Solilóquio de um escritor
Ella Dominici: ‘Solilóquio de um escritor’
A desconhecida ideia é tímida regalia
Quando pensamos ao desconhecido,
Damos às ideias o nosso convivido;
mas por vezes ignoramos o convívio óbvio
Chamamos à morte o ocaso,
casualmente aviva-nos nova vida
Sentindo o opróbrio, é nele que nos baseamos ao propor-nos um pedaço
de universo desconhecido
Talvez infalível como entremear de rosas,
Talvez comestível, livre do veneno que o poeta não lançou,
poderia ser sossego.
Teria o gosto quieto e calmo como o gesto dos botões às brisas,
e a inquietação pueril das farras de meninos
Isso tão novo, como um ícone de beleza que não fora provada.
Consolar-me-ia um pouco da nulidade em que vivo
Perverter o enlevo para burlar o fim?
Sendo a perversão o fim da transparência.
E é no límpido que vibra alguma alma
com as minhas palavras.
Ouve-me alguém que não só eu?
Ella Dominici