileiro vivia para estudar, estimular e construir.

Um intelectual no trono.
Um mecenas em meio à política.
Um homem simples que carregou um império.
E um brasileiro cuja grandeza continua a inspirar gerações.

REFERÊNCIAS

Obras clássicas e biografias:

  • CALMON, Pedro. História de Dom Pedro II. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.
  • CARVALHO, José Murilo de. Dom Pedro II: Ser ou Não Ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
  • SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
  • BARMAN, Roderick. Citizen Emperor: Pedro II and the Making of Brazil, 1825–1891. Stanford: Stanford University Press, 1999.

Documentos e fontes primárias:

  • Diários de D. Pedro II – Arquivo Nacional / IHGB.
  • Correspondências Epistolares – Coleções da Biblioteca Nacional.
  • Acervo Fotográfico Imperial – Museu Imperial de Petrópolis.

Estudos complementares:

  • COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República. São Paulo: UNESP, 1999.
  • FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1994.
  • HILSDORF, Maria Lúcia. História da Educação no Brasil. São Paulo: Global, 2004.

Alexandre Rurikovich Carvalho

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