O canto do sabiá na terra das rochas
Ceiça Rocha Cruz:
‘O canto do sabiá na terra das rochas’
O sol desponta…
cobre o dia de brilho,
encanto e magia,
desperta no silêncio,
o canto matinal do sabiá.
Nas serenas tardes de estio
aves plainam ao sabor do vento
sobre pedras e rochas,
e gorjeiam sorridentes,
sob um céu azul de setembro.
Nas majestosas palmeiras,
a voz desatada do sabiá, cristalina flauta,
debruçada na janela, modula o doce canto
e num descortinar reverbera.
Nos viçosos campos, serras e bosques,
se despoja na paisagem dourada,
das paredes alaranjadas de ocaso,
de um pôr de sol deslumbrante,
que sorri.
Porém, quando a tarde cai,
o azul do céu colore o rio Velho Chico,
e o sabiá revoa com seu lindo canto
sobre espumas desertas, solitárias,
que resvalam na areia nua.
Na tarde que fenece,
na quietude sorrateira do suave arrebol,
pelos olhos derramados de poente,
na alta palmeira canta o sabiá
a fustigar o silêncio
sobre a terra das rochas.
Ceiça Rocha Cruz