Ouro da Floresta

O chamado da floresta: quando a arte se torna voz da Terra

Ouro da Floresta
Ouro da Floresta

Algumas histórias nascem do silêncio e outras, de um grito.

Foi assim que a escritora Niara Su, natural de São Bernardo do Campo (SP), encontrou sua voz.

Depois de uma trajetória pessoal marcada por desafios e superação, ela transformou sua sensibilidade em um instrumento de denúncia e esperança.

Niara Su
Niara Su

O resultado é Ouro da Floresta, seu primeiro livro, um grito de alerta em forma de arte.

Formada em Direito, Niara sempre foi movida por um olhar crítico e empático sobre o mundo.

Ao se deparar com reportagens sobre o avanço do garimpo ilegal na Amazônia, a violência contra povos indígenas e o colapso ambiental provocado pela exploração desenfreada, sentiu nascer o impulso de escrever.

Unindo o raciocínio jurídico à sensibilidade artística, ela encontrou um caminho para traduzir a dor da floresta em palavras.


“Percebi que poderia unir meu olhar jurídico à escrita criativa para chamar a atenção do público sobre o que acontece na Amazônia”
Niara Su


Inicialmente concebido como um roteiro de longa-metragem, Ouro da Floresta chegou às quartas de final do prestigiado BlueCat Screenplay Competition, nos Estados Unidos, antes de se transformar em livro.

A mudança de formato, porém, ampliou seu alcance e deu nova força à mensagem, uma fusão entre ficção, denúncia e espiritualidade, onde os próprios espíritos da floresta parecem sussurrar suas dores e sabedorias.

Na obra, Niara aborda a engrenagem humana por trás da destruição ambiental, revelando a complexa rede que sustenta o garimpo ilegal, dos pilotos que sobrevoam pistas clandestinas ao impacto devastador sobre comunidades tradicionais e povos originários.

Tudo isso sem abrir mão da beleza poética que envolve a narrativa.

Mais do que um livro, Ouro da Floresta é um chamado à consciência.

É a lembrança de que o ouro que brilha nos mercados pode custar o silêncio das árvores, o envenenamento dos rios e o desaparecimento de culturas inteiras.

Hoje, Niara entende que seu caminho de transformação social se faz pela arte.

E é exatamente isso que ela entrega em cada página: um manifesto literário pela vida, da floresta, das pessoas e do planeta.

REDES SOCIAIS DA AUTORA

OURO DA FLORESTA

SINOPSE

Jonas é um piloto ambicioso que se envolve em um perigoso esquema de garimpo ilegal na Bacia do Tapajós, no Pará.

Seduzido pela promessa de riqueza fácil, ele intercepta informações privilegiadas sobre a maior jazida de ouro do país, localizada em território indígena.

Tais informações eram destinadas a Rocha, um temido líder do crime organizado na região, que fará de tudo para recuperar o que lhe foi subtraído.

Consumido pela própria ganância, Jonas verá suas escolhas causarem efeitos devastadores sobre a floresta e os povos que nela habitam.

Para se libertar, precisará enfrentar as consequências e responder a um chamado interior de redenção.

Sua jornada o conduzirá a uma missão sagrada ao lado de Kayãn, Ayana, Niara, do Pajé e de toda a comunidade indígena: transmitir ao mundo uma mensagem vital dos espíritos da floresta.

Mas antes que essa aliança se forme, eles pagarão um alto preço pelas decisões imprudentes do piloto.

Assista à resenha do canal @oqueli no YouTube

OBRA DA AUTORA

Ouro da Floresta
Ouro da Floresta

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Resenhas da colunista Lee Oliveira




Tonhão, o Indiozinho Apinajé, de José Humberto Henriques

Magna Aspásia Fontenelle:

Crítica Literária

‘Tonhão, o Indiozinho Apinajé, de José Humberto Henriques’

Magna Aspásia Fontenelle
Magna Aspásia Fontenelle

Falar da obra de José Humberto Henriques é falar de um processo criativo inventivo de mensagens cristalizadas, tanto no individual como no coletivo, na desconstrução de visões unilaterais e na ampliação do processo perceptível dialético, que leva o leitor a compreender a pluralidade de vozes que compõem o universo do autor.

Magna Aspásia Fontenelle

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Crítica literária

 Tonhão, o Indiozinho Apinajé de José Humberto Henriques

Por Honrorico de Bulhões.

Tonhão, o Indiozinho Apinajé

Capa do livro ‘Tonhão, o Indiozinho Apinajé’

José Humberto Henriques conta na sua obra, que no tempo de suas pescarias, todas elas chamadas de homéricas, desde o lambari bonito até a pirarara bocuda, conheceu diversidade de pessoas e de lugares. É por isso que sua poesia abrange um mundo gigantesco de concepções e acentos. Esse requisito fez com que seus romances atingissem a ousadia de congregar todos os estados brasileiros, de maneira independente cada um, num só compêndio semelhado a uma enciclopédia de Literatura Comparada.

Esses detalhes fazem do autor um dos mais profícuos e alarmantes de toda s Literatura Universal. Pois o que ele dizia, conhecera diversidade de pessoas e lugares. Aprendeu a comer iguarias inusitadas e a sentir cheiros espetaculares. Nesse entretido de mundo, conheceu um indiozinho apinajé em beiradas do rio Surubim, no maravilhoso estado do Tocantins.

Era um indiozinho bem-humorado, segundo consta em suas observações. Devia ter uns sete ou oito anos de idade, tinha todas as características de seu povo. Era um índio puro. E muito bonito. O menino se afeiçoou ao pescador e aparecia todos os dias para buscar caramelos e contar histórias, rir delas e confabular alguma coisa pouca notória.

Da mesma maneira, como toda moeda tem seus dois lados, o poeta também se afeiçoou ao pequeno Tonhão. O nome já de si surgia engraçado. Uma pessoa tão miúda e graciosa com esse nome de estivador. Enquanto estava a pescar os seus piaus à sombra de um angico grande, sentado a uma pedra de bom banco, o poeta escutava as risadas e opiniões do índio. Para o apinajé não havia surpresa alguma em peixe ou pássaro, em animal qualquer. Ele estava inserido em seu mundo muito particular e somente lhe afetava e lhe mudava o comportamento quando os doces surgiam à luz dos olhos. Esse encontro, que poderia ser chamado casual, foi importante em vida do escritor, tanto eu ele dedicou um livro à figura do indiozinho, bem como alguns contos.

Foto cedida pelo autor
Foto cedida pelo autor

Esse é um compêndio de poesias com pretensões infantojuvenis, surpreendentes palavras, rimas coloridas, um misto de romance conto de fadas e poesia – em verdade -, José Humberto  Henriques introduz uma arte gratificante. Esse tipo de desafio, deve-se insistir nisso, representa uma alternativa para o pequeno leitor que já possui senso crítico, portanto, em torno da terceira infância e pré-adolescência, para discriminar entre aquilo que tem valor estético e aquilo que é simplesmente uma banalidade a ser considerada. Na verdade, a história do índio sugere um conceito de liberdade enorme e uma preocupação com o futuro das criaturas.

Tonhão é aquela figura que não escapa á fatalidade de ser impressionante e ao mesmo tempo cativante diante de quem se depara com ele e sabe que jamais estará diante de sua pessoinha risonha e determinada a fazer perguntas esquipáticas.

Sugere novidades aos leitores esse tipo de solução poética alegre e bem- humorada. Palavras ditas e sussurradas como brisa e lançadas aos ares. A figura do índio menino é uma dádiva para conhecimento e reconhecimento. Figurativo de dente-de-leão. É isso que se pressupõe de um livro como esse, feito para elaborar graças no leitor mirim.

Os desenhos são delicadíssimos. E, sem nada da pujança do desenhista que prima por detalhes que vão além do pitoresco. Aqui o desenho já nasce e se arvora em ser pitoresco. Tranças filigranadas e multicoloridas, uma para cada página. A escolha das tranças é muito simples, apenas mais uma maneira de brincar com as cores e fazer delas um trançado de imaginação fértil. A percepção do leitor – infantil ou juvenil – aguça-se de tal maneira que página a página surge um novo desafio. Forma inteligente de criar contrapontos

Foto cedida pelo autor
Foto cedida pelo autor

O livro parece quebrar a monotonia das obras infantojuvenis para despertar os pequenos para a diversidade e luz que há no canto poético bem elaborado. Um avanço para a inteligência, já que em dias modernos a influência da tecnologia mudou a vida dos pequenos leitores. Sendo assim, esse livro desafiaria também dos adultos, como na maravilhosa escrita de Manoel de Barros.

Esse indiozinho apinajé, conta Henriques, foi um menino que causou grande impacto em sua vida. Mesmo que não tenha causado os transtornos propostos em relações humanas quaisquer, o menino transportou a consciência do romancista e poeta para mundos muito além do vazio.

Biografia

JOSÉ HUMBERTO SILVA HENRIQUES, médico, pesquisador, escritor, romancista, poeta, novelista e contista, foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura (2023). Autor de 410 obras publicadas na Amazon-ebook, e livro físico. Nasceu em Brejo Bonito, município de Cruzeiro da Fortaleza, MG. Mudou-se para Uberaba em (1969).

Concluiu o ensino médio no Colégio Diocesano. Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, Uberaba-MG(UFTM,1981). Possui especialização em cardiologia pela Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto-SP (1983), e, em cardiologia infantil, pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia do Estado de São Paulo, (1984).

Mestre em clínica médica pela Universidade de São Paulo (USP,1994). Doutor em clínica médica pela Universidade de São Paulo (USP, 2002). Professor de Cardiologia na Faculdade Federal de Medicina do Triângulo Mineiro (UFTM)-Uberaba-MG.

Agraciado com vários prêmios nacionais internacionais: 1º Prêmio Nacional Vereda Literária(2002) – Uni-BH; 3º Concurso Blocos de Poesias – Rio de Janeiro (RJ); Prêmio Cora Coralina de Literatura, Goiânia (GO, 2002); Concurso Literário Nacional Taba Cultural(2001, Rio de Janeiro-RJ); Concurso Nacional de Contos Alberto Renart – 1o lugar – Serra da Ema – Fundação Cultural Cassiano Ricardo – São José dos Campos/SP, IV Prêmios Literários Cidade de Manaus(2011) – Prêmio Álvaro Maia – romance – 1º lugar – A Travessia das Araras Azuis, dentre muitos outros, recebeu aproximadamente 100 prêmios literários.

Membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia; publicou artigos científicos em Revistas indexadas na área médica; REVISTA DA SOCIEDADE CARDIOLOGICA – ESTADO DE SAO PAULO, v. 4, p. 29, 1994.; REVISTA BRASILEIRA DE ECOCARDIOGRAFIA, v. 4, p. TO6, (1992). Membro da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais e da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, ocupando a Cadeira nº 26, assumindo a vice-presidência da Casa em 12 de março de (2009). Em (2011) foi eleito presidente da ALTM.

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A Cultura do Riso

Honorico de Bulhões, autor da crítica da obra ‘A Cultura do Riso’, do escritor José Humberto Henriques

Magna Aspásia Fontenelle
Magna Aspásia Fontenelle

José Humberto Henriques, médico, escritor mineiro, natural de Brejo Bonito-MG, é um dos maiores escritores vivo e, sua criação literária contemporânea de qualidade é inquestionável, composta de 407 livros publicados.

José Humberto Henriques
José Humberto Henriques

Henriques, em sua trajetória literária permeia por inúmeros gêneros literários, ganha destaque por sua genialidade, desvelando um emaranhado de fios que formam o tecido da sua criatividade, o que levou ao grande salto para literatura mundial e a indicação ao ‘Prêmio Nobel de Literatura’ 2023.

A Cultura do Riso

Esse romance de estreia de J. Humberto Henriques traduz a concepção do que seria toda as obras posterior desse autor prolífico. Publicado originalmente com o nome de Geomorfosintaxe do Riso, causou estranheza nos meios de comunicação de massa no público em geral, exatamente pelo fato de parecer hermético e de leitura difícil em demasia.

Henriques dividia o romance em três partes desiguais, uma que tratava da banda Geo, outra da banda Morfo e outra da banda Sintaxe da existência. De um modo mais sucinto, a primeira parte seria rural, a segunda seria urbana e a terceira reincorpora a parte rural e a urbana, atinge um ápice de atitude e correção até que as duas partes sejam uma apenas. Tudo se reintegra. 

Nesse romance, todo ele construído com a falta de linearidade que contempla a prosa universal moderna, nada é temporal. J Humberto Henriques remexe com a estrutura do romance, desconstrói tudo com a força do grande criador. Isso poderia ser chamado, em dias de hoje, de romance gauche, como existiu no passado muitas obras com esse referendum. O salto que esse romance propõe dentro da literatura brasileira é gigantesco.

Aqui estão várias vertentes da literatura. Essa divisão que muitas vezes têm o denodo da articulação simplesmente escolástica, didática, que nesse romance obedece a um ritmo sem pragmatismo declarado. Entretanto, aqui está reunido o romance como um todo contemplando a poesia, conto, dramaturgia, ensaio, crônica e a novela.

Por essa razão, quando lido com a atenção que uma grande obra exige, pode ser lembrado o romance como obra genial. O impacto inicial da leitura tida como hermética vai se arrefecendo devagar, sempre à medida que se direciona a leitura para as suas tangencias mais importantes. Muitas vezes a releitura é necessária para a devida compreensão dos objetivos maiores do autor, exatamente o ensejo de promover a novidade dentro da prosa.

A condensação dentro do texto é máxima. Trata-se de uma verdadeira saga, porém, pouco percebida porque o livro enxuga a prosa, reverencia o valor da palavra, como se ainda a verificasse sob condições mallarmaicas. O personagem principal, um certo Nhico, que muitos veem como alter ego do autor, perambula por todo o romance, inicia a descrição e a termina de uma maneira escondida. Zanza de lado a lado até encontrar a alma gêmea.

O amor é o ponto alto e nevrálgico desse livro, a ponto de tudo ser cumulativo em sua direção. O encontro dessa mulher, uma certa Michelle, protótipo do bom gosto e da beleza, faz da personagem em sua faceta masculina um verdadeiro encontro de felicitações. O livro não se resume a isso. Seria muito simplório para um texto criado pela força de JH Henriques, um dos maiores romancistas vivos do mundo moderno.

Capa do livro ‘A cultura do Riso’, de
José Humberto Henrique

      No dizer de Duílio Gomes, o grande mineiro de Belo Horizonte, esta obra de Henriques é ímpar. Assim, comentou Duílio no prefácio da primeira edição desse romance.  “A linguagem, que lembra, às vezes Guimarães Rosa, mas é extremamente pessoal, revela  a maturidade  do autor e detona seu longo fôlego nesse mergulho fundo ao universo rural de ‘Geomorfosintaxe do Riso’.

O processo criativo nos remete ao melhor de Cortazar e Gabriel Garcia Márquez – é circular, complexo, morde a própria cauda e se estilhaça em várias opções de leitura. Os personagens, dezenas deles, passeiam no fio da navalha e trazem códigos pessoais que determinarão suas preferências e raízes socioeconômicas.

O autor é pendular entre a reflexão (com citações que irão mostrar sua cultura literária) e a narrativa, que pode estar tanto na primeira como na terceira pessoa. Essa narrativa, quando da primeira pessoa, alterna-se entre o masculino e o feminino. A arte de narrar, em José Humberto Henriques, é o seu grande trunfo.

Sua análise clara da alma e da mente dos personagens – assim como algumas terminologias do ramo – desnudam, diante do leitor, o médico profissional que ele é. Seu bisturi literário é preciso. Seu estilo, precioso.

Metáforas belíssimas estão semeadas ao longo do texto. A prosa é poética, de uma poesia sofisticada e lúdica. O autor se debruça sobre o lirismo para pescar, com rara habilidade, o insólito e o tragicômico.

“Geomorfosintaxe do Riso”, mapa aberto para muitas pistas e despistes do tesouro. Encontrá-lo é um desafio. E um prazer.”

Ps.: Publicação autorizada pelo autor.

Magna Aspásia Fontenelle

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Quincasblog, meus encontros

Magna Aspásia Fontenelle: Crítica literária ‘Quincasblog, meus encontros’

Magna Aspásia Fontenelle
Magna Aspásia Fontenelle

Quincasblog é um blog que foi transformado em livro, denominado ‘Quincasblog, meus encontros‘, escrito pelo Embaixador Dr. Lauro Moreira, com 416 páginas, publicado pela editora Art Point em 2019, cujo título faz menção ao escritor brasileiro Machado de Assis. 

Capa do livro 'Quincasblog'
Capa do livro ‘Quincasblog’

A compilação é constituída por registros de suas vivências e trajetórias profissionais, que foram documentados em seu Blog desde 2012. O conteúdo é caracterizado por uma abordagem narrativa poética, metafórica e histórica. 

A literatura, por meio de sua abordagem poética, sem considerar as  variações dialetais,  sotaques, nacionalidades, constitui-se um elo  essencial  para a  união dos povos através das Letras. Promover  o idioma de um país e divulgá-lo, insere-se na  formação humana permitindo seu pleno crescimento pessoal, laboral, cultural e social.

O criador trabalha com imagens, sons, dialetos, culturas, valores, religiosidade, políticas e ideologias em um espaço temporal semiótico através de concepções que sempre correspondem a uma verdade singular e acerta quando segue sua intuição genial e a deixa aflorar por meios de seus escritos.

Ao longo de sua história, o escritor se relacionou com figuras importantes da literatura brasileira, como Clarice Lispector e Manuel Bandeira, que foram seus padrinhos de casamento com a poetisa Marly de Oliveira, mãe de suas duas filhas, assim como, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade e Aurélio Buarque de Holanda, Antônio Houaiss, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto, dentre outros.

Dr. Lauro Moreira

[…] Eu tive o privilégio., embora não sendo poeta mas gostando  tanto de Poesia, de viver sempre muito próximo dela e de vários de seus cultores e criadores, alguns de altíssima linhagem como Cecília Meireles[…]. (p.57,parágrafo 3º,linha 1-4.)

[…]Conviver com homens é mais terrível do que com deuses. E ninguém conhece epopeia mais dolorosa que a de moldar dia a dia, clara e verdadeira, a fugitiva condição humana.

Na sua emocionada e emocionante Elegia obre a morte de Ghandi repetia as palavras desoladas ouvidas do próprio

 Mahatma, ”Les hommes sont des brutes, madame”…] (p.62,parágrafo 2º,linha 1-9.).

‘[…]Les hommes sont des brutes, madame”[…] 

O vento leva a tua vida toda, e a melhor parte da minha.

Sem bandeira.

Sem uniformes. 

Só alma, no meio de um mundo desmoronado.

Estão prosternadas as mulheres da Índia, 

Como trouxas de soluços.

Tua fogueira está ardendo. 

O Ganges  te levará para longe,

Punhado de cinzas que as águas beijarão intimamente,

Que o sol levantará das águas até as infinitas mãos de Deus.[..]

[…]Les hommes sont des brutes, madame[…].

(p.63, parágrafo 1º, línea1-11- Cecilia Meireles).

Nessa nuance, o timoneiro Lauro fundou o grupo musical ‘Solo Brasil‘, promovendo a música  brasileira no Brasil e exterior, como explicado em sua narração.

[…] Ao longo das apresentações de mais de cinquenta canções consagradas ,distribuídas em blocos cronológicos contextualizados por breves comentários de um narrador, o espetáculo traça um rico panorama da música  popular brasileira, de Chiquinha Gonzaga a nossos dias do chorinho ao samba, do frevo à bossa-nova, além de oferecer uma visão da música típica de várias regiões geográficas do país[…] (p.196, paragrafo 1, línea 6-17).

Machado de Assis
Foto do blog do autor Lauro.
https://quincasblog.wordpress.com/quem-sou/

Lauro faz alusão a Machado de Assis: […] Tive que preparar uma comunicação obre uma obra de meu patrono. Escolhi “Dom Casmurro”. Foi um choque para mim: senti-me diante de algo completamente novo. E apaixonei-me por Machado de Assis. Por seu estilo enxuto, avesso aos arroubos sintomáticos da escola romântica, por suas entrelinhas, seu humor fino, e até por seu desencanto filosófico, tão desconcertante para um jovem de quinze anos[…](p. 22,parágrafo 1,línea 5-9).

Machado de Assis,(1839-1908) é um dos maiores representantes da literatura brasileira. Instalou o  Realismo, iniciando com a obra ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, publicada em 1881. Machado deixou um conjunto vasto de obras. Foi contista, cronista, jornalista, poeta e teatrólogo, além do que é o fundador da cadeira n.º 23 da Academia Brasileira de Letras.

Lauro, nos conta:

[…] Um dia, após quase dois meses de espera fora chamado ao Gabinete do Senhor Ministro, fora recebido pelo Diretor IRB, que lhe informou, que mesmo o Senhor Ministro gostando do texto, Parecia ser muito profundo e portanto, não apropriado para uma cerimonia de amenidades como deve ser uma formatura. Aliás, se o senhor quiser poderá apresentá-lo como conferência aos alunos do Rio Branco[…].(p. 265, parágrafo 2, linea 23-26).

Naquele momento a  censura tolhia a voz dos estudantes…

O Diretor dissera a Lauro que era natural sua preocupação, mas, que ninguém queria saber disso. Lauro rebateu e disse-lhe: ”não sei fazer discurso de amenidades…”

Lauro  reuniu a turma  e informa o acontecido, leu o discurso, pede um parecer, e informar sobre sua desistência da função de representante da turma, ninguém aceitou tal fato. Com isso formaram uma comissão e solicitaram uma audiência com o Senhor Ministro para esclarecimentos.

A reunião fora longa, após argumentos, fora dito que não precisaria falar de amenidade, mas sim, que fosse modificado alguns pontos no texto, pois ao proferir o discurso, corria-se o risco de Jornal Correio da Manhã publicar: […] Jovem diplomata dá aulas ao Presidente da República mostrando que democracia social é o caminho para o Brasil[…](p.267,paragrafo 1º, línea,28-30). 

O texto fora atenuado com algumas palavras sinonimizadas sem alterar seu teor e entregue ao Gabinete do Ministro, o qual nunca deu resposta, nem tão pouco agendou a data da cerimonia de formatura da turma.  Com esse relato, Lauro ao meu ver, nunca se furtou de suas ideias, seu patriotismo, e também nunca falou de amenidade no seu labor, tanto que por onde passou, mesmo nas metáforas, elevou o nome do Brasil mundo afora, divulgando  a  diversidade cultural, literatura, arte e  música brasileira.

Guimarães Rosa
Guimarães Rosa. Foto do blog do autor Lauro.
https://quincasblog.wordpress.com/quem-sou/

Apaixonado pela literatura, Lauro, na sua criatividade, cria o recital, […[“Três epopeias brasileiras[…]’(p. 295), que consiste num recital, onde ele reúne poemas de  três escritores de maior grandeza brasileira, y Juca Pirama, de Gonçalves Dias, O Navio Negreiro de Castro Alves, e Caçador de Esmeraldas de Olavo Bilac.

Os três poemas épicos fazem alusão à formação histórica e cultural do Brasil, ou seja, a forte presença do índio nativo, a conquista e alargamento do território pelos bandeirantes, finalmente, a imensa e sofrida contribuição do negro africano escravizado. Da fusão étnica e cultural dessas três raças básicas nasce o Brasil[…] (p. 295, parágrafo 1-2, línea 1-12). 

Um outro Embaixador, dessa vez das Gerais, autor da grande obra brasileira Sagarana, (1946), Guimarães Rosa, tornam-se amigo e colegas  no Instituto Rio Branco, amizade pra toda vida.

Rosa, escritor que canta  em suas obras  o sertão; […[ Portanto, torno a repetir: não do ponto de vista filológico e sim do metafísico, no sertão fala-se a língua de Goethe, Dostoiévski e Flauber, porque o sertão é o terreno da eternidade, da solidão,[…]. (p. 347,parágrafo 3º, línea12-17). 

Nesse misto de saudades, um outro sertanejo maranhense Gonçalves Dias, considerado o pai do romantismo brasileiro, em seu poema escrito no exílio, denominado “Canção do Exílio”,(publicado em 1857 no livro, Primeiros Cantos), canta em versos seu  amor, e a saudade de sua terra natal; 

Transcrevo o estribilho: 

“Minha terra, tem palmeiras, 

Onde cantam as sábias, 

As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá, 

Não permitas Deus que eu morra

Sem que eu volte para lá, 

Sem que aviste as palmeiras onde cantam as sábias…”

Além das narrativas  aqui mencionadas, Lauro aborda em sua obra fatos como: futebol, morte, imortalidade acadêmica, lusofonia, filosofia, CPLC, figura representativa de sua terra natal Goiás, países onde atuou como Embaixador, andanças  literárias, dentre outros. 

Desse modo, por meio de suas evocações multicoloridas, podemos conhecer uma parte de sua trajetória através da obra ‘Quincasblog, meus encontros’, que perpassa pelo pretérito, estendendo-se no presente e avançando ao futuro numa abordagem histórica singular exercendo influência direta sobre o leitor, levando-o ao prazer estético que provoca uma reflexão acerca das várias fases da vida do autor, num reviver metafórico no  contexto social, politico e cultural no qual o escritor encontra-se  inserido no mundo contemporâneo.

Boa leitura!

Leia a obra e a tenha na sua biblioteca! 

Magna Aspásia Fontenelle

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Barbie: um filme filosófico que vai além do feminismo

Letícia Mariana: Crítica ‘Barbie: um filme filosófico que vai além do feminismo’

Letícia Mariana

Na terça-feira, dia 25, fui assistir ao aclamado filme da boneca Barbie. Uma figura amada por muitas e questionada neste século, pôde, finalmente, mostrar o seu verdadeiro propósito.

A marca mais questionada pelo movimento feminista mostrou empoderamento feminino, sensibilidade e muita maturidade nas telas do cinema mundial. Arrecadando milhões em bilheteria, Barbie pôde emocionar homens, mulheres, idosos e crianças, trazendo reflexões filosóficas com um tom cômico e crítico.

Na Barbielândia, todas as mulheres de plástico podem ser tudo o que quiserem, assim como o slogan do brinquedo. As Barbies ganham o Nobel de Jornalismo e Literatura, a Barbie Presidente é justa e forte, mulheres têm diplomas, mestrados, doutorados, profissões e espaço num mundo que é delas.

Mas os Kens, bem, eles são somente os Kens. As sombras delas neste universo majoritariamente feminino. Algo que era normal e conveniente para quase todos os homens da Barbie World, menos para um deles – de forma aparentemente inconsciente

Quando a Barbie estereotipada começa a ter pensamentos depressivos e “pés retos”, seu destino é visitar o mundo real e resolver os problemas da suposta criança que a controla. Contra sua vontade, Ken segue neste caminho incerto em busca da restauração da boneca.

Tudo parece estranho. Os trabalhos são majoritariamente masculinos, empresas são feitas por homens e até o presidente é um homem! Barbie, ocupada demais pensando em seu encontro com a criança deprimida, não percebe que o mundo real não é feminino – muito menos feminista.

Contrapartida, Ken sente orgulho ao notar que é respeitado, valorizado e exaltado. Busca livros sobre patriarcado e resolve retornar ao mundo das Barbies para contar a novidade aos Kens, assim, transformando Barbielândia num espaço masculino e totalmente machista.

Não gostaria de estragar a surpresa e relatar a continuação, mas o Ken não é o vilão como muitos dizem ser nas críticas. O final surpreende e traz a mensagem de amor-próprio, união entre homens e mulheres e, claro, uma crítica sobre o nosso sentimento em relação ao machismo. Junto com isso, nós, mulheres, também passamos a compreender muitas das fragilidades masculinas, seus medos, pesos, ansiedades.

Parece um filme bobo no início, mas se transforma num sensacional mergulho da psiquê humana. Cada centavo do ingresso vale a pena – principalmente com pipoca.

Letícia Mariana

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